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Onda de suicídios de adolescentes alarma autoridades em Mumbai

Zubair Ahmed, da BBC News, em Mumbai

O clima no pequeno apartamento de Mumbai onde Neha Sawant vivia é sombrio desde que a adolescente de 11 anos foi encontrada enforcada em uma corda presa pela janela.

Isso já faz várias semanas, mas seus pais ainda não superaram o choque. Eles parecem confusos e cansados.

A avó de Neha, ainda perplexa, diz em uma voz embargada: “Nossos cérebros não estão funcionando. Ainda não podemos acreditar nisso”.

Aos 11 anos, Neha é uma das adolescentes mais jovens a cometer suicídio em Mumbai. Mas as estatísticas sugerem que mais e mais adolescentes estão se matando na cidade, que é o centro financeiro da Índia.

Ocorrência diária

Inexplicavelmente, os suicídios de adolescentes se tornaram quase uma ocorrência diária no Estado de Maharashtra – um dos mais desenvolvidos do país – e em sua capital, Mumbai.

O total de suicídios de adolescentes desde o começo do ano até o dia 26 de janeiro já era de 32, numa média de mais de um por dia.

Apesar de não haver nenhum dado do mesmo período em 2009 para comparação, há um consenso entre as autoridades preocupadas de Mumbai de que os suicídios de adolescentes estejam saindo de controle.

Também há um entendimento geral entre psicólogos e professores de que a principal razão para o alto número de mortes de adolescentes é a crescente pressão sobre as crianças para que se saiam bem nos exames escolares.

Mais de 100 mil pessoas cometem suicídio todos os anos na Índia, e três pessoas por dia tiram suas próprias vidas em Mumbai.

O suicídio é uma das três principais causas de morte entre as pessoas de 15 a 35 anos e tem um impacto psicológico, social e financeiro devastador sobre as famílias e os amigos.

Campanha

Pressão acadêmica sobre os estudantes é vista como possível causa

A diretora-geral assistente da Organização Mundial da Saúde (OMS), Catherine Le Gals-Camus, observa que mais gente morre por conta de suicídio em todo o mundo do que por todos os homicídios e guerras combinadas.

“Há uma necessidade urgente de uma ação global coordenada e intensificada para prevenir essas mortes desnecessárias. Para cada morte por suicídio há um grande número de familiares e amigos cujas vidas são devastadas emocionalmente, socialmente e economicamente”, diz ela.

Em Mumbai, as autoridades estão tão alarmadas com o tamanho do problema que começaram uma campanha, com o slogan “A Vida é Bela”, visando ajudar os estudantes a lidar com a pressão acadêmica.

Psicólogos visitam escolas públicas em Mumbai uma vez por semana para treinar professores que lidam com problemas dos estudantes.

Reuniões

A escola Sharadashram Vidyamandir conta com vários ex-alunos ilustres no país, como os ex-jogadores de críquete da seleção indiana Sachin Tendulkar e Vinod Kambli.

A escola vem promovendo reuniões de pais e mestres nas quais os pais podem receber dicas de como combater as pressões que as crianças enfrentam.

Apesar disso, as sessões não preveniram a morte de Shushant Patil, de 12 anos. Ele foi encontrado enforcado num banheiro da escola no dia 5 de janeiro.

Mangala Kulkarni é diretora da ala feminina da escola. Ela diz que as famílias precisam adotar uma postura mais ativa quando se trata de evitar que os estudantes se sintam estressados.

“As crianças não percebem que elas têm mais caminhos do que apenas o sucesso acadêmico. Elas precisam ser levadas a perceber isso por suas famílias desde a infância”, diz.

Um serviço telefônico de ajuda em Mumbai, chamado Aasra, vem operando há vários anos para tentar combater o problema.

O diretor do serviço, Johnson Thomas, diz que os problemas que as crianças enfrentam hoje têm várias facetas.

“Elas enfrentam pressão dos colegas, têm problemas de comunicação com seus pais, relacionamentos desfeitos, pressão acadêmica e medo do fracasso”, afirma.

O Ministério do Interior estima que para cada suicídio de adolescente em Mumbai há 13 tentativas.

Cinema

Para a psicóloga Rhea Timbekar, pais precisam de aconselhamento

Uma teoria por trás do recente aumento dos suicídios é a influência do lançamento recente de um filme de grande sucesso do cinema indiano, 3 Idiots (Três Idiotas), que tem uma cena na qual um estudante de engenharia é mostrado cometendo suicídio após um resultado medíocre nas provas.

O impacto do filme tem sido debatido e analisado em programas de televisão em horário nobre, com muitos especialistas acusando-o diretamente pelo problema.

Mas a psicóloga Rhea Timbekar, de Mumbai, argumenta que seria errado culpar o filme, o qual ela diz que se esforça para explicar que os pais não deveriam pôr muita pressão sobre seus filhos.

Timbekar diz que ela recentemente encontrou uma criança que não havia comido por quatro dias.

Os pais da criança disseram que estavam bravos com o filho porque ele tinha obtido apenas uma nota de 89% nos exames e era o terceiro aluno da classe, não mais o primeiro como nos anos anteriores.

“Pais assim precisam receber aconselhamento”, defende ela.

Timbekar diz que outra explicação para o alto índice de suicídios de adolescentes é o fato de muitas crianças lerem sobre histórias de suicídios nos jornais e decidirem tentar a mesma coisa elas mesmas.

Explicação simplista

Dilip Panicker, um conhecido psicólogo de Mumbai, diz porém que somente a pressão dos exames é uma explicação muito simplista para o problema.

“Em um certo nível, as pressões da escola e as expectativas dos pais são uma razão válida, mas elas sempre existiram”, ele diz.

“Na verdade, os pais costumavam bater nos filhos na nossa época. O que mudou é que hoje as crianças estão mais atentas, têm mais exposição. Elas são mais independentes. Então, elas se culpam pelo fracasso e tomam atitudes extremas”, afirma.

Alguns psicólogos argumentam ainda que a definição de adolescente precisa ser revista em 2010.

“O que fazíamos aos 14 ou 15 anos, as crianças de 11 estão fazendo hoje”, diz Rhea Timbekar.

Ela destrói a teoria de que as crianças são mais espontâneas ao cometer suicídio, ao contrário dos adultos que começariam com uma ideia, desenvolveriam um plano e terminariam com uma ação.

“Uma criança não acorda simplesmente numa manhã e decide que vai se matar naquele dia”, ela argumenta. “Alguma coisa se perdeu nas suas vidas muito antes, e os suicídios são uma manifestação disso.”

O declínio do sistema familiar tradicional da Índia também está sendo responsabilizado pelo problema.

Em uma cidade como Mumbai, onde é comum que ambos os pais trabalhem, as crianças tendem a se tornar reclusas e a passar muito tempo diante da televisão.

Para Dilip Panicker, há uma solução simples para o problema. “Se os pais amarem os filhos incondicionalmente, com todos os seus sucessos e fracassos, o problema poderia ser reduzido consideravelmente”, diz.

Crise reaquece interesse por obra de Karl Marx

Fonte DW

Há mais de 140 anos, Marx escreveu a obra máxima sobre a crise. As vendas de “O Capital” dispararam no ano passado, e agora ele ganha uma versão em audiolivro.

A crise econômica global reacendeu o interesse pela principal obra de Karl Marx, O Capital, escrito mais de 140 anos atrás. As vendas na Alemanha subiram no ano passado e agora uma editora está lançando uma versão em áudio.

Enquanto a desaceleração econômica global afeta a maior economia da Europa, os alemães parecem estar em busca de conforto nas palavras de Karl Marx.

No fim do ano passado, quando a crise estava a pleno vapor, as editoras venderam cerca de 4,5 mil cópias de O Capital. Em 2005, essa cifra era de apenas 750.

“No momento, Marx é provavelmente o clássico de teoria social mais lido mundialmente”, diz à Deutsche Welle Heinz Bude, sociólogo do Instituto de Pesquisa Social de Hamburgo.

Tornando Marx mais acessível

O renascimento de Marx chegou também ao setor de audiolivros. O primeiro volume abreviado de O Capital, contendo seis CDs com mais de seis horas de teorias marxistas, foi recém-lançado no mercado alemão.

O livro mais famoso de Marx é também considerado um dos trabalhos mais difíceis e densos sobre conceitos econômicos do século 19.

A editora Margit Osterwald, de 65 anos, afirma que o audiolivro, impulsionado pela derrocada econômica global do ano passado, é uma tentativa de tornar mais acessível a densa obra de Marx.

“Todo mundo estava falando sobre Karl Marx, não apenas em jornais de economia, mas também entre os meus amigos”, diz Osterwald à Deutsche Welle.

Ela admite que nunca leu O Capital, apesar de pertencer à geração do movimento estudantil de 1968 na Alemanha, onde o livro de Marx era considerado leitura obrigatória.

Tocando as pessoas

Alguns dizem que as palavras de Marx tocam particularmente pessoas frustradas com os excessos do mundo financeiro.

O economista político alemão descreveu o capitalismo como um sistema de exploração impulsionado pela ganância e a necessidade de ganho material, caracterizado por períodos de altos e baixos. Marx escreveu que o sistema permite que os “ricos fiquem mais ricos e os pobres, mais pobres”.

Ele estava convencido de que este ciclo levaria o capitalismo a se autodestruir. Marx argumentava que o Estado deve manter as rédeas da economia e introduzir regras para abolir as classes sociais e promover a igualdade e o fim da pobreza.

Atração especial entre os mais jovens

Jörn Schütrumpf, da editora Karl-Dietz, sediada em Berlim e responsável pela edição da obra mais famosa de Marx, acredita que os leitores mais jovens são os que mais contribuíram para o aumento das vendas.

“Estamos lidando com uma geração totalmente diferente”, diz. “Nos últimos 20 anos, pôde-se ver algo como uma guerra fria contra os jovens, ditada por uma sociedade que envia sinais dizendo ‘não precisamos de vocês, vocês precisam tomar conta de vocês mesmos’.”

Schütrumpf acredita que esses jovens desiludidos se voltaram para a leitura, na tentativa de encontrar respostas para os problemas criados pelos mais velhos.

O interesse renovado na obra de Marx também levou à criação de grupos de leitura de Marx em várias cidades da Alemanha, constituindo um fórum no qual o filósofo pode ser lido e discutido.

Reinterpretando Marx

Mas o sociólogo Heinz Bude, que realizou um seminário sobre o renascimento do interesse por Marx na Universidade de Kassel, advertiu que as obras de Marx precisavam ser interpretadas sob uma nova luz.

Bude acha que Marx não pode mais ser lido como um teórico do socialismo e da igualdade. Essas ideias, segundo ele, “deixaram um longo rastro criminoso na história da humanidade”.

Em vez disso, Marx deve ser lido como um teórico da liberdade, afirma Bude. “Como alguém que hoje pode mostrar às pessoas que elas nunca devem aceitar a ordem atual do mundo e sim continuar procurando melhores alternativas”.

Autora: Christel Wester (md)
Revisão: Carlos Albuquerque

Divorce rate lowest for 29 years, in UK

eiderly couple hugg and laugh on the sofa at home

Fonte: BBC

The number of divorces in England and Wales has fallen for a fifth successive year to the lowest rate for 29 years.

In 2008, the divorce rate in England and Wales decreased by 2.5% to 11.5 divorcing people per 1,000 married people, compared with 11.8 in 2007.

Divorces in Scotland fell by 10% from 2007 to 2008, while divorces in Northern Ireland decreased by 4.8%.

The report, by the Office for National Statistics, did not offer any reasons why divorce rates had fallen.

The 2008 divorce rate in England and Wales was the lowest since 1979, when there were 11.2 divorces per 1,000 married people.

‘Partial picture’

However, for the fourth consecutive year, both men and women in their late 20s had the highest divorce rates in England and Wales.

Family lawyer Martin Loxley said the reduction in divorces could be the result of better marriage counselling and a rise in separation agreements – which outline a separating couple’s responsibilities to each other and their children, rather than going to court for a divorce.

He said: “It was widely expected that divorce levels would rise in 2008 as a result of the strains and stresses added by the recession, so it is great to see couples sticking together through the harder times.

Our experience is that fewer couples are divorcing because fewer are marrying
Ayesha Vardag, divorce lawyer

“Although the majority of people who contact a lawyer with marital problems go on to divorce their partner at some stage, we have seen an increase in the number marriages saved through counselling and therapy.”

Mr Loxley said he was not surprised it was people in their late 20s who had the highest divorce rates, as this was often the time when people had children, which could strain fragile marriages to breaking point.

Ayesha Vardag, a divorce lawyer involved in a landmark court win last year over a pre-nuptial agreement, said: “Our experience is that fewer couples are divorcing because fewer are marrying.

‘Unfair settlements’

“This comes partly from the increased social acceptability of living together and having children outside marriage, and partly from anxiety about the unpredictable financial consequences of marriage, which have in recent times often been seen as unfair.”

Claire Tyler, chief executive of Relate, said the figures did not show the full picture of family disintegration as they did not include details of how many cohabiting parents separated.

She added: “Currently the government spends around £7m a year on relationship support, yet family breakdown costs the country an estimated £24bn per year.

“Politicians have recently been hotly discussing what makes people get married. These figures show that it isn’t just about getting couples up the aisle – what’s really important is that relationships last.”

We know that 50% of separated people said they felt there were things they could have done to prevent their break-up, and they wished they’d done more
Claire Tyler, Relate

Ms Tyler said couples going through problems should be able to access relationship counselling.

“Relationship support works,” she said, “with 80% of respondents to a Relate survey, who wanted to keep their relationship together, saying they felt counselling helped to strengthen their relationship.

“Independent research also showed we know that 50% of separated people said they felt there were things they could have done to prevent their break-up, and they wished they’d done more.”

In England and Wales the number of divorces decreased from 128,232 in 2007 to 121,779 in 2008.

In Scotland the number of divorces fell from 12,810 to 11,474. In Northern Ireland, divorces decreased from 2,913 to 2,773.

The proportion of divorcing men and women who had previously been divorced has almost doubled since 1981.

In 2008, of all decrees awarded to one partner, rather than jointly to both, more than half – 67% – were awarded to the wife.

Half of couples divorcing in 2008 had at least one child aged under 16.

Quase 75% dos britânicos apoiam suicídio assistido, diz pesquisa

Fonte: BBC Brasil

Uma pesquisa realizada pela BBC revelou que 73% dos britânicos apoia o suicídio assistido de pacientes em estado terminal.

Já para os casos de pessoas que sofrem de doenças dolorosas e incuráveis, mas não fatais, o nível de apoio cai para 48%.

A sondagem entrevistou mais de mil pessoas há um mês, especialmente para uma edição do programa semanal Panorama, que será exibido nesta segunda-feira.

O programa vai se concentrar no caso da britânica Bridget Gilderdale, que na semana passada foi inocentada da acusação de tentativa de homicídio de sua filha, Lynn, que sofria de encefalomielite miálgica, uma doença crônica.

Mais clareza

Gilderdale admitiu ter ajudado a filha de 31 anos a se suicidar ministrando doses de morfina e comprimidos antidepressivos e soníferos esmagados.

A doença de Lynn não era fatal, mas a deixou presa a uma cama desde os 15 anos de idade, quando perdeu os movimentos da cintura para baixo e a capacidade de engolir alimentos.

Durante 16 anos, ela foi internada mais de 50 vezes por causa de várias outras doenças graves, e já tinha tentado cometer suicídio.

“Sei que fiz a coisa certa pela minha filha. Ela está livre e em paz, onde ela precisava estar. Não importam as consequências. Eu faria tudo outra vez”, afirmou Gilderdale em entrevista ao Panorama.

No ano passado, a Diretoria de Processos Públicos publicou instruções sobre que tipo de casos de suicídio assistido deveriam ser levados à corte.

Mas ativistas dizem que a lei ainda precisa de mais clareza.

Nós, escravocratas

Por Cristovam Buarque

Há exatos cem anos, saía da vida para a história um dos maiores brasileiros de todos os tempos: o pernambucano Joaquim Nabuco. Político que ousou pensar, intelectual que não se omitiu em agir, pensador e ativista com causa, principal artífice da abolição do regime escravocrata no Brasil. Apesar da vitória conquistada, Joaquim Nabuco reconhecia: “Acabar com a escravidão não basta. É preciso acabar com a obra da escravidão”, como lembrou na semana passada Marcos Vinicios Vilaça, em solenidade na Academia Brasileira de Letras.

Mas a obra da escravidão continua viva, sob a forma da exclusão social: pobres, especialmente negros, sem terra, sem emprego, sem casa, sem água, sem esgoto, muitos ainda sem comida; sobretudo sem acesso à educação de qualidade.

Ainda que não aceitemos vender, aprisionar e condenar seres humanos ao trabalho forçado pela escravidão – mesmo quando o trabalho escravo permanece em diversas partes do território brasileiro –, por falta de qualificação, condenamos milhões ao desemprego ou trabalho humilhante. Em 1888, libertamos 800 mil escravos, jogando-os na miséria. Em 2010, negamos alfabetização a 14 milhões de adultos, negamos Ensino Médio a 2/3 dos jovens. De 1888 até nossos dias, dezenas de milhões morreram adultos sem saber ler.

Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra da escravidão se mantém e continuamos escravocratas.

Somos escravocratas ao deixarmos que a escola seja tão diferenciada, conforme a renda da família de uma criança, quanto eram diferenciadas as vidas na Casa Grande ou na Senzala. Somos escravocratas porque, até hoje, não fizemos a distribuição do conhecimento: instrumento decisivo para a liberdade nos dias atuais. Somos escravocratas porque todos nós, que estudamos, escrevemos, lemos e obtemos empregos graças aos diplomas, beneficiamo-nos da exclusão dos que não estudaram. Como antes, os brasileiros livres se beneficiavam do trabalho dos escravos.

Somos escravocratas ao jogarmos, sobre os analfabetos, a culpa por não saberem ler, em vez de assumirmos nossa própria culpa pelas decisões tomadas ao longo de décadas. Privilegiamos investimentos econômicos no lugar de escolas e professores. Somos escravocratas, porque construímos universidades para nossos filhos, mas negamos a mesma chance aos jovens que foram deserdados do Ensino Médio completo com qualidade. Somos escravocratas de um novo tipo: a negação da educação é parte da obra deixada pelos séculos de escravidão.

A exclusão da educação substituiu o sequestro na África, o transporte até o Brasil, a prisão e o trabalho forçado. Somos escravocratas que não pagamos para ter escravos: nossa escravidão ficou mais barata e o dinheiro para comprar os escravos pode ser usado em benefício dos novos escravocratas. Como na escravidão, o trabalho braçal fica reservado para os novos escravos: os sem educação.

Negamo-nos a eliminar a obra da escravidão.

Somos escravocratas porque ainda achamos naturais as novas formas de escravidão; e nossos intelectuais e economistas comemoram minúscula distribuição de renda, como antes os senhores se vangloriavam da melhoria na alimentação de seus escravos, nos anos de alta no preço do açúcar. Continuamos escravocratas, comemorando gestos parciais. Antes, com a proibição do tráfico, a lei do ventre livre, a alforria dos sexagenários. Agora, com o bolsa família, o voto do analfabeto ou a aposentadoria rural. Medidas generosas, para inglês ver e sem a ousadia da abolição plena.

Somos escravocratas porque, como no século XIX, não percebemos a estupidez de não abolirmos a escravidão. Ficamos na mesquinhez dos nossos interesses imediatos negando fazer a revolução educacional que poderia completar a quase-abolição de 1888. Não ousamos romper as amarras que envergonham e impedem nosso salto para uma sociedade civilizada, como, por 350 anos, a escravidão nos envergonhava e amarrava nosso avanço.

Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra criada pela escravidão continua, porque continuamos escravocratas. E ao continuarmos escravocratas, não libertamos os escravos condenados à falta de educação.

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Cristovam Buarque é Professor da Universidade de Brasília e Senador pelo PDT/DF

Fonte: artigo publicado no jornal O Globo, sábado, 30 de janeiro.

O limite do ser humano é ter 150 amigos?

Da Veja

Um estudo da Universidade de Oxford divulgado recentemente e em destaque no The Times nesta segunda-feira levantou uma possível importância que o número de Dunbar tem na relação social entre humanos. Segundo a pesquisa, o cérebro humano é capaz de administrar em redes sociais, no máximo, 150 amigos.

Robin Dunbar, antropólogo da instituição e autor da pesquisa, conseguiu pela primeira vez comprovar no mundo on-line a teoria que defendia na década de 90. Na época, o cientista concluiu a partir de observações de vários grupos que a capacidade de manter circulos sociais não passava do número 150, independente do grau de sociabilidade de cada pessoa.

Na web, a teoria já foi questionada. Em fevereiro, o sociólogo Cameron Marlow descobriu que um internauta comum consegue estabelecer uma relação estável com o próximo com no máximo 120 contatos em  perfis no Facebook. Russerd Bernard, da Universidade da Flórida, concluiu que, nos Estados Unidos, os laços de amizade de uma pessoa podem chegar a 290.

Essas limitações existem devido a capacidade do neocórtex cerebral, que não se desenvolveu durante a evolução do homem. Em pouco tempo, o registro foi tão valorizado na internet que já existiram redes sociais que o adotavam para definir critérios de ingresso às plataformas participativas.

A rede social aSmallWorld, considerada como “Orkut dos ricos”, usou este discurso para defender seus princípios de uso e, claro, alcançar valorização e alarde em torno de seu serviço.

A construção do mito de que as novas tecnologias poderiam superar tal limitação não é o único fato que mais chama atenção. O estudo corrobora a premissa de que o internauta, hoje, reforça mais laços construídos de forma offline (cotidiano) do que propriamente criar novas amizades virtuais.

Japão quer reduzir alta taxa de suicídios em meio à crise econômica

Por Maribel Izcue (EFE) Tóquio, 27 jan

O número de suicídios no Japão aumentou novamente em 2009 para mais de 32 mil casos, o que levou o Governo a empreender uma campanha para impedir aqueles que queiram se suicidar em meio à crise econômica.

Em doze anos, a segunda economia do mundo registrou uma assustadora taxa média de mais de 30 mil suicídios por ano, o que representa 2,5 mil por mês ou mais de 80 por dia.

Em 2009, o número seguiu a tendência de alta de anos anteriores: 32.753 japoneses acabaram com suas vidas, entre eles 23.406 homens e 9.347 mulheres, informou hoje a Agência Nacional de Polícia.

Para a maioria dos japoneses, o suicídio não ajuda nenhum estigma social e inclusive pode estar semeado de certo romantismo trágico. Em uma ética fortemente influenciada pelo budismo, muitos veem a morte como uma passagem para outra vida.

Em qualquer caso, o aumento dos suicídios acompanhou o enfraquecimento da economia japonesa.

A primeira vez em que o número de suicídios em apenas um mês superou os 3 mil foi em outubro de 2008, logo após a falência do gigante investidor americano Lehman Brothers, que abalou os alicerces financeiros do Japão.

A partir daí os suicídios seguiram uma tendência de alta até setembro passado, quando caíram ligeiramente, coincidindo com a primeira mudança de Governo no Japão nos últimos 54 anos, após a arrasadora vitória eleitoral do Partido Democrático (PD).

Com números que situam o Japão, de 127 milhões de habitantes, entre os países com as maiores taxas de suicídios do mundo, o Governo decidiu tomar medidas para dissuadir suicidas, indicou hoje à Agência Efe um porta-voz do Escritório do Gabinete.

A administração nacional planeja, entre outras coisas, colocar cartazes em defesa da vida em lugares “estratégicos” como caixas eletrônicos – destinados a quem atravessa dificuldades econômicas e pretende sacar suas últimas economias – ou nos escritórios de desemprego, onde também haverá psicólogos.

Estas e outras medidas serão realizadas em campanhas na imprensa sob lemas que encorajem os cidadãos a se preocuparem pelos demais.

Em Tóquio e outras regiões adjacentes, uma das formas mais comuns de suicídio é se jogar nos trilhos do metrô: segundo dados divulgados nesta semana, em 2008 mais de 35,3 mil trens tiveram que atrasar o funcionamento por tentativas de suicídio.

Isso ocorre mesmo após a colocação de barreiras entre as vias do metrô e as plataformas em várias estações. Além disso, foram instalados botões de emergência nas plataformas de estação para que, se alguém percebe um suicida se jogar na via, os pressione imediatamente para deter a passagem dos trens.

Paralelamente surgiram outras iniciativas contra o suicídio: alguns templos budistas oferecem linhas telefônicas para que as pessoas possam desabafar. Também surgiram grupos como “Reunião de redes para a vida”, que reúne instituições e empresas privadas.

Essa associação atua em Yamanashi, uma província próxima a Tóquio e local da chamada “floresta dos suicídios”, conhecida porque alguns adentram ali para não mais voltar. Só em 2008, 358 pessoas se suicidaram nesse bosque.

Por isso, há meses o grupo organiza eventos para formar voluntários capazes de dissuadir os suicidas, com conferências sobre relações pessoais e o tratamento que devem oferecer a pessoas com graves problemas psicológicos.

Esses voluntários distribuem folhetos em alojamentos, quiosques e estações nos quais detalham como identificar e tratar um suicida potencial, com alguns conselhos básicos: ouvir com tranquilidade, manter-se sereno e buscar ajuda de fora para ser dissuadido de suas intenções.

Papa João Paulo II se flagelava frequentemente, diz livro

Philip Pullella, Reuters (via Estadão)

ROMA - O papa João Paulo II se flagelava regularmente para imitar o sofrimento de Cristo e teria assinado um documento secreto comprometendo-se a renunciar ao pontificado, em lugar de ocupá-lo de modo vitalício, se ficasse incuravelmente doente. As revelações estão contidas em um livro recém-lançado.

Papa João Paulo II queria renunciar ao pontificado por doença

O livro, intitulado Why a Saint? (Por que um santo?), foi escrito pelo monsenhor Slawomir Oder, o funcionário do Vaticano encarregado do processo que pode levar à canonização de João Paulo, e inclui alguns documentos inéditos.

João Paulo II morreu em 2005 e esteve doente, passando por sofrimento físico, durante vários momentos de seu pontificado. Ele foi baleado e quase morto em 1981, foi submetido a várias cirurgias, incluindo uma devida a um câncer, e sofreu da doença de Parkinson por mais de uma década.

Lançado na terça-feira, o livro revela que, mesmo quando não estava doente, João Paulo se flagelava, algo que no cristianismo é conhecido como mortificação, para sentir-se mais próximo de Deus.

“Tanto em Cracóvia como no Vaticano, Karol Wojtyla se flagelava”, escreve Oder no livro, citando depoimentos de pessoas do círculo mais próximo de João Paulo na época em que ainda era bispo em seu país de origem, a Polônia, e depois de ser eleito papa, em 1978.

“Em seu armário, em meio a suas vestimentas, um tipo especial de cinto ficava pendurado num cabide, e ele o usava como açoite”, escreve Oder.

Ainda segundo o autor, quando era bispo na Polônia João Paulo frequentemente dormia no chão duro para praticar o asceticismo.

Muitos santos da Igreja Católica, incluindo São Francisco de Assis, Santa Catarina de Siena e Santo Inácio de Loyola, praticavam a flagelação e o asceticismo como parte de sua vida espiritual.

O livro também confirma que, quando sua saúde ficou fragilizada, João Paulo redigiu um documento para seus assessores afirmando que renunciaria ao pontificado se ficasse incuravelmente doente ou permanentemente incapacitado de cumprir seus deveres de papa.

Ele assinou o documento em 15 de fevereiro de 1989, oito anos após o atentado fracassado contra sua vida. A existência do documento foi motivo de muitos rumores e relatos ao longo dos anos, mas o texto foi publicado na íntegra no livro, pela primeira vez.

No final, o papa decidiu permanecer em sua função até sua morte, dizendo que isso era para o bem da Igreja. Se tivesse renunciado, teria sido o primeiro pontífice católico a fazê-lo por vontade própria desde 1294.

João Paulo chegou mais perto da canonização no mês passado, quando o papa Bento aprovou um decreto reconhecendo que seu predecessor viveu a fé cristã heroicamente. Foi um dos passos chaves no procedimento pelo qual a Igreja reconhece seus santos.

O próximo passo será o reconhecimento de um milagre atribuído a João Paulo. O milagre envolve uma freira francesa que foi inexplicavelmente curada do mal de Parkinson depois de fazer uma oração para o papa.

Depois de o Vaticano reconhecer o acontecimento como milagre, João Paulo poderá ser beatificado. A beatificação é o último passo antes da canonização.

Aumentan los divorcios por infidelidades descubiertas en Facebook

REINO UNIDO, (EP, ABC)

Según datos de un importante bufete de abogados de Reino Unido, una de cada cinco solicitudes de divorcio están relacionadas con descubrimientos de infidelidades en Facebook, y la tendencia es creciente. La red social más popular del mundo alberga a 350 millones de usuarios y permite conocer todo tipo de información y fotografías personales, aunque el motivo más frecuente son «las conversaciones inapropiadas que se mantienen con otras personas», indica un experto.

Los abogados reciben cada vez más trabajo de cónyuges que descubrieron en ese tipo de páginas de Internet relaciones extramatrimoniales de sus parejas. Actualmente, en una de cada cinco separaciones, la causa de divorcio es una aventura descubierta en Facebook, y la tendencia es creciente, indicó un portavoz del gabinete de abogados a la prensa.

«La causa más frecuente es aparentemente que las personas chatean de manera inapropiada sobre sexo con otras, con las que no deberían hacerlo», dijo el gerente de Divorce-Online, Mark Keenan. También su firma relaciona uno de cada cinco divorcios con Facebook.

Además, la creciente popularidad de las plataformas de interacción privadas tienta a cada vez más personas a engañar a su pareja, según expertos en divorcios. Esposas y maridos aburridos reavivan su llama o recrean su primer amor, se contactan con otras personas en Internet, pero bajo determinadas circunstancias también se encuentran en el mundo real.

En un ámbito protegido por claves, los usuarios pueden intercambiar informaciones privadas, sin dejar huellas sospechosas en su propia computadora, ya que los datos quedan almacenados en el ordenador central de la red.

También las empresas de informática se benefician del auge de Facebook, según el diario. Varios cónyuges les encargaron violar las claves con el propósito de lograr acceder al perfil y las informaciones de su pareja, de la que sospechaban contactos no adecuados. Con 350 millones de usuarios, Facebook es considerada la red de comunicación más activa de todo el mundo. Uno de cada dos usuarios lo visita a diario, para ver qué están haciendo sus «amigos» en todo el mundo, o entre sus propias cuatro paredes.

Un caso espectacular fue el de una británica de 35 años que descubrió, a través de Facebook, que su esposo se iba a divorciar de ella. Otro caso sonado se produjo el pasado año, una mujer de 28 años rompió su matrimonio cuando descubrió que su marido mantenía una relación sexual virtual con alguien, a pesar de que nunca se habían encontrado físicamente. Amy Taylor, también de 28 años, se separó de David Pollard tras descubrir que dormía con una chica de compañía… en el mundo virtual Second Life.

La nueva generación de adolescentes valora la familia, la ecología y lo digital

EFE, Madrid

Unos 3.200 chavales de ocho a catorce años fueron entrevistados en Alemania, Italia, España, Francia, Reino Unido y Polonia para hacer una radiografía de esta primera generación con mentalidad digital. Si bien crecen en un mundo dominado por la cultura del éxito sin esfuerzo, dan más valor a la familia y a los amigos.

Han recibido una educación completamente digital y no se imaginan la vida sin internet, ordenadores o teléfono móvil, pero también están más concienciados socialmente, son ecologistas y, ante todo, poseen profundos valores familiares. Es la Generación XD, adolescentes de entre 8 y 14 años.

Son los hijos e hijas de unos padres que nacieron en la década de los 70 del siglo pasado, la que se conoce como Generación X, y que para algunos es la de la apatía o la generación perdida. Hoy tienen de 35 a 45 años y en su adolescencia jugaron a las canicas, pero también a la Playstation.

Unos 3.200 chavales entre ocho y 14 años fueron entrevistados en Alemania, Italia, España, Francia, Reino Unido y Polonia para hacer una radiografía de esta primera generación con mentalidad digital.

Una generación “positiva y socialmente concienciada que utiliza la tecnología que les rodea para crear un impacto positivo en sus vidas y en su comunidad”, según Victoria Hardy, directora ejecutiva de esta investigación realizada por la multinacional Disney, la consultora TNS y The Future Laboratory.

Aunque crecen en un mundo dominado por la cultura del éxito sin esfuerzo, los adolescentes XD, asegura el estudio, rompen con el mito y dan más valor a la familia y a los amigos. La persona más admirada es su madre.

En el caso concreto de los adolescentes españoles el porcentaje alcanza el 39%, mientras que la figura del padre, con un 32%, ocupa el segundo puesto en el ránking de admiración. De ahí que la familia ocupe, entre los chicos XD españoles, el primer puesto en la lista de las cinco cosas más importantes para su futuro. La felicidad, la salud, un buen trabajo y los amigos son las otras cuatro.

Como ocurre en el resto de Europa, las profesiones tradicionales son las que más atraen a los españoles (profesor, médico, veterinario, policía), si bien la de futbolista ocupa el tercer puesto de preferencias.

Los resultados “rompen con el mito que establece que la cultura de los famosos es tan persuasiva que los niños de mayores quieren ser famosos por encima de todas las profesiones”, dice el informe.

La nueva generación utiliza las tecnologías “para crear un impacto positivo en sus vidas y en su comunidad”, sin renunciar al “cara a cara” en sus relaciones sociales, la manera preferida por el 30% de los encuestados para verse con los amigos, frente a los que prefieren los mensajes de texto (15%), chatear en la red (14%) o los mensajes a través del móvil (8%). Para el 95%, internet y los ordenadores son “importantes”.

A era pós-mídia de massa: a desconfiguração e descentralização da Comunicação

Head of the person from a blue 3d grid

Publicado pelo IHU On-line

Desconfigurar, descentralizar, até mesmo “explodir”. Para a doutora em Comunicação e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ivana Bentes, o que caracteriza a “era pós-mídia de massa são justamente as práticas descentralizadas de comunicação”. “A Internet é esse lugar de desconfiguração”, afirma a professora em entrevista concedida, por email, à IHU On-Line. Continue lendo

A história do Haiti é a história do racismo

close up shot of an Evil Skull...

Por Eduardo Galeano, para o portal Ecodebate

A democracia haitiana nasceu há um instante. No seu breve tempo de vida, esta criatura faminta e doentia não recebeu senão bofetadas. Era uma recém-nascida, nos dias de festa de 1991, quando foi assassinada pela quartelada do general Raoul Cedras. Três anos mais tarde, ressuscitou. Depois de haver posto e retirado tantos ditadores militares, os Estados Unidos retiraram e puseram o presidente Jean-Bertrand Aristide, que havia sido o primeiro governante eleito por voto popular em toda a história do Haiti e que tivera a louca ideia de querer um país menos injusto.

O voto e o veto

Para apagar as pegadas da participação estadunidense na ditadura sangrenta do general Cedras, os fuzileiros navais levaram 160 mil páginas dos arquivos secretos. Aristide regressou acorrentado. Deram-lhe permissão para recuperar o governo, mas proibiram-lhe o poder. O seu sucessor, René Préval, obteve quase 90 por cento dos votos, mas mais poder do que Préval tem qualquer chefete de quarta categoria do Fundo Monetário ou do Banco Mundial, ainda que o povo haitiano não o tenha eleito nem sequer com um voto.

Mais do que o voto, pode o veto. Veto às reformas: cada vez que Préval, ou algum dos seus ministros, pede créditos internacionais para dar pão aos famintos, letras aos analfabetos ou terra aos camponeses, não recebe resposta, ou respondem ordenando-lhe:

– Recite a lição. E como o governo haitiano não acaba de aprender que é preciso desmantelar os poucos serviços públicos que restam, últimos pobres amparos para um dos povos mais desamparados do mundo, os professores dão o exame por perdido. Continue lendo