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Nativos vs. imigrantes digitais: o atual conflito virtual na publicidade

Por Leonardo Rios, na Revista Webdesign

De cara já falo que sou um “Nativo Digital”. Mas o que é isso? Nasci e cresci em uma geração que tem em seu interior a cultura virtual desde sua infância até os dias atuais. Com três anos, ganhei minha primeira televisão, com cinco meu primeiro videogame e com 12 meu primeiro computador, um Pentium 166 com 4GB de HD: top de linha na época.

Esses são os “nativos digitais”: aqueles que nasceram a partir dos anos 80 e acompanharam uma evolução tecnológica completamente acelerada, com mudanças enormes em curtíssimos períodos de tempo e inserida em uma linguagem nova, onde o teclado e o mouse são os maiores acompanhantes durante todos os dias. Pen-drivers então? Essas são indispensáveis. Já vêm até na lista de material escolar.

Trabalhamos, estudamos e nos divertimos na frente de uma tela, conectados à internet. E se ela “cair”, ficamos completamente perdidos, sem saber como fazer nada. Somos verdadeiros dependentes, tendo o Brasil 64,5 milhões de usuários que passam em média 25% do seu tempo na rede.

Em contrapartida, lidamos com uma geração que precede a nossa, onde, salvo exceções, são leigos em assuntos virtuais, ou seja, não “falam nossa língua”. Esses são os “Imigrantes Digitais”. Tudo é mais difícil, desde descobrir funcionalidades de um novo programa de computador, até entender o porquê é importante estar na internet, seja como forma de pesquisa ou de divulgação de seus negócios e empresas. E é aí que começa o conflito.

Como em todo tipo de migração, aprender a nova língua – e seus costumes – é algo difícil e demorado. Twitter, Flickr, Facebook, MySpace, Plurk, Widget, LastFM, Orkut, Delicious, Blog, Flashmob, Hotsite e outros milhares de termos são complicados de se familiarizar. E entender os benefícios que eles podem trazer para uma marca é algo mais complicado ainda.

Em sua grande maioria, presidentes, diretores e donos de empresa são esses imigrantes. Vieram da geração televisão e ainda não entendem que, atualmente, ela é só uma companheira em todos os lares. Fazendo uma comparação grosseira, ela é um rádio com imagens, que ligamos para não nos sentirmos sozinho enquanto navegamos pela internet. Por serem dessa geração, continuam investindo a maioria da sua verba publicitária nestes veículos do passado, apesar de saber que necessitam estar de alguma maneira na web. Eles só não entendem como e quem procurar para instruí-los nessas horas.

Nesse momento, aparece outra grande questão colocada pela grande maioria destes imigrantes: por que uma campanha on-line não custa R$1.000,00? Parece-me algo tão simples… Bastam meus produtos ali, alguns cliques e pronto. Está ótimo! E foi ao longo dessas conversas e reuniões que cheguei a uma conclusão da qual tenho certeza ser a maior responsável por essa percepção sobre a web: a intangibilidade de uma campanha digital. Como pagar caro por algo intangível, que não possui matéria-prima (na teoria) e não se vê nas ruas, bancas de jornal e televisão?

É nessa hora que eu explico a complexidade que envolve uma estratégia digital acertada. Para que se obtenha resultado em qualquer segmento, você precisa ter o melhor nas mãos. E esse melhor sempre tem um custo um pouco mais alto. Para desenvolver um simples site, uma agência passa por uma série de etapas que vou resumir abaixo:

Reunião com Cliente > Briefing > Brainstorm Criativo > Planejamento de Mídia > Levantamento de Custos > Elaboração de Proposta Comercial Personalizada > Reunião de Entrega Comercial > Elaboração de Contrato > Elaboração de Layout > Programação em Diversas Linguagens > Mudanças do Cliente > Depuração de Bugs > Entrega Final > Relatório de Mensuração de Resultados. Isso sem contar na capacidade criativa, pois boas ideias são imensuráveis, não possuem um preço determinado.

Vendo tudo isso, dá para imaginar quantos profissionais estão envolvidos no processo, não é? Em um simples projeto, temos pelo menos duas pessoas focadas no atendimento, um trio de criação contendo um Designer, um Programador e um Redator, um Diretor de Criação, Departamento Jurídico e Financeiro e um profissional de planejamento…

Isso sem contar com custos fixos e depreciação de materiais caros e máquinas de última geração para suportar os melhores programas da atualidade, o que faz com que tenhamos que mudar 90% da estrutura maquinaria da empresa a cada dois anos no máximo. E isso é o básico. Projetos de maior complexidade envolvem diferentes linguagens de programação, interações e “aplicabilidades”: PHP, ASP.net, AS 3.0, Java, Ruby on Rails, entre outras.

Felizmente, pesquisas mostram uma grande evolução nesta área, com uma perspectiva alta da internet ultrapassar outros meios de comunicação devendo se tornar o principal veículo publicitário em menos de três anos na Europa.

Por aqui, ela ainda é responsável por somente 4% do investimento publicitário, sendo a métrica de mensuração de resultados uma das maiores responsáveis pela desconfiança dos investidores, pois ainda não entendem como o calculo é feito e os resultados são atingidos.

Dentre em breve, nativos e não nativos digitais estarão cada vez mais juntos e com a mesma maneira de pensar, descobrindo milhares de novas possibilidades e utilidades para a maior rede do mundo. E esta é a maior notícia que nosso mercado pode ter, provando a importância de profissionais cada vez mais qualificados e soluções cada vez mais criativas.

Por Leonardo Rios
Bacharel em Propaganda e Publicidade, com ênfase em Marketing, pela Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio de Janeiro (ESPM), pós-graduado em Gestão de Design pela ESPM-RJ e sócio da Zign Marketing Digital .