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Índice de suicídios no Brasil é problema de saúde pública, diz especialista

No Brasil, 25 pessoas se matam por dia, fazendo do país o 11º colocado no ranking mundial de suicídios, segundo dados da Organização Mundial da Saúde.

As informações foram divulgadas pelo psiquiatra Neury José Botega, professor da Unicamp, durante a 28ª edição do Congresso Brasileiro de Psiquiatria, que escolheu a prevenção do suicídio como um dos temas principais. O encontro, em Fortaleza, vai até sábado (30).

“A questão do suicídio é realmente um problema de saúde pública porque temos um alto índice de pessoas que estão passando por muito sofrimento e que poderiam ter sido ajudadas caso não tivessem se matado”, afirmou à Folha.

Segundo ele, os dados de suicídio podem ser ainda maiores do que os divulgados oficialmente, já que não é raro que muitos casos acabem recebendo outra caracterização na certidão de óbito: “O medo de não receber o dinheiro do seguro pode fazer com que muitas famílias pressionem os médicos a atestar falência múltipla dos órgãos em vez de suicídio”.

Botega afirma que o aumento dos casos de depressão e de consumo de álcool e drogas são sinais preocupantes e que podem justificar o aumento dos índices de suicídio, principalmente entre adultos jovens: “São pessoas entre os 25 e os 40 anos que estão numa fase produtiva da vida. A competitividade e a solidão nas grandes cidades são alguns dos pacotes de alta tensão social que favorecem a uma sensação de desamparo e aumentam as formas alternativas de sentir prazer, como recorrer às drogas e ao álcool.”

Segundo ele, os sinais de que alguém está cogitando tirar a própria vida não podem ser ignorados: “Aqui não vale a máxima do ‘cão que ladra não morde’. Muitas vezes a pessoa dá sinais, fala até mesmo vagamente em se matar, mas acaba não sendo levada a sério”.

ESTRATÉGIA
O psiquiatra apresentou no congresso dados de uma pesquisa internacional realizada pela OMS de que ele participou, comparando estratégias de prevenção ao suicídio.

Ao todo, foram analisadas 1.867 pessoas que tentaram o suicídio em cinco cidades do mundo. Após terem alta do hospital, metade delas recebeu o tratamento usual –mero encaminhamento a um serviço de saúde– e a outra metade teve um acompanhamento intensivo, com entrevistas motivacionais e contatos telefônicos periódicos por 18 meses.

Ao final do experimento, apenas 0,2% das pessoas que receberam acompanhamento intensivo chegaram a praticar o suicídio, taxa dez vezes menor do que no grupo que recebeu o tratamento usual.

“O contato telefônico periódico criava uma rede de apoio e ajudava a pessoa que já tinha tentado se matar a ressignificar o que havia acontecido na vida dela”, diz.

Fonte: Folha SP, 29 out 2010

Simplificação de exigências impulsiona divórcio, constata IBGE

O impacto da simplificação no processo de divórcio já foi medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 1998, estimou-se que 1,1% dos casamentos formalizados terminaram em divórcio. Esse índice chegou a 1,5% dez anos depois, o maior percentual do período. O crescimento foi identificado no levantamento “Estatísticas do Registro Civil 2008”, divulgado um ano após a publicação da Lei 11.441/07, que alterou o Código de Processo Civil (CPC) para permitir que separação e divórcio consensuais fossem feitos em cartório.

Segundo esse estudo, os divórcios realizados em cartório e aqueles decididos pela Justiça, sem recurso, totalizaram 188.090 procedimentos em 2008. Desse montante, 181.456 envolveram cônjuges com 20 anos ou mais de idade, faixa que experimentou um crescimento de 4,6% em relação ao ano anterior. O IBGE atribuiu esse comportamento não só à edição da lei 11.441/07, mas também à maior aceitação do divórcio pela sociedade brasileira e à ampliação no acesso aos serviços judiciais.

É importante ressaltar que a tendência de crescimento na taxa geral de divórcios foi observada em todos os estados brasileiros de 1998 a 2008. Nesse último ano, o IBGE constatou que o volume de divórcios realizados após dois anos de separação de fato (o casal não vive mais junto) representava 70,1% do total de divórcios por escritura pública ou concedidos, sem recurso, pela Justiça. Já os divórcios concretizados após um ano da separação formal (judicial ou no cartório) alcançaram a proporção de 29,8% em 2008.

Enquanto os divórcios apresentaram um ritmo de crescimento na década analisada, as separações experimentaram um declínio, registrando-se, em 2008, uma diferença de 4,9% nas de natureza consensual. Essa redução se deve, de acordo com o levantamento, ao aumento na procura pelo divórcio direto ou pelo divórcio realizado em cartório e dependente não só de consenso entre as partes, mas também da ausência de filhos menores ou incapazes.

A maior parte das separações judiciais concedidas sem recurso e formalizadas em cartório, em 2008, foi de natureza consensual (76,2%). Em todos os estados brasileiros, prevaleceu o desejo da mulher em pedir a separação. Em 2008, a iniciativa feminina motivou 71,7% das separações judiciais não consensuais.

Já a classificação por faixa etária evidenciou, no estudo do IBGE, médias de idade mais altas para os divórcios. Os homens que recorreram à separação e ao divórcio tinham em média, em 2008, 39 e 43 anos, respectivamente. Quanto às mulheres, situavam-se na faixa de idade de 35 e 40 anos, em média, ao recorrer a cada um desses procedimentos.

Fonte: Simone Franco / Agência Senado, 29 out 2010

O cheiro da pobreza ~ Mário Vargas Llosa

Há três anos, durante uma viagem de Lima a Ayacucho por terra, fizemos uma escala no meio de uma chapada na cordilheira, numa aldeia onde havia um pequeno posto policial. Pedi licença ao chefe para usar o banheiro. “À vontade, doutor”, disse ele gentilmente. “O senhor quer urinar ou defecar?”. Respondi que a primeira alternativa. Sua curiosidade era acadêmica, porque o “banheiro” do posto era um cercado exposto à intempérie onde urina e fezes se confundiam em meio a nuvens de moscas e um fedor estonteante.

A lembrança dessa cena me perseguiu sem trégua enquanto, às vezes tapando o nariz, eu folheava as 422 páginas de um relatório, recentemente publicado pelas Nações Unidas, intitulado A água para além da escassez: poder, pobreza e a crise mundial da água. A prudência do título e a frieza e neutralidade de sua redação burocrática não impedem que esse extraordinário estudo, sem dúvida inspirado na sábia concepção de economia e progresso de Amartya Sen – um economista que não acredita que o progresso se resuma a estatísticas -, estremeça o leitor, ao confrontá-lo com rigor cruel à realidade da pobreza e seus horrores no mundo em que vivemos. A pesquisa realizada por Kevin Watkins e sua equipe deveria ser consulta obrigatória para todos os que queiram saber o que significa – na prática – o subdesenvolvimento econômico, a marginalização social e o fosso que separa as sociedades que os padecem daquelas que já atingiram um nível de vida alto ou médio.

A primeira conclusão dessa leitura é que o objeto que representa a civilização e o progresso não é o livro, o telefone, a Internet ou a bomba atômica, e sim a privada. Onde os seres humanos esvaziam a bexiga e os intestinos é determinante para saber se ainda estão mergulhados na barbárie do subdesenvolvimento, ou se já começaram a progredir. As conseqüências desse fato simples e transcendental na vida das pessoas são vertiginosas. No mínimo um terço da população do planeta – uns 2,6 bilhões de pessoas – não sabe o que é um sanitário, uma latrina, uma fossa séptica, e faz suas necessidades como os animais, no mato, à beira de córregos e mananciais, ou em sacolas e latas que são jogados no meio da rua. E mais ou menos 1 bilhão utiliza águas contaminadas por fezes humanas e animais para beber, cozinhar, lavar a roupa e fazer a higiene pessoal. Isso faz com que pelo menos 2 milhões de crianças morram, a cada ano, vítimas de diarréia. E que doenças infecciosas como cólera, tifo e parasitoses, causadas pelo que o relatório chama eufemisticamente de “falta de acesso ao saneamento”, provoquem enormes devastações na África, na Ásia e na América Latina, constituindo a segunda causa de mortalidade infantil no mundo.

Num importante bairro de Nairóbi, no Quênia, chamado Kibera, é generalizado o sistema das chamadas “privadas voadoras”, sacolas de plástico em que as pessoas fazem suas necessidades para em seguida atirá-las na rua (daí o nome). A prática eleva as doenças infecciosas no bairro a níveis altíssimos. E os principais atingidos são as crianças e as mulheres. Por quê? Porque cabe a elas cuidar da limpeza doméstica e do transporte da água, e com isso se expõem mais ao contágio do que os homens.

Em Dharavi, uma zona populosa de Mumbai, na Índia, há um único banheiro para cada 1.440 pessoas, e na estação das chuvas as enxurradas transformam as ruas da cidade em rios de excrementos. A fartura de água é, nesse caso, como no de muitas outras cidades do terceiro mundo, uma tragédia: as condições de existência fazem com que a água, em vez de vida, seja muitas vezes instrumento de doença e morte.

Paradoxalmente, a questão da água, indissociável da do saneamento, é talvez o principal problema que mantém homens e mulheres prisioneiros do subdesenvolvimento. Os dados do relatório são concludentes. Quando os pobres têm acesso à água, trata-se em geral de águas com todo tipo de bactérias, de males que os contaminam e matam. Mas, na maioria dos casos, a pobreza condena as pessoas a uma seca ainda mais catastrófica para a saúde e para as possibilidades de melhorar as condições de vida. Uma das conclusões mais chocantes da pesquisa é de que os pobres pagam muito mais caro pela água do que os ricos, justamente porque os povoados e bairros onde eles vivem carecem de instalações de abastecimento e descarga, o que os obriga a comprá-la de fornecedores comerciais, a preços exorbitantes.

Assim, os habitantes dos bairros pobres de Jacarta (Indonésia), Manila (Filipinas) e Nairóbi (Quênia) “pagam 5 a 10 vezes mais por unidade de água do que as pessoas que vivem nas zonas de elevado rendimento das suas próprias cidades – e mais do que pagam os consumidores em Londres ou Nova York”. Esse preço desigual faz com que os 20% de famílias mais pobres de El Salvador, Jamaica e Nicarágua invistam um quinto de seus rendimentos em água, ao passo que no Reino Unido o gasto médio dos cidadãos com a água representa apenas 3% de sua renda.

Não resisto a citar essa estatística do relatório: “Quando um europeu puxa uma descarga, ou quando um americano toma banho, utiliza mais água do que a disponível para centenas de milhões de indivíduos que vivem em bairros degradados ou zonas áridas do mundo em desenvolvimento”. E também a estimativa de que, com a água poupada caso os “civilizados” fechássemos a torneira enquanto escovamos os dentes, um continente inteiro de “bárbaros” poderia tomar banho.

À primeira vista, não parece haver muita relação entre a falta de água e a educação das meninas. E, no entanto, ela existe e é estreita. O relatório calcula que 443 milhões de dias letivos são perdidos a cada ano por causa de doenças ligadas à água, e que milhões de meninas faltam à escola e recebem uma educação deficiente ou nula, e em todo caso inferior à dos meninos, por terem que buscar água diariamente em açudes, rios e poços que, muitas vezes, ficam a horas de caminhada.

Em “Os miseráveis”, Victor Hugo escreveu que “os esgotos são a consciência da cidade”. Numa dessas digressões do narrador que pontuam o romance, enquanto Jean Valjean chapinhava na merda com o desmaiado Marius às costas, arriscou uma curiosa interpretação da história a partir do excremento humano. O formidável estudo da ONU faz coisa parecida, sem a poesia nem a eloqüência do grande romântico francês, mas com muito mais conhecimento científico. Propondo-se a apenas descrever as circunstâncias e conseqüências de um problema concreto que atinge um terço da humanidade, o relatório radiografa com dramática precisão o extraordinário privilégio de que os outros dois terços desfrutamos toda vez que, quase sem perceber, abrimos uma torneira para lavar as mãos ou o chuveiro para receber esse jato de água fresca que nos limpa e revigora, ou quando, impelidos por uma dor de barriga, sentamos na intimidade do banheiro, aliviamos as entranhas e, distraídos, limpamos com um pedaço de papel higiênico todos os rastros dessa cerimônia, para em seguida puxar a descarga e sentir, no turbilhão do vaso, nossa sujeira recôndita sumir nas entranhas dos esgotos, longe, longe de nossa vida e nosso olfato, para o bem da própria saúde e bom gosto.

Como é infinitamente diversa a experiência desses bilhões de seres humanos que nascem, vivem e morrem literalmente sufocados pela própria imundície, sem conseguir arrancá-la de suas vidas, pois, visível ou invisível, a sujeira fecal que expulsam volta para eles como uma maldição divina, na comida que comem, na água em que se lavam e até no ar que respiram, causando-lhes doenças e mantendo-os no limite da subsistência, sem chance de escapar dessa prisão na qual mal sobrevivem.

Um dos aspectos mais sombrios da questão é que, em grande parte por causa do nojo e da repulsa que os seres humanos sentimos por tudo o que tem a ver com a merda, os governos e organismos internacionais de promoção do desenvolvimento não costumam dar a ela a devida prioridade. Geralmente a subestimam, e dedicam recursos insignificantes a projetos de saneamento. A verdade é que viver em meio à sujeira é nefasto não apenas para o corpo mas também para o espírito, para a mais elementar auto-estima, para o ânimo que permite erguer a cabeça contra o infortúnio e manter viva a esperança, motor de todo progresso. “Nascemos entre fezes e urina”, escreveu Santo Agostinho. Um calafrio deveria subir por nossas costas como uma cobra de gelo ao pensarmos que um terço de nossos contemporâneos nunca acaba de sair da imundície em que veio a este vale de lágrimas.

Fonte: Revista Piauí

Mais de um terço das mulheres é obrigada a manter relações sexuais

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Mais de um terço das mulheres do mundo já foi ou é constantemente surrada, abusada ou forçada a manter relações sexuais por um companheiro ou um membro da família, alertou Zou Xiaoqaio, vice-presidente do Comitê para a Eliminação da Discriminação Contra as Mulheres, órgão da ONU.

Zou Xiaoqaio disse que a violência sexual só aumenta no mundo, apesar das campanhas da ONU e de outras organizações para combatê-la.

“Pelo menos uma em cada três mulheres já foi surrada, coagida a fazer sexo ou abusada de alguma outra maneira, geralmente por um companheiro íntimo ou por um membro da família”, indicou Zou, citando dados de um novo relatório do Fundo das Nações Unidas para a População.

“As mulheres continuam sendo estupradas e vítimas de outras formas de violência sexual com impunidade em todo o mundo”, destacou – afirmando que, em alguns países, as acusações de estupro podem ser invalidadas se o agressor aceitar se casar com a vítima.

“Mulheres e meninas continuam sendo vendidas para o sexo em todo o mundo. Duas milhões de meninas entre cinco e 15 anos entram para o mercado sexual a cada ano”, advertiu.

Ainda de acordo com o relatório, entre os 186 países que assinaram a Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, de 1979, são poucos os exemplos de governos que de fato implementaram medidas para ajudar as mulheres de maneira efetiva.

Estados Unidos, Irã e Sudão são os únicos três países que ainda não assinaram a convenção, lembrou Zou.

Fonte: Jornal do Brasil, 12 out 2010

Paraíba tem 29 pontos de exploração sexual de menores em JP e no interior

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgou, nesta quarta-feira (6), a quarta edição do Mapeamento de Pontos Vulneráveis à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias Federais 2009/2010. No total foram computados 1.820 pontos, sendo 545 deles no Nordeste.

Nas rodovias federais que cortam a Paraíba, foram encontrados 29 pontos de exploração, sendo 11 deles classificados como críticos e seis como alto. No nível médio foram oito e, por último, baixo com três.

No Nordeste, a Bahia aparece em primeiro lugar com 148 pontos de exploração, sendo 117 deles críticos. Em segundo está o Rio Grande do Norte, com 110 pontos, e 47 críticos. A Paraíba aparece em oitavo lugar, com 29, ficando na frente, apenas, do Sergipe, 18 pontos.

Metodologia

Segundo a PRF, foi aplicada uma nova metodologia neste levantamento. Além do mapeamento, foi feita uma classificação de níveis de risco (baixo, médio, alto e crítico).

O inspetor Hélio Derenne, diretor geral do Departamento de Polícia Rodoviária Federal, disse que a classificação deve ser usada na definição das ações.

Indicadores de risco

Entre os indicadores de risco estão a existência de prostituição de adultos; de registros policiais de exploração de menores, de tráfico ou consumo de drogas; presença constante de crianças e adolescentes; passagem de caminhoneiros; iluminação, e venda de bebida alcoólica

De acordo com a pesquisa, a exploração sexual de crianças e adolescentes está quase sempre associada a outros crimes, como furto, prostituição, tráfico de seres humanos e venda de drogas.

A PRF informa ainda que, de 2005 a 2009, encaminhou 2.036 meninos e meninas que se encontravam em situação de risco nas estradas brasileiras a conselhos tutelares. No mesmo período, 951 pessoas foram presas em flagrante por crimes praticados contra menores

O mapeamento foi realizado em parceria com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, a Organização Internacional do Trabalho, a organização Childhood Brasil e empresas do programa Mão Certa.

da Assessoria da PFR, 6 out 2010

Hawking e Deus: relação íntima ~ por Marcelo Gleiser

Fantasy planets

Stephen Hawking, o famoso físico da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, está mais uma vez ocupando manchetes e blogs pelo mundo afora. A razão é a publicação de seu livro “O Grandioso Design” (“The Grand Design”), com Leonard Mlodinow, do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia).

A atenção é consequência da afirmação feita por Hawking de que a física resolveu a questão da origem do Universo e que, portanto, Deus não é necessário. Na verdade, isso não passa de mais uma batalha numa guerra um tanto longa e inútil.

Em seu bestseller “Uma Breve História do Tempo”, publicado em 1988, Hawking escreveu: “Se o Universo é contido em si mesmo, sem borda ou fronteira, não teria começo ou fim: simplesmente seria. Neste caso, qual o lugar de um criador?”

Mais adiante: “Se descobrirmos uma teoria completa, filósofos, cientistas e o público leigo tomariam parte na discussão de por que o Universo e nós existimos. Se encontrarmos a resposta, seria o grande triunfo da razão humana, pois, então, conheceríamos a mente de Deus”.

Hawking afirma que tem novos argumentos que colocam Deus para escanteio de vez. Será?

A ideia dele, que já circula de formas diferentes desde os anos 70, vem do casamento da relatividade e da mecânica quântica para explicar a origem do Universo, isto é, como tudo veio do nada.

Primeiro, usamos as propriedades atrativas da gravidade para mostrar que o cosmo é uma solução com energia zero (o “nada” de onde tudo vem) das equações que descrevem sua evolução.

Segundo, como na mecânica quântica (que descreve elétrons, átomos etc.) tudo flutua, o Universo pode ser resultado de uma flutuação de energia nula a partir de uma entidade que “contêm” todos os Universos possíveis, o multiverso.
Nosso Universo é o que tem as propriedades certas para existir por tempo suficiente -quase 14 bilhões de anos- para formar estrelas, planetas e também vida.

Em meu livro “Criação Imperfeita”, publicado em março, argumento exatamente o oposto. Descrevo como afirmações que defendem a existência de uma “teoria de tudo” são incompatíveis com a física.

As teorias que Hawking e Mlodinow usam para basear seus argumentos -teorias-M, vindas das supercordas- têm tanta evidência empírica quanto Deus.

É lamentável que físicos como Hawking estejam divulgando teorias especulativas como quase concluídas. A euforia na mídia é compreensível: o homem quer ser Deus.

O desafio das teorias a que Hawking se refere é justamente estabelecer qualquer traço de evidência observacional, até agora inexistente. Não sabemos nem mesmo se essas teorias fazem sentido. Certas noções, como a existência de um multiverso, não parecem ser testáveis.

Ademais, a existência de uma teoria final é incompatível com o caráter empírico da física, baseado na coleta gradual de dados. Não vejo como poderemos ter certeza de que uma teoria final é mesmo final.

Como nos mostra a história da ciência, surpresas ocorrem a toda hora. Talvez esteja na hora de Hawking deixar Deus em paz.

Leitores interessados podem ver uma comparação entre meu livro e o de Hawking no blog do jornal “New York Times”:

http://ideas.blogs.nytimes.com/2010/09/07/not-so-grand-design/

Fonte: Folha SP,12 set 2010

O mel, as cabras, a farinha e a avó

Quem vê o senhor sentado na varanda do seu sítio em Gravatá (a duas horas do Recife) a discorrer sobre as pimentas que cultiva e com as quais produz um molho aromático e marcante não imagina o quanto ele contribui para mudar a paisagem do Semiárido pernambucano. A história de vida do educador Abdalaziz de Moura, hoje com 67 anos, é genuína. O semblante de avô dedicado esconde um espírito aguerrido e incansável, cevado nos tempos de seminarista em Olinda e Camaragibe no começo dos anos 60. Da igreja progressista herdou a indignação ante a injustiça social. Em 1989, decidido a intervir na realidade, Moura criou o Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), com o intuito de apoiar a autonomia do homem do campo.

O Serta desenvolveu uma metodologia internacionalmente premiada de ensino, a Proposta Educacional de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável (Peads).- Trata-se de um conjunto de técnicas de educação contextualizada. Ou seja, os professores, com apoio das comunidades, usam a realidade local para ensinar as crianças. “O cara é um sonhador, acredita num mundo melhor e sabe que a utopia se realiza aos poucos, com recursos técnicos e diálogo em todas as instâncias”, afirma o secretário de Comunicação da Prefeitura de Olinda, Inácio França, que conheceu Moura no tempo em que trabalhava no Unicef-Recife.

O Unicef firmou contratos com o Serta para implementar nas cidades do Semiárido políticas que visam à melhora nas condições de vida de crianças e adolescentes. Os municípios que conseguem avançar recebem o selo do organismo. Levantamentos preliminares mostram que as escolas que adotaram a Peads têm obtido desempenhos melhores no Índice de Desenvolvimento de Ensino Básico (Ideb).

O segredo da metodologia é a “ressignificação” da vida no campo a partir de atividades práticas e da valorização de todos os saberes: seja ele o tradicional – a avó perita em ervas medicinais, por exemplo, é levada para a sala de aula –, seja o inédito, como a adoção de técnicas de cultivo menos agressivas ao meio ambiente. A Peads eleva a ciência do aprendizado a um patamar integrador, ao libertar as disciplinas dos compartimentos estanques de sempre. Geografia, história, português e matemática se interpenetram, conversam entre si, reproduzem os hábitos rurais, ganham concretude e razão de ser para o aluno.

Outro ponto essencial é a construção conjunta do conhecimento: professora, alunos, pais, comerciantes, criadores de cabras, verdureiros, apicultores, todos colaboram. Uma aula típica pode começar com uma visita à casa de farinha da cidade para a coleta de dados sobre o processo de produção ou trabalhar cálculos decimais a partir da quantidade de mel contida numa lata ou do lucro obtido com a venda das cabras.

“Quanto mais o exercício estiver inserido no cotidiano do aluno, mais seguro é seu aprendizado”, ensina Moura no livro Peads, lançado pelo Serta em 2003 e no qual a metodologia, até então intuitiva e dispersa em artigos, anotações e registros de discussões em grupo, foi sistematizada. Ao ler o relato percebe-se que a Peads é a síntese de um caldeirão filosófico, com lugar para a pedagogia de Paulo Freire e outros educadores, para os princípios de economistas de cunho socio-ecológico (como o polonês Ignacy Sachs, o Prêmio Nobel Armatya Sem, a americana futurista Hazel Henderson) e para a física quântica de Fritjof Capra, autor do best seller O Ponto de Mutação.

O desenvolvimento sustentável permeia toda a didática. “Na Peads as disciplinas são ambientais, porque a educação tem de levar em conta a pluralidade. Tudo na escola deve estimular a cooperação: os textos, os cálculos, a distribuição de tarefas, os valores transmitidos”, diz o ex-seminarista, graduado em Teologia em Roma, com especialização em Genebra.

Foi no início dos anos 70 e no auge da ditadura que Moura voltou da Europa e passou a atuar ao lado de dom Helder Câmara, arcebispo emérito do Recife e de Olinda, morto em 1999, um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e único brasileiro indicado quatro vezes ao Nobel da Paz. Defensor dos direitos humanos e da máxima- cristã de que fé sem ação é nula, dom Helder fez parte de um numeroso grupo de religiosos e leigos progressistas precursor da Teologia da Libertação, favorável a uma prática religiosa mais simples, humilde, não violenta, voltada para os pobres e movida pela ação social.

Ao semear informações e cidadania no campo, o grupo de Moura teve de enfrentar a ira de coronéis e políticos, além do descrédito dos próprios trabalhadores, muitas vezes contaminados por boa-tos de que os técnicos eram terroristas, delinquentes ou, no mínimo, espertalhões dispostos a enganá-los. “Conheci Moura nessa época, como participante do movimento Encontro de Irmãos, em que pessoas pobres, de periferia, se reuniam à luz do Evangelho”, recorda a pedagoga Maria Conceição da Silva, 55 anos, casada com o ex-seminarista e mãe de três dos quatro filhos dele.

Ceiça, como é conhecida, recorda que, até meados dos anos 80, a Igreja era um grande guarda-chuva sob o qual se abrigavam movimentos de mulheres, de operários, de negros. “Foi-se o tempo em que a Igreja era progressista e suas ações pautavam o movimento sindical rural e parte dos movimentos sociais”, reflete Moura, que hoje não assiste nem à missa. Na opinião dele, atualmente, a educação rural, da qual o Serta virou expoente na América Latina, é que pauta e agenda parte desses movimentos. “Está claro que o conhecimento é, hoje, instrumento privilegiado de
intervenção e que é agregado a valores, à ética.”

Referência especialmente na formação de jovens, o Serta oferece há dez anos o curso de Agente de Desenvolvimento Local, superdisputado por egressos do ensino fundamental. A formação sacode as convicções da maioria dos jovens, como conta o jornalista Everaldo Costa, pais agricultores e, antes do Serta, convicto, assim como os 16 irmãos, de que a única saída para uma vida melhor era a estrada para São Paulo. “No Serta, ao contrário da escola formal, trabalhávamos com os conhecimentos que a gente já tinha e construíamos projetos de intervenção em nossa comunidade. Fazíamos pesquisas, seminários e festivais que valorizavam nosso povo, e passamos a gostar do lugar onde vivemos”, diz ele, que faz mestrado em Comunicação e continua a morar em Glória do Goitá.

Fonte: Denise Ribeiro, Carta Capital, 9 set 2010

La religiosidad puede anular la predisposición al alcoholismo en adolescentes

La religiosidad puede hacer que adolescentes genéticamente predispuestos al alcoholismo no adquieran malos hábitos con la bebida. Sin embargo, este mismo efecto beneficioso no se mantiene en el caso de los jóvenes adultos. Esto es lo que señalan los resultados de un estudio reciente realizado por investigadores de la Universidad de Colorado en Boulder, con más de 1.400 parejas de gemelos y mellizos. Según los investigadores, la religiosidad supondría un factor social clave para la expresión de fenotipos vinculados al alcoholismo, al igual que lo son otros factores sociales, como el matrimonio. Por Yaiza Martínez.

El fenotipo es considerado, en biología y ciencias de la salud, la expresión del genotipo o contenido del genoma específico de un individuo. Esta expresión puede ser observada y analizada a través de las conductas o características de cada sujeto.

Uno de los fenotipos hereditarios es el relacionado con el consumo excesivo de alcohol. Estudios realizados en el pasado, han demostrado que la expresión de este fenotipo en concreto depende no sólo de la genética, sino también de ciertas condiciones del entorno social, como el matrimonio, el urbanismo, o la religiosidad.

Ahora, una nueva investigación, realizada por científicos de la Universidad de Colorado en Boulder (Estados Unidos) ha constatado que la religiosidad, en concreto, puede moderar los efectos de la herencia genética relacionada con el consumo excesivo de alcohol en el caso de los adolescentes de ambos sexos, pero no en el caso de los jóvenes adultos.

Influencia del entorno social

Tal y como explica una de las autores del estudio, la estudiante de post doctorado Tanya M.M. Button, en la revista Eurekalert , ya se sabía que “los fenotipos relacionados con el consumo de alcohol, tales como la frecuencia de consumo y la intoxicación, pueden depender del trasfondo social”.

Así, por ejemplo, se había demostrado anteriormente que las personas que viven en un entorno religioso son menos propicias a expresar fenotipos relacionados con el consumo de alcohol que los individuos que viven en entornos no religiosos.

Además, la influencia de los genes en estos fenotipos también varía en función de otros factores sociales. Un importante papel en su expresión lo jugarían los entornos urbanos; en el caso de las mujeres, la soltería, y en todos los casos la ausencia de religiosidad.

Se sabe, asimismo, que los fenotipos vinculados con el consumo excesivo del alcohol se ven condicionados negativamente por los entornos rurales, el matrimonio en el caso de las mujeres y el hecho de haber recibido una educación religiosa.

Análisis de jóvenes y adolescentes

Para comprobar cómo se desarrollaban estos fenotipos en el caso de los adolescentes y de los jóvenes adultos, Button y sus colaboradores examinaron a un total de 1.432 parejas de gemelos, que fueron clasificados en dos grupos: idénticos o monocigóticos (desarrollados partir de un único óvulo y un único espermatozoide); y gemelos dicigóticos o mellizos (procedentes de una única gestación, pero de dos óvulos y dos espermatozoides distintos).

El estudio incluyó, en total, a 312 parejas de gemelos varones idénticos, a 379 parejas de gemelas idénticas, a 231 parejas de mellizos varones, a 235 parejas de mellizas, y a 275 parejas de mellizos de ambos sexos.

Los niveles de religiosidad de todos estos individuos fueron medidos siguiendo una escala de valores religiosos, la llamada “Value on Religion Scale”..

Por otra parte, los problemas con el consumo de alcohol de los participantes se analizaron con una herramienta de uso común en Estados Unidos, el “Composite International Diagnostic Interview-Substance Abuse Module”, que contiene diversas secciones sobre características sociodemográficas, cantidad y frecuencia del consumo, problemas físicos, psicológicos y sociales; y síntomas de dependencia al alcohol, entre otras.

Anular la predisposición genética

Los resultados obtenidos demostraron que los factores genéticos podían influir más en el consumo problemático del alcohol en adolescentes no religiosos que en aquéllos con una visión religiosa mayor.

Según Button, “esta atenuación (del abuso del alcohol) en el caso de los participantes religiosos indicaría que la religiosidad ejerce una influencia lo suficientemente fuerte sobre el comportamiento de los individuos religiosos como para anular cualquier predisposición genética de éstos”.

Sin embargo, esta influencia no existe entre los jóvenes adultos religiosos, para los que la influencia genética fue un condicionante igualmente fuerte en todos los niveles de religiosidad presentados por los participantes en el estudio.

Los investigadores explican en un artículo publicado en la revista especializada Alcoholism: Clinical & Experimental Research, que esta diferencia podría tener su origen en que, en la adolescencia, se ejerce un control social mayor sobre los jóvenes que en la edad adulta. Todos los efectos constatados fueron similares para ambos sexos, afirman los científicos.

Otras sustancias adictivas

En 2003, un estudio realizado por investigadores del Albert Einstein College de la Universidad de Yeshiva, en Nueva York, arrojó resultados parecidos.

En esta investigación, fueron analizados un total de 1.182 individuos de entre 12 y 15 años aproximadamente. Su religiosidad fue medida, en este caso, siguiendo la llamada Jessor’s Value on Religion Scale.

Los resultados de los análisis demostraron una relación inversa entre la religiosidad de los jóvenes y el consumo de alcohol, pero también de otras sustancias adictivas, como el tabaco o la marihuana.

Fuente: www.tendencias21.net

1 sep 2010

American women are happier going to church than shopping on Sundays — Ben-Gurion U. Study

A new study conducted by a Ben-Gurion University of the Negev (BGU) researcher, together with a researcher from De-Paul University, reveals that women in the United States generally derive more happiness from religious participation than from shopping on Sundays. Additionally, the repeal of “blue laws,” which allow stores to open on Sundays, has a negative effect on the level of religious participation of white women and therefore has a negative impact on their happiness. Interestingly, the authors did not observe any significant decline in reported happiness of other groups whose religious participation was not significantly affected by repeal.

The research also reveals that when Sunday blue laws are repealed, women who choose secular activities, such as shopping, are not happier. The repeal of blue laws decreases the relative probability of being at least “pretty happy” relative to “not happy” by about 17 percent.

According to Dr. Danny Cohen-Zada of BGU’s Department of Economics, “We found that there is direct evidence that religious participation has a positive causal effect on a person’s happiness. Furthermore, an important part of the decline in women’s happiness during the last three decades can be explained by decline in religious participation.”

The authors speculate that respondents did not return to attending church as much even after they noticed that they were happier before the repeal because of a problem of self-control or the need for immediate satisfaction.

“People choose shopping, like watching TV, because it provides immediate satisfaction,” Dr. Cohen-Zada explains. “That satisfaction lasts for the moment it’s being consumed and not much longer than that. Religious participation, on the other hand, is not immediate. Instead, it requires persistence over a period of time.”

The researchers analyzed data from the General Social Survey (GSS). They selected respondents who either live in states where there was a distinct, clear and significant change (repeal) in the prohibition of retail activity on Sundays (10 states) or where there was no change at all (six states).

Within the states, they used data for Catholics and Protestants because they were the most likely to attend church on Sundays. Non-Christian religions and respondents with no religion were excluded.

The measure of religious participation is based upon a question in the GSS on church attendance. Respondents were given nine possible responses to a question on their frequency of attending religious services, ranging from never to several times a week.

Source: American Associates, Ben-Gurion University of the Negev

www.esciencenews.com

aug 31, 2010

La Generación X es más leal a la religión, señala un estudio

La diversidad de opciones reduce el número de personas sin afiliación religiosa alguna

Los miembros de la Generación X – nacidos en la década de los 70- son menos propicios a dejar de tener una afiliación religiosa que sus padres y antecesores. Esto es lo que afirma un estudio realizado por un sociólogo norteamericano en el que fueron analizadas las respuestas de unos 37.000 encuestados. El origen de esta tendencia podría estar en la diversidad religiosa de la sociedad actual, que permitiría a la gente optar por una u otra fe en lugar de abandonar por completo la religión, explican los expertos. Por Yaiza Martínez.

El término “Generación X” suele utilizarse para “clasificar” a aquellas personas nacidas en la década de los años 70 y que vivieron su adolescencia durante los años 80 y principios de los 90.

Algunos rasgos que se dice caracterizan a esta generación son una suerte de rebeldía conformista y el rechazo a las tradiciones o a los patriotismos. Se suele afirmar, además, que los individuos que pertenecen a la “Generación X”, término popularizado en 1991 por el escritor canadiense Douglas Coupland en su novela “Generación X”, no creen en Dios y rechazan la religión.

Sin embargo, en lo que a este último rasgo generacional se refiere, un estudio reciente realizado por un sociólogo de la Universidad de Nebraska-Lincoln (UNL), en Estados Unidos, ha revelado algo muy distinto: los miembros de la Generación X serían sorprendentemente leales a la religión.

Según publica la citada universidad en un comunicado difundido por Eurekalert, la Generación X sería, concretamente, entre un 40% y un 50% más fiel a la religión que los miembros de la generación precedente: la del Baby Boom (compuesta por los individuos nacidos entre 1946 y 1964).

A medida que los miembros de la Generación X maduran, esta lealtad religiosa se está traduciendo en una estabilidad social religiosa en Estados Unidos, afirma el autor de la investigación, el sociólogo de la UNL, Philip Schwadel.

Para su investigación, Schwadel analizó las respuestas de más de 37.000 americanos recogidas entre 1973 y 2006 en la llamada “General Social Survey”, que es una encuesta sociológica que se realiza en Estados Unidos para recopilar datos sobre las características demográficas y las actitudes de los habitantes del país.

Dicho análisis se centró en dos aspectos del comportamiento religioso de los encuestados: la no afiliación (el porcentaje total de americanos no afiliados a ninguna religión particular) y la desafiliación (con la que se mide el número de individuos que, mantuvieron alguna afiliación religiosa durante la adolescencia, para abandonarla posteriormente, en la edad adulta).

Afiliaciones duraderas

De esta forma, se constató en primer lugar que la proporción de americanos sin afiliación religiosa se dobló en los años 90 y ha continuado aumentando en el siglo XXI.

Por otro lado, el análisis demostró también que se ha producido un declive de la desafiliación religiosa entre los individuos de la generación posterior a la del Baby Boom o de la Generación X. Este declive, según Schwadel, podría hacer que el porcentaje de americanos sin afiliación religiosa alguna deje de crecer pronto.

Otro dato arrojado por la revisión de los datos de la General Social Survey es que, a pesar de que las afiliaciones religiosas de los miembros de la Generación X son relativamente duraderas, esta generación parece más propicia que las anteriores a no tener preferencias religiosas.

Schwadel atribuye este último rasgo al llamado “efecto de 1960”: los americanos que eran niños y jóvenes adultos en la década de los 60 tendieron de manera desproporcionada a abandonar la religión, en comparación con generaciones anteriores.

En consecuencia, muchos de estos baby boomers (hijos de la generación del Baby Boom) criaron a sus hijos – de la Generación X- en un entorno no religioso.

De cualquier forma, los miembros de la Generación X que sí crecieron en entornos religiosos son considerablemente menos propicios a abandonar su afiliación religiosa que sus propios padres, afirma Schwadel.

Mayor libertad de elección

¿Por qué los miembros de la Generación X tienden menos a desafiliarse de su fe que sus antecesores?, cabe preguntarse.

Según el sociólogo de la UNL, por un lado la escena religiosa americana es actualmente más dinámica y variada que en los años 60 y 70, por lo que ofrece más opciones a las generaciones jóvenes: si cualquier individuo no se siente a gusto con una religión particular, puede encontrar fácilmente una fe o religión de sustitución, en lugar de abandonar la religión completamente.

Schwadel declara: “Los sociólogos han señalado que lo que se denomina el “mercado religioso” se ha expandido enormemente en las últimas décadas. Históricamente, se ha creído que este pluralismo religioso iría en detrimento de la vitalidad de la religiosidad americana. Mientras que algunos especialistas aún mantienen esta idea, otros sugieren que un aumento de las opciones en realidad está propiciando una afiliación y compromisos religiosos mayores”.

Los resultados de la presente investigación han aparecido publicados en The Journal for the Scientific Study of Religion.

Expresión pop

El fenómeno de la religiosidad en la Generación X fue analizado anteriormente, en 1998, por Thomas Beaudoin, del Departamento de Estudios Religiosos de la Universidad de Santa Clara, en Estados Unidos, en un libro titulado Virtual Faith: The Irreverent Spiritual Quest of Generation X (“La Irreverente Búsqueda Espiritual de la Generación X”).

En este libro, Beaudoin trató de encontrar elementos de expresión religiosa o espiritual en las distintas manifestaciones de la cultura pop en que se movió dicha Generación: en la moda, los videos musicales o el ciberespacio. Para este autor, la Generación X llegó a tratar la teología de una forma radicalmente diferente, pero no menos potente y válida que sus antecesores.

Fuente: tendencias21.net – 1 sep 2010

Vodou Haitiano: O poder do que se vê e do que não se vê

“Eu sou haitiano. Eu saí do ventre da África Guiné. Eu fui transportado para o Haiti. Eu misturei meu sangue com o sangue dos índios, que foram os primeiros donos desta terra. Eu misturei meu sangue com o sangue dos brancos, que me escravizaram. Eu sou haitiano. Ser que é feito de corpo, ser que é feito de alma. O poder de Olowoun me deu a responsabilidade de conduzir, respeitar e aproveitar tudo aquilo que eu posso ver e tudo aquilo que eu não posso ver sobre esta terra.”

Assim começa a oração entoada por centenas de camponeses e camponesas que participaram nos dias 11 a 14 de agosto, nas montanhas de Mawotyè no Noroeste do Haiti, do Encontro de Vodouizantes, em homenagem aos 219 anos da celebração vodou mais famosa da história: a Cerimônia de Bwa Kayiman.

Na noite de 14 de Agosto de 1791, cerca de duzentos escravos e escravas se reuniram nas matas de Bwa Kayiman, extremo norte do país. Cada uma dessas pessoas havia sido convocada pessoalmente em diferentes rincões da ilha. O homem que deu origem a essa convocatória se chama Boukmann. Ele é um Hougan, sacerdote principal do Vodou. Dentre os presentes estão todos os futuros comandantes da Revolução Haitiana, como Jean Jacques Dessalines, Toussaint Louverture e Capois La Mort. Boukmann explica que foram os Lwas, espíritos do vodou, que decidiram reunir todos eles. Não para pedir-lhes algo, mas sim para comunicar-lhes da decisão dos Lwas: iniciar a batalha pela libertação do Haiti.

Com o sangue proveniente do sacrifício de um porco, um pacto secreto e sagrado é selado entre os presentes na cerimônia. Uma pacto que transcende a vida e a morte, entre eles e os espíritos, que garantiria o triunfo sobre o inimigo europeu. 13 anos depois da Cerimônia de Bwa Kayiman, derrotando os três maiores exércitos europeus da época – Espanha, Inglaterra e França -, os negros e negras haitianos levam a cabo em 1804 a primeira revolução de escravos vitoriosa da história e declaram o Haiti território livre e independente.

“Passados 219 anos desde que nossos ancestrais decidiram se levantar contra o mal que assolava nossa nação, nós vivemos hoje em dia sob o jugo da mesma exploração, da mesma miséria da época colonial”, afirma o hougan Monmus Ervilus Tibos aos participantes do Encontro Vodouizante em Mawotyè. “Nós precisamos construir um novo Bwa Kayiman. Nós precisamos de um novo Boukmann, de um novo Dessalines entre nós”, conclama Tibos, entre palmas e gritos de Ayibobo! (aleluia) dos camponeses e camponesas presentes.

Mas, afinal, que religião é essa na qual os vivos e os espíritos caminham juntos em busca da liberdade de seu povo?

Lwas libertadores

Com sua origem entre os escravos do antigo Egito, cultivada por distintas etnias africanas, o vodou, nas palavras da pesquisadora venezuelana Jenny Gonzalez Muñoz, “é um viajante que acompanhou os escravos africanos na longa travessia a bordo dos navios negreiros”. Muñoz acrescenta que “ao chegar às terras que constituem atualmente o Haiti, esta crença ou prática religiosa se enriquece com os aportes nativos e europeus. Seu culto se focaliza em gênios e deuses como uma homenagem aos Lwas, que transcendem a forma material humana ou animal, em um ato de fé onde os Hougan e os Bòkò, quer dizer, os sacerdotes e os médiuns, se convertem em verdadeiros canais de comunicação entre os seres transcendentais e os terrenos”.

Ao trazer o sobrenatural para a realidade cotidiana, colocando os espíritos dos ancestrais lado a lado com os viventes, o vodou se configura numa ferramenta de união e identidade entre os escravos haitianos, criando assim uma solidariedade possível somente quando se compartilha algo que os une desde o além. É por essa razão que o vodou ganha força crescente na ilha como uma forma de organização que aglutina as tendências emancipatórias e revolucionárias. Esclarece González Muñoz, em seu artigo Vaudou: herencia africana en la sangre americana, que “sob a figura do vodou e do kreyòl, o primeiro como fé que tem como denominador comum a procedência e as condições de seus fiéis, e o segundo como idioma único não compreensível para os europeus, se cria uma espécie de cumplicidade entre os escravos”. Essa cumplicidade incompreensível se converterá num poder que se lançará contra o inimigo para imprimir-lhe o temor e a derrota.

Não seria errado afirmar, dessa forma, que as palavras e sons sagrados do vodou foram o ponto crucial da libertação do povo haitiano.

Represália ocidental

Tamanha ousadia não sairia impune, pelo menos aos olhos dos brancos. Não tardou muito para que as elites ocidentais lançassem sua represália contra o vodou e seu rebento, a revolução haitiana.

Se o Haiti sofreu com embargos econômicos, pagamento compulsório da dívida da independência, sucessivas ocupações militares estrangeiras e a ingerência constante das potências norteamericanos e européias -que o transformaram da colônia mais próspera do século XVIII à nação mais pobre do continente americano no século XXI-, o vodou foi rapidamente identificado pela civilização branca ocidental como uma crença selvagem e primitiva, que cultuava forças satânicas e praticava a magia negra.

Essa tentativa de deslegitimação do vodou foi reforçada pelas autoridades católicas e protestantes, em aliança com as elites locais. Não custa lembrar que a entrada das igrejas protestantes no Haiti ocorreu justamente no período da primeira ocupação militar estadunidense, entre 1915 e 1934. E que são as organizações católicas e protestantes que dominam o ensino no país. Atualmente, 60% das instituições de ensino haitianas estão nas mãos de entidades cristãs.

O resultado dessa empreitada foi o fortalecimento do preconceito e perseguição contra o vodou e seus praticantes. Dezenas de hougan foram presos e assassinados e as celebrações vodou se tornaram cada vez mais clandestinas. Foi somente em 1987 que essa perseguição começou a perder parte de seu ímpeto, quando a atual Constituição Haitiana foi promulgada, dando plenos direitos de culto aos vodouizantes.

As estatíticas oficiais indicam que 80% dos haitianos se declaram católicos, 16% protestantes e apenas 3% vodouizantes. Esses dados, entretanto, não indicam a verdadeira força do vodou entre o povo haitiano. Lidando com o forte preconceito que ainda persiste contra os vodouizantes declarados, não é raro encontrar um haitiano ou haitiana que se proclama cristão, frequenta missas e cultos pela manhã, e no calar da noite busca os tambores vodou no meio das matas para dançar e cultuar os Lwas.

Mais do que uma religião

Mas não é só por essa razão que se pode medir a força do vodou. Presente principalmente no meio camponês, que representa 66% da população haitiana, o vodou se expressa por outras formas além do culto aos Lwas. Uma dessas expressões é o Rara, que engloba danças, ritmos e instrumentos musicais nascidos da junção entre as celebrações vodouizantes e os mutirões de trabalho nas roças camponesas. Com presença garantida em todas as festividades no meio rural, o Rara tem no mês de abril o seu momento de ápice, quando concursos e festas de rua se espalham por todo o campo haitiano, com bandas e grupos Raras que arrastam milhares de seguidores, naquele que é conhecido como o carnaval camponês do Haiti.

Outra função importante desempenhada pelo vodou é na área da saúde. Num país que possui apenas um hospital para cada 200.000 habitantes, os Hougan e Mambò – sacerdotes e sacerdotisas – jogam um papel fundamental no tratamento das famílias camponesas. Detentores do ‘segredo das folhas’, com seu conhecimento ancestral em medicina natural e alternativa, são eles que costumam curar boa parte das enfermidades que assolam os camponeses e camponesas haitianos.

De fato, sendo o Estado no Haiti praticamente inexistente e incapaz de estender seus serviços básicos à grande maioria do campo haitiano, o vodou se configura como uma poderosa organização social capaz de articular dentro de si atividades religiosas, culturais, sociais e políticas.

O vodou e a reconstrução

Entretanto, apesar de toda essa representatividade e experiência, que poderiam ajudar o país a superar o atual momento de ocupação militar das tropas da MINUSTAH e de refundação da nação após o terremoto de 12 de Janeiro de 2010, o vodou e seus representantes não estão inseridos nos debates e espaços públicos de reconstrução do Haiti.

Um exemplo dessa segregação é o CIRH -Comitê Provisório para a Reconstrução do Haiti-, criado em março deste ano com a responsabilidade de definir e gerir os recursos e projetos para a reconstrução pós-terremoto. Com a participação de diversos estrangeiros e presidida pelo estadunidense Bill Clinton, o CIRH não conta com a presença de nenhum hougan ou representante vodouizante.

“Por que os vodouizantes não estão participando do processo de reconstrução do país?” indaga Dyo Fenne Lendi, hougan porta-voz da Zantray (Zanfan Tradiksyon Ayisyen), organização nacional que congrega hougans e vodouizantes de todo o país e que convocou o Encontro de Mawotyè. “Boukman não construiu o Bwa Kayiman para nós servimos ao estrangeiro. Não podemos nos tornar uma mercadoria nas mãos dos políticos e poderosos. Foi através do vodou que nossos ancestrais derrotaram a exploração escravista e será a partir dele que nós vamos tirar nossa nação da situação em que ela se encontra”, assegura Dyo Fenne.

É neste sentido que a Zantray está construindo, junto com outros 600 centros Vodou, a Confederação Nacional dos Vodouizantes Haitianos (KNVA). Mais do que reivindicar sua inclusão na atual sociedade haitiana, os vodouizantes da Zantray buscam a construção de uma novo Haiti, que resgate os principios de solidariedade e soberania de Boukman, Dessalines, Toussaint e Capois La Mort.

Ópio do povo?

Quando afirmou que a religião era o ópio do povo, Karl Marx provavelmente não conhecia o Vodou haitiano. Tivesse entrado em contato com a religião construída pelos escravos e escravas desta ilha, o autor de O Capital talvez mudasse sua afirmação. Sem esconder certa malícia dialética, diria que, neste caso, o Vodou é e não é o ópio do povo.

Ao conjugar o transcendental e o terreno, a fé e a prática, a mística e a política, o Vodou vai mais além de uma simples religião e se transforma num instrumento original de união e poder do povo haitiano na sua luta por libertação.

Thalles Gomes é cineasta, jornalista e membro da Brigada da Vía Campesina Brasileira, no Haiti
Fonte: Adital, 27 ago 2010

Sonho de sociedade sem Estado e a Teologia ~ Jung Mo Sung

No artigo anterior, “Fé e política: de novo?”, eu disse que por diversos motivos a teologia da libertação latinoamericana não elaborou uma teologia política, uma teologia do Estado. A grande maioria dos livros e textos menores sobre a fé e política ou de teologia política tratou da inserção dos cristãos nas lutas sociais ou de como a fé cristã nos impulsiona à luta contra o sistema capitalista. Muito pouco sobre a criação de um novo tipo de Estado, do papel do Estado ou da democracia na “nova sociedade”.

É claro que nas lutas sociais estava também incluída a inserção nos partidos de esquerda e nas eleições. Porém, não havia muita clareza das diferenças dos funcionamentos e das lógicas entre o campo das comunidades eclesiais, das lutas dos movimentos sociais e da política. Isso já aparecia desde o início da década de 1980, na dificuldade de diálogo e de relacionamento entre os cristãos engajados na militância política e as suas comunidades eclesiais de origem. E muitas vezes os próprios militantes acabavam deixando a política (no sentido estrito) porque se desiludiam com as lutas internas no partido e com a própria dinâmica do mundo político. No fundo esperavam encontrar na política um espaço de construção do “bem comum”, mas só viam “a luta pelo poder”. Essa é uma das razões que levam os cristãos comprometidos com o Reino de Deus e lutam por uma sociedade mais humana e justa a se encaminharem mais para as lutas sociais e se afastarem da política.

O problema é que sem a ação do Estado (seja pela criação de novas leis ou de políticas econômicas e sociais) as reivindicações dos movimentos sociais não se tornam direitos garantidos para toda a sociedade, até mesmo para setores que, de tão fracos, não conseguem se articular em movimentos e nem se vêem como sujeitos portadores de direitos. Além disso, a luta contra o capitalismo neoliberal globalizado pressupõe ações do Estado para limitar e regular o mercado.Não podemos nos esquecer que a grande consigna do neoliberalismo é a redução do Estado ao mínimo, sem não falar nos radicais que exigem o fim do Estado, para que o mercado e a sociedade funcionem “livremente”. E para que o mercado funcionasse “livremente”, caberia ao Estado somente a função de garantir os contratos e a segurança, isto é, somente a função de gerenciamento; deixando para trás todas as discussões sobre a democracia e as formas institucionais de “negociação” dos interesses conflitantes no interior da sociedade.

A política como a construção do bem comum é uma visão boa e ampla da política, mas esta não é suficiente para criticar radicalmente, pela raiz, a proposta neoliberal. Pois também concebe o Estado como um simples gerenciador da economia e da sociedade. Ele não teria funções e lógicas específicas que mereceriam reflexões e ações específicas. Essa é, na minha opinião, uma das razões pela qual a teologia latinoamericana não produziu uma teologia do Estado. Nós temos muita teologia sobre a Igreja, mas quase nada sobre o Estado. Parece que depois da “derrubada” do capitalismo não haveria necessidade de se criar um novo tipo de Estado e um novo tipo de democracia, ou mesmo que no processo da luta não haveria necessidade de ir transformando o Estado. Bastaria um líder justo e honesto para administrar a nova sociedade. No fundo é a reprodução do mito do “rei justo”, “rei messias”, para os dias de hoje e da ilusão de que a utopia de uma nova sociedade sem conflitos entre interesses, porque uma sociedade sem nenhum tipo de escassez e sem pessoas com visões diferentes e conflitantes sobre o que é o melhor para a sociedade, sem pessoas que desejam o que é do próximo, (ver o décimo mandamento de Deus), é empiricamente possível.

É interessante notar que encontramos também no marxismo essa visão negativa do Estado. Nos países socialistas, a política também foi reduzida a mera administração enquanto se destruiria o próprio Estado no caminharia para uma sociedade sem Estado. Por isso, neles não havia ou não há democracia de pluripartidarismo. Pois quando se pensa que não há conflito de visões e de interesses, basta um só partido para administrar o país.

Parece que muitos dos neoliberais, marxistas e cristãos da linha da libertação coincidem na sua visão negativa do Estado. Precisamos colocar urgentemente na pauta da discussão teológica e dos debates pastorais a questão da democracia (muito além da democracia burguesa) e do Estado, isto é, uma Teologia Política na perspectiva da libertação.

Jung Mo Sung é Coord. Pós-Graduação em Ciências da Religião, Universidade Metodista de São Paulo. Autor, com Hugo Assmann, de “Deus em nós: o reinado que acontece no amor solidário aos pobres”, Paulus.
Fonte: Adital