Quando Deus criou o primeiro casal, o colocou no paraÃso (significa “jardim” na lÃngua persa). A decisão catastrófica ocorreu quando eles cederam à tentação de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Deus os expulsou do jardim e eles começaram sua busca pelo sentido da vida, levantando torres e construindo cidades. “Caim fundou uma cidade”, informa o texto bÃblico.
Muitos anos depois, Deus convocou Abraão a deixar a cidade de Ur dos Caldeus, entre as mais modernas do mundo antigo. Peregrinou na terra prometida alojando-se numa tenda, mas esperava uma “cidade que tem alicerces cujo arquiteto e edificador é Deus” (Hb 11.10). Essa cidade deve ter sido a Nova Jerusalém.
H. Drummond nos surpreende, ao afirmar que o cristianismo é distinto de todas as outras religiões porque é a “religião de cidades… sua esfera é a rua, o mercado, a vida do empregado no mundo. De fato, o novo mundo do Apocalipse se apresenta para nós em forma de uma imensa cidade. A vida da cidade é intensa, real e comunitária” (The Greatest Thing in the World). Na cidade, quem desejar pode se isolar, ou ter muitos amigos.
O EspÃrito Santo desceu sobre os 120 discÃpulos na cidade. A primeira igreja foi plantada na cidade. Atos narra o sucesso do Evangelho correndo a largos passos pelas cidades de Jerusalém, Damasco, Antioquia, Tessalônica, Corinto, Éfeso e Roma.
Deus planejou enviar seus embaixadores à s cidades de onde o conhecimento da verdade salvadora se espalharia pelas zonas rurais. A dinâmica da mensagem em Éfeso foi tal que, em apenas dois anos “todos os judeus e os gregos que viviam na provÃncia da Ãsia ouviram a palavra do Senhor” (At 19.10).
Mas nem tudo é belo e atraente na cidade. Tem seu lado sombrio. Nela, proliferam a competição, a busca frenética do poder, do dinheiro, de ter em vez de ser. Na cidade, a prostituição, as drogas e a violência contaminam a atmosfera. Creio que muitos concordariam que é mil vezes mais fácil sentir a presença e ação de Deus no campo do que na confusão de prédios e ruas congestionadas. Não foi por meio de um arbusto em chamas que Deus se revelou a Moisés?
No congresso de evangelismo, Lausanne II, em Manila (1989), um palestrante, Os Guiness, citou Abraão Kuyper, primeiro ministro da Holanda, “Não há uma polegada sequer de qualquer esfera da vida sobre a qual Cristo não diz: “Meu”. É isto que torna a modernidade tão difÃcil”. Precisamente na cidade, a modernidade nos confronta com a força de um Tsunami. Mas sobre a cidade, Deus tem vontade de revelar seu poder transformador, dizendo: “Isto é meu!”.
Se o nosso destino final é de fato uma cidade, não seria de primordial importância aprendermos a viver de forma cristã na cidade? Não seria alvo digno do Senhor da igreja, nos esforçar na transformação da comunidade na qual ela se encontra, num reflexo do modelo da Nova Jerusalém?
Richard Baxter, dedicado pastor da igreja de Kidderminster, Inglaterra (séc. XVII), foi o instrumento da mudança na reputação da cidade. De pior, passou a ser considerada a mais santa do paÃs. A contagiosa influência de um pastor santo como Baxter tem poder para mudar um bairro, uma cidade ou um paÃs. Em vez de escândalos abalarem a igreja, roguemos a Deus por lÃderes que consigam implantar o modelo da Nova Jerusalém no meio dos homens engavetados na cidade poluÃda e escura, carecendo da luz de Deus.
De cima é fácil identificar uma cidade pela mancha de luz que passa por debaixo do avião. Milhares de luzes juntas dão a impressão de uma luz espalhada numa grande área da terra. Seria assim que a cidade corrompida pelo pecado poderia ser modificada? Não espere pelos polÃticos, nem pela legislação, nem uma maior proliferação de policiais. A mudança da cidade ocorre pelas luzes que vidas santas produzem. Jesus declarou: “É impossÃvel esconder uma cidade construÃda sobre um monte”. Mas uma cidade sem luzes se esconde, sim! Portanto, candeias colocadas em lugares apropriados iluminam a todos que estão na casa e transformam a cidade numa mancha de luz gigante.
Assim, não podemos imaginar a beleza da Cidade de Deus que os herdeiros da salvação ocuparão. Todos se amarão perfeitamente. O fruto do EspÃrito dominará todos os relacionamentos. No presente gozamos das primÃcias do EspÃrito para experimentar a sombra dessa realidade.