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A falsidade da superpopulação ~ Bauman & Rovirosa-Madrazo

Uma nova ética do consumo contra a bomba demográfica

“O impacto da humanidade sobre o sistema que sustenta a vida sobre a Terra não depende simplesmente do número de pessoas que vivem no planeta, mas também do modo em que se comportam. Se considerarmos esse aspecto, o quadro muda totalmente: o problema demográfico existe principalmente nos países opulentos. Na realidade, existem muito ricos.”

A análise é do sociólogo polonês Zygmunt Bauman e da jornalista e pesquisadora mexicana Citlali Rovirosa-Madrazo, em artigo publicado no jornal La Repubblica, 15 mar 11; tradução Moisés Sbardelotto; IHU Online].

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“Eles são sempre muitos. ‘Eles’ são aqueles que deveriam ser menos ou, ainda melhor, não ser, justamente. Ao contrário, nós nunca somos o suficiente. De ‘nós’, deveria haver sempre mais”. Eu escrevi isso em 2005, em Vidas Desperdiçadas (Ed. Zahar, 2005). A meu ver, tanto agora quanto então, a “superpopulação” é uma ficção estatística, um nome codificado que indica a presença de um grande número de pessoas que, ao invés de favorecerem o funcionamento fluido da economia, tornam mais difícil alcançar e superar os parâmetros utilizados para medir e avaliar o seu correto funcionamento. Esse número parece aumentar de modo incontrolável, acrescentando continuamente os gastos, mas não os ganhos. Continue lendo

O problema não é a população

Políticas populacionais têm pouco impacto sobre a forma como uma minoria de seres humanos usa os recursos da Terra.

[Juliette Jowit, The Guardian; IHU; 30 out 11, tradução Moisés Sbardelotto].

O nascimento de um bebê é geralmente uma ocasião de alegria. A chegada, porém, da 7.000.000.000ª pessoa nos próximos dias está sendo aguardada com crescente ansiedade acerca do impacto devastador dos seres humanos no planeta. Os ambientalistas estão discutindo sobre de quem ou o do que é a culpa: o número total de pessoas, ou a quantidade de água, alimentos, minérios ou ar limpo que cada uma delas demanda. O professor Paul Ehrlich, cujo livro The Population Bomb ajudou a inflamar o debate, compara o impacto ambiental à área de um retângulo: um lado é o tamanho da população, o outro é o seu consumo.

Embora o retângulo de Ehrlich seja pura ilustração, o “problema-população” para o ambiente é mais bem descrito como dois retângulos, cada um representando o número de pessoas na vertical e seus estilos de vida na horizontal: um quadrante alto e magro engloba bilhões de pessoas que usam muito poucos recursos da Terra; o outro, um pouco mais curto e extraordinariamente longo engloba a minoria de seres humanos que usam a vasta maioria das riquezas naturais. O Banco Mundial estima, por exemplo, que a quinta parte mais rica do mundo detém mais de três quartos da renda; a quinta parte mais pobre, apenas 1,5%. Continue lendo

Brasil tem elevado índice de aceitação de refugiados – e problemas de integração

Em números absolutos, a quantidade de refugiados que vive no Brasil ainda é pequena, mas o índice de pedidos aceitos é considerado alto. Os refugiados enfrentam, no entanto, dificuldades com emprego e formação.

[DW, 28 out 11] Com a fama internacional de país acolhedor, o Brasil virou a pátria de 4.500 refugiados de 77 nacionalidades. A quantidade é numericamente pequena – o território brasileiro está distante dos grandes centros de conflitos. Mas a receptividade das autoridades brasileira é alta.

“Pelo menos nos últimos anos, o índice de reconhecimento dos pedidos de refúgio varia entre 30% e 35% das solicitações. Esse é um índice muito alto em relação aos demais países do mundo”, comparou Rosita Milesi, do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH). Estatístas da Eurostat mostram que na Alemanha e no Reino Unido, por exemplo, cerca de 24% dos pedidos são aceitos.

Segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, 64% das pessoas que se refugiam no Brasil são de origem africana, de países como Angola e Congo (38% e 10% do total respectivamente). Da vizinha Colômbia, vieram 14% dos asilados que moram em solo brasileiro. Continue lendo

Envelhecimento e retração da população desafiam governos europeus

Enquanto as populações dos países emergentes e em desenvolvimento crescem, na Europa a tendência é contrária: há cada vez menos europeus, e eles estão cada vez mais velhos.

[DW, 28 out 11] Os irlandeses certamente não serão os primeiros a desaparecer da Europa. Apesar da crise da dívida que atinge o país, a Irlanda registra a maior taxa de natalidade da União Europeia – 2,07 filhos por mulher. O índice, no entanto, ainda está um pouco abaixo do mínimo calculado para garantir a continuidade do tamanho de uma população, que é de 2,1 crianças para cada mulher.

Logo atrás das irlandesas no ranking estão as mulheres da Escandinávia (Dinamarca, Suécia e Noruega), as francesas e as britânicas.

O pesquisador Axel Plünnecke, do Departamento de Políticas para Educação e Mercado de Trabalho do instituto econômico IDW, afirma que as taxas de nascimento costumam ser um pouco mais altas em países onde as mulheres estão bem integradas à força de trabalho. Ele ressalta que nesses países existem uma infraestrutura para o atendimento a crianças consolidada ao longo de décadas. Continue lendo

Trabalho Escravo: Brasil avançou no combate, mas não é modelo

Desde 1995, quando reconheceu oficialmente a existência de trabalho análogo à escravidão, o Brasil tem avançado no combate à exploração de trabalhadores, mas ainda precisa ampliar as políticas para diminuir a vulnerabilidade social das vítimas e garantir a punição dos criminosos.

[Luana Lourenço, Agência Brasil, 26 out 11] A análise é da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que divulgou ontem (25) um estudo com o perfil dos atores envolvidos no trabalho escravo rural no Brasil: as vítimas, os intermediários e os empregadores.

“O Brasil já foi mencionado como modelo. Não é modelo nem exemplo, porque ainda não erradicou o trabalho escravo. Mas tem mecanismos que são referência e a OIT reconhece avanços do Brasil em relação a outros países”, ponderou o coordenador do Projeto de Combate ao Trabalho Escravo da OIT, Luiz Antonio Machado.

Entre as políticas de combate à escravidão contemporânea que têm dado resultados no cenário brasileiro estão a criação dos grupos móveis de fiscalização, a Lista Suja (cadastro que agrupa nomes de empregadores flagrados na exploração de trabalhadores em condição análoga à escravidão), e o Pacto Nacional, compromisso voluntário que integra a cadeia produtiva para boicotar produtos com origem de fazendas da Lista Suja.

A impunidade, segundo a OIT, ainda é um dos principais gargalos do enfrentamento do trabalho escravo no Brasil. “A punição efetiva dos escravagistas é um dos elementos que faltam para uma mudança definitiva nesse cenário”, cita o documento. “As leis existem, mas as condenações criminais não estão acontecendo”, avalia Machado. Continue lendo

Projeto de pesquisa resgata herança cultural judaico-alemã em todo o mundo

Sobreviventes do Holocausto: imigrantes em Israel

Há centenas de anos os judeus migram da velha Europa para as mais diversas regiões do planeta. Projeto de pesquisa reúne historiadores em torno do tema, levantando questões sobre origem, destino e rastro dos migrantes.

[DW, 26 out 11] Eles vinham do leste da Europa Central, da região da Polônia denominada Galícia, de Bucovina (entre a Ucrânia e a Romênia), da Áustria-Hungria, bem como da Península Ibérica e do então “Reich alemão”: esses judeus de idioma alemão ou ídiche, de países que hoje se chamam Ucrânia, Romênia, Rússia, Polônia e Alemanha, emigraram para todas as partes do mundo. Entre eles, encontravam-se médicos, artesãos, livreiros, advogados ou pequenos comerciantes. E nem todos partiam por livre e espontânea vontade.

Os judeus fugiam de discriminações e pogroms motivados pelo antissemitismo, mas também em consequência da situação econômica difícil e da falta de perspectivas naquele momento, em busca de uma vida mais segura e na esperança de um futuro melhor. Entre os destinos mais frequentes da emigração judaica estavam as Américas do Norte e do Sul, China, Palestina e República Dominicana, para mencionar apenas alguns. Continue lendo

Representante da catedral de St. Paul renuncia devido a protestos

Um importante representante da catedral de St. Paul, um dos monumentos mais conhecidos e visitados de Londres, será obrigado a renunciar ao cargo devido ao protesto contra o capitalismo que ocupou o espaço em frente à catedral.

[BBC Brasil, 27 out 11] As autoridades da catedral informaram que Giles Fraser deve renunciar ao cargo de cônego da St. Paul nos próximos dias.

Fraser deixou que os manifestantes contra o capitalismo ocupassem com barracas o espaço em frente à entrada principal da catedral, protestando contra a ganância das grandes corporações e os cortes de gastos públicos. A St. Paul fica no distrito financeiro de Londres.

Mas, a St. Paul teve que fechar suas portas para o público nesta semana pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial devido ao protesto depois de recomendações feitas por especialistas em segurança.

As autoridades esperam chegar a um acordo com os manifestantes para reabrir a catedral na sexta-feira.

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Para mais detalhes (em Inglês): http://www.digitalhen.co.uk/news/uk-15324901

 

Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) lança Relatório sobre a Situação da População Mundial 2011

O documento analisa a situação da população do mundo, com base no novo contingente de 7 bilhões de pessoas, que deve ser atingido no próximo dia 31.

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) lançou hoje (26/10), na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, o “Relatório sobre a Situação da População Mundial 2011”. A publicação tem como tema “Pessoas e possibilidades em um mundo de 7 bilhões” e enfoca os desafios e oportunidades em termos de redução da pobreza, fecundidade, juventude, envelhecimento, migração, urbanização e sustentabilidade ambiental em um mundo com 7 bilhões de pessoas, marco populacional que será alcançado no final de outubro deste ano.

O relatório aborda o tamanho recorde da população, que pode ser encarado como um indicador do sucesso da humanidade, pois indica que as pessoas estão tendo vidas mais longas e mais crianças estão sobrevivendo em todo o mundo.

Outro tema de destaque no documento é a população jovem. Os jovens constituem 1,8 bilhões de pessoas entre os 7 bilhões. Eles são mais de um quarto da população mundial e quase 90% vivem em países em desenvolvimento. Segundo o relatório, a sociedade pode encontrar na juventude soluções para os problemas mais urgentes. O evento contará com uma mesa-redonda com participação do UNFPA, IPEA, ABEP, FACE/Cedeplar e espaço para perguntas de jornalistas.

Relatório sobre a Situação da População Mundial

Clique aqui e acesse o documento na íntegra (PDF).

Os segredos de quem é feliz no trabalho

Pesquisas mostram que a grande maioria dos brasileiros está infeliz no emprego. Conheça algumas características das pessoas que estão de bem com a vida profissional e saiba como obter mais satisfação no dia a dia.

[Débora Rubin; Isto É; 25 out 11] Depois de dez anos na mesma empresa, João estagnou. Já tinha passado por diversos setores, mudado de cidade, coordenado equipes e ajudado a lançar campanhas de produtos. Estava infeliz. Não acreditava mais naquele projeto, não via por onde ir e tinha sofrido assédio moral. Naquele ponto de sua vida, o paulistano João de Lorenzo Neto, 34 anos, tinha duas opções clássicas: seguir infeliz num cargo de gerência ou jogar tudo para cima e viver do seu hobby favorito, a fotografia. Nem um nem outro. João fugiu do óbvio. “Não queria jogar fora uma década de experiência”, recorda. “E, em vez de levar a minha habilidade profissional para o hobby, decidi levar todo o prazer que sinto no hobby para o profissional.” Ele mudou a lente, ajustou o foco, ampliou suas possibilidades e deu um novo tratamento à sua carreira. Aceitou a proposta de uma empresa concorrente que estava lançando um projeto novo, abraçou a causa e hoje, mesmo trabalhando mais horas por dia, sente-se pleno. “Vejo que estou construindo algo, deixando minha marca, e faço o possível para ver minha equipe sempre feliz e motivada”, diz ele, que é gerente de trade marketing de uma empresa de cosméticos.

João faz parte de uma minoria no Brasil, a dos felizes no trabalho. De acordo com uma pesquisa feita pelo International Stress Management no Brasil (Isma-BR), apenas 24% dos brasileiros se sentem realizados com sua vida profissional. A imensa maioria tem se arrastado todos os dias para o escritório. Entre as mulheres, a porcentagem de infelizes é ainda maior, dada a quantidade de afazeres extras além do expediente. “As principais queixas são a carga horária elevada, cobrança excessiva, competição exagerada e pouco reconhecimento”, explica a autora da pesquisa, Ana Maria Rossi, presidente do Isma-BR. E, hoje, um infeliz não pensa duas vezes quando quer sair de onde está. Em tempos de baixo desemprego (6%, segundo dados do Ministério do Trabalho), os profissionais têm mais possibilidades profissionais e podem se dar ao luxo de mudar com mais facilidade. Além disso, algumas companhias têm um grande contingente de funcionários da geração Y (entre 20 e 31 anos), famosa por ser inquieta e descompromissada. O resultado é um troca-troca que deixa as empresas perdidas em relação à gestão de pessoas. O problema é que nem sempre os profissionais ficam satisfeitos com a mudança. Um levantamento feito pelo site Trabalhando.com mostra que 39% das pessoas que aceitaram uma nova proposta não ficaram mais felizes. Continue lendo

Brasileiros são 190 milhões, mas crescimento é o menor já registrado

A população do Brasil, que passou a englobar 190,7 milhões de pessoas em 2010, cresce no menor ritmo já registrado (1,12% ao ano) e de maneira desigual pelo território do país, com as maiores taxas concentradas nas regiões Norte e Centro-Oeste.

[João Fellet, BBC Brasil, 29 abr 11] As informações constam da Sinopse do Censo Demográfico 2010, que contém os primeiros resultados definitivos do último censo e foi divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Segundo a pesquisa, a população brasileira cresceu 12,3% desde 2000, quando havia 169,8 milhões de habitantes no país, e chegou a 190.755.799.

Nesse período, seguindo tendência das últimas décadas, a população rural perdeu 2 milhões de pessoas e reduziu sua participação para 15,6% do total. Já a população urbana ganhou 23 milhões membros e hoje representa 84,4% do total dos brasileiros. Continue lendo

População mundial atingirá 7 bilhões no dia 31 de outubro, diz ONU

A população mundial está crescendo em uma velocidade jamais vista e vai chegar a 7 bilhões no dia 31 de outubro, segundo a ONU. Em 2050, este número deve alcançar 9,3 bilhões.

[BBC Brasil, 25 out 11] Alguns dos fatores que contribuem para o rápido aumento populacional são a alta taxa de natalidade em alguns países e a maior longevidade da população. Hoje, 893 milhões de pessoas tem mais de 60 anos.

Até a metade deste século, segundo a ONU, este número vai praticamente triplicar, chegando a 2,4 bilhões.

A expectativa de vida média atual é de 68 anos, quando era de apenas 48 anos em 1950.

População envelhecida

Na Grã-Bretanha, o número de pessoas com mais de 85 anos mais do que dobrou entre 1985 e 2010 para 1,4 milhão, enquanto o percentual de pessoas com menos de 16 anos caiu de 21% para 19% no mesmo período, segundo estatísticas oficiais.

Aos 85 anos, Helen Moores representa esta faixa da população britânica que está crescendo. Ela vive sozinha em Londres e atribui a longevidade a uma vida ativa e de muito trabalho.

“Eu me alistei no Exército aos 17 anos e servi por 12 anos em diversos países: Cingapura, Hong Kong, Egito e Chipre, onde conheci meu marido, 42 anos atrás”, conta ela. Continue lendo

Estado do Mundo 2011 – Inovações que Nutrem o Planeta: Relatório do Worldwatch Institute sobre o Avanço Rumo a uma Sociedade Sustentável

Relatório do Worldwatch Institute sobre o Avanço Rumo a uma Sociedade Sustentável.

Tradução Instituto Akatu.

“Vivemos em um mundo em que produzimos mais alimentos do que jamais o fizemos e onde os famintos nunca foram tantos. Há um motivo para isso: durante muitos anos nosso foco foi no aumento da oferta de alimentos, ao mesmo tempo em que negligenciamos tanto os impactos distributivos da produção de alimentos, quanto seus impactos ambientais de longo prazo. Tivemos êxito notável no aumento do rendimento. No entanto, precisamos agora perceber que mesmo tendo condições de produzir mais, não somos capazes de afrontar a fome ao mesmo tempo; que aumentos em rendimento –embora uma condição necessária para aliviar a fome e a desnutrição – não são uma condição suficiente; e que à medida que incrementamos de modo espetacular os níveis gerais de produção durante a segunda metade do século 20, criamos as condições para um desastre ecológico de grandes proporções no século 21.”

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