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Bahrein condena médicos à prisão por prestarem socorro a manifestantes

[O Globo, 29 set 11] MANAMA, Bahrein – Um tribunal especial de segurança do Bahrein condenou a 15 anos de prisão 13 médicos e enfermeiros que prestaram socorro a manifestantes, sob acusação de crimes contra o governo. Os sete profissionais tiveram sentenças mais curtas. Em um caso em separado, a corte sentenciou um manifestante à morte por matar um policial durante a onda de protestos contra o governo do reino do Golfo no início do ano.

Os médicos trataram de pessoas feridas durante um protesto pedindo mais direitos. As acusações contra eles incluem posse de arma sem licença, apreensão de equipamentos médicos, incitação do ódio sectário, e recusa a tratar membros das forças de segurança.

Ativistas de direitos humanos foram surpreendidos pelas sentenças. Eles acreditavam que o regime liberaria os profissionais como um sinal de que o governo estava suavizando sua abordagem.

Todos os médicos trabalhavam no Complexo Médico Salmaniya, em Manama.

A agência de notícias oficial, BNA, disse que o manifestante condenado à morte, Ali al-Taweel Yusof, havia matado um policial na área xiita de Sitra, ao sul de Manama.

O tribunal, criado durante o governo de emergência, já havia condenado dois outros manifestantes à morte por matar um policial.

Na quarta-feira, a corte sentenciou a prisão perpétua oito ativistas por seu suposto papel nos protestos. Outros 13 manifestantes foram condenados a 15 anos de prisão.

Médicos alertam para uso do Facebook e depressão entre jovens

[Folha SP, 28 mar 11] O alerta de um grupo de médicos influentes dos EUA adicionou o termo “depressão Facebook” aos possíveis danos relacionados às redes sociais, em referência a uma condição que pode afetar adolescentes obcecados pelo site.

As novas diretrizes para redes sociais da American Academy of Pediatrics, associação norte-americana de pediatria, foram publicadas nesta segunda-feira no periódico “Pediatrics”.

Alguns pesquisadores discordam da decisão. Para eles, o problema pode ser uma extensão da depressão que algumas crianças sentem em outras circunstâncias, ou uma condição distinta ligada ao uso do site.

Mas há aspectos singulares do Facebook que podem torná-lo difícil de navegar para crianças que já lidam com baixa autoestima, disse Gwenn O’Keeffe, pediatra de Boston e principal autora das novas diretrizes.

Registros dos amigos, atualizações de status e fotos de pessoas felizes no Facebook podem fazer como que algumas crianças se sintam mal por pensarem que não estão à altura.

Pode ser mais doloroso do que sentar-se sozinho na lanchonete da escola lotada ou do que outras situações da vida real, disse O’Keeffe, pois o Facebook oferece uma visão distorcida do que realmente está acontecendo. Na rede não há nenhuma maneira de ver as expressões faciais ou ler a linguagem corporal que fornecem o contexto das experiências. Continue lendo

Justiça Federal autoriza a ortotanásia no país

[Folha SP, 6 dez 2010] A Justiça Federal decidiu na semana passada dar respaldo aos médicos que optarem por não tentar prolongar a vida de doentes terminais, sem chances de cura e cujas famílias concordem com a opção –a ortotanásia.

A proteção passou a existir porque a Justiça Federal no Distrito Federal reviu liminar dela própria, de 2007, que tornava nula resolução do Conselho Federal de Medicina, que permitia aos médicos praticar a ortotanásia.

A nova posição foi tomada após o Ministério Público Federal, autor do pedido da nulidade, também ter alterado sua opinião. A decisão foi revelada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, na edição de anteontem. Continue lendo

Cérebro é menos hierarquizado do que se imaginava, sugere estudo

A organização no cérebro segue uma estrutura mais parecida com a internet (dispersa) que com o exército (hierarquizada)

O cérebro parece estar organizado mais como a internet (vasta rede interconectada com poucos centros com maior poder de processamento) do que como uma organização militar (rede altamente hierarquizada, com ordens vindo de cima para baixo e respostas de baixo para cima).

Uma nova técnica que rastreia sinais ao longo de regiões cerebrais diminutas revelou conexões entre áreas ligadas a estresse, depressão e apetite. O método, descrito na última edição da revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” poderia levar ao mapeamento de todo o sistema nervoso.

O procedimento foi testado no cérebro de ratos. Larry Swanson e Richard Thompson da Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles, isolaram uma pequena seção do núcleo accumbens – região associada a prazer e recompensa.

A técnica envolve a injeção de marcadores em locais precisos do tecido cerebral. Os marcadores são moléculas que não interferem na comunicação entre neurônios, mas podem ser iluminados e identificados usando um microscópio.

A novidade foi o uso concomitante de dois marcadores. Um mostra para onde os sinais estão indo; o outro, de onde estão vindo.

Se o cérebro tivesse uma organização hierárquica, como no exército, o diagrama de conexão mostraria linhas retas de regiões diferentes seguindo para uma unidade central, o “general”.

Em vez disso, os pesquisadores observaram vários circuitos em diferentes regiões, alguns retroalimentando-se, ligando áreas que antes não se sabia conectadas. Esse tipo de organização assemelha-se mais à internet.

“Você ficaria abismado de quanto do pensamento corrente em neurociência experimental é dominado pela visão do ‘general’, que remonta ao século 19”, afirmou Swanson à BBC News.

Segundo Swanson, praticamente todo o sistema de conexões do cérebro poderia ser mapeado.

“A analogia direta é com o Projeto Genoma Humano (…) conhecer a sequência completa do DNA humano é uma pedra fundamental para a biologia, não importa quanto tempo leve para que desemboque em aplicações práticas.”

Fonte: Folha SP, 10 ago 2010

Brasil é antepenúltimo em ranking de qualidade de morte

flowers in the snow

O Brasil ficou em antepenúltimo lugar em um ranking de qualidade de morte realizado pela consultoria Economist Intelligence Unit na Grã-Bretanha.

Entre os 40 países analisados na pesquisa, o Brasil ficou na 38ª posição. Os outros países que formam os Bric, Índia (40ª), China (37ª) e Rússia (35ª), também ficaram atrás no ranking.

A Grã-Bretanha ficou em primeiro lugar, seguida da Austrália e Nova Zelândia. Segundo o documento, A Grã-Bretanha “é líder global em termos de rede hospitalar e provisão de cuidados a pessoas no fim da vida”.

Outros países desenvolvidos, no entanto, tiveram desempenhos ruins no ranking, como Dinamarca (22ª), Itália (24ª) e Finlândia (28ª).

“Muita gente, mesmo em países que tem sistemas de saúde excelentes, sofrem com mortes de baixa qualidade, mesmo quando a morte vem naturalmente”, disse a pesquisa.

Em muitos casos, segundo a Economist Intelligence Unit, isso ocorre porque a qualidade e a disponibilidade do tratamento paliativo antes da morte são baixas, e há deficiências na coordenação entre diferentes órgãos e departamentos para políticas sobre como lidar com a morte.

A pesquisa analisou indicadores quantitativos – como taxas de expectativa de vida e de porcentagem do PIB gasta em saúde – e qualitativos – baseados na avaliação individual de cada país em quesitos como conscientização pública sobre serviços e tratamentos disponíveis a pessoas no fim de suas vidas e disponibilidade de remédios e de paliativos.

De acordo com a Aliança Mundial de Cuidado Paliativo, mais de 100 milhões de pacientes e familiares precisam de acesso a tratamentos paliativos anualmente, mas apenas 8% os recebem.

Soluções

A pesquisa, encomendada pela Fundação Lien, uma organização não-governamental de Cingapura, aponta sugestões práticas que podem melhorar a qualidade da morte, como melhorar a disponibilização de medicamentos analgésicos.

“O controle da dor é o ponto de partida de todo o tratamento paliativo e a disponibilidade de opiáceos (morfina e equivalentes) é fundamental para o cuidado no fim da vida”, diz o relatório.

“Mas, no mundo, estima-se que cinco bilhões de pessoas não tenham acesso a opiáceos, principalmente por causa de preocupações sobre uso ilícito de drogas e tráfico.”

A organização disse também que combater as percepções sobre a morte e os tabus culturais é crucial para melhorar o cuidado paliativo.

“Em sociedades ocidentais, procedimentos curativos são frequentemente priorizados em detrimento do cuidado paliativo. Nos Estados Unidos, discussões sobre os cuidados no fim da vida muitas vezes inflamam o sentimento religioso que considera a manutenção da vida como um objetivo supremo. A questão é complicada ainda mais pela percepção de que ‘cuidado hospitalar’ acaba sendo associado a ‘desistir de viver'”.

Segundo a pesquisa, no entanto, um aumento na disponibilidade de tratamento paliativo – principalmente realizado em casa ou pela comunidade – reduz gastos em saúde associados a internação em hospitais e tratamentos de emergência.

Fonte: BBC Brasil, 14 jul 2010