[Vinicius Konchinski, Agência Brasil, 18 mai 11] Uma pesquisa realizada no Hospital das ClÃnicas (HC) da Universidade de São Paulo (USP) revela que o combate e a prevenção de abusos sexuais a crianças precisam ser feitos, principalmente, dentro de casa. Segundo o estudo, quatro de cada dez crianças vÃtimas de abuso sexual foram agredidas pelo próprio pai e três, pelo padrasto.
Os resultados foram obtidos após a análise de 205 casos de abusos a crianças ocorridos de 2005 a 2009. As vÃtimas dessas agressões receberam acompanhamento psicológico no HC e tiveram seu perfil analisado pelo Programa de Psiquiatria e Psicologia Forense (Nufor) do hospital.
Segundo Antonio de Pádua Serafim, psicólogo e coordenador da pesquisa sobre as agressões, em 88% dos casos de abuso infantil, o agressor faz parte do cÃrculo de convivência da criança.
O pai (38% dos casos) é o agressor mais comum, seguido do padrasto (29%). O tio (15%) é o terceiro agressor mais comum, antes de algum primo (6%). Os vizinhos são 9% dos agressores e os desconhecidos são a minoria, representando 3% dos casos.
“É gritante o fato de o pai ser o maior agressor. Ele é justamente quem deveria protegerâ€, afirmou Serafim, sobre os dados da pesquisa, que ainda serão publicados na Revista de Psiquiatria ClÃnica da Faculdade de Medicina da USP. “As crianças são vÃtimas dentro de casa.â€
A pesquisa coordenada pelo psicólogo mostra também que 63,4% das vÃtimas de abuso são meninas. Na maioria dos casos, a criança abusada, independentemente do sexo, tem menos de 10 anos de idade.
Para Serafim, até pela pouca idade das vÃtimas, o monitoramento das mães é fundamental para prevenção dos abusos. Muitas crianças agredidas não denunciam os agressores.
Elas, porém, dão sinais de abusos em seu comportamento, segundo Serafim. Por isso, as mães devem estar atentas à s mudanças de humor das crianças. “Uma mudança brusca é a maior sinalização de abusoâ€, disse.