[Pe. Alfredo J. Gonçalves, Assessor das Pastorais Sociais, Adital, 14 set 11] No universo literário do filósofo polonês Zygmunt Bauman, o adjetivo lÃquido serve de complemento para uma série de tÃtulos de suas obras: modernidade, amor, medo, vida, entre outras. As relações sólidas, duráveis e tradicionais se liquefazem em conexões virtuais: efêmeras e superficiais, provisórias e descartáveis. Em outros termos, rompe-se o contrato social que cimentou os fundamentos do mundo moderno e do regime democrático. “Tudo que é sólido se desmancha no arâ€, escreviam Marx e Engels, já em 1848, no Manifesto Comunista.
PoderÃamos falar desse derretimento do pacto social utilizando a metáfora do divórcio. De fato, além dos crescentes rompimentos matrimoniais, constata-se hoje uma série de divórcios em todas as áreas da “modernidade tardia†ou da “pós-modernidade†(deixamos de lado essa divergência de caráter mais acadêmico). Não custa examinar mais de perto algumas dessas dicotomias que batem à s nossas portas. Divórcios ou dicotomias que dilaceram e fragmentam pessoas, comunidades, instituições e a própria sociedade como um todo.
1. Divórcio entre trabalho e emprego
O fim da centralidade do trabalho é o tÃtulo de um artigo publicado na revista Pesquisa & Debate, SP, volume 9, número 2(14), páginas 87-104, 1998. Nele, o professor da UFF e doutorando do Instituto de Economia da UFRJ, André Guimarães Augusto, se contrapõe à s posições e argumentos de Claus Offe, especialmente seus estudos sobre Estado e trabalho na sociologia crÃtica. Atualmente, numerosas publicações colocam no centro dos debates a tese do “fim do trabalhoâ€. Continue lendo