Arquivo da categoria: Brasil

Mapa da Violência 2012 ~ Instituto Sangari

Desde 1998, ano de divulgação do primeiro, já foram elaborados uma dúzia de mapas da violência, praticamente um por ano. A metade deles, agrupados sob o subtítulo genérico Os jovens do Brasil, abordou as especificidades e a evolução da mortalidade violenta de nossa juventude, principal vítima desse drama brasileiro. Nesses trabalhos, a categoria de mortalidade violenta incluía não só os homicídios, mas também diversas outras violências letais, como suicídios e mortes em acidentes de transporte.

Outros mapas centraram suas baterias em temas mais específicos e delimitados. Dois deles trabalhando o panorama da violência nos municípios brasileiros. Outro tentou pesquisar os fatores determinantes das quedas sistemáticas da violência no estado de São Paulo. Outro ainda trabalhou uma perspectiva mais ampla, tomando como arcabouço a violência na América Latina e no mundo. Também tentamos elaborar, em mais um estudo, uma anatomia dos homicídios no Brasil.

Esse breve exame temporal nos leva, de forma quase inevitável, a nos perguntar: o que mudou nesse ínterim, desde a época da elaboração de nossos primeiros mapas, em fins do século passado, até nossos dias? Continue lendo

Tráfico de jovens teria comando no Nordeste

Investigações sobre rede de exploração sexual depende de trabalho conjunto entre polícias.

[Cleide Carvalho, OGlobo, 12 fev 12] O promotor da Infância e Juventude do Ministério Público de São Paulo, Thales de Oliveira, afirmou que investigações feitas pela polícia paulista sobre a rede de tráfico de adolescentes indicam que o comando da quadrilha estaria no Nordeste do país. Segundo ele, o avanço das investigações depende de um trabalho conjunto.

— Já há investigações em andamento também no Pará e no Ceará — afirmou.

Oliveira diz que adolescentes trazidos de outros estados, que receberam próteses de silicone e hormônios para se tornarem transexuais, se arrependeram do que fizeram como próprio corpo e falaram sobre o esquema. Continue lendo

Meninos são aliciados para virar transexuais em SP

Tráfico de adolescentes para prostituição começa nas redes da internet

[Cleide Carvalho, O Globo, 11 fev 12] Magra, cabelos compridos, short curto. M., 16 anos, abre o sorriso leve e ingênuo dos adolescentes quando perguntada se pode dar entrevista. Poderia ser uma das milhares de meninas que sonham com as passarelas. Mas não é. O relógio marca 1h de sexta-feira. M. é um garoto e está na calçada, numa das travessas da Avenida Indianópolis, conhecido ponto de prostituição de travestis e transexuais, escancarado em meio a casas de alto padrão do Planalto Paulista, na Zona Sul de São Paulo. A poucos passos, mais perto da esquina, está K., também de 16 anos. Continue lendo

Aumenta a participação de jovens menores de 18 anos em crimes violentos

[Saulo Araújo, Correio Braziliense, 01 fev 2012] Bastou um “não” para a adolescente de 17 anos puxar o gatilho e matar Ivandir José dos Santos, 37. O taxista se recusou a levar a menina e dois homens para Cidade Ocidental, município goiano situado a 45 quilômetros de Brasília. Irritada e sob o efeito de drogas, ela sacou um revólver calibre .38 e atirou na cabeça do trabalhador.

A tragédia, ocorrida há 10 dias, em Taguatinga, é um indicativo do envolvimento cada vez maior de jovens em crimes graves. Levantamento da Promotoria de Infância e Juventude Infracional de Brasília confirma que a juventude da capital federal até mesmo mata em mais quantidade. No ano passado, 180 pessoas foram assassinadas por menores de 18 anos, 50% a mais do que o registrado em 2010.

O relatório obtido pelo Correio revela ainda que os latrocínios (roubos com morte) cometidos por meninos e meninas aumentaram 62% na comparação dos dois últimos anos. Saltou de 16 para 26. É maior também a quantidade de jovens envolvidos com substâncias ilícitas. No ano passado, tramitaram pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) 795 processos relacionados ao uso e ao tráfico, com a participação de adolescentes, um crescimento de 42% na comparação com o ano anterior, quando passaram pelo órgão 558 ações. Só houve redução nos roubos.

Tribo recém-descoberta atira flechas contra turistas

Violência marca encontro de tribo amazônica no Peru com civilização.

[O Globo, 31 jan 12] Uma tribo de índios até há pouco totalmente isolada na Amazônia peruana começou a fazer aparições esporádicas nas margens dos rios da região e chegou mesmo a lançar flechas contra turistas que costumam fazer um roteiro ambiental na área e contra um funcionário do Parque Nacional Manu, onde ficam suas terras. Um nativo de um outro grupo, que ajudava um arqueólogo a fazer estudos na área e já teria travado algum contato com a tribo, teria sido flechado no coração e morrido.

Autoridades peruanas afirmaram ontem que estão lutando para manter eventuais visitantes longe da tribo e evitar novos problemas. O comportamento do pequeno grupo de índios mashco-piro intriga os cientistas. Aparentemente, o grupo passou a se aproximar mais da margem do rio e se mostrar mais agressivo devido a pressões impostas pelo desmatamento ilegal e a exploração de óleo e gás. Pequenos aviões da companhia de petróleo têm sobrevoado a área, no sudeste do Peru. Além disso, segundo especialistas, eles estariam se sentindo acossados por turistas que, em algumas ocasiões, teriam deixado roupas junto aos rios, como forma de atraí-los para as margens. Continue lendo

Cerca de 10% dos índios que vivem na PB moram em favelas, diz IBGE

[G1 PB, 29 jan 12] Pelo menos 338 índios da Paraíba residem em áreas consideradas aglomerados subnormais (‘favelas’). Os dados são do Censo Demográfico 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa 9,7% da população total de indígenas (3.475) que vivem nas cinco cidades (João Pessoa, Cabedelo, Bayeux, Santa Rita e Campina Grande) apontadas no estudo como tendo os aglomerados.

Embora esse percentual já seja expressivo, o coordenador técnico da Fundação Nacional do Índio em João Pessoa (Funai-JP), Benedito Rangel de Morais, acredita que na realidade há muito mais índios vivendo nas comunidades carentes do estado. Continue lendo

Brasil se torna destino de novos imigrantes

[João Fellet, BBC Brasil, 26 jan 12] A maior projeção do Brasil no exterior, aliada às crescentes restrições à entrada de imigrantes na Europa e nos Estados Unidos, está provocando uma diversificação no grupo de estrangeiros que têm optado por viver em terras brasileiras.

Além de atrair cada vez mais imigrantes de países vizinhos e executivos europeus e americanos que fogem da crise econômica, o Brasil tem assistido a um aumento expressivo na chegada de migrantes e refugiados de nacionalidades que tradicionalmente não migram ao país.

No último dia 12, o governo agiu para controlar o maior desses novos fluxos, o de imigrantes do Haiti que têm entrado no Brasil pela Amazônia, ao estabelecer um limite de cem vistos de trabalho a haitianos por mês.

Dados do Ministério da Justiça também revelam aumento considerável, ainda que sobre uma base pequena, na chegada de imigrantes de países da Ásia Meridional e da África. Continue lendo

Casar e se divorciar após os 50 é cada vez mais comum

[Dario de Negreiros e Helton S Gomes, Folha SP, 23 jan 12] “Eu tenho 44 anos de casado. Estou com a minha velhinha até hoje e não estou pensando em trocar, não.”

Frases como essa, do aposentado Silas Moret, 79, são hoje menos comuns do que no princípio da década. De acordo com dados do IBGE, entre os anos de 2000 e 2010 a média de divórcios entre pessoas acima de 50 anos cresceu 28%. Esse aumento é seis pontos percentuais maior do que o registrado entre os casais mais jovens (de 20 a 50 anos).

Fatores sociais também contam. Por volta dos 50 anos, é comum que o casal esteja vendo seus filhos saírem de casa e, ao mesmo tempo, seus pais adoecendo. A esses acontecimentos traumáticos, podemos acrescentar ainda eventuais aposentadorias de um ou de ambos os membros do casal. “De repente, marido e mulher se encontram novamente sozinhos em casa e se percebem como um casal desconhecido”, diz Gotter. Mudanças físicas podem ajudar a explicar esse fenômeno. Segundo Maria Elvira de Gotter, psicanalista especialista em gerontologia e em sexualidade, a quinta década de vida costuma ser “um momento de grande transformação na vida da mulher”. Continue lendo

Brasil é segundo país mais desigual do G20, aponta estudo

O Brasil é o segundo país com maior desigualdade do G20, de acordo com um estudo realizado nos países que compõem o grupo.

[BBC Brasil, 19 jan 12] De acordo com a pesquisa Deixados para trás pelo G20?, realizada pela Oxfam – entidade de combate à pobreza e a injustiça social presente em 92 países -, apenas a África do Sul fica atrás do Brasil em termos de desigualdade.

Como base de comparação, a pesquisa também examina a participação na renda nacional dos 10% mais pobres da população de outro subgrupo de 12 países, de acordo com dados do Banco Mundial. Neste quesito, o Brasil apresenta o pior desempenho de todos, com a África do Sul logo acima.

A pesquisa afirma que os países mais desiguais do G20 são economias emergentes. Além de Brasil e África do Sul, México, Rússia, Argentina, China e Turquia têm os piores resultados. Continue lendo

Brasil: As Desigualdades Regionais ~ Ferreira e Fragelli

Por que um país que consegue melhorar a distribuição de renda em nível nacional, não o faz em nível regional?

[Pedro Ferreira e Renato Fragelli, jornal Valor, 18 jan 12] A melhoria da distribuição de renda no Brasil, iniciada na década de 1990 com o fim da inflação e a abertura da economia, e acelerada na década de 2000 pelos programas de transferências diretas, é uma conquista da sociedade brasileira. Embora, quando se considera a população do país como um todo, os avanços sejam notáveis, ao se analisar a distribuição da renda entre as regiões do país, há pouco para se comemorar.

A renda per capita do Nordeste permanece apenas um terço da observada no Sudeste, e a taxa de analfabetismo é o triplo. A mortalidade infantil no Maranhão é quase três vezes superior à de São Paulo. Cerca de 40% da população do Nordeste ainda vive na pobreza, contra 11% no Sudeste. Por que um país que consegue melhorar a distribuição de renda em nível nacional, não o faz em nível regional? Continue lendo

Política higienista? Não, dever constitucional ~ por Cappelletti, Melo e Borges

[Folha SP, 14 jan 12] Quando o governo procrastina, o resultado é quase sempre desastroso. O descalabro da cracolândia é um desses casos.

Há 15 anos, algumas ruas do centro velho de São Paulo foram tomadas por uma nova droga, o crack. Durante o dia, os usuários desapareciam. Escondiam-se em canteiros de avenidas, em hotéis baratos e em organizações não governamentais (na maioria dos casos, religiosas).

À noite, quando as lojas se fechavam, como no clipe “Thriller”, de Michael Jackson, maltrapilhos e moribundos “surgiam”. Hordas de “batmans”, enrolados em cobertores, atacavam transeuntes e moradores para poder levar algo que permitisse comprar pedras de crack.

Autoridades? Sim, a Polícia Militar fazia rondas. Às vezes, fazia abordagens ou um estardalhaço com algumas dezenas de homens. Continue lendo

Ipea mapeia ‘ausência’ do Estado e revela que serviços ainda não chegam a áreas pobres

Novo estudo aponta que o Estado ainda não chegou a regiões carentes do país, o que impede, por exemplo, que a universalização do ensino fundamental torne-se realidade. Políticas públicas para educação, saúde e mercado do trabalho permanecem distantes de áreas mais pobres no Norte e Nordeste. Mas há avanços.

[Marcel Gomes, Carta Maior, 11 jan 12] Na imensa região Norte do Brasil, onde se encontram os Estados amazônicos, há 1,9 médicos por habitante, ante 3,7 no Sul e Sudeste. Em Roraima e Amapá, o número de leitos de internação no SUS não chega a mil.

No Pará, 13% dos jovens até 14 anos estão fora do ensino fundamental; em Rondônia, 59% daqueles entre 15 e 17 anos não freqüentam o ensino médio.

Em nenhum Estado da região há ainda centros especializados para população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, ante 11 no Nordeste e oito no Sudeste; no Amapá, há apenas um teatro e em Roraima, só um museu.

A situação de extrema carência em serviços públicos do Norte brasileiro é um dos resultados possíveis de serem extraídos de um novo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado na última terça-feira (10), em São Paulo. Continue lendo