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Santos entre taças de vinho

felipe-pondeLuiz Felipe Pondé, de 52 anos, é um raro exemplo de filósofo brasileiro que consegue conversar com o mundo para além dos muros da academia. Seja na sua coluna semanal na Folha de S.Paulo, seja em livros como o recém-lançado O Catolicismo Hoje (Benvirá), ele sabe se comunicar com o grande público sem baratear suas ideias. Mais rara ainda é sua disposição para criticar certezas e lugares-comuns bem estabelecidos entre seus pares. Pondé é um crítico da dominância burra que a esquerda assumiu sobre a cultura brasileira. Professor da Faap e da PUC, em São Paulo, Pondé, em seus ensaios, conseguiu definir ironicamente o espírito dos tempos descrevendo um cenário comum na classe média intelectualizada: o jantar inteligente, no qual os comensais, entre uma e outra taça de vinho chileno, se cumprimentam mutuamente por sua “consciência social”. Diz Pondé: “Sou filósofo casado com psicanalista. Somos convidados para muitos jantares assim. Há até jantares inteligentes para falar mal de jantares inteligentes”. Estudioso de teologia, Pondé considera o ateísmo filosoficamente raso, mas não é seguidor de nenhuma religião em particular. Eis um pensador capaz de surpreender quem valoriza o rigor na troca de ideias. [Entrevista publicada pela Veja, em 13.7.2011]

Em seus ensaios, o senhor delineou um cenário exemplar do mundo atual: o jantar inteligente. O que vem a ser isso?

É uma reunião na qual há uma adesão geral a pacotes de ideias e comportamentos. Pode ser visto como a versão contemporânea das festas luteranas na Dinamarca do século XIX, que o filósofo Soren Kierkegaard criticava por sua hipocrisia. Esse vício migrou de um cenário no qual o cristianismo era a base da hipocrisia para uma falsa espiritualidade de esquerda. Como a esquerda não tem a tensão do pecado, ela é pior do que o cristianismo. Continue lendo

Universidades alemãs devem formar religiosos islâmicos

DW, Alemanha, 1/fev/2010

O mais importante grêmio consultivo político-científico da Alemanha recomenda a criação de cursos de formação de professores de religião islâmica e imãs nas universidades do país. Governo federal apoia a ideia.

As universidades da Alemanha deverão passar a formar professores de religião islâmica e sacerdotes muçulmanos, recomenda o Conselho Científico, o mais importante grêmio consultivo político-científico do país. O órgão recomenda que o governo federal e os estados alemães criem dois a três departamentos universitários que ofereçam Estudos Islâmicos como carreira. A ministra alemã da Educação, Annette Schavan, congratulou-se “explicitamente” pela sugestão.

De acordo com o diário Süddeutsche Zeitung, o conselho favorece a proliferação de departamentos de Estudos Islâmicos em universidades estatais. O grêmio discutiu o tema de quarta-feira a sexta-feira em Berlim e apresentou nesta segunda-feira (01/02) sugestões para o desenvolvimento estudos teológicos em instituições alemãs de ensino superior.

Sem tradição

Até hoje, os estudos islâmicos não têm tradição em universidades alemãs, realidade que não condiz com a importância dos muçulmanos, a maior comunidade religiosa não cristã do país. O Conselho Científico, consultor do governo federal e dos governos estaduais em questões de ensino superior e pesquisa, considera importante reverter essa discrepância.

Segundo a proposta, os novos institutos devem formar não apenas sacerdotes e professores de islamismo para o ensino religioso escolar, mas também pesquisadores do islã e especialistas para o trabalho social e comunitário.

Na Alemanha deverá crescer nos próximos anos a demanda por professores de religião islâmica. De acordo com o conselho, hoje as escolas alemãs têm cerca de 700 mil alunos muçulmanos matriculados. Caso se decida introduzir aulas de educação religiosa islâmica no ensino médio alemão, hipótese considerada provável, serão necessários cerca de 2 mil profissionais para a função.

Nas universidades também deverão ser formados imãs. Atualmente, os sacerdotes muçulmanos provêm em grande parte do exterior.

Governo ajudará implementação da ideia

A ministra alemã da Educação, Annette Schavan, apoia as recomendações do Conselho de Ciência. Ela auxiliará as universidades interessadas em
implementar a ideia, segundo afirmou ao jornal Welt am Sonntag. O número de crianças e adolescentes muçulmanos na Alemanha continua a crescer, lembrou ela. Por isso, é importante formar professores e pesquisadores de religião islâmica. Para a ministra, a medida faz parte da política de integração em sociedades modernas.

Segundo o secretário-geral do Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha, Aiman Mazyek, essas recomendações são um “caminho pragmático, para o qual não há alternativas”. Trata-se de uma reivindicação de anos das organizações muçulmanas.

MD/afp/kna
Revisão: Simone Lopes