[Wilson Tosta, O Estado SP, 15dez 2010]
Em 2009, 5,8 milhões de brasileiros foram impactados por inundações, secas e vendavais, segundo o Atlas Nacional do Brasil, lançado pelo IBGE
O aumento mais impressionante ocorreu no item inundações. Em 2009, as enchentes – que em 2007 haviam afetado 1 milhão de pessoas – impactaram 3,2 milhões de brasileiros. No item secas, o salto foi de pouco mais de 750 mil para cerca de 1,8 milhão, e nos desastres com causas eólicas e temperaturas extremas, o número de afetados passou de 200 mil para 800 mil.
As informações do atlas foram divulgadas três dias após o fim da Conferência do Clima das Nações Unidas, realizada em Cancún, México.
Em sua sexta versão – a primeira foi em 1937 e a quinta, em 2000 –, a publicação mostra a evolução da proporção de vÃtimas e dos tipos de desastre distribuÃdos pelo território brasileiro no perÃodo 2007-2009.
O atlas revela, por exemplo, que Rio Grande do Sul, EspÃrito Santo e Piauà foram os Estados que tiveram a maior proporção de habitantes afetados – entre 12,1% e 15,2%.
No ano passado, os gaúchos foram os mais afetados pelas secas. Do 1,6 milhão de habitantes que sofreram com desastres naturais no Estado, mais da metade enfrentou a falta de chuvas.No mesmo ano, os capixabas foram fortemente afetados pelas enxurradas.
Os números divulgados ontem abalam uma crença arraigada no senso comum: a de que o Brasil estaria livre de grandes tragédias naturais que afetam duramente outros paÃses.
Eixos. Território e Meio Ambiente é o nome de um dos quatro “eixos†do atlas, que, por determinação legal, leva o nome daquele que é considerado o maior geógrafo nascido no Brasil, Milton Santos (1926-2001).
Em suas páginas, disseca questões como uso de agrotóxicos, espécies em extinção, reservas florestais, cobertura vegetal, biomas, queimadas, ameaças à biodiversidade – tudo referenciado em mapas coloridos do Brasil e dos Estados. As fontes são o próprio IBGE e órgãos oficiais, do Instituto Chico Mendes à Fundação Nacional do Ãndio, abrangendo instituições internacionais, como o Banco Mundial.
Na mapa das Fontes de Ameaças à Biodiversidade, por exemplo, é possÃvel ver a Concentração de Fontes de Ameaças, representadas por uma escala de cores que vai do amarelo (muito baixa) a negro (muito alta). A ilustração expõe a proximidade ou distância de unidades de conservação, por exemplo. O perÃodo examinado vai até setembro de 2009. Em outras páginas é possÃvel ver a representação da Poluição Industrial Potencial e do Uso de AgroquÃmicos.
A primeira, com dados de setembro de 2010, mostra que os Estados que concentram mais poluentes são São Paulo e Minas Gerais. Um gráfico indica que o poluente industrial mais emitido no PaÃs é o monóxido de carbono (CO). Sozinha, a indústria metalúrgica responde pela emissão anual de 400 mil toneladas dessa substância. A segunda revela que São Paulo liderou, em 2005 (último dado disponÃvel), o consumo de agrotóxicos, com 55 mil toneladas anuais.
Trabalho. A elaboração do atlas envolveu 40 pesquisadores. De acordo com o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, exemplares do atlas serão enviados para representações diplomáticas do Brasil no exterior.