Arquivo da categoria: Indígenas

Tendências demográficas: uma análise dos indígenas com base nos Censos 1991 e 2000

Apresenta uma análise comparativa e de tendência da população que se autodeclarou como indígena no quesito Cor ou Raça do questionário da amostra dos Censos Demográficos 1991 e 2000, com o objetivo de contribuir não só como referencial para a inclusão dos indígenas nas estatísticas sociodemográficas oficiais do País, e a conseqüente definição de políticas públicas destinadas a promover a melhoria de suas condições de vida, como também para o aperfeiçoamento das pesquisas censitárias deste segmento populacional.

Embora a filiação lingüística ou étnica dos indígenas não sejam objeto de investigação nos censos nacionais, as informações apresentadas neste estudo abarcam as principais características das pessoas autodeclaradas nesta categoria – distribuição espacial no território; estrutura por sexo e idade; religião; deficiência física ou mental; situação educacional; nupcialidade; componentes da dinâmica demográfica, como migração, fecundidade e mortalidade infantil; trabalho e rendimento; famílias e domicílios – e possibilitam traçar um detalhado perfil sociodemográfico dessa população. Continue lendo

Os indígenas no Censo Demográfico 2010 (PDF)

Primeiras considerações com base no quesito cor ou raça.

Introdução

O crescimento de 10,8% ao ano da população que se declarou indígena, no período 1991/2000, principalmente nas áreas urbanas do País, foi atípico. Não existe nenhum efeito demográfico que explique tal fenômeno.

A primeira divulgação dos resultados definitivos do Censo Demográfico 2010, no que se refere ao indígena, é proveniente do quesito cor ou raça. Essas informações são oriundas das características que foram investigadas para todos os domicílios do País, e com esses resultados foi possível comparar e analisar três referências censitárias: 1991, 2000 e 2010. Continue lendo

Índios já estão presentes em 80,5% dos municípios brasileiros; diz IBGE

Os índios já estão presentes em 80,5% dos municípios brasileiros, como mostra o resultado do Censo realizado pelo IBGE em 2010, considerando o número de índios residentes em áreas não isoladas do país. Os resultados também mostram uma pequena queda da população indígena na área urbana, que pela primeira vez foi superada pela rural.

[FSP/IBGE, 19 abr 12] Com uma população total de 817.963 mil, o número de índios em áreas rurais do país chefa a 502.783, enquanto nas zonas urbanas, o número é de 315.180. Em 2000, a população urbana de índios era de 383.298. Já na área rural, o censo de 2000 apontava uma população de 350.829 índios. O crescimento da população até 2010 foi de 178%. Continue lendo

Tribo recém-descoberta atira flechas contra turistas

Violência marca encontro de tribo amazônica no Peru com civilização.

[O Globo, 31 jan 12] Uma tribo de índios até há pouco totalmente isolada na Amazônia peruana começou a fazer aparições esporádicas nas margens dos rios da região e chegou mesmo a lançar flechas contra turistas que costumam fazer um roteiro ambiental na área e contra um funcionário do Parque Nacional Manu, onde ficam suas terras. Um nativo de um outro grupo, que ajudava um arqueólogo a fazer estudos na área e já teria travado algum contato com a tribo, teria sido flechado no coração e morrido.

Autoridades peruanas afirmaram ontem que estão lutando para manter eventuais visitantes longe da tribo e evitar novos problemas. O comportamento do pequeno grupo de índios mashco-piro intriga os cientistas. Aparentemente, o grupo passou a se aproximar mais da margem do rio e se mostrar mais agressivo devido a pressões impostas pelo desmatamento ilegal e a exploração de óleo e gás. Pequenos aviões da companhia de petróleo têm sobrevoado a área, no sudeste do Peru. Além disso, segundo especialistas, eles estariam se sentindo acossados por turistas que, em algumas ocasiões, teriam deixado roupas junto aos rios, como forma de atraí-los para as margens. Continue lendo

Cerca de 10% dos índios que vivem na PB moram em favelas, diz IBGE

[G1 PB, 29 jan 12] Pelo menos 338 índios da Paraíba residem em áreas consideradas aglomerados subnormais (‘favelas’). Os dados são do Censo Demográfico 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa 9,7% da população total de indígenas (3.475) que vivem nas cinco cidades (João Pessoa, Cabedelo, Bayeux, Santa Rita e Campina Grande) apontadas no estudo como tendo os aglomerados.

Embora esse percentual já seja expressivo, o coordenador técnico da Fundação Nacional do Índio em João Pessoa (Funai-JP), Benedito Rangel de Morais, acredita que na realidade há muito mais índios vivendo nas comunidades carentes do estado. Continue lendo

Populações indígenas têm os piores indicadores sociais da Amazônia

[Luana Lourenço*, Agência Brasil, 17 nov 11] Belém (PA) – Se os indicadores sociais da Amazônia estão aquém da média nacional dos países que compartilham a floresta, as populações indígenas são ainda mais vulneráveis. O relatório A Amazônia e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio avaliou indicadores de nove países: o Brasil, a Bolívia, Colômbia, o Equador, Peru, a Venezuela, o Suriname, a Guiana e a Guiana Francesa e identificou resultados piores para os indígenas.

O levantamento diz que nos nove países há 1,6 milhão de indígenas, de 375 povos. Nem todos vivem em territórios reconhecidos, o que, segundo os pesquisadores, tem impacto direto na subsistência e na qualidade de vida das comunidades. “A erradicação da pobreza e da fome está intimamente associada à garantia do usufruto de seus territórios tradicionais. A consolidação territorial é que permite que as populações indígenas possam produzir seus alimentos por meio da pesca, caça, agricultura etc.”, destaca o trabalho.

Os piores resultados estão relacionados à saúde. A ausência de serviços básicos e as distâncias geográficas na região acabam excluindo as populações indígenas do atendimento de saúde. A alta incidência de malária, tuberculose  e doenças sexualmente transmissíveis entre essas populações confirma a desigualdade. A taxa de incidência de tuberculose entre os indígenas do Brasil, por exemplo, é 101 para cada 100 mil pessoas. A média nacional é 37,9 casos para cada 100 mil. Na Venezuela, há tribos que registram 450 casos de tuberculose para cada 100 mil pessoas. Continue lendo

Em MS, 250 índios foram assassinados em oito anos

Relatório lançado nesta segunda-feira (31) pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário) afirma que 250 índios foram assassinados em Mato Grosso do Sul nos últimos oito anos.

[Rodrigo Vargas, Folha SP, 31 out 11] Segundo o documento, foram registrados 27 assassinatos de índios apenas nos nove primeiros meses de 2011 –71% do total verificado no país no mesmo período. “Os números das violências continuam expondo uma realidade de guerra, desesperança e morte”, diz o conselho, em nota à imprensa.

Além dos assassinatos, a entidade contabilizou 190 tentativas de homicídio, 176 suicídios e 70 conflitos relacionados a disputas violentas por terra. “Atualmente, 98% da população originária do Estado vivem efetivamente em menos de 75 mil hectares, ou seja, 0,2% do território estadual”, diz a entidade.

Segundo dados da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), Mato Grosso do Sul abrigava em 2010 a segunda maior população indígena do país: 68,8 mil indivíduos, atrás apenas do Estado do Amazonas, que abriga quase 150 mil.

O relatório analisa a expansão no número de acampamentos indígenas à beira de rodovias ou dentro de fazendas cuja área é reivindicada pelos índios. De 22 há dois anos, passaram para 31.

“São mais de 1.200 famílias vivendo em condições sub-humanas à beira de rodovias ou sitiados em fazendas”, afirma o Cimi.

Entre as violências sofridas pelos índios, o Cimi também cita o caso dos que trabalham no corte de cana de açúcar em Mato Grosso do Sul. Desde 2004, segundo o Cimi, um total de 2.600 “indígenas e não indígenas” foram identificados em situação análoga à escravidão em lavouras de cana.

“Tal realidade configura-se como uma das principais violações de direitos humanos do país”, diz a entidade.

Na nota, o Cimi critica o tratamento dado à questão ao longo dos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência. “Em oito anos de governo Lula, as promessas de solucionar os problemas territoriais dos povos indígenas em MS não passaram de mero formalismo.”

Brasil corre para registrar línguas indígenas que estão desaparecendo

[Roldão Arruda, Estadão, 28 set 11] Em 2012 o governo federal vai destinar R$ 2,1 milhões para projetos de documentação de línguas indígenas ameaçadas de extinção. Será a primeira vez que esse tipo de ação terá uma destinação específica de verbas no Orçamento da União.

A decisão do governo está ligada a pressões internacionais. O Brasil figura em terceiro lugar na lista dos dez países do mundo com maior número de idiomas ameaçados.

De acordo com o Atlas das Línguas do Mundo em Perigo, no território brasileiro o total de línguas condenadas ao desaparecimento chega a 190.  No topo da lista daquela publicação aparecem a Índia, com 198 línguas, e os Estados Unidos, com 191.

O Atlas é uma publicação da Unesco, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para as áreas de educação, ciência e a cultura. No início deste mês, durante um congresso internacional realizado em Quito, no Equador, a instituição apresentou publicamente a sua quarta reedição, com dados atualizados. Continue lendo

Cerca de 2.500 idiomas correm o risco de desaparecer, dizem analistas

A globalização e a pressão sobre comunidades indígenas de integrarem-se à cultura dominante estão acelerando o desaparecimento de centenas de idiomas no mundo todo.

[Agência EFE, 15 set 11] Essa mudança representa mais que uma perda de palavras e a destruição de uma forma de levar a vida, avaliam analistas reunidos recentemente em Quito, no Equador.

Dos 6.000 idiomas recenseados no planeta, mais de 2.500 correm o risco de extinção, contabiliza a Unesco (Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Entre eles estão, por exemplo, o andoa equatoriano, que tem apenas uma pessoa falante do idioma, e o zapara, com seis idosos fluentes.

Com eles desaparecem seus conhecimentos naturais, além de uma maneira de conceber o espaço, o Universo e a relação com outros seres humanos, ressaltou Marleen Haboud, coordenadora de um congresso internacional sobre o tema que ocorreu recentemente na Pontifícia Universidade Católica de Quito. Continue lendo

Povo Kapinawá retoma território no sertão de Pernambuco

[Renato Santana, CIMI, 22 ago 11] Para assegurar o direito de posse de uma área localizada entre os municípios de Buique e Ibimirim, Pernambuco (PE), a 300 km de Recife, o povo Kapinawá retomou no início deste mês terras para pressionar a Fundação Nacional do Índio (Funai) a demarcar o Território Indígena (TI) não contemplado na delimitação anterior. Há dez anos em poder dos índios, a área recuperada fica dentro de uma fazenda, de propriedade não-indígena, que dá acesso às aldeias.

A Funai identificou e delimitou as terras Kapinawá antes da Constituinte de 1988. Desta forma, os processos de demarcação eram tocados de forma equivocada – amiúdes incompletos – dada a então inexistência dos vigentes direitos constitucionais indígenas a terra.

Nas terras vivem 600 famílias Kapinawá – cerca de 2.500 indígenas – em doze aldeias: Quridalho, Lagoa, Puiu, Maria Preta, Colorau, São João, Cajueiro, Caranaúba, Caldeirão, Baixa da Palmeira, Coqueiro e Batinga. Todas reconhecidas pela Funai desde 1999, além de atendidas pela saúde e educação diferenciadas – mesmo sem a área ser reconhecida oficialmente. Continue lendo

Situação dos índios brasileiros é crítica também fora da Amazônia

Neste Dia Internacional dos Povos Indígenas, podem-se comemorar avanços nos direitos indígenas e 400 terras demarcadas no Brasil. Mas índios brasileiros ainda enfrentam adversidades. E não apenas no norte do país.

[DW, 9 ago 11] Pouco antes deste Dia Internacional dos Povos Indígenas (09/08), criado pela ONU em 1994, a organização Anistia Internacional divulgou um relatório alarmante sobre a situação dos povos indígenas no continente americano.

Intitulado Sacrificando Direitos em Nome do Progresso: povos indígenas ameaçados nas Américas, o documento cita o emblemático caso brasileiro de Belo Monte, no rio Xingu, e o dos Guaranis em Mato Grosso do Sul. Especialistas revelam que também as condições de vida dos índios no sul do país são preocupantes. Continue lendo

Mortalidade infantil indígena cresce 513%

[Leonardo Sakamoto, 1 jul 11] De tempos em tempos, vem à tona a notícia de que mais uma criança indígena morreu por desnutrição em algum lugar do Brasil. O avanço da agropecuária e das cidades têm expulsado muitos povos tradicionais de suas terras ou transformando-as em favelas, o que tira deles sua autonomia alimentar. Não é coincidência, portanto, que o Estado que é a principal ponta-de-lança do agronegócio nacional, o Mato Grosso, seja também o que apresenta os números mais preocupantes de morte de crianças. É claro, sem contar o sempre presente Mato Grosso do Sul, que é hour concours no quesito “roubo de terras de populações indígenas e apropriação ilegal de sua força de trabalho” .

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lançou, nessa quinta, o Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil -2010 destacando que a mortalidade infantil indígena cresceu 513% se comparada a 2009. Ao todos, foram 92 crianças mortas por desnutrição ou por doenças facilmente tratáveis. O Cimi destacou a situação do povo Xavante da Terra Indígena Parabubure, no Mato Grosso, onde 60 crianças morreram vítimas de desnutrição, doenças respiratórias e doenças infecciosas – o que equivale a 40% do total de nascimentos no período.

De acordo com o Conselho, o fato é conseqüência do descaso e do abandono em que vivem os indígenas do país, sendo as crianças a população mais vulnerável. No Mato Grosso, a assistência médica é precária, faltam equipamentos, médicos, enfermeiros, medicamentos e transporte para levar os doentes até a cidade. Continue lendo