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Por que devemos voltar para Jesus ~ por Hans Küng

“Só seguindo o Messias, pode-se agir, sofrer e morrer de modo humano”.

[Corriere della Sera, 20 jan 12/IHU] Mediante o livro Ser Cristão (Ed. Imago, 1976), inúmeras pessoas encontraram a coragem para serem cristãs. O autor sabe isso por causa das inúmeras resenhas, cartas e colóquios. Muitas pessoas, de fato, afastadas da prática e da pregação de alguma grande igreja cristã, buscam caminhos para continuarem sendo cristãos confiáveis, buscam uma teologia que não seja abstrata para eles e alheia ao mundo, mas explique de modo concreto e próximo da vida em que consiste ser cristão.

‘Ser Cristão’ não pretendia “seduzir” as pessoas com a retórica ou agredi-las com um tom de pregação. Nem queria simplesmente fazer proclamações, declamações ou declarações em sentido teológico. Pretendia motivar, explicando que, por que e como uma pessoa crítica também pode ser responsavelmente cristã perante a sua razão e o seu ambiente social. Continue lendo

O Pai José ~ por José Roberto Prado

Por uma série de razões culturais e religiosas, muito já foi escrito e reverberado acerca de Maria, mãe de Jesus de Nazaré. Por outro lado, é digno de nota e até mesmo constrangedor observar o silêncio histórico acerca daquele que desempenhou o papel de “pai”: José. Sejamos coerentes; busquemos justiça: a história de Jesus não foi escrita somente pelas mãos do Espírito Santo e de Maria.

Houve um homem presente, um pai humano, que abraçou, acolheu, ensinou. Sua presença é discreta no relato dos Evangelhos, é verdade, mas nem por isso deixou de ter impacto na vida do filho. José compreendeu tão bem e foi tão pleno em desenvolver o papel que recebera de Deus que, deixando as luzes brilharem sobre o personagem principal – o Filho – engrandeceu e honrou a autor da vida e da História.

José adotou. Abençoou. Protegeu. Amou.

Por isso quero falar de José, o pai José.

Em primeiro lugar, verdadeiros pais são, também, maridos de verdade.

Honram, protegem, amam, respeitam…

Poderia passar despercebido, mas as Escrituras registram. Mateus diz que José “não querendo expô-la (Maria) à desonra pública, pretendia anular o casamento”. Ele pensou primeiro na reputação dela, ao invés do que os outros iriam falar dele!

É na vida compartilhada do casal, onde o bem estar da esposa tem prioridade, que os futuros pais aprendem (ou não) a amar. Semeado na noite e regado durante o dia, este amor ágape floresce no trato cotidiano da esposa e frutifica na saúde emocional e espiritual dos filhos. Antes de sermos pais abençoadores, precisamos aprender a ser maridos acolhedores.

É por isso que, no plano sábio e perfeito de Deus, filhos vêm depois do casamento.

José amou Maria com amor ágape. O amor que procede de Deus e que “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Co 13.7). Demonstrou esse tipo de amor quando aceitou a noiva grávida que Deus lhe havia dado.

José foi cuidadosamente escolhido por Deus para acolher Maria.

José, filho de Eli (Lc 3.23), descendente de Davi, de Nazaré, o carpinteiro, pai adotivo de Jesus, é descrito como um homem justo (Mt 1.19).

Na linguagem bíblica, “justo” é alguém que anda retamente diante de Deus, que procura honrar o Senhor em todas as áreas da vida. Noé foi o primeiro a ser chamado justo. Ele era “justo e íntegro em seus caminhos; ele andava com Deus” (Gn 6.9).

Em outras palavras: quem seguisse suas pegadas encontraria Deus. Assim era José. Ele era íntegro, “justo” em seu coração, em sua intimidade. Nela, cultivava a Lei de Deus, o caráter, o amor e a graça do amoroso Pai.

Esta influência abençoadora e formadora de José na vida de Jesus pode ser vista no fato de que este, no início do seu ministério, quando retorna à cidade onde crescera – Nazaré, na Galiléia – é chamado de “o carpinteiro” (Mc 6.3), mesma profissão de seu pai, José (Mt 13.55).

Os estudiosos entendem que, em algum momento da vida de Jesus, entre a juventude e o início de seu ministério, aos trinta anos, seu pai José faleceu. Isto explica sua ausência nos relatos dos Evangelhos que focam essencialmente a vida adulta de Jesus.

Contudo, José conviveu tempo suficiente para moldar o caráter do filho e deixar-lhe de herança uma profissão e, mais importante ainda, um nome honrado.

José foi cuidadosamente escolhido por Deus para adotar Jesus.

Nós, homens modernos, céticos, tecnológicos, racionais, precisamos aprender com José a criar nossos filhos nos sábios, belos e muitas vezes inescrutáveis caminhos de Deus. Precisamos aprender a ser sensíveis à voz de Deus, discernindo os seus propósitos. Precisamos estar abertos e conscientes dos inexplicáveis e surpreendentes caminhos da graça de Deus na vida dos nossos filhos. Cabe a nós, como pais, orar para que estes sobrenaturais e maravilhosos caminhos de Deus possam ser encontrados pelos nossos filhos. Que a graça os alcance, encontrando seus corações, assim como nós fomos encontrados.

Existe um “eis-me aqui” silencioso na atitude de José. 

Temos poucas palavras dele registradas, mas suas ações falam alto, muito alto.

José tornou-se protagonista desta história. Adotou o menino. Encarou a tarefa. Não se ausentou. Não se escondeu. Posso ouvir José orando: “Se este que foi gerado é teu, Senhor, farei de tudo para estar à altura desta responsabilidade. Empenhar-me-ei para que a tua glória seja vista em sua vida. Conta comigo, Senhor”.

José fez do seu filho sua missão.

É preciso que se diga também que “justo” não significa, como pode erroneamente parecer, insensível ou turrão.

Na vida de Deus, assim como na vida de gente de Deus, a justiça não ofusca ou impede o amor e a misericórdia. Em José tampouco. A Bíblia afirma que Deus é fiel e justo, e que perdoa nossos pecados (1Jo 1.9).

Nós, pais brasileiros, que temos dificuldade de conciliar justiça e graça, disciplina e perdão, limites e liberdade, correção e comunhão, precisamos aprender de Deus. Precisamos aprender de José.

Como José, verdadeiros pais adotam.

Acolhem, cuidam e entregam. Sabem que os filhos não são seus. Na linguagem do Salmista, filhos “são herança do Senhor”, isto é, “herança que pertence ao Senhor”! São presentes que desfrutamos com prazo pré-estabelecido. Dádivas que, de tão sagradas, não podemos tomar posse. Dons em forma de gente, que um dia crescem… e se vão!

Nosso papel como pais adotivos é, neste curto espaço de tempo que os temos sob o nosso teto, ensinar-lhes a caminhar com o Pai de amor.

Deus é Pai, o verdadeiro Pai.

Com José, nós pais, aprendemos que nossa vocação suprema é devolvermos nossos filhos a Deus.

Somos mordomos. Aios.

Pais adotivos.

Como José.

Como Deus.

Jesus de Hollywood

“Jesus de Nazaré”, de Zeffirelli, em 1977: uma das várias interpretações do cinema sobre Cristo

Estudos mostram como o personagem mais importante da era cristã deixou de ser apenas um ícone sagrado e ganhou várias facetas ao migrar para o cinema.

[Texto de Rodrigo Cardoso, Isto é, 3 dez 2010]

Jesus Cristo passou quase dois mil anos como monopólio de padres e pastores. A essas pessoas cabia a reprodução de episódios de sua trajetória aqui na Terra. Até que um dia o cinema ligou seus projetores e o homem mais importante da cultura ocidental deixou de ser exclusividade dos religiosos. Foi então que a figura do diretor de cinema o despregou do posto de ícone intocado, sagrado, e o colocou na vitrine como um personagem de carne e osso, sujeito a todos os problemas humanos. Cada vez mais afastado de seu significado transcendental, passou a ser retratado como palhaço, adolescente irritadiço, sofreu com dramas existenciais e se contrapôs a Deus (leia quadro ao lado.), só para citar alguns roteiros. Não foi tranquila essa mudança, pelo contrário. Os cineastas conquistaram a duras penas a liberdade para retratar Jesus sem amarras.

O impacto da disputa entre o Jesus catequizado pela Igreja e o comercializado pelos estúdios vem sendo analisado pelo historiador André Chevitarese, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que confecciona um livro sobre o tema a ser lançado em 2011. “Aquela imagem chapada de Cristo, relatada por padres ou descrita pelos Evangelhos, ganhou movimento com o cinema. Foi assim que aprendemos com quem ele conversava, o tom de sua voz, a cor de sua barba, o que comia e onde morava”, diz Chevitarese. Com Jesus nas mãos de roteiristas, homens e mulheres, com crenças diversas e até ateus, não tardou para que grupos religiosos tentassem frear a exploração de sua imagem. Continue lendo

Crônica de uma tempestade ~ por José Roberto Prado

Havia sido um longo dia. Acalmar e organizar a multidão, ouvir os apelos das pessoas que buscavam por cura, libertação e conselho não foi fácil. Eram mais de cinco mil, de várias localidades. O Mestre, como sempre, tranqüilo. Perguntávamos uns aos outros de onde ele tirava tanta paciência para tratar com gente tão sofrida, tão complicada. Nada parecia lhe incomodar! Nem o calor, nem os gritos das crianças, o murmúrio impaciente dos doentes. Atendia a todos. Um a um!

A tarde chegou e com ela a fome. Não havia cidade por perto e o povo também não levou lanche. O que será que pensaram? Somente um garotinho fora prevenido. Parece que era um gordinho… (Desses que sempre tem um lanchinho escondido para as emergências…). Mas como alimentar a multidão? Melhor despedi-la, pensamos nós. O Mestre, pra variar, nos colocou numa sinuca: Alimentem-lhes! Continue lendo

Jesus ‘era gay superinteligente’, diz Elton John em entrevista

BBC Brasil, 19 fev 2010

O cantor e compositor britânico Elton John afirmou em uma entrevista publicada nesta sexta-feira que Jesus era um “homem gay superinteligente”.

Na entrevista, publicada na revista americana Parade, Elton John também afirmou que Jesus era “piedoso”, magnânimo e “compreendia os problemas humanos”.

“Na cruz, ele perdoou as pessoas que o crucificaram. Jesus queria que fôssemos amorosos e magnânimos”, afirmou o cantor.

“Não sei o que faz com que as pessoas sejam tão cruéis. Tente ser uma mulher gay no Oriente Médio – é como se você morresse”, acrescentou.

Críticas

Em resposta às afirmações publicadas na entrevista, um porta-voz da Igreja Anglicana afirmou que algumas declarações feitas pelo artista deveriam “ficar restritas aos acadêmicos”.

“As reflexões de Elton John, de que Jesus nos convoca a amar e perdoar, são compartilhadas por todos os cristãos”, disse. “Mas as reflexões a respeito de aspectos de Jesus como personagem histórico talvez devam ficar restritas aos acadêmicos”, finalizou.

Na entrevista, Elton John também falou que não gosta mais de ser uma celebridade, pois a “fama atrai loucos”.

“Princesa Diana, Gianni Versace, John Lennon, Michael Jackson, todos mortos. Dois deles, mortos a tiros em frente de suas casas. Nada disso teria acontecido se eles não fossem famosos. Nunca tive um guarda-costas, nunca, até a morte de Gianni (Versace)”, disse.

Após polêmica, mostra com Jesus gay é cancelada na Espanha

BBC Brasil, 17 fev 2010

A exposição de uma polêmica releitura da vida de Jesus Cristo, que inclui cenas de homossexualismo, prostituição e forte conteúdo sexual, teve de sair de cartaz na Espanha após levantar a ira de grupos católicos.

A série Circus Christi foi descrita pelo seu autor, o fotógrafo Fernando Bayona, como “uma visão atualizada da vida de Jesus pelo filtro da sociedade atual, nas quais os personagens vivem vidas paralelas às narradas nos textos bíblicos”.

Em uma das 13 fotografias, o dolorido nascimento de Jesus se dá em um precário ambiente caseiro. A sua pregação é simbolizada por um show de rock.

E talvez o mais polêmico retrato seja o Beijo de Judas, no qual dois modelos masculinos, um com a camisa aberta no peito, trocam carícias. A foto empresta uma estética amplamente utilizada na publicidade.

Grupos católicos espanhóis qualificaram a mostra de “blasfêmia” e disseram que o “escárnio” do artista “fere o sentimento dos cristãos”.

Segurança

Segundo a imprensa espanhola, apenas 38 pessoas tiveram a chance de ver a exposição, que ficaria em cartaz até o dia 5 de março na Universidade de Granada, na sul andaluz da Espanha.

Por causa dos protestos de grupos católicos e a polêmica criada na imprensa e na sociedade local, a universidade decidiu suspender a exibição alegando que não poderia garantir a segurança no local.

Ouvido pelo jornal El Mundo, o artista, que declinou pedidos de entrevista da BBC Brasil, disse que ficou “surpreendido” com a reação gerada pela exposição e garantiu que a polêmica não lhe beneficia.

“Há muita gente que está falando de ouvir dizer, porque nem sequer houve tempo suficiente de todas as pessoas que estão opinando terem visitado a exposição”, afirmou, ao jornal.

Bayona disse que a decisão de encerrar a mostra foi de mútuo acordo entre ele e a universidade, “para não colocar ninguém em perigo”.

Em um comunicado, a Universidade de Granada lamentou que “um elevado número de pessoas” tenha se sentido ofendido e garantiu que o trabalho não foi patrocinado “através de bolsa de estudo ou qualquer outra forma”.

Não as impeçam! ~ por José Roberto Prado

O Estado as ignora na falta de postos de saúde, de médicos, de vagas nas escolas e de professores capacitados e bem remunerados; na falta de praças e quadras, na falta de propostas culturais, enfim, elas são ignoradas na falta de políticas públicas que as protejam.

O mercado não as ignora, pelo contrário, as explora.

Aproveita sua ingenuidade, sua não-resistência aos complexos mecanismos de manipulação marqueteira e sua incomparável capacidade de convencimento dos mais velhos.

O mercado as forma, conforma, transforma e deforma em ávidos consumidores, clientes acríticos e fiéis dos supérfluos, das marcas, das novidades de cada estação.

A família, na maioria das vezes, não lhes ignora nem explora.

A família simplesmente as abandona.

Não se ofenda e nem se engane. São pessoas corretas, pais e mães responsáveis, preocupados com o futuro, comprometidos a proporcionar-lhes educação, saúde e claro, um lazer de vez em quando.

Para a grande massa da população brasileira, proporcionar estes “privilégios” significa que ambos, pai e mãe, trabalhem fora em jornadas de trabalho que chegam a 14 horas por dia.

Com grande sentimento de culpa, é verdade, seus pequenos são deixados aos cuidados ininterruptos e corruptos das sofisticadas e multicoloridas telas das “babás eletrônicas” – entenda-se Tvs, DVDs, Videogames e computadores.

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E agora, José? ~ por José Roberto Prado

Carlos Drummond de Andrade cunhou esta expressão em seu poema “José”, em 1942.

Como mestre, o poeta retrata o vazio e a “não direção” latente na alma do povo Brasileiro, imerso nas angústias e incertezas dos sombrios anos da Segunda Grande Guerra Mundial.

Por eu mesmo ser “José” e filho de José, desde que me conheço por gente esta pergunta me acompanha.

Nas Escrituras encontramos também alguns “Josés”.

Ao contrário do José do poeta, poético e emblemático, estes são históricos, pessoas reais.

Marido de Maria e chefe da casa onde Jesus nasceu, do José carpinteiro pouco sabemos, somente uma vaga imagem rascunhada nos primeiros anos do menino. Maria é presente do nascimento à morte. Segue a Jesus e é inclusive encontrada aos pés da Cruz.

E José? Onde estava o José?
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