Arquivo da categoria: Comportamento

Ateísmo Militante ~ Frei Betto

No decorrer da campanha presidencial afirmei, em artigo sobre Dilma Rousseff, que ela nada tem de “marxista ateia” e que “nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar com violência os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte”.

O texto provocou reações indignadas de leitores, a começar por Sr. Gerardo Xavier Santiago e Daniel Sottomaior, dirigentes da ATEA (Associação Nacional de Ateus e Agnósticos).

Desfruto da amizade de ateus e agnósticos e pessoas que professam as mais diversas crenças. Meus amigos ateus leram o texto e nenhum deles se sentiu desrespeitado ou comparado a torturadores.

O que entendo por “ateísmo militante”? É o que se arvora no direito de apregoar que Jesus é um embuste ou Maomé um farsante. Qualquer um tem o direito de descrer em Deus e manifestar essa forma negativa de fé. Não o de desrespeitar a crença de cristãos, muçulmanos, judeus, indígenas ou ateus. Continue lendo

Registro Civil 2009 ~ Estatísticas IBGE

Número de casamentos cai pela primeira vez desde 2002: 2,3%

O total de casamentos ocorridos e registrados em 2009 caiu 2,3%, em relação a 2008 na população de 15 ou mais anos de idade, causando queda de 0,2 pontos na taxa de nupcialidade (casamentos por mil habitantes nessa faixa etária), a primeira retração desde 2002.

O Acre ficou com a maior taxa de nupcialidade (11,2‰, quase o dobro da taxa nacional de 6,5‰), e também teve maior percentual de divórcios do tipo direto (98,3%).

As mulheres estão casando cada vez mais tarde e o percentual de casamentos em que a mulher é mais velha do que o homem está aumentando gradativamente (de 19,3% em 1999 para 23,0% em 2009). Os casamentos em que um dos cônjuges é divorciado ou viúvo passaram de 10,6% em 1999 para 17,6% em 2009. As separações se mantiveram estáveis entre 2008 e 2009, enquanto as taxas de divórcios diminuíram ligeiramente (de 1,5‰ para 1,4‰), porém mantêm-se mais elevadas que em 1999.

Entre 1999 e 2009, aumentou o percentual de divórcios de casais sem filhos (de 25,6% para 37,9% do total de divórcios) e com filhos maiores (de 12,0% para 24,4%), enquanto os divórcios de casais com filhos menores caíram de 43,1% para 31,4%, após a instituição do divórcio por via administrativa em 2007. Apesar da guarda materna dos filhos ainda ser majoritária (87,6% em 2009), os divórcios com guarda compartilhada aumentaram de 2,7% em 2004 para 4,7% em 2009.

O sub-registro de nascimentos (nascimentos estimados para o ano de referência e não registrados até o primeiro trimestre do ano seguinte) continua diminuindo (de 20,7% em 1999 para 8,2% em 2009). As diferenças regionais, porém, permanecem altas: enquanto os registros extemporâneos (nascimentos notificados em anos posteriores ao ano de referência) foram poucos em São Paulo (1,6%), Paraná (2,2%) e Santa Catarina (2,2%), chegam a percentuais significativos no Amazonas (34,1%), Pará (30,8%) e Roraima (26,8%).

Os estados da região Norte também se destacam pelo percentual de nascimentos ocorridos em domicílios, especialmente Acre (10,8%) e Amazonas (10,7%), enquanto 97,7% dos nascimentos no Brasil aconteceram em hospitais e, deles, 26,1% ocorreram fora do município de residência da mãe. De 2004 a 2009, o número de nascimentos aumentou entre mães com idade a partir de 25 anos e decresceu nas faixas etárias mais baixas.

Quanto aos óbitos de jovens, em especial homens, a maior percentagem se refere a causas violentas (67,9% para homens de 15 a 24 anos). Nas regiões Nordeste e Sul, o percentual de óbitos de causa violeta aumentou para ambos os sexos, em oposição ao restante do país. Essas e outras informações estão disponíveis nas Estatísticas do Registro Civil, que refletem a totalidade dos registros de nascimentos, óbitos, casamentos, separações e divórcios declarados pelas varas de família, foros e varas cíveis. Continue lendo

The Perplexing Nature of Generation Y ~ Dr Charles Woodruffe

The article was written by Dr Charles Woodruffe of business psychology consultancy Human Assets Ltd. It appeared in the July 2009 edition of the Training Journal.

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Generation Y — Charles Woodruffe asks why Y?

In the run-up to the recession, there was a plethora of articles and conferences claiming to unlock the perplexing nature of Generation Y.

They are the pipeline of new talent available for employers but their values, needs – indeed, demands – were seen as different to those of their forebears. Employers were trying hard to understand them in order to attract and retain them. They were presented with a stereotype of very demanding, ‘want it all now’ young people who were difficult to recruit but easy to lose. Generation Whine was rather cruelly applied as an alternative epithet.

The Generation Y stereotype has a logical basis in the way in which members of that generation were parented. In talking about Generation Y, we are talking about people brought up by active parents. Although, somewhat irritatingly, every writer seems to date the generation differently, Generation Y is broadly the group of people born in the early 1980s and runs through to those still in secondary school. Their parents are broadly from the group known as the Baby Boomers – those born between the end of World War Two and the mid 1960s. Continue lendo

Quem são e o que querem as mulheres de 20

Uma pesquisa exclusiva revela a rotina, as aspirações e os dilemas de uma geração de brasileiras que está adiando a entrada na vida adulta. Elas têm tudo o que suas mães e avós não tiveram – liberdade, dinheiro e carreira –, mas ainda sonham com filhos e o marido perfeito

Por Fernanda Colavitti

Quando fala sobre suas prioridades, a publicitária paulistana Cléia Lourenço, de 24 anos, não hesita. Diz que o investimento na carreira e na educação é seu principal objetivo. Formada há um ano, ela trabalha desde 2008 em uma agência de publicidade, na qual gerencia uma pequena equipe. Sua jornada diária é de dez horas. O excesso de trabalho é o motivo pelo qual está adiando para o ano que vem a pós-graduação e o curso de idiomas. “Quero mais experiência e reconhecimento”, afirma. Mesmo com tanta dedicação à carreira, a vida social da publicitária vai bem. Há um ano e meio sem namorado, ela diz que sai com amigos quase todos os dias e viaja nos fins de semana. O lazer consome 60% de sua renda. O resto ela gasta com a manutenção do carro e com roupas, mas ainda consegue guardar um pouco. Cléia mora com os pais, mas planeja morar sozinha no ano que vem. Quer ter mais liberdade. Quando o assunto são seus planos de longo prazo, porém, as expectativas são outras. “Daqui a uns cinco anos, penso em ter um relacionamento sério, casar e ter filhos”, afirma. “Tudo certinho, como manda o figurino.” Ela diz que depois de casar não pretende abrir mão da profissão, mas que vai trabalhar menos para se dedicar ao marido e aos filhos: “A ideia é trabalhar bastante agora para poder reduzir depois”. Continue lendo

A sexualidade do brasileiro

Flying butterfly with burning heart

Ivan Lessa, em sua coluna de hoje na BBC Brasil traz dados de uma pesquisa recente feita na América Latina sobre sexualidade. Ela traz dados interessantes. Veja um trecho do artigo:

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Não é só em criação de riquezas e novas classes sociais que o Brasil ocupa lugar de primazia na América Latina. A Tendencias Digitales, importante empresa especializada no mercado digital latino-americano, que investiga online seus mercados e audiências, sob encomenda do Grupo Diários America  (GDA), revelou há pouco que, numa pesquisa sobre a sexualidade dos latino-americanos, realizada em 11 países da região (inclusive Costa Rica e Puerto Rico), os brasileiros em particular, e talvez até em público, são o povo mais ligado ao sexo em suas diversas modalidades.

13,349 pessoas, via internet, foram pesquisadas e alguns resultados só surpreenderam os muito ingênuos. O Brasil é o país em que homens e mulheres têm o maior número de parceiros sexuais ao longo da vida. Uma média de 12 contra 10 do resto da América Latina em geral (inclusive Venezuela e Colômbia). Continue lendo

IBGE: 4 em cada 5 vítimas de morte violenta no Brasil são homens

Estudo aponta que 14,9% das mortes de homens em 2009 tiveram causa violenta.

A cada cinco pessoas que morrem por causas violentas no Brasil, quatro são homens e uma é mulher. A informação faz parte das Estatísticas do Registro Civil de 2009, divulgadas nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo os dados, 14,9% das mortes de homens em 2009 tiveram causas violentas, contra 16,2% em 2002. Para as mulheres, o percentual se manteve praticamente estável desde 2002, em cerca de 4%.

A proporção de mortes violentas de homens em relação às mulheres tem seu pico no Estado do Rio de Janeiro, onde 5,5 homens morrem por causas violentas para cada mulher. Em seguida, vêm Alagoas, Bahia e Paraíba (com 5,3) e Pernambuco (com 5,2).

O número de mortes violentas apresentou aumento no Norte e no Nordeste (no Norte, houve aumento de 16% para 18% em cinco anos) e redução no Sudeste (de 17% para 14%). Continue lendo

El consumo de droga en Europa: un informe de 2010

Cultivo de cannabis en Holanda.

La crisis financiera, los programas de ahorro puestos en marcha por los gobiernos comunitarios, el envejecimiento de la población son cuestiones que afectan también, se recuerda en Lisboa, a la lucha antidrogas europea.

Cada año, el Observatorio Europeo de las Drogas y las Toxicomanías (OEDT)- con sede en Lisboa- presenta un estudio que incluye los datos recopilados por el organismo a lo largo de los últimos 12 meses. En él, se describen las nuevas tendencias en el consumo de drogas dentro de los 27 países miembros de la Unión Europea, en el origen de las mismas y en las políticas aplicadas para combatirlas.

En este 2010, los funcionarios han lanzado desde Portugal una señal de alerta dirigida a las restantes capitales del continente: el ahorro estricto impuesto por la mayoría de los gobiernos para frenar el déficit público tras el terremoto de la crisis financiera internacional será una cuenta de resultado negativo si acaba con los programas para el tratamiento de drogodependientes, una de las “columnas”, dice la institución, de la política antidrogas europea. Continue lendo

Uma ramada de neurônios ~ Pierre Levy

Cibercultura inventa uma forma de promover a essência da humanidade

Longe de ser uma subcultura de fanáticos da rede, a cibercultura exprime uma mutação maior da própria essência da cultura, pois ela inventa uma forma de promover a autoconsciência da humanidade sem impor uma unidade do sentido.

Num primeiro momento, a humanidade compõe-se de uma profusão de totalidades culturais dinâmicas ou de “tradições” mentalmente encerradas em si mesmas, o que não impede, é claro, nem os encontros nem as influências. “Os homens” por excelência são os membros da tribo. Raras são as proposições das culturas arcaicas que se referem a todos os seres humanos sem exceção. Nem as leis (não “os direitos humanos”), nem os deuses (não as religiões universais), nem os conhecimentos (não os procedimentos de experimentação ou de raciocínio universalmente válidos), nem as técnicas (não as redes nem os padrões mundiais) são universais em sua própria construção. Continue lendo

Metade dos adolescentes que se tratam de depressão tem recaída

Studio portrait of a teenage model on the floor

Cerca de metade dos adolescentes que se recuperaram de uma grande depressão ficaram deprimidos novamente dentro de cinco anos, independente do tratamento ou terapia recebidos para superar a depressão inicial, de acordo com um novo estudo.

O estudo, publicado recentemente no “Archives of General Psychiatry”, também descobriu que as meninas tiveram maior tendência a ter outra grande depressão, o que surpreendeu os pesquisadores, pois, quando adultas, as mulheres não vêm sendo consideradas com maior probabilidade de recorrência do que os homens.

No estudo, quase 200 adolescentes, com idades entre 12 e 17 anos, receberam fluoxetina (Prozac) por 12 semanas, terapia comportamental cognitiva, ambos, ou um remédio de placebo (os que não receberam terapia cognitiva se encontravam com um psiquiatra para apoio básico). Os que tomaram placebo e não melhoraram após 12 semanas poderiam escolher qualquer um dos outros tratamentos. Continue lendo

Facebook só disfarça falta de relações humanas

3d render depicting remote networking

Agora que o Facebook virou filme e as redes sociais parecem ter liberado o homem para toda forma possível de comunicação, vem um intelectual francês dizer que vivemos sob a ameaça da “solidão interativa”.

Dominique Wolton, 63, que esteve no Brasil há duas semanas, bate ainda mais pesado. Para ele, a internet não serve para a constituição da democracia: “Só funciona para formar comunidades” –em que todos partilham interesses comuns–, “e não sociedades” –onde é preciso conviver com as diferenças.

Sociólogo da comunicação e diretor do Centro Nacional de Pesquisa Científica (Paris), ele defende na entrevista abaixo que, depois do ambiente, a “comunicação será a grande questão do século 21”. Em tempo: “A Rede Social”, de David Fincher, estreia nos cinemas brasileiros no início de dezembro.

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Como vê a internet?

Dominique Wolton – Faço parte de uma minoria que não é fascinada por ela. Claro, é formidável para a comunicação entre pessoas e grupos que se interessam pela mesma coisa e, do ponto de vista pessoal, é melhor do que o rádio, a TV ou o jornal.

Mas, do ponto de vista da coesão social, é uma forma de comunicação muito frágil. A grandeza da imprensa, do rádio e da TV é justamente a de fazer a ligação entre meios sociais que são fundamentalmente diferentes. Nesse sentido, a internet não é uma mídia, mas um sistema de comunicação comunitário. Continue lendo

Drogas e adolescência ~ Dartiu Xavier [Entrevista]

 

"As classes mais abastadas também estão consumindo crack. Nessas classes, a situação de abandono psicológico e descaso é algo muito presente". Foto: Masao Goto Filho

O psiquiatra e especialista em dependência química Dartiu Xavier alerta para o aumento de consumo de crack e defende uma prevenção na escola menos policialesca

Um estudo inédito sobre o perfil e a quantidade dos usuários de crack no Brasil está sendo preparado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), órgão do Ministério da Saúde. O mapeamento vai analisar os 26 estados brasileiros, o Distrito Federal e as nove regiões metropolitanas e é reflexo de um grave problema de saúde pública.

Embora sejam escassas as pesquisas sobre o crack, sabe-se que o consumo da droga derivada da cocaína (restrito a São Paulo na década de 90) vem se espalhando pelo País em diferentes classes sociais – não se restringe mais aos moradores de rua e grupos menos favorecidos. Além do aumento da apreensão de crack no Brasil (de 200 quilos, em 2002, para 580 quilos, em 2007, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime), os serviços de atendimento a dependentes químicos relatam que a droga já é a segunda maior causa de procura por atendimento nos centros do SUS especializados em abuso de álcool e drogas, o Caps-AD. Nesses locais, o crack só perde para a bebida.

É uma realidade que o psiquiatra Dartiu Xavier, da Faculdade Paulista de Medicina, conhece bem. Coordenador do Programa de Orientação e Tratamento a Dependentes (Proad) há mais de duas décadas, ele vem realizando estudos na área. Um deles foi interrompido pela polêmica que gerou. A experiência consistiu em acompanhar um grupo de 50 usuários de crack que passaram a utilizar maconha na tentativa de conter o impulso de consumir crack. Conforme os dados, 68% deles haviam trocado de droga depois de seis meses. Passado um ano do início do tratamento, quem fez a substituição deixou também a maconha. Nessa entrevista, Xavier fala sobre os fatores de risco que podem levar adolescentes e jovens a se viciarem em drogas, explica as características do crack e defende a quebra de paradigma dos programas de prevenção às drogas. Continue lendo

Tão jovens, tão cruéis [bullying]

‘Bully’, o videogame; ganha quem atazanar mais a vida dos colegas

[Carolina Rossetti – O Estado de S. Paulo, 30 out 10] Como explicar o comportamento esdrúxulo de três jovens que agrediram um casal de gays numa festa de faculdade desferindo contra os dois, além de chutes, xingamentos e latinhas de cerveja, toda a sua ira homofóbica? Como entender a atitude de um grupo de rapazes que achou que seria um tanto cômico tratar suas colegas como montaria subindo-lhe nas costas e gritando: “Pula, gorda!”? E ainda qual o problema da menina de 14 anos que usou a lâmina do próprio apontador para cortar – nove vezes – o rosto da companheira de classe? Afinal, jovens, por que tanta raiva?

Educador há mais de 37 anos e pai de Curtis – que morreu em consequência de um vida inteira de bullying -, Allan Beane é hoje um militante da causa “mais respeito, por favor!” O autor de Proteja Seu Filho do Bullying diz que o problema não se circunscreve à juventude. É um mal de toda a sociedade, que de modo geral está mais tolerante à violência – nas ruas, nas escolas, dentro de casa. Estamos apáticos em relação a dor dos outros, e lentos demais para ir em defesa de quem está sendo rechaçado, pisoteado, humilhado. E ainda por cima, comenta Beane, gostamos de responsabilizar as vítimas de agressão pelas próprias indiscrições (“Também, com aquele vestidinho rosa, o que ela esperava?”). Somos nós, portanto, enquanto sociedade, que estamos disfuncionais. Continue lendo