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Brasil não está preparado para o envelhecimento da população

[Bruno Bocchini, Agência Brasil, 1 out 11] O Brasil deverá chegar a 2050 com cerca de 15 milhões de idosos, dos quais 13,5 milhões com mais de 80 anos. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2025, o país será o sexto do mundo com o maior número de idosos. Apesar da criação de políticas voltadas para essa camada da população, como o Estatuto do Idoso, instituído em 2003, a velocidade do envelhecimento tem superado a implementação de ações para oferecer melhores condições de vida à terceira idade.

“O processo é muito rápido, e as políticas públicas não têm acompanhado isso. Viver em uma sociedade com muito mais idosos do que crianças requer um planejamento intenso”, diz o médico geriatra Luiz Roberto Ramos, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Com o envelhecimento populacional, o Brasil terá redução do número de jovens na força produtiva ativa, assinalou Ramos. “Vai aumentar o número de pessoas que terão dependência social dessa produção. Isso tem de ser planejado. O país está correndo contra o tempo.” Hoje, segundo a OMS, o Brasil tem 21 milhões de pessoas com mais de 65 anos.

O envelhecimento da população tem reflexo direto no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Somente as doenças crônicas não transmissíveis, que afetam principalmente idosos, provocam impacto anual de 1% no PIB, segundo estimativa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). De acordo com a Comissão para Estudo do Envelhecimento Mundial, anualmente são gastos cerca de R$ 60 bilhões com doenças da típicas da terceira idade no Brasil.

De acordo com Ramos, os problemas decorrentes da terceira idade começam a aparecer com mais intensidade depois dos 70 anos. Até lá, em torno de 80% das pessoas não têm nenhuma atividade de vida diária comprometida pela velhice. No entanto, a partir dos 80 anos, a grande maioria passa a conviver com enfermidades.

Edição: João Carlos Rodrigues

Brasil corre para registrar línguas indígenas que estão desaparecendo

[Roldão Arruda, Estadão, 28 set 11] Em 2012 o governo federal vai destinar R$ 2,1 milhões para projetos de documentação de línguas indígenas ameaçadas de extinção. Será a primeira vez que esse tipo de ação terá uma destinação específica de verbas no Orçamento da União.

A decisão do governo está ligada a pressões internacionais. O Brasil figura em terceiro lugar na lista dos dez países do mundo com maior número de idiomas ameaçados.

De acordo com o Atlas das Línguas do Mundo em Perigo, no território brasileiro o total de línguas condenadas ao desaparecimento chega a 190.  No topo da lista daquela publicação aparecem a Índia, com 198 línguas, e os Estados Unidos, com 191.

O Atlas é uma publicação da Unesco, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para as áreas de educação, ciência e a cultura. No início deste mês, durante um congresso internacional realizado em Quito, no Equador, a instituição apresentou publicamente a sua quarta reedição, com dados atualizados. Continue lendo

Envolvimento de crianças e adolescentes com o tráfico de drogas tem crescido em São Bernardo do Campo

[Elaine Patricia Cruz, Agência Brasil, 22 set 11] O envolvimento de crianças e adolescentes de São Bernardo do Campo (SP) com o tráfico de drogas tem crescido na cidade e gerado preocupação entre os especialistas da área. Só no primeiro semestre deste ano, o Centro de Atendimento Socioeducativo da Fundação Criança de São Bernardo do Campo atendeu 541 adolescentes nas medidas socioeducativas em meio aberto, ou seja, adolescentes que cometeram um ato infracional e se encontram em liberdade assistida ou realizando prestação de serviços à comunidade. Desses, 210 foram apreendidos por tráfico de drogas, superando o número de adolescentes envolvidos com roubo (169 casos) e furto (38).

“Tem nos preocupado muito a maior incidência e a maior presença de adolescentes envolvidos com o tráfico de drogas. Antes, o crime que mais envolvia adolescentes era o roubo. Hoje, já temos um número maior com o tráfico”, disse Ariel de Castro Alves, presidente da Fundação Criança de São Bernardo do Campo (SP) e vice-presidente da Comissão Nacional da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ao participar hoje (22) de um seminário que discutiu a situação dos menores em conflitos com a lei.

Apesar do crescimento no envolvimento com o tráfico entre os adolescentes que cometeram um ato infracional, os números de São Bernardo do Campo (SP) apresentaram diminuição na taxa de reincidência no crime, em torno de 10%. Isso está relacionado, segundo Alves, aos vários programas que são desenvolvidos no município com esses jovens, entre eles o Bolsa Formação e o Jovem Aprendiz. Continue lendo

Escolas se unem para afastar alunos das drogas

[Mariana Lenharo, JT, 25 set 11] Colégios particulares tradicionais da capital se reuniram ontem na I Jornada de Prevenção contra o Comportamento de risco nas Escolas Paulistanas, em busca de medidas para afastar seus estudantes do uso de álcool, cigarro e drogas ilícitas. Profissionais de seis instituições ouvidos pela reportagem afirmam que a facilidade de acesso a esses produtos em baladas, festas de 15 anos e até dentro de casa é crescente.

O problema enfrentado pelos colégios aparece também nas estatísticas oficiais do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que realizou um estudo sobre o tema divulgado pelo JT em dezembro de 2010: o uso de drogas ilícitas nas escolas particulares, no ano anterior à pesquisa, era de 13,6% – índice acima da taxa verificada na rede pública, de 9,9%.

A ideia de unir forças para combater o consumo de drogas entre os estudantes da cidade partiu do colégio I.L.Peretz. Ali, o trabalho de prevenção começa já no ensino infantil, com alunos de 4 anos. “Desde cedo, trabalhamos vários assuntos relacionados à saúde para que, quando estejam na adolescência, já tenham meio caminho andado”, diz a coordenadora do projeto Prev-Peretz, Evelina Holender. Continue lendo

Mortalidade do alcoolismo no Brasil é quase tão grande quanto a do crack

Estudo da Unifesp revela que 17% dos dependentes atendidos morreram após cinco anos; na Inglaterra, o índice é de 0,5%; violência e doenças relacionadas ao vício em álcool foram as principais causas de morte; religião é apontada como fator de proteção.

[Lígia Formenti, Estadão, 19 set 11] O índice de mortalidade entre dependentes de álcool no Brasil está próximo do registrado entre usuários de crack. Pesquisa inédita feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que, em cinco anos, 17% dos pacientes atendidos em uma unidade de tratamento da zona sul de São Paulo morreram.

“É um número altíssimo. Na Inglaterra, o índice não ultrapassa 0,5% ao ano”, diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador do estudo.

O trabalho, que será publicado na próxima edição da Revista Brasileira de Psiquiatria, segue uma linha de pesquisa de Laranjeira sobre morte entre dependentes de drogas. O estudo feito entre usuários de crack demonstrou que 30% morreram num período de 12 anos. “Naquela mostra, a maior parte dos pacientes morreu nos primeiros cinco anos. Podemos dizer que os índices estão bastante próximos.” Continue lendo

A Religiosidade do povo brasileiro ~ por José LM de Oliveira

Na última semana do mês de agosto de 2011 foram publicados os dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Tais dados trazem algumas informações interessantes sobre a religiosidade do povo brasileiro.

[José Lisboa Moreira de Oliveira*, Adital, 16 set 11] O primeiro aspecto da pesquisa que chama a atenção é o aumento das pessoas que não mantêm vínculos com a sua crença. Declaram-se pertencentes a uma denominação religiosa, mas reconhecem que não são praticantes. Entre os católicos isso já era bem visível. A novidade está por conta dos evangélicos, onde os não praticantes passaram de 0,7% para 2,9%.

Tal situação revela que as pessoas, cada vez mais, constroem sua religiosidade sem se preocupar com o que dizem as suas instituições religiosas. Vale a interpretação pessoal e não a orientação das lideranças e das igrejas. Para as instituições religiosas isso representa um grande desafio, uma vez que tal fenômeno enfraquece o poder de controle sobre as pessoas e de transmissão das tradições religiosas. Pode ser o início do fim de muitas igrejas e religiões, pelo menos em determinadas partes do mundo. Continue lendo

Cerca de 2.500 idiomas correm o risco de desaparecer, dizem analistas

A globalização e a pressão sobre comunidades indígenas de integrarem-se à cultura dominante estão acelerando o desaparecimento de centenas de idiomas no mundo todo.

[Agência EFE, 15 set 11] Essa mudança representa mais que uma perda de palavras e a destruição de uma forma de levar a vida, avaliam analistas reunidos recentemente em Quito, no Equador.

Dos 6.000 idiomas recenseados no planeta, mais de 2.500 correm o risco de extinção, contabiliza a Unesco (Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Entre eles estão, por exemplo, o andoa equatoriano, que tem apenas uma pessoa falante do idioma, e o zapara, com seis idosos fluentes.

Com eles desaparecem seus conhecimentos naturais, além de uma maneira de conceber o espaço, o Universo e a relação com outros seres humanos, ressaltou Marleen Haboud, coordenadora de um congresso internacional sobre o tema que ocorreu recentemente na Pontifícia Universidade Católica de Quito. Continue lendo

Ipea diz que 6,3 milhões deixaram pobreza de 2004 a 2009

[João C Magalhães, Folha SP, 15 set 11] Cerca de 6,3 milhões de pessoas deixaram a pobreza extrema no país entre 2004, quando o Bolsa Família foi criado, e 2009, indica um comunicado apresentado nesta quinta-feira pelo Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).

[O estudo “Mudanças recentes na pobreza brasileira” Clique para abrir documento PDF]

Em 2004, eram 15 milhões de brasileiros na miséria –quem ganha R$ 67 mensais ou menos, de acordo com o critério adotado. Em 2009, o dado baixou para a 8,7 milhões.

A conclusão do comunicado de hoje, com base em dados do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2009, corrobora a tendência verificada em outros estudos do Ipea, ligado à Presidência.

No ano passado, por exemplo, o instituto já havia dito que, entre 1995 e 2008, 12,1 milhões de pessoas haviam deixado de ser miseráveis. O dado foi lançado durante o processo eleitoral que elegeu a presidente Dilma Rousseff.

No período analisado agora, aproximadamente 10 milhões deixaram de ser pobres (quem ganha de R$ 67 a R$ 134), 1 milhão saiu da situação de vulnerabilidade (com ganhos mensais entre R$ 134 e R$ 465) e o número de não pobres (R$ 465 ou mais) subiu de 51 milhões para 78 milhões de pessoas, segundo o estudo.

A renda média cresceu 28%: de R$ 495,1 para 634,6. O índice de Gini, um índice matemático para medir a desigualdade, caiu 6%.

Apesar de usar como data inicial o ano em que o Bolsa Família nasceu, os técnicos do Ipea não creditam ao programa a maior influência na melhoria de renda do brasileiro, mas ao aquecimento geral da economia e ao aumento real do salário mínimo –que não influencia diretamente o Bolsa.

“Não obstante a importância da política social, sem o crescimento e a geração recorde de empregos formais o aumento real do salário mínimo teria menos efeitos distributivos”, diz o comunicado. Continue lendo

Igreja Evangélica: O Desafio da Relevância ~ por Ariovaldo Ramos

They Who Have Nothing To Lose ~ Filonov 1911-1912

O Novo Testamento começa com Deus fora do Templo, e termina com Jesus fora da Igreja.

João Batista começa o seu ministério anunciando que era a voz daquele que clamava do deserto. E quem clamava do deserto era Deus.

Jesus, em sua última carta, está à porta da igreja em Laodicéia, na expectativa de alguém o ouça e lhe abra a porta de sua casa.

Isto significa que, desde o início, estamos a lutar pela Igreja.

É assim que vejo a Aliança, como um esforço para que o Cristo não perca a esperança para com a Igreja que está no Brasil, como parece ter perdido com a que estava em Laodicéia. Continue lendo

Uniões com meninas ainda são 30 vezes mais comuns

Registro Civil aponta que entre 2003 e 2009 foram 4.508 casamentos de garotas com menos de 15, contra 150 de garotos.

[Rodrigo Burgarelli, O Estado de SP, 11 set 11] Outro levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) detalha ainda mais o universo dos casamentos de crianças e adolescentes. Segundo as Estatísticas do Registro Civil de 2009, o número de meninas com menos de 15 anos que casam formalmente no Brasil é cerca de 30 vezes maior do que o dos meninos. Entre 2003 e 2009, foram 4.508 contra 150.

Os números mostram também que as meninas costumam se casar com noivos mais velhos. Quando a adolescente é do sexo feminino, a idade média do noivo é de 20 a 24 anos. Já os meninos com menos de 15 anos costumam se casar com mulheres mais jovens, de 15 a 19 anos. Apesar de raros, casamentos de crianças com pessoas de mais de 60 anos de idade ainda acontecem no Brasil. Em seis anos, apenas um caso do gênero foi registrado: no Maranhão, em 2006, uma menina de menos de 15 anos se casou no papel com um homem de mais de 65.

Segundo especialistas, uniões precoces como essas podem causar problemas sociais e psicológicos. “É comum que o adolescente deixe de estudar e, dessa maneira, pule uma parte importante do seu desenvolvimento social”, afirma Albertina Takiuti, coordenadora da Casa do Adolescente do Estado de São Paulo.

Segundo ela, é necessário haver uma abordagem dos jovens para evitar situações de gravidez indesejada, fato que costuma ser determinante nos casamentos com menores de idade. “Muitas vezes, até por questão econômica ou religiosa, é comum que a adolescente grávida se case com o parceiro ou simplesmente vá morar sob o mesmo teto. Isso pode acontecer tanto por desejo próprio quanto por ausência de pais ou parentes próximos que possam dar suporte”, explica Albertina.

No País, 42,7 mil crianças e adolescentes com menos de 14 anos estão casados

Uniões são informais, já que prática é proibida pelo Código Penal; a maior parte dos casos está em locais com baixa renda per capita.

[Rodrigo Burgarelli, O Estado de SP, 11 set 11] Uma prática ilegal, mais relacionada a áreas rurais ou países distantes, persiste hoje até nos principais centros urbanos brasileiros. Um recorte inédito feito pelo Estado nos dados do Censo Demográfico de 2010 mostra que existem ao menos 42.785 crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos casados no Brasil. O número refere-se a uniões informais, já que os recenseadores não checam documentos.

Essas situações se concentram em grupos de baixa renda e alta vulnerabilidade, principalmente nos rincões do País ou na periferia de grandes centros urbanos. O caso de P., uma jovem de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, é um exemplo do último. Ela se mudou para a casa do parceiro quanto tinha 11 anos. Seu namorado, na época, tinha 27. “Eu disse para ele que já tinha 14 e começamos a namorar. Meu pai foi contra porque me achava muito nova, e brigamos feio. Depois da discussão, fugi de casa e fui morar com ele”, conta. Continue lendo

População do Brasil cresce 1,6 milhão em um ano

[Folha SP, 31 ago 11] A população brasileira cresceu 1,6 milhão de pessoas em um ano, de acordo com a estimativa divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Veja a população de todas as cidades (PDF)

No dia 1º de julho, segundo o instituto, a população somada dos 5.565 municípios atingiu 192.376.496 habitantes, contra 190.755.799 em 2010.

A tabela com os dados de todas as cidades foram publicados na edição de hoje do “Diário Oficial da União”, e obedece determinação de leis federais, que prevêem uma divulgação anual.

As estimativas populacionais também são fundamentais para o cálculo de indicadores socioeconômicos nos períodos entre Censos, e é um dos parâmetros usados pelo TCU (Tribunal de Contas da União) na distribuição do Fundo de Participação de Estados e Municípios.

Representantes de governos e prefeituras têm até 20 dias para apresentar reclamação sobre os dados ao IBGE, que decide os casos e encaminha os números finais para o TCU até o fim de outubro.

Entre as cidades, São Paulo continua sendo a mais populosa, com 11,3 milhões de habitantes, seguida pelo Rio (6,4 milhões), Salvador (2,7 milhões), Brasília (2,6 milhões) e Fortaleza (2,5 milhões). Os 15 municípios mais populosos somam 40,5 milhões de habitantes, representando 21% da população.

O conjunto das 27 capitais concentra 23,8% da população, participação semelhante à do ano 2000. Segundo o IBGE, “isso mostra que o dinamismo populacional do Brasil está seguindo novas rotas, particularmente rumo ao interior e se manifestando nos municípios de porte médio, especialmente aqueles com população entre 100 mil e 200 mil habitantes”.

Entre esses municípios, destacam-se aqueles cujas economias estão voltadas para o agronegócio, para as atividades petrolíferas e os que demandam mão de obra para a construção civil.

Fora das capitais, os municípios mais populosos são Guarulhos (1,2 milhão) e Campinas (1,1 milhão), em São Paulo, e São Gonçalo (1 milhão), Duque de Caxias (861,2 mil) e Nova Iguaçu (799,0 mil), no Rio.

Das seis cidades que em 2000 tinham menos de mil habitantes, somente Borá (806 habitantes), em São Paulo, e Serra da Saudade (811 habitantes), em Minas, continuam nessa situação neste ano.