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Mulheres árabes pagam até R$ 4,6 mil para restaurar virgindade

Jovens mulheres de países ou de origem árabe estão pagando cerca de 2 mil euros (aproximadamente R$ 4,6 mil) por uma cirurgia realizada na França para restaurar a virgindade, um procedimento que, em alguns casos, pode salvar suas vidas.

A clínica que faz a cirurgia de restauração do hímen fica em Paris e é liderada pelo médico Marc Abecassis. De acordo com ele, são feitas entre duas ou três cirurgias por semana, que duram em média 30 minutos e requerem apenas anestesia local.

Abecassis afirma que a média de idade de suas pacientes é de 25 anos e que elas são de todas as classes sociais.

Apesar de a cirurgia já ser feita em muitas clínicas em todo o mundo, Abecassis é um dos poucos médicos árabes que fala abertamente sobre o procedimento. Ele afirma que algumas das mulheres que o procuram precisam do certificado de virgindade para conseguir se casar.

“Ela pode estar em perigo, pois, em alguns casos, é uma questão de tradições e família”, disse o médico. “Acredito que nós, como médicos, não temos direito de decidir por elas ou julgá-las.”

Para estas mulheres existe também uma opção sem cirurgia. Um site de uma fábrica chinesa vende hímens artificiais por 23 euros (cerca de R$ 54). O hímen chinês é feito de elástico, contém sangue artificial e é colocado dentro da vagina para a mulher simular virgindade, de acordo com a companhia.

Suicídio

Em partes da Ásia e no mundo árabe mulheres que mantiveram relações sexuais correm o risco de ficar isoladas em suas comunidades ou até mesmo mortas.

A pressão social é tão grande que algumas mulheres chegaram a cometer suicídio.

Um dos exemplos da pressão social enfrentada pela mulheres é o de Sonia, que estuda artes em uma universidade de Paris.

Apesar de ter nascido na França, a cultura e as tradições árabes estão no centro da vida de Sonia e a vigilância da família é severa. Mas ela perdeu a virgindade fora do casamento.

“Pensei em suicídio depois da minha primeira relação sexual, pois não conseguia ver nenhuma outra solução”, disse.

No entanto, a jovem foi a Paris, na clínica de Marc Abecassis, para fazer a cirurgia de restauração do hímen. E afirma que nunca vai revelar o segredo para ninguém, especialmente para seu futuro marido.

“Acho que é minha vida sexual e não tenho que falar para ninguém a respeito”, afirma e acrescenta que são os homens que a obrigam a fazer isso.

Nara (nome falso), de 40 anos, chegou a tentar o suicídio quando jovem. Ela teve um longo relacionamento com outro jovem, quando morava na zona rural do Líbano, um relacionamento que a família dela não aprovava, e perdeu a virgindade.

“Eu estava apavorada, com medo que eles me matassem”, disse.

Depois de sete anos de relacionamento, a família de seu namorado quis que ele se casasse com outra. Nara tentou o suicídio tomando remédios e produtos químicos.

Nara agora está com 40 anos e soube da cirurgia de restauração do hímen há seis anos. Ela se casou e teve dois filhos, mas passou a noite de núpcias chorando.

“Eu tive muito medo, mas ele não suspeitou”, afirmou. “Vou esconder até a morte, apenas Deus vai saber disso”, acrescentou.

Controle

Não são apenas as gerações mais antigas que mantêm o tabu a respeito do sexo antes do casamento.

Noor é um jovem profissional que trabalha em Damasco, na Síria, e pode ser considerado um representante dos jovens sírios em uma sociedade secular. Mas, apesar de afirmar que acredita na igualdade para mulheres, Noor ainda expressa conservadorismo quando fala da escolha de uma esposa.

“Conheço garotas que passaram pela restauração que foram descobertas pelos maridos na noite do casamento”, disse. “Eles perceberam que elas não eram virgens. Mesmo se a sociedade aceita este tipo de coisa, eu ainda me recusaria a casar com ela.”

Clérigos muçulmanos afirmam que a questão da virgindade não está relacionada à religião.

“Devemos lembrar que, quando as pessoas esperam que o sangue da virgem seja derramado no lençol, é uma questão de tradições culturais. Não está relacionada à lei da Shariah”, fairmou o clérigo sírio Sheikh Mohama Habash.

Comunidades cristãs no Oriente Médio também são, com frequência, tão firmes quanto as comunidades muçulmanas em relação à exigência de virgindade da mulher antes do casamento.

Para a escritora e comentarista social árabe Sana Al Khayat, a questão está relacionada ao “controle”.

“Se ela é virgem, ela não tem como comparar (o marido com outros homens). Se ela esteve com outros homens, então ela tem experiência. Ter experiência torna as mulheres mais fortes”, afirmou.

Fonte: BBC, 27 abr 2010

Pesquisas revelam comportamento alcoólico de europeus

Estudo aponta que irlandeses, romenos, alemães e austríacos são os que mais consomem bebidas alcoólicas na União Europeia. Outra pesquisa revela ligação próxima entre consumo de álcool e violência.

Uma pesquisa divulgada pelo Eurostat, o departamento de estatísticas da União Europeia, nesta quarta-feira (21/04) em Luxemburgo, constatou que os alemães dividem o terceiro lugar com os austríacos no ranking dos que mais bebem álcool na UE.

Segundo a pesquisa realizada entre 27 mil cidadãos de toda a UE, 36% dos alemães entrevistados admitiram consumir, pelo menos uma vez por semana, cinco ou mais copos de bebida alcoólica.

Diferenças etárias

Eles só perdem para os irlandeses (44%) e romenos (39%). Em quarto lugar está o Reino Unido (34%). Na União Europeia, a média geral é de 29%, chegando, no entanto, a 33% entre os jovens de 15 a 24 anos, revelou a pesquisa. Entre os maiores de 55 anos, a tendência dominante é tomar um pouco de álcool todos os dias. O estudo não considerou o tipo e o tamanho das bebidas consumidas.

A pesquisa foi realizada em outubro de 2009 pelo TNS Opinion, centro especializado na investigação da opinião pública internacional. O centro entrevistou cerca de mil cidadãos de cada um dos 27 países-membros da União Europeia.

Entre os entrevistados alemães, a pesquisa apontou que a grande maioria defende a proibição da propaganda de bebidas alcoólicas, que se direcionam, em primeira linha, ao público jovem.

Anuário da dependência

Outro estudo, divulgado no começo de abril em Berlim pelo DHS, centro alemão de questões relativas à dependência, mostrou que o consumo de álcool na Alemanha está “estável, mas elevado”. A pesquisa foi baseada em estatísticas de 2008.

Segundo o DHS, os alemães bebem uma média de 10 litros de puro álcool, anualmente, o que equivaleria a 610 latas de cerveja. Além disso, um número crescente de alemães, principalmente jovens e idosos, bebe até ficar inconsciente.

Em 2008, disse o DHS, 109 mil alemães foram levados ao hospital devido embriaguez extrema. Esse número é o dobro de 2000, informou o centro em seu anuário “Dependência 2010”.

Situações de violência

O DHS salientou ainda existir uma forte ligação entre o consumo de álcool e a violência. “Três em cada dez crimes violentos – como assalto e agressão corporal, homicídio e estupro – ocorrem sob influência de álcool”, disse Christina Rummel, gestora de projeto no centro.

Rummel disse também que mulheres raramente se tornam agressivas devido ao consumo alcoólico. Pelo contrário: elas bebem para poder lidar com situações de violência.

Fonte: DW, 23 abr 2010

Autor: Carlos Albuquerque / Louise Schaefer
Revisão: Augusto Valente

A pedofilia e a questão do celibato ~ por Nazir Hamad

“Pode-se ser pedófilo tanto dentro da Igreja como fora dela. O pedófilo pode ser tanto um clérigo seguindo a regra do celibato, como um leigo, casado e pai de vários filhos”, escreve Nazir Hamad, em artigo que nos foi enviado e publicamos na íntegra. Segundo ele, “um adulto que trabalha com crianças cai nisso que Ferenczi chama de confusão de linguagens”.

Nazir Hamad é psicanalista libanês, radicado em Paris. Especialista na área de adoção de crianças, é psicanalista da Association Freudienne Internationnale (AFI) e atuou durante anos junto à ASE (Action Sociale à l’Enfance), órgão francês responsável pela emissão dos certificados que orientam a habilitação dos candidatos à adoção. Escreveu, entre outros, A criança adotiva e suas famílias (Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2004) e Um homem de palavra (Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2004).

Eis o artigo.

As recentes revelações sobre os numerosos casos de abusos sexuais perpetrados por membros do clero católico são, certamente, chocantes, mas isso é algo específico à vida da Igreja?

Minha resposta é simples: não é o pedófilo que quer. Pode-se ser pedófilo tanto dentro da Igreja como fora dela. O pedófilo pode ser tanto um clérigo seguindo a regra do celibato, como um leigo, casado e pai de vários filhos. A pedofilia diz respeito nesse caso preciso a uma estrutura perversa e quando este é o caso, não há nenhuma diferença entre leigo e eclesiástico. É preciso aceitar, mesmo que seja difícil de admitir, que é possível ser clérigo e ter escolhido consagrar sua vida a serviço da Igreja e ser perverso.

Entretanto, qualquer abuso sexual de uma criança não é necessariamente obra de um comprovado perverso. Acontece que um adulto que trabalha com crianças cai nisso que Ferenczi chama de confusão de linguagens. Eu ouvi adultos se defenderem afirmando com toda a boa fé que o que lhes aconteceu foi culpa da criança. A criança seria culpada aos seus olhos de ter provocado neles o desejo sexual. Consideremos esse caso que encontramos em cada casa. Uma filha ou um filho que toca seu sexo sentado no colo de seus pais ou de outros adultos, ou que se esfrega contra eles, é alguma coisa que está longe de ser incomum. Basta que uma criança caia nas mãos de um homem que se deixa subjugar por sua excitação sexual para que esta ela se torne sua vítima. A criança que se esfrega no adulto não é perversa no sentido patológico da palavra. A criança sofre de ondas pulsionais que colocam seu corpo em tensão, e sob a influência desta tensão, ela vive sensações que não têm nada a ver com a sexualidade propriamente dita. Ora, quando a criança se comporta desta maneira, trata-se para ela de uma questão dirigida ao adulto. E é justamente aí que o sapato aperta. O que acontece se o adulto em questão interpreta o contato da criança como uma mensagem sexual? O adulto reage como um macaco que obedece ao apelo de seu instinto.

Eu mesmo vi um educador que chorava, abatido, por ter abusado de uma criança de que ele particularmente gostava. Toda a equipe de educadores testemunhou a favor dele afirmando que ele sempre tinha sido exemplar em seu trabalho com as crianças. Ninguém compreendeu o que lhe aconteceu e menos ainda ele próprio. Ele chorava porque não tinha resposta para o que aconteceu. Ele havia tomada essa criança em seu colo e eis que se viu tomado de um estado de excitação que o dominou e ele se perdeu. Atrás do devotado educador se escondeu um macaco em estado de ereção, como frequentemente vemos em Jardins Zoológicos.

O adulto é a vítima da criança, como às vezes se alega? Sim e não. É vítima da interpretação que ele dá à mensagem da criança. Com outras palavras, ele é sua própria vítima. Mas dizer isso não o inocenta. O adulto que sucumbe dessa maneira não se interrogou suficientemente sobre seu interesse pelas crianças e sobre o amor que tem para com elas. Quanto mais se sente atraído por elas, mais deve estar atento ao que isso revela em si, especialmente que a criança, contrariamente ao que se pensa, não é um inocente angelical; ela é, muitas vezes, sobrecarregada por seu corpo e isso pode contaminar um adulto que tem problemas com a sua própria castração.

Não é Jesus que quer. É possível ser um padre que consagrou sinceramente a sua vida a serviço da Igreja e ter dificuldades com a abstinência sexual. Pode-se ter fé, mas não conseguir calar completamente o desejo sexual. Por que a Igreja tem tanta dificuldade para admitir isso? Penso que esta pergunta deve ser feita sem tabu. Além disso, de onde vem o voto do celibato? Nada no Novo Testamento confirma isso. Pedro e os outros discípulos de Cristo eram casados. No Ocidente, o celibato foi instituído no século XI, sob a influência dos monges, que eram celibatários por opção.

Devemos a Santo Agostinho o termo “feminino gramatical” para descrever o estado de Maria no ato da encarnação que representa para a Igreja o nascimento de Jesus. Para se encarnar, Deus recorre à carne e não ao corpo. O corpo é sexuado, mas a carne não. Deus se encarna no seio de uma mulher, mas esta mulher é o feminino o que o significante que é para a coisa. E agora, a pergunta que se impõe: o que fazer do corpo quando é um mero mortal? A fé pode mover montanhas, nos é dito, mas ela fracassa diante do desejo que mora em nós e que nos torna a vida impossível presa em nossa sexualidade.

Talvez seja necessário que a Igreja considere o celibato escolhido para o clero que o deseja, e libere os outros de uma tarefa humanamente impossível. Isso comporta, certamente, menos hipocrisia, mas isso definitivamente não a salva de seus perversos.

Fonte: Instituto H Unisinos, 15 abr 2010

Google informa telefone de centro de prevenção em buscas ligadas a suicídio nos EUA

Os resultados das buscas do Google são baseados em um complexo algoritmo que leva em conta os termos usados pelos internautas e a relevância de cada site relacionado a esses termos. Mas pela segunda vez o Google deixou de lado sua precisão matemática baseada nos desejos dos usuários por questões ligadas a saúde pública.

Desde a semana passada, buscas feitas nos EUA para expressões como “ways to commit suicide” (formas de cometer suicídio), “suicidal thoughts” (pensamentos suicidas) e “i want to die” (eu quero morrer) trazem como resposta um ícone de telefone vermelho com o número da National Suicide Prevention Lifeline (Linha nacional de prevenção de suicídios) antes dos resultados normais.

Roni Zeiger, estrategista de assuntos de saúde do Google, disse ao New York Times que essa é apenas a segunda vez em que a empresa manipulou resultados em temas polêmicos. O Google também informa o telefone da agência nacional de controle de venenos para buscas como “poison emergency” (emergência com venenos).

Para responder dúvidas menos lúgubres, o gigante da internet também vem oferecendo respostas objetivas destacadas antes dos resultados das buscas. Conversão de moedas , operações matemáticas e previsão do tempo são alguns exemplos.

Fonte: O Globo, 5 abr 2010

João Pessoa aparece em pesquisa como 4ª Capital mais violenta do País

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[Texto de Wellington Farias, publicado no Portal Correio, 30 mar 2010]

A cidade de João Pessoa figura em 4º lugar entre as Capitais brasileiras com os mais elevados índices de violência do Brasil. O Estado da Paraíba, no entanto, não está nem entre os dez mais violentos do País.

Os dados são do Mapa da Violência 2010, divulgado nesta terça-feira (30) e publicado no Portal Uol. Pelo mapa, o Estado de Alagoas e sua Capital, Maceió, lideram o ranking de mortes violentas no país. A reportagem do Uol, na íntegra, é a seguinte: Continue lendo

Amante é condenada a pagar US$ 9 mi à ex-esposa traída

Ex-mulher espera que as pessoas respeitem “a santidade do casamento”

A Justiça do Estado americano da Carolina do Norte condenou uma mulher a indenizar a ex-esposa de seu namorado em US$ 9 milhões, ou R$ 16 milhões, por ter provocado o fim do casamento deles.

Cynthia Shackelford, de 60 anos, resolveu processar a amante de seu ex-marido que, segundo ela, teria sido responsável pelo fim de seu casamento e por sua situação de penúria após a separação.

Com base em uma lei do final do século 19, já abolida em vários Estados americanos, a Justiça da Carolina do Norte condenou Anne Lundquist, reitora de uma faculdade em Nova York, a indenizar Shackelford por adultério e danos morais.

Cynthia se separou de Allan Shackelford, de 62 anos, em abril de 2005, quando seu marido já mantinha um relacionamento extra-conjugal com Anne Lundquist, de 49.

Após o divórcio, Cynthia teve de ir morar com amigos por não ter como manter o apartamento. Ela disse ainda que abandonou sua carreira como professora para cuidar dos dois filhos do casal, enquanto seu marido se dedicava à carreira de advogado.

O julgamento

O tribunal levou dois dias para apreciar o caso, cujo veredicto foi lido na última terça-feira.

Ao jornal local News Record, a ex-mulher contou que o casamento ia bem até seu ex-marido ter conhecido Lundquist, que foi sua cliente no escritório de advocacia.

Nós gostaríamos que as pessoas respeitassem a santidade do casamento. Nós queríamos um valor (de indenização) alto o bastante para prevenir outras pessoas de irem atrás de pessoas casadas.

Cynthia Shackelford

“Eu não fazia a menor ideia de que Allan iria me deixar. Ele vivia me dizendo ‘Oh, ela é só uma amiga. Não há relacionamento algum. Eu te amo'”, disse.

Lundquist, por sua vez, disse à imprensa americana que não teve tempo hábil para se defender e que pretende recorrer da decisão. Ela afirmou também que só conheceu Shackelford quando ele já estava divorciado.

“Essa decisão não está baseada na realidade. Eu certamente não tenho esse volume de dinheiro nem nunca vou ter”, acrescentou.

A lei

A legislação que permite à pessoa traída processar o amante de seu ex-cônjuge existia em diversos Estados americanos entre o final do século 19 e o início do século 20. Porém, ela já foi abolida na maioria deles, exceto na Carolina do Norte e em outros cinco estados.

Segundo o News Record, cerca de 200 casos como esse são julgados nas Cortes do Estado a cada ano. Porém, nenhum deles atinge uma quantia tão elevada quanto a do caso Shackelford.

Após o veredicto, Will Jordan, advogado que defendeu os interesses da ex-mulher, reconheceu que dificilmente conseguirão forçar a ré a pagar a quantia total de US$ 9 milhões.

“Nós podemos não conseguir todos os US$ 9 milhões, mas eu estou esperançoso de que coletaremos uma quantia substancial de dinheiro”, declarou à imprensa.

“Nós gostaríamos que as pessoas respeitassem a santidade do casamento. Nós queríamos um valor (de indenização) alto o bastante para prevenir outras pessoas de irem atrás de pessoas casadas”, declarou Shackelford ao jornal local.

Fonte: BBC Brasil, 22 março 2010

Pornografia dispara com web e consumidores são menos felizes, diz estudo

As novas tecnologias dispararam a procura por pornografia, sobretudo na internet, segundo um estudo divulgado nesta quarta-feira (17) que adverte para o impacto negativo nas relações, na produtividade e na felicidade entre consumidores desses produtos.

Estes são alguns dos custos sociais detectados pelo grupo de pesquisadores multidisciplinar do “The social cost of pornography: A statement of findings and recommendations” (“O custo social da pornografia: uma declaração com descobertas e recomendações”, em tradução livre), publicado pelo Instituto Witherspoon.

“Desde o começo da era da internet, as pessoas consomem mais pornografia do que nunca e seu conteúdo se tornou cada vez mais gráfico”, afirmou a pesquisadora do centro Hoover Institution, Mary Eberstadt.

“Os que veem pornografia acreditam que sua vida sexual vai ser melhor, mas têm ejaculação precoce, mais disfunções e problemas para se relacionar”, afirma Mary Anne Layden, coautora e diretora do programa de traumas sexuais e psicopatologia da Universidade da Pensilvânia.

Segundo Layden, a exposição em massa a conteúdos pornográficos leva a mudanças de crenças e atitudes sociais; por exemplo, aumenta-se a insensibilidade com relação às mulheres, reduz-se o apoio ao movimento de libertação feminina e perde-se a noção de que estes conteúdos devem ser restringidos para menores.

Divórcio

Vários estudos, como o “Romantic Partners Use of Pornography; Its significance for Women” (“Uso de pornografia por casais; seu significado para as mulheres”, em tradução livre) do médico A.J. Bridges, assinalam que a mulher que sabe que seu marido consome pornografia se sente traída e não confia no parceiro.

Os custos psicológicos a que fazem referência os autores em situações como esta podem desencadear outras consequências no casal, como o divórcio.

Segundo dados da Sociedade Americana de Advogados Matrimoniais, que inclui 1,6 mil profissionais dos EUA, 56% dos 350 casos atendidos em 2003 tinham relação com o interesse obsessivo de um dos parceiros por sites pornográficos.

O consumo contínuo desses produtos frequentemente acaba em alguma patologia, assinalou Layden. Ela lembrou que pela primeira vez o DSM 5, manual utilizado para fazer diagnósticos psiquiátricos, vai incluir como doenças as dependências de sexo e da pornografia.

Para os especialistas, o consumo de pornografia não é visto como um problema grave na sociedade. Por isso, eles reivindicam uma maior atenção sobre o assunto e pedem mais proteção, sobretudo para crianças e adolescentes.

Bloqueio

Segundo Layden, “um software para bloquear as páginas com conteúdos pornográficos na internet não é suficiente”, já que as crianças têm a seu alcance outros sites onde podem encontrar o código para desbloquear o filtro.

A pesquisadora exige à indústria do entretenimento que deixe de “fazer dinheiro ferindo crianças”.

“A presença da pornografia na vida de muitos meninos e meninas adolescentes é muito mais significativa do que a maioria dos adultos acha”, apontou. Layden lamenta que a pornografia “deforme o desenvolvimento sexual saudável dos jovens”.

Para Eberstadt, é preciso “mudar o que socialmente não está visto como algo mau” e perceber o tema como algo que afeta a sociedade em seu conjunto. Dessa forma será possível criar um movimento contra a pornografia.

O Witherspoon é um centro de pesquisa independente que promove a aplicação dos princípios fundamentais do governo republicano e, segundo seu site, trabalha para “melhorar os fundamentos morais das sociedades democráticas”.

Fonte: Folha SP, 17 mar 2010

Um quarto dos alemães aceita implantar chip no corpo

Pesquisa feita pela Associação Alemã das Empresas de Informação, Telecomunicação e Novas Mídias (Bitkom) revela que 23% dos moradores do país topam ter um microchip inserido no próprio corpo, contanto que isso traga benefícios concretos a eles.

O levantamento, realizado com cerca de mil pessoas de várias cidades, foi divulgado na feira de tecnologia Cebit, que vai até o próximo sábado (7), em Hannover.

A pesquisa tem como objetivo mostrar que a divisão entre vida real e vida digital é cada vez mais estreita. O tema da Cebit neste ano é “Connected Worlds” (mundos conectados).

“Esse é um grande exemplo de quão longe as pessoas querem que as redes cheguem”, disse o presidente da Bitkom, August-Wilhelm Scheer.

Pesquisa semelhante feita no final de 2006, na Inglaterra, mostrava que um em cada vinte adultos se dizia disposto a usar um microchip no corpo para evitar o uso de cartões de crédito ou dinheiro vivo nas compras.

O estudo, promovido pelo Instituto Britânico para o Estudo do Setor da Alimentação (IGD), mostrava ainda que a proporção aumentava para um em dez quando o público entrevistado era composto por adolescentes.

Fonte: Diógenes Muniz, Folha SP, 3 mar 2010

Universidade americana lança campanha para conter onda de suicídios

A Universidade de Cornell, no estado americano de Nova York, lançou nesta semana uma campanha de prevenção ao suicídio, depois que dois de seus estudantes se mataram na semana passada, além de um terceiro em fevereiro.

Desde o início do ano acadêmico, em setembro do ano passado, a instituição já contabilizou seis possíveis suicídios de alunos.

Os casos mais recentes apresentaram semelhanças: os três corpos foram encontrados sob uma das diversas pontes de até 30 metros de altura espalhadas pelo campus da Cornell.

“Apesar de sabermos que nossos desfiladeiros são belas marcas de nosso campus, eles podem ser lugares assustadores em tempos como esses”, disse Susan Murphy, vice-presidente da universidade, em um vídeo no site da instituição.

Murphy classificou a semana passada como “especialmente dolorosa” e admitiu saber que a Cornell precisa “fazer ainda mais do que vem fazendo” para impedir essas mortes.

Para tentar prevenir novos suicídios, a Cornell vai posicionar seguranças nas pontes. Além disso, conselheiros acadêmicos e psicológicos começaram a bater nas portas dos dormitórios dos alunos para saber se está tudo bem e professores passaram a interromper suas aulas para dizer aos alunos que a universidade se importa com eles, não apenas academicamente, mas também pessoalmente.

cornell bridgeDois alunos pularam desta ponte no campus da Cornell

“É preciso colocar o sucesso acadêmico em perspectiva. Nada é mais importante do que a vida”, enfatizou Murphy.

Adesivos com o número de telefone do serviço de prevenção ao suicídio da faculdade também foram espalhados pelo campus. Vídeos no site da faculdade estimulam os alunos a procurar ajuda e a cuidarem uns dos outros.

Fama negativa

Cornell já carrega há muito tempo a fama negativa de ser uma escola marcada por suicídios. Entre 2000 e 2005, houve 10 casos de suicídio confirmados na universidade.

A pressão exercida sobre os alunos, que precisam vencer um rigoroso sistema de avaliação, é vista por muitos como uma das causas dos suicídios. Mas o estresse não é exclusividade de Cornell, pois o rigor acadêmico faz parte da maioria das universidades americanas. Sua exclusividade seriam as pontes.

“Quando alguém morre por suicídio em um penhasco, é um ato muito visível”, disse Timothy Marchell, psicólgo da universidade, ao diário americano New York Times, para justificar a fama da Cornell.

Marchell enfatiza que é difícil apontar uma causa que ligue todas as mortes, porque “a psicologia do suicídio pode ser muito individual”, disse ele.

Porém, ele admite que o fato de outros seis alunos já terem se matado pode derrubar uma barreira na mente de outros alunos que enfrentam uma fase estressante.

“Nós temos de pensar sobre a influência potencial (dessas mortes) na psicologia coletiva”, explicou.

Fonte: BBC Brasil, 18 mar 2010

¿El boom del ateísmo?

religious lady

¿Está de moda ser ateo? A juzgar por algunos acontecimientos en varias partes del mundo, la respuesta podría ser afirmativa.

En el Reino Unido esta semana abrió un campamento de verano un tanto particular: a Dios no le está permitido entrar.

Es que no lo organizan los scouts ni grupos religiosos.

Camp Quest es el primero pensado para jóvenes de padres ateos. La idea es fomentarles el pensamiento crítico a niños de entre 7 y 17 años y que disfruten un campamento “libre de dogmas religiosos”.

Está “dedicado a mejorar la condición humana a través de la investigación racional, el pensamiento crítico y creativo, el método científico… y la separación de la religión y el Estado”, aseguran los organizadores.

Los niños también jugarán, claro.

¿Nueva militancia?

La idea de este tipo de campamentos, que ya se realizan desde hace 13 años en Estados Unidos, coincide con una necesidad expresada por Richard Dawkins, biólogo evolutivo británico y uno de los principales defensores del ateísmo.

El primer campamento ateo en el Reino Unido abrió sus puertas esta semana.

Dawkins, conocido por su beligerancia antirreligiosa, ha escrito el libro “La Falsa Ilusión de Dios”, un manifiesto sobre la no existencia de un creador divino, y “El Gen Egoísta”, entre otras obras.

Dawkins aboga por una nueva militancia que defienda el derecho de las personas a expresar libremente el hecho de no creer en Dios. Y que esto se traduzca en una mayor presencia de los no creyentes en la sociedad.

Ha emprendido campañas a favor del ateísmo y el libre pensamiento como la Out Campaign (Campaña para darse a conocer), donde se insta a los no creyentes a que “salgan del clóset” y se “liberen” porque, se asegura, “los ateos son más numerosos que lo que la mayoría de la gente piensa”.

Pero no se trata solamente de darse a conocer. La idea es tener voz y voto en las discusiones sobre aspectos fundamentales en la sociedad. Así como cuando se hacen consultas para resolver dilemas se llama a grupos religiosos para que participen en el debate, cada vez más personas en todo el mundo están señalando que hace falta el punto de vista de quienes no tienen a un dios como punto de referencia de su código moral.

Esto además de asuntos más pragmáticos. Tradicionalmente las religiones han tenido un monopolio cuando se trata de acompañar a la gente en momentos cruciales de su vida. Los ateos están buscando una alternativa que le pueda ofrecer a quienes piensan como ellos una alternativa que no choque con su forma de pensar. Se trata, por ejemplo, de hacerle fácil a una familia en duelo marcar el momento con algún tipo de ceremonia que no les genere un problema moral.

Ateísmo sobre ruedas

“Probablemente Dios no existe así que deja de preocuparte y disfruta tu vida”, eso se podía leer en los autobuses.

El Reino Unido ya había mostrado estar a la vanguardia de estos movimientos cuando el año pasado los tradicionales autobuses de Londres empezaron a circular con un llamativo afiche.

“Probablemente Dios no existe así que deja de preocuparte y disfruta tu vida”, podía leerse.

La campaña atea fue organizada por The British Humanist Foundation (Fundación Humanista Británica) y apoyada por Dawkins.

La idea fue imitada en algunas ciudades españolas, con Barcelona a la cabeza.

El promotor en la capital catalana fue Albért Riba, presidente de la Unión de Ateos y Librepensadores de España, que agrupa a siete asociaciones en todo el país.

“Parecía que éramos dos o tres”

El “bus ateo” recorrió las calles de Barcelona a principios de 2009.

Riba le dijo a BBC Mundo que el objetivo de la campaña fue “darle visibilidad a los ateos, que parecía que éramos dos o tres en España y debatir cuál era nuestro papel social, posicionarnos”.

Aseguró que la Unión busca “transmitir que la moral de un ateo vale lo mismo que la de un católico. Eso la ciudadanía lo está empezando a entender pero la estructura eclesial, no”.

Riba explicó que los objetivos son “defender la libertad de conciencia, luchar por un Estado laico y difundir el pensamiento ateo”. También se “pretende pararle los pies a las religiones que tienen un alto grado de agresión y buscan imponer su forma de pensar”.

Consultado sobre si existe una nueva militancia del ateísmo, Riba dijo: “No queremos ni podemos salvar a nadie, ni vamos a enviar misioneros para decir que la salvación es el ateísmo. No vamos a hacer militancia en ese sentido, sino para crear puentes de diálogo”.

¿Qué pasa en América Latina?

La región cuenta, por ejemplo, con las dos mayores feligresías católicas del mundo: Brasil y México. Y otras religiones también mantienen una sólida presencia.

En Colombia, un Manual de Ateología, escrito por 16 personalidades que niegan o dudan de la existencia de dios se convirtió en un éxito de ventas, toda una sorpresa en un país donde el 90% de la población se declara cristiana.

Sin embargo, en una zona tradicionalmente fértil para la creencia divina, el movimiento ateo avanza, lentamente, y ya cuenta con algunas organizaciones e iniciativas.

En Colombia los ateos han empezado a salir del clóset.

El “Manual de Ateología”, escrito por 16 personalidades que niegan o dudan de la existencia de Dios se convirtió en un éxito de ventas, toda una sorpresa en un país donde el 90% de la población se declara cristiana.

En tanto, en Argentina, el año pasado se organizó el primer congreso de ateos.

Fernando Lozada, presidente del Congreso Nacional de Ateísmo, delegado de la Asociación Civil de Ateos en Argentina y promotor del evento, le dijo a BBC Mundo que “ahora la gente se anima más a decir que es ateo. Pasa lo que pasó con los grupos gays, la gente se anima a luchar por sus derechos, pero estamos en los inicios”.

Lozada explicó que se busca, entre otras cosas, “lograr que el ateísmo no sea mal visto en la sociedad, que logre el respeto como cualquier otra ideología o religión”.

Ahora la gente se anima más a decir que es ateo. Pasa lo que pasó con los grupos gays, la gente se anima a luchar por sus derechos, pero estamos en los inicios

Fernando Lozada, presidente del Congreso Nacional de Ateísmo de Argentina

Y le contó a BBC Mundo que en marzo de este año fue parte de una apostasía (negar la fe recibida en el bautismo y renunciar a la Iglesia Católica) en la que participaron 1.500 personas. “Como puede pasar con cualquier partido político o equipo de fútbol, uno debe poder desafiliarse”.

Lozada, que había sido bautizado y renunció en este evento, aseguró que “lo vio importante como un movimiento político, como una manera de presionar. Que las leyes estén influenciadas por una moral católica no es totalmente democrático, hace que haya que militar políticamente, no en el sentido partidario proselitista, sino social”.

Campamentos, autobuses y manuales… los ateos empiezan a mostrar su fervor (¿religioso? No, gracias), pero ¿estamos ante un nuevo movimiento?

BBC Mundo, 30 jul 2009

A violência doméstica contra a mulher na Europa

Por Sabina Zaccaro – 8 março 2010

A quantidade de mulheres que suportam violência física e psicológica nos lares europeus atinge números alarmantes. A violência doméstica aumenta em todos os âmbitos da sociedade, apesar da implementação de leis e políticas mais rígidas, segundo o Conselho da Europa, órgão de 47 países dedicados a promover os direitos humanos, a democracia e o cumprimento da lei. Entre 12% e 15% das mulheres maiores de 16 anos são vítimas de violência em alguma de suas relações, segundo o último informe do Conselho, de 2006.

As mulheres sofrem agressões verbais, emocionais, físicas e sexuais que deixam sequelas como dores crônicas, doenças sexualmente transmissíveis, desordens do apetite e do sono, abuso de álcool e perda do emprego. Mas a lista é muito mais extensa. A polícia da Grã-Bretanha recebe, em média, um telefonema por minuto pedindo ajuda para casos de violência doméstica, segundo dados oficiais dessa força do condado inglês de Sussex, e que figuram no último informe da organização Mulheres Contra a Violência na Europa (Wave), que tem uma rede de abrigos. Duas mulheres são assassinadas por semana na Inglaterra e em Gales por seus parceiros ou ex-parceiros.

“Melhorou a consciência dos governantes e da população em matéria de violência doméstica e em especial contra a mulher. Também houve avanços significativos nos serviços de respostas legais e voluntários”, disse à IPS Nicola Harwin, diretora da Federação de Ajuda às Mulheres, a mais antiga rede da Grã-Bretanha especializada nesse tema. “Porém, ainda há muito por fazer para dar proteção e apoio efetivos a todas as vítimas de violência doméstica: mulheres, meninas e meninos”, acrescentou.

A Federação apoia a nova estratégia do governo britânico de realizar um acompanhamento de fatos de violência contra mulheres e meninas, que inclui proteger as vítimas e prender os responsáveis. Também se concentra na prevenção do problema. “Pediremos a todos os partidos que, nas próximas eleições gerais, garantam que haja recursos para implementar a estratégia”, disse Harwin. Os serviços para atender casos de violência sexual e doméstica da Federação de Ajuda às Mulheres apoiaram mais de 108.690 mulheres e 39.130 meninas e meninos no ano passado, e receberam mais de 150 mil telefonemas para o número nacional colocado à disposição para esses casos.

Na Itália, a violência contra a mulher também aumenta. Estima-se que cerca de 6,7 milhões delas sofreram violência física e sexual ao longo de sua vida, neste país de 60,3 milhões de habitantes, segundo o último informe do Instituto Nacional de Estatísticas (Istat). Mais de dois milhões de mulheres sofreram assédio. Além disso, 690 mil foram vítimas de reiterados episódios de violência por parte de seus companheiros, frequentemente na presença dos filhos. A organização Differenza Donna, com sede em Roma, tem cinco abrigos, um deles dedicado especialmente às imigrantes. “Oferecemos assistência de emergência para aquelas que correm risco de vida em suas casas e depois as ajudamos a recuperar totalmente a autoestima para voltar a enfrentar o mundo”, disse Emanuela Moroli, presidente da entidade.

Numerosas organizações femininas concordam que foram criados mais centros de luta contra a violência após a Plataforma de Ação de Pequim de 1995, acordo feito pelos 189 chefes de Estado e de governo que participaram da Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, realizada na capital chinesa. Os centros nasceram como iniciativas privadas de médicos e ativistas, e depois passaram a ser instituições dedicadas a responder ao chamado de Pequim.

A Differenza Donna ajuda cerca de 1,5 mil mulheres por ano em Roma. Entre 87% e 90% delas foram atacadas por seus parceiros. “Em muitos casos, passam anos sofrendo agressões físicas e psicológicas e sob a ameaça ‘se me denunciar, perderá seus filhos’”, disse Moroli. As mulheres costumam estar sozinhas, acrescentou. Suas famílias não ajudam porque consideram que o casamento deve ser preservado sob qualquer circunstância. O centro acaba de lançar um programa de capacitação para policiais e pessoal médico sobre atendimento de casos de violência doméstica.

Na França, uma mulher é assassinada a cada três dias em casos de violência doméstica, segundo o Ministério do Interior. Aproximadamente, 156 mulheres foram assassinadas por seus parceiros ou ex-parceiros, segundo estudo da polícia francesa em 2008, enquanto 27 homens morreram em circunstâncias similares. Nove meninos e meninas foram mortos por seus pais, o que representa 16% do total de homicídios do país.

Por IPS/Envolverde.

Cifras de suicidios en España (1909-2008)

El otro día publicó JdJ en su blog Historias de España una interesante anotación sobre la evolución de las cifras de suicidio en España en el siglo XX. Como algunos datos me sonaron raros, miré la fuente original (básicamente, los Anuarios estadísticos del INE desde 1912) para cerciorarme. Al hacerlo, y teclear una buena colección de años, me percaté de que había dos cifras distintas. Una más bien vinculada a la estadística de defunciones según causa de muerte. La otra, publicada habitualmente junto a las cifras de movimiento natural de la población, o, más recientemente, en el marco de estadísticas sobre justicia, y que podríamos llamar (así la llama el INE en algunos anuarios) “estadística del suicidio”. Esta última recogía tanto suicidios consumados como suicidios en grado de tentativa. Los datos comparables, claro, serían los de suicidios consumados.

Como pueden imaginarse, las series que pueden construirse a partir de ambas fuentes no coinciden siempre, y pueden variar bastante. Como ya me había puesto a teclear bastantes datos y los más recientes están disponibles con más facilidad, al final completé lo que yo tiendo a ver como dos series desde el año 1909 a 2008 (2006 para el caso de la “estadística del suicidio”, pues desde entonces usa las cifras de la otra serie).

Los resultados, en términos absolutos, los tienen en el gráfico siguiente.

Como ven, las dos (aparentes) series sólo coincidieron, más o menos, entre mediados de los cincuenta y mediados de los setenta, probablemente porque decidieron usar los datos de una para la otra, no porque coincidieran aun partiendo de métodos de recogida de datos distintos. Como ven hay diferencias muy notables en algunos periodos, lo que dificulta el análisis diacrónico de las cifras.

En cualquier caso, para ese tipo de análisis, hay que tener en cuenta que a lo largo del siglo XX el tamaño de la población española ha cambiado mucho. Es, por tanto, más conveniente calcular, siquiera, una tasa bruta de suicidios, por ejemplo, por 100.000 habitantes (1). Esa tasa la tienen en el gráfico siguiente.

Según la serie que usemos, las conclusiones serán distintas, la verdad, aunque ambas coinciden en tres desarrollos. Primero, la tasa parece estable en la década de los diez y los veinte, y quizá cae en 1932/33. O quizá es ruido estadístico. Si no lo es, entonces sí es llamativo, sobre todo en la serie fucsia, el pico del año 1939 (y siguientes, en esa misma serie, pero no en la azul).

Segundo, la tasa cae en los años cincuenta, sesenta y primeros setenta, más o menos.

Tercero, la tasa sube desde, más o menos, 1980 hasta cerca de la mitad de los noventa. Desde entonces, se habría mantenido o, incluso, habría caído.

Da la impresión de que la estadística de suicidio era al principio más completa que la de suicidios en las defunciones por causa de muerte, pero que no lo ha sido en los últimos treinta años. Si diéramos por mejor la serie fucsia hasta los ochenta y por mejor la serie azul desde entonces, la tasa de suicidios de los últimos años habría recuperado, superándolos un poco, los valores de principios del siglo XX.

El argumento sobre las causas de la evolución se lo dejo a ustedes, o a JdJ, si se apunta.

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(1) Sería mejor calcular una tasa teniendo en cuenta la distribución de edades de los suicidas y de la población, pero eso es casi imposible con datos fácilmente disponibles.

Fonte: http://wonkapistas.blogspot.com/

12 mar 2010