[IHU, 9 mar 11] “O extremismo islâmico, do qual Bin Laden era o emblema, não conseguiu arrastar as massas do mundo muçulmano. A Al Qaeda se reduziu a uma seita sem fecundidade polÃtica.”
A análise é de Gilles Kepel, estudioso do extremismo islâmico e professor de ciências polÃticas em Paris, em artigo para o jornal La Repubblica, 05-03-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto. Eis o texto.
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Lembro-me de um café da manhã no Clube dos Professores de Harvard com Samuel Huntington, alguns anos depois da publicação do seu famoso artigo, depois do seu livro, sobre o Choque de Civilizações. Gostaria de saber por que, para elaborar o seu argumento, ele havia usado, dentre outros, o meu livro A Revanche de Deus (Ed. Siciliano, 1999). Nessas páginas, eu explicava como, nos anos 70, se desenvolveram os movimentos polÃticos religiosos dentro do cristianismo, do judaÃsmo e do Islã.
Quis traçar paralelos transreligiosos entre esses fenômenos; demonstrar como, embora de modo diverso, cada um dos três nasceu em reação à crise da modernidade e do mundo industrial, ao enfraquecimento das solidariedades sindicais e operárias depois do desaparecimento do trabalho na fábrica, do aumento do desemprego e assim por diante. Continue lendo