Tráfico de jovens teria comando no Nordeste

Investigações sobre rede de exploração sexual depende de trabalho conjunto entre polícias.

[Cleide Carvalho, OGlobo, 12 fev 12] O promotor da Infância e Juventude do Ministério Público de São Paulo, Thales de Oliveira, afirmou que investigações feitas pela polícia paulista sobre a rede de tráfico de adolescentes indicam que o comando da quadrilha estaria no Nordeste do país. Segundo ele, o avanço das investigações depende de um trabalho conjunto.

— Já há investigações em andamento também no Pará e no Ceará — afirmou.

Oliveira diz que adolescentes trazidos de outros estados, que receberam próteses de silicone e hormônios para se tornarem transexuais, se arrependeram do que fizeram como próprio corpo e falaram sobre o esquema.

— Eles são atraídos com a promessa de ganhar R$ 1 mil, R$ 2 mil por dia em São Paulo. Como são muito jovens e, por necessidade, não pensam — afirma.

Perguntado se a polícia não deveria agir para impedir a prostituição de adolescentes da capital paulista, exigindo documentos e retirando menores, o promotor diz que sim, mas que o MP não pode requisitar operações deste tipo:

— O Ministério Público não pode mandar ofício pedindo que autoridades cumpram seu papel. As autoridades sabem onde e como desempenhar suas atividades.

O ideal, segundo Oliveira, seria a criação de um grupo multidisciplinar em São Paulo, envolvendo polícia, Justiça, Ministério Público e órgãos de promoção social para combater a rede de prostituição de adolescentes. Além disso, é preciso aumentar o intercâmbio de informações com os estados de origem dos garotos. O promotor disse que ações no Autorama, no Parque do Ibirapuera, onde existe prostituição de adolescentes do sexo masculino, são “complicadas”.

— Ações policiais no Autorama, área de proteção da diversidade sexual, geram protestos de entidades ligadas ao público GLBT, que as encaram como patrulhamento sexual.

Para o secretário para América Latina e Caribe da International Lesbian and Gay Association, Beto de Jesus, qualquer tipo de violação ou exploração sexual, seja contra homens, mulheres, héteros ou homossexuais, maiores ou menores de idade, deve ser investigada e combatida com rigor da lei.

— Não toleramos exploração sexual de menores ou maiores de idade, tráfico de pessoas ou pedofilia. Denunciamos estas ações criminosas — afirma Jesus.

Para Jesus, há preconceito “nas entrelinhas” quando se fala em dificuldade para ações policiais no Ibirapuera, pois apontaria uma suposta “permissividade” nos grupos homossexuais, que não existe. Ele é contra, porém, ações repressivas no Autorama, com policiais, e sugere a presença de educadores que possam detectar e denunciar casos de exploração ou violação de direitos humanos.

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