Arquivo da categoria: Economia

Relatório de Desenvolvimento Humano 2011 (PDF completo)


Sustentabilidade e equidade: Um futuro melhor para todos.

O grande desafio do desenvolvimento do século XXI é a salvaguarda do direito das gerações de hoje e do futuro a vidas saudáveis e gratificantes. O Relatório do Desenvolvimento Humano de 2011 oferece novos e importantes contributos para o diálogo global sobre este desafio, mostrando como a sustentabilidade está indissociavelmente ligada à equidade – a questões de imparcialidade e justiça social e de um maior acesso a melhor qualidade de vida.

O Relatório também defende reformas para promover a equidade e a expressão. Temos uma responsabilidade colectiva para com os menos privilegiados entre nós, actualmente e no futuro, em todo o mundo – assegurar que o presente não seja inimigo do futuro. Este Relatório pode ajudar-nos a divisar os caminhos em diante.

Arquivo Completo (PDF)

As previsões sugerem que o continuado insucesso na redução dos riscos ambientais graves e das crescentes desigualdades ameaça abrandar décadas de progresso sustentado da maioria pobre da população mundial – e até inverter a convergência global do desenvolvimento humano. O nosso notável progresso no desenvolvimento humano não pode continuar sem passos globais arrojados para a redução dos riscos ambientais e da desigualdade. Este Relatório identifica caminhos para que as pessoas, as comunidades locais, os países e a comunidade internacional promovam a sustentabilidade ambiental e a equidade de formas mutuamente reforçadoras. Continue lendo

Brasil melhora em ranking de suborno e é ‘líder entre emergentes’, diz ONG

[BBC Brasil, 2 nov 11] O Brasil foi o país emergente mais bem avaliado em um ranking de percepção da prática de suborno por parte das empresas com atuação no exterior, divulgado nesta quarta-feira pela organização Transparência Internacional.

No ranking, os países recebem notas de zero a dez: a nota máxima corresponde à visão de que as empresas nacionais nunca pagam subornos no exterior, enquanto a nota mínima indica a impressão de que elas sempre subornam.

A nota do Brasil subiu ligeiramente, dentro da margem de erro, passando de 7,4 para 7,7. O país ficou em 14º lugar na lista de 28 nações, subindo três posições em relação ao último levantamento, em 2008.

A melhora na avaliação foi suficiente para o Brasil deixar para trás Hong Kong, África do Sul, Taiwan e inclusive a Itália, país com o qual havia permanecido empatado no último ranking.

A pesquisa foi feita ouvindo 3 mil executivos de empresas de países desenvolvidos e em desenvolvimento, que opinaram sobre a propensão das empresas para oferecer subornos ao atuar fora de suas sedes. Continue lendo

Brasil tem 5 milhões de pessoas em situação de pobreza

[O Globo, 2 nov 11] O Brasil tem 5,075 milhões de pessoas que vivem em situação de pobreza, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2011. Esse número – que equivale a 2,7% da população do país – abrange indivíduos que, além de não terem renda, vivem sem acesso a educação ou saúde ou condições de vida consideradas decentes (como água, luz e saneamento, por exemplo). Para as Nações Unidas, a pobreza deve ser medida não apenas de acordo com a renda, mas com as privações que os indivíduos enfrentam para ter qualidade de vida.

Por isso, desde o ano passado, o relatório traz o chamado Índice de Pobreza Multidimensional (IPM). Por ele, é classificado como pobre qualquer indivíduo privado de pelo menos três de um total de dez indicadores considerados importantes para se ter qualidade de vida: nutrição, baixa mortalidade infantil, anos de escolaridade, crianças matriculadas em escolas, energia para cozinhar, toalete, água, eletricidade, moradia digna e renda. E quanto maior o número de indicadores, mais grave é a situação. Continue lendo

Crise alimentar põe milhões em risco na Coréia do Norte

Milhões de crianças e mulheres em idade fértil sofrem de desnutrição na Coreia do Norte, e estão sob maior risco de morte ou doenças, disse o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta terça-feira.

[Stephanie Nebehay, Reuters, 01 nov 11] A agência pediu aos doadores que ajudem a evitar uma “crise de nutrição” na Coréia do Norte devido à escassez de financiamento. A Unicef recebeu apenas 4,6 milhões de dólares de um total de 20,4 milhões de dólares necessários para seus programas de emergência no país este ano.

“Se o financiamento não chega e somos incapazes de manter os nossos programas de nutrição para tratar as crianças que estão gravemente desnutridas, essas crianças vão sofrer consequências irreversíveis para o seu crescimento e capacidade de desenvolvimento”, disse Bijaya Rajbhandari, representante do Unicef na Coréia do Norte, em comunicado.

O porta-voz do Unicef, Chris Tidey, não tinha informações imediatas sobre como os governos haviam contribuído para o seu apelo de financiamento até o momento. Continue lendo

Os vícios de um sistema parasitário ~ Zygmunt Bauman

“O capitalismo, dizendo-o de forma crua, é, substancialmente, um sistema parasitário. Como todos os parasitas, ele pode prosperar por um certo período quando encontra um organismo ainda não explorado do qual se nutre. Mas não pode fazer isso sem danificar o hospedeiro, destruindo, portanto, antes ou depois, as condições da sua prosperidade ou até da sua sobrevivência”.

[La Repubblica, IHU Online, 30 set 09] Assim como o recente “tsunami financeiro” demonstrou aos milhões de indivíduos, “além de toda razoável dúvida”, que a miragem da “prosperidade agora e para sempre” havia iludido na convicção de que os mercados e os bancos do capitalismo eram os métodos garantidos para a resolução dos problemas, o capitalismo oferece o melhor de si não ao resolver os problemas, mas ao criá-los.

O capitalismo, justamente como os sistemas de números naturais dos famosos teoremas de Kurt Gödel (mesmo se por razões diversas…), não pode ser simultaneamente coerente e completo. Se é coerente aos seus princípios, surgem problemas que ele não é capaz de enfrentar (quero lembrar que a aventura dos “empréstimos subprime”, mostrada à opinião pública como o caminho para dar um fim ao problema dos sem-teto, aquela praga que o capitalismo, como se sabe, produz sistematicamente, multiplicou, pelo contrário, o número dos sem-teto por meio da epidemia das expropriações…). E, se procurar resolvê-los, não o conseguirá sem cair na incoerência com os próprios pressupostos de fundo. Continue lendo

A falsidade da superpopulação ~ Bauman & Rovirosa-Madrazo

Uma nova ética do consumo contra a bomba demográfica

“O impacto da humanidade sobre o sistema que sustenta a vida sobre a Terra não depende simplesmente do número de pessoas que vivem no planeta, mas também do modo em que se comportam. Se considerarmos esse aspecto, o quadro muda totalmente: o problema demográfico existe principalmente nos países opulentos. Na realidade, existem muito ricos.”

A análise é do sociólogo polonês Zygmunt Bauman e da jornalista e pesquisadora mexicana Citlali Rovirosa-Madrazo, em artigo publicado no jornal La Repubblica, 15 mar 11; tradução Moisés Sbardelotto; IHU Online].

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“Eles são sempre muitos. ‘Eles’ são aqueles que deveriam ser menos ou, ainda melhor, não ser, justamente. Ao contrário, nós nunca somos o suficiente. De ‘nós’, deveria haver sempre mais”. Eu escrevi isso em 2005, em Vidas Desperdiçadas (Ed. Zahar, 2005). A meu ver, tanto agora quanto então, a “superpopulação” é uma ficção estatística, um nome codificado que indica a presença de um grande número de pessoas que, ao invés de favorecerem o funcionamento fluido da economia, tornam mais difícil alcançar e superar os parâmetros utilizados para medir e avaliar o seu correto funcionamento. Esse número parece aumentar de modo incontrolável, acrescentando continuamente os gastos, mas não os ganhos. Continue lendo

O problema não é a população

Políticas populacionais têm pouco impacto sobre a forma como uma minoria de seres humanos usa os recursos da Terra.

[Juliette Jowit, The Guardian; IHU; 30 out 11, tradução Moisés Sbardelotto].

O nascimento de um bebê é geralmente uma ocasião de alegria. A chegada, porém, da 7.000.000.000ª pessoa nos próximos dias está sendo aguardada com crescente ansiedade acerca do impacto devastador dos seres humanos no planeta. Os ambientalistas estão discutindo sobre de quem ou o do que é a culpa: o número total de pessoas, ou a quantidade de água, alimentos, minérios ou ar limpo que cada uma delas demanda. O professor Paul Ehrlich, cujo livro The Population Bomb ajudou a inflamar o debate, compara o impacto ambiental à área de um retângulo: um lado é o tamanho da população, o outro é o seu consumo.

Embora o retângulo de Ehrlich seja pura ilustração, o “problema-população” para o ambiente é mais bem descrito como dois retângulos, cada um representando o número de pessoas na vertical e seus estilos de vida na horizontal: um quadrante alto e magro engloba bilhões de pessoas que usam muito poucos recursos da Terra; o outro, um pouco mais curto e extraordinariamente longo engloba a minoria de seres humanos que usam a vasta maioria das riquezas naturais. O Banco Mundial estima, por exemplo, que a quinta parte mais rica do mundo detém mais de três quartos da renda; a quinta parte mais pobre, apenas 1,5%. Continue lendo

Trabalho Escravo: Brasil avançou no combate, mas não é modelo

Desde 1995, quando reconheceu oficialmente a existência de trabalho análogo à escravidão, o Brasil tem avançado no combate à exploração de trabalhadores, mas ainda precisa ampliar as políticas para diminuir a vulnerabilidade social das vítimas e garantir a punição dos criminosos.

[Luana Lourenço, Agência Brasil, 26 out 11] A análise é da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que divulgou ontem (25) um estudo com o perfil dos atores envolvidos no trabalho escravo rural no Brasil: as vítimas, os intermediários e os empregadores.

“O Brasil já foi mencionado como modelo. Não é modelo nem exemplo, porque ainda não erradicou o trabalho escravo. Mas tem mecanismos que são referência e a OIT reconhece avanços do Brasil em relação a outros países”, ponderou o coordenador do Projeto de Combate ao Trabalho Escravo da OIT, Luiz Antonio Machado.

Entre as políticas de combate à escravidão contemporânea que têm dado resultados no cenário brasileiro estão a criação dos grupos móveis de fiscalização, a Lista Suja (cadastro que agrupa nomes de empregadores flagrados na exploração de trabalhadores em condição análoga à escravidão), e o Pacto Nacional, compromisso voluntário que integra a cadeia produtiva para boicotar produtos com origem de fazendas da Lista Suja.

A impunidade, segundo a OIT, ainda é um dos principais gargalos do enfrentamento do trabalho escravo no Brasil. “A punição efetiva dos escravagistas é um dos elementos que faltam para uma mudança definitiva nesse cenário”, cita o documento. “As leis existem, mas as condenações criminais não estão acontecendo”, avalia Machado. Continue lendo

Amartya Sen vincula justiça à vida econômica

Em novo livro, ganhador do Nobel de Economia sustenta não haver acordo social possível sobre ‘sociedade justa’

[Marcos FG da SILVA, FolhaSP, 22 out 11] Tendemos a achar que alguns conceitos são triviais. É o caso da palavra justiça. Não é porque temos uma noção de justiça que podemos dizer que existe uma teoria e uma visão unificadora da mesma. Talvez a melhor forma de entender o que ela poderia significar é buscando na vida econômica algum sentido mais universal. É o que faz o Nobel de Economia Amartya Sen em seu último livro, “A Ideia de Justiça”. Partindo de uma síntese entre filosofia política e economia, ele se coloca a missão de superar os debates sobre justiça no âmbito metafísico e ideal.

Não há arranjos institucionais universais que ajudem a resolver problemas envolvendo julgamentos de valor; teorias da justiça não são ordenáveis (inexiste a “melhor”, a “pior”), dado que elas pressupõem a priori noções incomensuráveis de moralidade. Assim pensa Sen. Concepções ideais do que constituiria uma sociedade justa não teriam utilidade prática para ajudar a sociedade, por meio do voto, a resolver problemas de políticas públicas. Erraríamos ao aceitar tacitamente uma noção de razão. E, mormente, a aceitação de uma visão unívoca de razão vem acompanhada de um tanto de utopias.
Esse parece ser o caso de Hobbes, Locke e Kant, que elaboraram noções de justiça em torno de algum tipo de contrato social abstrato.
Sen identifica dois problemas sérios com esses tipos de argumento: não há acordo social possível sobre a natureza de uma “sociedade justa”. Adicionalmente, como é que nós realmente reconhecemos uma “sociedade justa”?
Grande parte da crítica de Sen é dirigida ao filósofo social-democrata John Rawls, cujo livro “Uma Teoria da Justiça” tornou-se uma referência no debate sobre justiça baseada em utopias abstratas. Continue lendo

O tempo em que podemos mudar o mundo ~ Immanuel Wallerstein

[Sophie Shevardnadze, Outras Palavras, 17 out 11] A entrevista durou pouco mais de onze minutos, mas alimentará horas de debates em todo o mundo e certamente ajudará a enxergar melhor o período tormentoso que vivemos. Aos 81 anos, o sociólogo estadunidense Immanuel Wallerstein, acredita que o capitalismo chegou ao fim da linha: já não pode mais sobreviver como sistema. Mas – e aqui começam as provocações – o que surgirá em seu lugar pode ser melhor (mais igualitário e democrático) ou pior (mais polarizado e explorador) do que temos hoje em dia.

Estamos, pensa este professor da Universidade de Yale e personagem assíduo dos Fóruns Sociais Mundiais, em meio a uma bifurcação, um momento histórico único nos últimos 500 anos. Ao contrário do que pensava Karl Marx, o sistema não sucumbirá num ato heróico. Desabará sobre suas próprias contradições. Mas atenção: diferente de certos críticos do filósofo alemão, Wallerstein não está sugerindo que as ações humanas são irrelevantes.

Ao contrário: para ele, vivemos o momento preciso em que as ações coletivas, e mesmo individuais, podem causar impactos decisivos sobre o destino comum da humanidade e do planeta. Ou seja, nossas escolhas realmente importam. “Quando o sistema está estável, é relativamente determinista. Mas, quando passa por crise estrutural, o livre-arbítrio torna-se importante.” Continue lendo

Zizek: o casamento entre democracia e capitalismo acabou

O filósofo e escritor esloveno Slavoj Zizek visitou a acampamento do movimento Ocupar Wall Street, no parque Zuccotti, em Nova York e falou aos manifestantes.

“Estamos testemunhando como o sistema está se autodestruindo. “Quando criticarem o capitalismo, não se deixem chantagear pelos que vos acusam de ser contra a democracia. O casamento entre a democracia e o capitalismo acabou”.

[O pronunciamendo de Zizek foi publicado por Carta Maior e IHU, 11 out 11].

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Durante o crash financeiro de 2008, foi destruída mais propriedade privada, ganha com dificuldades, do que se todos nós aqui estivéssemos a destruí-la dia e noite durante semanas. Dizem que somos sonhadores, mas os verdadeiros sonhadores são aqueles que pensam que as coisas podem continuar indefinidamente da mesma forma.

Não somos sonhadores. Somos o despertar de um sonho que está se transformando num pesadelo. Não estamos destruindo coisa alguma. Estamos apenas testemunhando como o sistema está se autodestruindo.

Todos conhecemos a cena clássica do desenho animado: o coiote chega à beira do precipício, e continua a andar, ignorando o fato de que não há nada por baixo dele. Somente quando olha para baixo e toma consciência de que não há nada, cai. É isto que estamos fazendo aqui.

Estamos a dizer aos rapazes de Wall Street: “hey, olhem para baixo!” Continue lendo

Biocombustíveis e especulação contribuem para fome, diz estudo

Fatores causados pelo homem, como o uso da agricultura para biocombustíveis e a especulação no preço de alimentos, são determinantes para a fome nas partes mais pobres do mundo, segundo relatório divulgado nesta terça-feira pelo centro de pesquisas sediado nos EUA International Food Policy Research Institute.

[BBC Brasil, 11 out 11] O estudo diz que a volatilidade nos preços dos alimentos afetou bastante os mais pobres, que não conseguiram se adaptar às mudanças.

A volatilidade seria causada por três fatores principais: o uso de alimentos para a produção de biocombustíveis, eventos meteorológicos extremos e mudanças climáticas, além do o aumento das transações envolvendo produtos agrícolas nos mercados financeiros.

A situação seria agravada por uma diminuição nas reservas mundiais de grãos e por uma dependência dos poucos exportadores de alimentos.

Outro complicador seria a falta de informações disponíveis que evitem reações intempestivas nos mercados quando ocorram variações menores na oferta de alimentos. Continue lendo