No capitalismo, o ócio é o usufruto de um tempo conquistado na relação entre trabalhadores e empregadores. Sem trabalho, não existe ócio.
[Folha SP, 17 ago 11] Portanto, nos paÃses capitalistas avançados que convivem com altas taxas de desemprego, os jovens “não têm futuro, a não ser que quebrem o sistema”.
Esse foi o raciocÃnio exposto na noite de terça-feira no Rio pelo sociólogo Francisco de Oliveira, professor emérito da USP, convidado a fazer uma abordagem marxista do “elogio à preguiça” no ciclo de conferências organizado pelo filósofo Adauto Novaes –e que ocorre também em São Paulo e Belo Horizonte.
“A reprodução do sistema vai levando a formas cada vez mais sofisticadas de uso do trabalho que desmontam as velhas estruturas”, disse Oliveira, 77.
Citou um exemplo europeu: “A Espanha, um sucesso formidável depois que entrou na União Europeia, agora tem 25% da força de trabalho desempregada, a maioria jovens. O tipo de emprego que o capitalismo industrial criou durante 50 anos, dos anos 1930 aos 80, desapareceu. O sistema tem mais capacidade de produzir esses jovens desempregáveis do que antes.” Continue lendo