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Jovem muçulmana é apedrejada até a morte

[O Globo, 31 mai 11] Uma jovem muçulmana de 19 anos foi encontrada morta em uma aldeia na região da Crimeia, na Ucrânia. Katya Koren foi julgada pela Sharia, lei islâmica, e apedrejada até a morte depois de participar de um concurso de beleza, informou o jornal britânico “Daily Mail”.

Segundo amigos da vítima, ela gostava de vestir roupas modernas e ficou em sétimo lugar no concurso. O corpo de Katya foi encontrado enterrado em uma floresta e encontrado uma semana após o desaparecimento da jovem. A polícia ucraniana abriu um inquérito para investigar o caso. Por enquanto, a principal suspeita é que três jovens muçulmanos tenham assassinado a adolescente, usando como preceito a Sharia, lei muçulmana.

Um dos três suspeitos, Bihal Gaziev, de 16 anos, está preso e confessou a polícia que não tem nenhum arrependimento no crime, porque a jovem havia “violado a Sharia”.

As profecias equivocadas sobre o islamismo ~ Gilles Kepel

[IHU, 9 mar 11] “O extremismo islâmico, do qual Bin Laden era o emblema, não conseguiu arrastar as massas do mundo muçulmano. A Al Qaeda se reduziu a uma seita sem fecundidade política.”

A análise é de Gilles Kepel, estudioso do extremismo islâmico e professor de ciências políticas em Paris, em artigo para o jornal La Repubblica, 05-03-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto. Eis o texto.

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Lembro-me de um café da manhã no Clube dos Professores de Harvard com Samuel Huntington, alguns anos depois da publicação do seu famoso artigo, depois do seu livro, sobre o Choque de Civilizações. Gostaria de saber por que, para elaborar o seu argumento, ele havia usado, dentre outros, o meu livro A Revanche de Deus (Ed. Siciliano, 1999). Nessas páginas, eu explicava como, nos anos 70, se desenvolveram os movimentos políticos religiosos dentro do cristianismo, do judaísmo e do Islã.

Quis traçar paralelos transreligiosos entre esses fenômenos; demonstrar como, embora de modo diverso, cada um dos três nasceu em reação à crise da modernidade e do mundo industrial, ao enfraquecimento das solidariedades sindicais e operárias depois do desaparecimento do trabalho na fábrica, do aumento do desemprego e assim por diante. Continue lendo

Irmandade Muçulmana não consegue eleger representantes para o Parlamento egípcio

Protestos de partidários da Irmandade Muçulmana no Cairo: derrota nas urnas

[BBC Brasil, 1 dez 2010]

A Comissão Eleitoral do Egito divulgou nesta quarta-feira os resultados oficiais das eleições legislativas do país, confirmando que o principal grupo de oposição, a Irmandade Muçulmana, não conseguiu sequer uma só cadeira no Parlamento. O governista Partido Nacional Democrático (PND), do presidente Hosni Mubarak, obteve 95% dos assentos no primeiro turno da votação. A oposição, que vinha acusando o governo de fraudar a votação, manifestou revolta com o resultado.

A Irmandade Muçulmana, que no último Parlamento detinha um quinto das cadeiras, foi banida no Egito, mas muitos de seus integrantes concorreram como independentes.

De acordo com os resultados divulgados, o PND conquistou 217 dos 508 assentos no primeiro turno. No total, os partidos do bloco opositor elegeram somente cinco candidatos. O partido liberal Wafd obteve dois assentos, enquanto que o esquerdista Tagammu, o partido Justiça Social e o liberal Ghad conquistaram um assento cada.

Outros seis candidatos independentes conquistaram cadeiras. O restante das 280 será disputado em um segundo turno, marcado para o próximo domingo. Continue lendo

Grupos extremistas tiram vantagem ideológica de enchentes no Paquistão

Talibã e outros preenchem lacunas humanitárias deixadas por Islamabad e comunidade internacional. Em meio a milhares de mortos, subnutridos e desabrigados, paquistaneses são presa fácil para ideologia radical islâmica.

Após as devastadoras enchentes no Paquistão, o grupo fundamentalista islâmico Talibã procura se beneficiar da situação catastrófica. Apresentando-se entre os primeiros grupos de ajuda nos locais do sinistro, os radicais procuram melhorar a própria reputação e ampliar sua influência no país.

Assim, eles exigiram do governo paquistanês que renuncie aos 55 milhões de dólares de apoio financeiro dos Estados Unidos, oferecendo, em contrapartida, verbas totalizando 20 milhões de dólares. Como a impressão que reina entre a população é de que o governo em Islamabad nada faz pelos flagelados, trata-se de uma ótima oportunidade para os talibãs de dizer “mas nós, sim”.

Vulnerabilidade emocional

A funcionária de uma organização humanitária, que preferiu permanecer anônima, confirmou à Deutsche Welle que diferentes grupos ou partidos religiosos estão sempre na linha de frente, quando se trata de medidas de auxílio, embora ela não tenha certeza de que se trate de talibãs.

Dentre os diferentes grupos terroristas que mantêm organizações beneficentes, encontra-se o famigerado Lashkar-e-Taiba (Exército dos Bons). Responsável pela série de atentados de 2008, em Mumbai, ele procura se aproveitar da atual lacuna de abastecimento. Segundo o jornal New York Times, os bens de ajuda são acompanhados da mensagem: “não confiem no governo e nos seus aliados ocidentais”.

A funcionária humanitária analisa: “As pessoas pranteiam os entes queridos, estão subnutridas, perderam suas casas: tudo isso cria uma situação emotiva bem fácil de se explorar. Muitas vezes é difícil distinguir se os grupos estão se aproveitando delas para seus fins políticos, se é ajuda real, ou uma mistura de ambos.”

Ajuda e ideologia

E não precisa ser sempre o Talibã. Ela recorda que após o arrasador terremoto de 2005 no Paquistão, grupos religiosos extremistas também foram rápidos em prover auxílio humanitário e mensagens políticas, num mesmo pacote. “Eles foram muito ativos. Dá para dizer que tudo o que aconteceu nas primeiras 24, 48 horas, foi assumido por grupos locais, o governo precisou de muito tempo para chegar. Isso lhes deu um espaço grande.”

Nada positivo para o governo paquistanês é o fato de – justamente agora, durante as inundações – o presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, ter feito longa visita à França e à Inglaterra. Pois também agora os radicais procuram mais uma vez ganhar os corações e mentes dos cidadãos que o Estado parece ter perdido.

O enviado especial da Organização das Nações Unidas para o Paquistão, Jean-Maurice Ripert, acentua o quanto o país já sofre normalmente pelas atividades dos militantes. “É um fato que eles se aproveitam de cada oportunidade para proclamar suas metas. Isso nada tem a ver com os esforços da comunidade internacional. Precisamos trabalhar, precisamos ajudar a população, para demonstrar: nós nos preocupamos com a gente do Paquistão.”

Guerrilheiros talibãs no Paquistão

De fato, a corrida das forças humanitárias contra a devastação parece, pelo menos em parte, ser também uma corrida contra os extremistas. Até o momento, as nações ocidentais haviam oferecido 150 milhões de dólares para as vítimas da inundação. Porém nesta quarta-feira (11/08), a ONU lançou um apelo à comunidade internacional para que sejam angariados 459 milhões de dólares em ajuda imediata.

O governo alemão já anunciou que elevará sua contribuição para cerca de 13 milhões de dólares (10 milhões de euros). A maior ação humanitária da história das Nações Unidas visa atender às vítimas paquistanesas durante os próximos três meses.

“Temos muito a fazer”, afirmou em Nova York o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários e Ajuda de Emergência, John Holmes. Segundo ele, nas regiões atingidas, 14 milhões de pessoas precisam de cuidados médicos, 6 milhões necessitam de água e alimentos, e há o perigo de que epidemias se alastrem.

Holmes calcula que, até o momento, mais de 1.600 pessoas tenham perdido a vida. Entretanto o representante permanente do Paquistão na ONU, Abdullah Hussain Haroon, observou não ser possível estimar o número real de mortos, já que quase 5 mil aldeias foram totalmente aniquiladas pelas águas. O alcance da catástrofe ultrapassa qualquer poder de imaginação, afirmou Haroon.

Autor: Kai Küstner / Augusto Valente
Revisão: Carlos Albuquerque

Fonte: DW, 11 ago 2010

Obra que retrata religiosos empilhados é criticada na Espanha

Anelise Infante, BBC Brasil, 20 fev 2010

Uma escultura que traz elementos religiosos católicos, judeus e muçulmanos foi vendida em três minutos na feira de arte contemporânea de Madri, Arco 2010, e se tornou a obra de arte mais polêmica do evento.

Chamada Stairway to Heaven (Escadaria para o Paraíso), a obra do artista espanhol Eugenio Merino retrata três homens rezando, um em cima do outro: um muçulmano, sobre ele um sacerdote católico e acima dos dois um rabino judeu, todos eles segurando livros sagrados das religiões dos demais – o Alcorão, a Bíblia e a Torá.

A obra foi vendida por 45 mil euros (R$ 112 mil) a um colecionador belga cuja identidade não foi divulgada. A escultura provocou a ira dos fiéis na Espanha e recebeu queixas oficiais.

Ao lado dela, aparece outra escultura que une uma metralhadora Uzi com uma menorá (candelabro ritual judaico).

A primeira reclamação saiu da embaixada de Israel em Madri. Em uma nota à direção da feira, o governo do Estado judaico diz que as peças “contêm elementos ofensivos para judeus, israelitas e certamente para outros.”

A embaixada classificou as esculturas como “uma mensagem cheia de preconceitos, estereótipos, provocações gratuitas e que fere a sensibilidade por muito que pretenda ser uma obra artística”.

A Conferência Episcopal da Espanha também reclamou. Através de comunicado à Arco os representantes do alto clero descreveram a peça com os religiosos como “provocação blasfema absolutamente desnecessária”.

‘Mentes fechadas’

Mas apesar das reclamações feitas logo no primeiro dia do evento, a galeria espanhola ADN, que representa o autor, não tem medo de represálias e afirma não entender a polêmica levantada pela escultura.

O proprietário da galeria, Miguel Ángel Sanchez, disse à BBC Brasil que a peça “deveria ser vista pelo lado positivo de um encontro religioso porque não há nada de ofensivo ali”.

Já o autor da escultura acha que o problema “não é a obra dele”, mas as interpretações que possam ser feitas “por mentes fechadas”.

“Cada um é livre para pensar o que quiser. Fiz uma peça que fala da unidade de religiões. Uma torre com as três grandes religiões que se juntam para chegar ao mesmo fim, que é Deus”, disse Merino à BBC Brasil.

“Mas se as mentes fechadas querem ver outra coisa, aceito a crítica. Só que eles também têm que aceitar meu trabalho”, afirmou o artista.

Merino admite, no entanto, que a segunda escultura, que mistura a arma com o candelabro, possa afetar a sensibilidade de alguns fiéis.

“É verdade que a metralhadora é uma Uzi, uma arma de Israel famosa nos conflitos com os palestinos. Mas a intenção foi reciclar os elementos para transformar em uma coisa que não mata. No fundo a peça trata da paz”, disse ele à BBC Brasil.

A feira de arte contemporânea de Madri, Arco, é uma das duas maiores do mundo e já está na 29ª edição. Neste ano, o evento termina no próximo dia 21, embora para o público fique aberta até o dia 19.

Universidades alemãs devem formar religiosos islâmicos

DW, Alemanha, 1/fev/2010

O mais importante grêmio consultivo político-científico da Alemanha recomenda a criação de cursos de formação de professores de religião islâmica e imãs nas universidades do país. Governo federal apoia a ideia.

As universidades da Alemanha deverão passar a formar professores de religião islâmica e sacerdotes muçulmanos, recomenda o Conselho Científico, o mais importante grêmio consultivo político-científico do país. O órgão recomenda que o governo federal e os estados alemães criem dois a três departamentos universitários que ofereçam Estudos Islâmicos como carreira. A ministra alemã da Educação, Annette Schavan, congratulou-se “explicitamente” pela sugestão.

De acordo com o diário Süddeutsche Zeitung, o conselho favorece a proliferação de departamentos de Estudos Islâmicos em universidades estatais. O grêmio discutiu o tema de quarta-feira a sexta-feira em Berlim e apresentou nesta segunda-feira (01/02) sugestões para o desenvolvimento estudos teológicos em instituições alemãs de ensino superior.

Sem tradição

Até hoje, os estudos islâmicos não têm tradição em universidades alemãs, realidade que não condiz com a importância dos muçulmanos, a maior comunidade religiosa não cristã do país. O Conselho Científico, consultor do governo federal e dos governos estaduais em questões de ensino superior e pesquisa, considera importante reverter essa discrepância.

Segundo a proposta, os novos institutos devem formar não apenas sacerdotes e professores de islamismo para o ensino religioso escolar, mas também pesquisadores do islã e especialistas para o trabalho social e comunitário.

Na Alemanha deverá crescer nos próximos anos a demanda por professores de religião islâmica. De acordo com o conselho, hoje as escolas alemãs têm cerca de 700 mil alunos muçulmanos matriculados. Caso se decida introduzir aulas de educação religiosa islâmica no ensino médio alemão, hipótese considerada provável, serão necessários cerca de 2 mil profissionais para a função.

Nas universidades também deverão ser formados imãs. Atualmente, os sacerdotes muçulmanos provêm em grande parte do exterior.

Governo ajudará implementação da ideia

A ministra alemã da Educação, Annette Schavan, apoia as recomendações do Conselho de Ciência. Ela auxiliará as universidades interessadas em
implementar a ideia, segundo afirmou ao jornal Welt am Sonntag. O número de crianças e adolescentes muçulmanos na Alemanha continua a crescer, lembrou ela. Por isso, é importante formar professores e pesquisadores de religião islâmica. Para a ministra, a medida faz parte da política de integração em sociedades modernas.

Segundo o secretário-geral do Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha, Aiman Mazyek, essas recomendações são um “caminho pragmático, para o qual não há alternativas”. Trata-se de uma reivindicação de anos das organizações muçulmanas.

MD/afp/kna
Revisão: Simone Lopes