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O silêncio da miséria, onde vagam os vassalos do feudalismo nordestino ~ por Arnaldo Jabor

Você já viajou pelo interior de Alagoas? Há alguns meses eu fui de carro até uma cidade a apenas uma hora e meia de Maceió. Parecia um deserto vermelho de barro, pontilhado de miseráveis vilarejos de uma só rua.

O motorista dizia: “isso aqui é tudo de Renan, isso aqui de Lira, isso aqui de fulano, sicrano”. Eu olhava e só via vazios com algumas almas penadas nas estradas. “E isso aqui é do MST.”

Andamos meia hora sem ver casas, nem plantações, além de algumas usinas desativadas. Era o silêncio da miséria, a paz do nada, onde vagam os vassalos do feudalismo nordestino. Aqueles municípios paralíticos já são catástrofes secas, só que silenciosas, paradas no tempo.

De repente, esta tragédia fixa, quase invisível, se transformou em uma tragédia bruta e retumbante. Ai, o verdadeiro Brasil apareceu diante de nós: abandonado, sem verbas, só usadas por interesses políticos do governo.

Só nos restou a solidariedade, mas como sentir a dor de um pobre homem catando comida na lama para dar ao filho chorando no colo? Dizendo o que? “Aí que horror?”

A solidariedade tinha de vir antes para proteger aqueles brasileiros raquíticos, famintos, analfabetos, que só são procurados pelos donos do nordeste para votos ou para serem “laranjas” em roubalheiras das oligarquias.

Fonte: Globo, 30/06/10 por Arnaldo Jabor

Aumento da temperatura no sertão nordestino ultrapassa média global

Segundo o especialista Paulo Nobre, do Inpe, algumas regiões do semiárido nordestino, como a cidade de Vitória de Santo Antão, apresentaram aumento de temperatura de 3ºC nos últimos 40 anos, enquanto a média global apontou um crescimento de 0,4ºC na temperatura do planeta

A sensação compartilhada pelos sertanejos nordestinos de que o clima da região onde vivem está se tornando mais quente e seco nos últimos anos e que as chuvas estão cada vez mais raras e fortes já tem comprovação científica. Segundo o metereologista Paulo Nobre, do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, as temperaturas máximas registradas no semiárido do Nordeste estão, de fato, ficando mais altas a cada ano.

Estudos do Instituto, baseados em séries históricas de dados meteorológicos, mostram, inclusive, que algumas regiões do sertão nordestino, como a cidade pernambucana de Vitória de Santo Antão, já apresentam aumento de 3ºC na temperatura máxima diária, se comparado há 40 anos. O crescimento é preocupante e bastante superior à média global de aumento da temperatura, que registrou “apenas” 0,4ºC a mais nas últimas quatro décadas.

Com isso, a disponibilidade de água no solo nordestino é cada vez menor, o que compromete a agricultura de sequeiro na região, que depende da chuva para o cultivo de culturas de subsistência, como feijão e milho. A solução, na opinião de Nobre, é investir em novas atividades econômicas na região, que apresentem menor dependência da água: como as dos setores de tecnologia e energias renováveis.

Ainda de acordo com o especialista, o fenômeno não é exclusividade do semiárido do Nordeste. Em outras regiões do país, como São Paulo e Amazônia, a temperatura também vem aumentando rapidamente. No entanto, ainda não é possível sentir o calor com tanta facilidade porque são regiões onde há maior incidência de chuvas.

Diante dos novos dados, Nobre defende uma maior capacitação nos estudos de metereologia regional no Brasil, para que os governantes de cada região saibam exatamente o que está acontecendo no clima e o que pode ser feito para evitar a intensificação das mudanças climáticas.

Fonte: Mônica Nunes/Débora Spitzcovsky
Planeta Sustentável – 25/06/2010

O estresse chegou ao sertão

José Avelange Oliveira*, no Portal Adital

Estamos incorporando de tal forma o ritmo do mundo ultramoderno que fazemos tudo com superficialidade, sejam as tarefas mais corriqueiras ou as mais profundas desta vida. Estudamos, conseguimos até ser aprovados; mas, pouco aprendemos. Oramos, temos até muitos compromissos religiosos; mas, pouco nos aprofundamos na experiência com Deus. Se não é assim, como explicar o fato de sermos ao mesmo tempo pessoas tão religiosas e às vezes tão egoístas e insensíveis frente à realidade dos pobres? São pobres de bens e pobres de atenção. Não lhes garantimos o pão cotidiano e muito menos uma palavra, um minuto de presença solidária, a eles que são os excluídos do sistema. Estamos por demais ocupados para refletir sobre esta urgente questão. Há movimentos eclesiais cujos membros efetuam visitas missionárias que costumam ser muito válidas, mas este tipo de iniciativa não pode ficar restrito às atividades meramente religiosas que às vezes tendem ao proselitismo.Acredito que nossa juventude seja bastante influenciada pela cultura dos grandes centros urbanos, disseminada país afora principalmente através da televisão e, por isso, não pensa a vida em comunidade, a não ser aquelas comunidades do Orkut, que têm lá seu valor, mas são o que são: virtuais.

Nesse sentido, já não temos tempo para os outros nem para nós mesmos, de maneira ideal. Pensamentos se sucedem na velocidade dos desejos instigados pela mídia. O que não está no filme, o que não é visto pela tevê nem se acha implícito na letra das músicas vulgares parece antiquado, démodé. Então, segue-se a busca imprudente da felicidade, que não raro termina em estresse e depressão.

Com isso, não pretendo negar a importância genuína do prazer nem vou esperar por uma geração de jovens beatos, como sonham alguns líderes conservadores que pronunciam sermões caducos em nossas igrejas modernas. Às vezes são, inclusive, jovens padres que falam como velhos conservadores. A intenção é boa, mas a eficácia do método é duvidosa.

Parece-me mais proveitoso ajudar as pessoas a integrar suas dimensões afetivas, religiosas e profissionais. Para tanto, é oportuno contar com psicólogos, educadores e artistas, mas principalmente com o próprio indivíduo. Enquanto não houver um reconhecimento íntimo de que estamos trilhando um caminho certo para o estresse, não vamos conseguir melhorar nem fazer melhor também a sociedade.

Tanta ansiedade por fazer e por vencer profissionalmente, afetivamente, traz os nervos à flor da pele, gera medo vago, que pode desembocar em distúrbio do pânico, um pânico que já se faz coletivo, até nestas cidades encravadas naquilo que um dia se chamou de sertão.

O sertão modernizou-se. Recebe os sinais das parabólicas e das antenas de internet, gigabytes de muita pressa, de modismos e pouco tempo dedicado à educação, inclusive à educação dos próprios hábitos. Mas, quem de nós estará imune às novidades boas e ruins de nosso século?

O estresse deve ser individualmente considerado, remoído, orado no silêncio de nosso quarto, e coletivamente discutido para que as pessoas não se tornem escravas de um estilo de vida que traz em uma das mãos o encantamento tecnológico e na outra a aflição da saúde física e mental ameaçada pela pressa, pelo julgamento superficial das coisas e das outras pessoas.

Não  é assim que temos atravessado nossas existências? Pouca leitura, meditação quase nula, roupas apertadas e contas a pagar e mais aquela comum ilusão de que os anos já não passam devagar, como acontecia em nossa infância. “Viu como esta semana passou voando?” É o que todos dizem. Nada disso!

É verdade. O planeta está ameaçado, mas ainda não foi alterado o curso do tempo, a não ser dentro de cada um. Portanto, compete a cada um cuidar dos próprios pensamentos; controlar melhor o próprio tempo, conforme já observou Pe. Roque Schneider. Segundo ele, o tempo é como uma mala. Bem arrumada, cabe mais. Um “mais” que bem pode ser “menos”, na medida em que escolhemos o que é realmente importante e desprezamos o que é superficial para a jornada. Este é um cuidado que hoje se faz necessário, até mesmo aqui, no sertão.

* Animador da Fraternidade Ecumênica Sal & Luz, licenciado em Letras (Univ. Estadual da Bahia), com qualificação em Psicologia Social (Univ. Aberta do Brasil) e em Teologia (Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana)

Polícia prende 5 aposentados acusados de pedofilia na Paraíba

Benches at Seodaemun Prison History Hall, Seou...

Do Globo

JOÃO PESSOA – Uma ação conjunta realizada pela Polícia Civil da Paraíba, com o apoio de policiais militares, terminou na prisão de cinco aposentados na pequena cidade de Triunfo, localizada no Sertão paraibano, nesta quarta-feira. O grupo, segundo a polícia, é acusado de explorar sexualmente crianças e adolescentes e pode ter feito pelo menos nove vítimas, em ações individuais. As prisões foram feitas atendendo a seis mandados expedidos pela comarca do município de São João do Rio do Peixe, na mesma região.

Os cinco acusados são de Triunfo e foram identificados pela polícia como sendo o agricultor Antônio Pereira Campos, de 69 anos; Vicente Gomes Rolim, de 61 anos; o agricultor Francisco Monteiro Bezerra, 85 anos; Odilon Alves de Santana, 87 anos; e Genésio Monteiro, de 88 anos. Conforme os policiais, todos eles são aposentados e ofereceriam dinheiro e alimentos às menores em troca dos relacionamentos.

As vítimas têm idade entre 10 e 17 anos e teriam sido abusadas sexualmente, segundo a polícia, no interior das residências dos suspeitos e em um dos casos, dentro de um estabelecimento comercial. Depois de serem detidos, os cinco acusados foram levados para a delegacia de São João do Rio do Peixe, onde foram ouvidos pelo delegado Gilson de Jesus Teles, responsável pela investigação dos casos.

De acordo com ele, os casos chegaram ao conhecimento da polícia há alguns meses após denúncias anônimas feitas por moradores do município.

– Assim que soubemos, buscamos o apoio do Conselho Tutelar para localizar as menores. Elas vieram até a delegacia e foram ouvidas, relatando com riqueza de detalhes os crimes. Então submetemos todas a exame e em algumas constatamos identificamos a conjunção carnal – observou o delegado.

As menores relataram à polícia, segundo o delegado, que os idosos chegariam a fazer sexo oral e até mesmo assistir filmes pornográficos durante as ações. Mesmo angustiadas com a situação, elas aceitavam os convites feitos pelos suspeitos.

– As meninas eram da cidade mesmo e de famílias humildes e apenas uma delas não tinha familiares. Algumas diziam aos pais que iam para a escola, mas acabavam indo para a casa dos acusados – contou o delegado, acrescentando que vai dar prosseguimento às investigações.

Os cinco acusados, que foram presos em suas próprias residências e no centro da cidade, deverão continuar presos por 30 dias, já que os mandados expedidos pela Justiça são de prisão temporária. O grupo deverá ser indiciado por estupro contra vulneráveis, crime cuja pena pode chegar até a 15 anos de prisão. O sexto homem que também está sendo investigado por abusar de menores não foi localizado pela polícia e está sendo procurado. A ação foi denominada ‘Peter Pan’, em referência ao personagem de desenho animado que insiste em não crescer.

Incra-PB Regulariza Comunidade Quilombola

Fonte: PB Agora (www.pbagora.com.br)

O Serviço de Regularização de Territórios Quilombolas da Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na Paraíba instaurou esta semana o processo de regularização do território ocupado pela comunidade quilombola do Sítio Vaca Morta, no município de Diamante, no Sertão paraibano, a 480 km de João Pessoa. Aproximadamente 27 famílias moram na comunidade, reconhecida pela Fundação Cultural Palmares, através de Certidão de Autodefinição de 14 de outubro deste ano, como comunidade remanescente de quilombo.

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