[Texto de Mirella Domenich, publicado na BBC Brasil, 26 nov 2010]
Um grupo de quilombolas – descendentes dos escravos que fugiram de seus donos no Brasil e fundaram refúgios, os quilombos – está pela primeira vez na Ãfrica para conhecer a terra de seus ancestrais.
A viagem, financiada pela ONG portuguesa Instituto Marques do Valle Flor e pela União Europeia, começou no último dia 17, em Guiné-Bissau, e termina em 2 de dezembro, em Cabo Verde.
A excursão faz parte do projeto “O Percurso dos Quilombos: da Ãfrica para o Brasil e o Regresso à s Origens”. O grupo de viajantes é formado por 21 quilombolas brasileiros – todos do Maranhão – e cinco acompanhantes.
“O calor com o que nos acolheram deu a impressão de que já nos conhecÃamos há milhares de anos, que realmente somos da mesma famÃlia”, disse a lavradora e quilombola Maria José Palhano, 50 anos, sobre o contato com os africanos.
“Deu um sentimento de pertencimento, que realmente somos da mesma famÃlia e que fomos levados daqui”, afirma ela, que é coordenadora da Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Maranhão (Aconeruq), ONG brasileira parceira do projeto.
Deu um sentimento de pertencimento, que realmente somos da mesma famÃlia e que fomos levados daqui. Maria José Palhano, quilombola
De acordo com dados do Conselho Ultramarino, o Maranhão recebeu 31.563 escravos entre os anos de 1774 e 1799, quase metade deles vindos de Guiné-Bissau. Continue lendo