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Um quarto dos alemães aceita implantar chip no corpo

Pesquisa feita pela Associação Alemã das Empresas de Informação, Telecomunicação e Novas Mídias (Bitkom) revela que 23% dos moradores do país topam ter um microchip inserido no próprio corpo, contanto que isso traga benefícios concretos a eles.

O levantamento, realizado com cerca de mil pessoas de várias cidades, foi divulgado na feira de tecnologia Cebit, que vai até o próximo sábado (7), em Hannover.

A pesquisa tem como objetivo mostrar que a divisão entre vida real e vida digital é cada vez mais estreita. O tema da Cebit neste ano é “Connected Worlds” (mundos conectados).

“Esse é um grande exemplo de quão longe as pessoas querem que as redes cheguem”, disse o presidente da Bitkom, August-Wilhelm Scheer.

Pesquisa semelhante feita no final de 2006, na Inglaterra, mostrava que um em cada vinte adultos se dizia disposto a usar um microchip no corpo para evitar o uso de cartões de crédito ou dinheiro vivo nas compras.

O estudo, promovido pelo Instituto Britânico para o Estudo do Setor da Alimentação (IGD), mostrava ainda que a proporção aumentava para um em dez quando o público entrevistado era composto por adolescentes.

Fonte: Diógenes Muniz, Folha SP, 3 mar 2010

Universidade americana lança campanha para conter onda de suicídios

A Universidade de Cornell, no estado americano de Nova York, lançou nesta semana uma campanha de prevenção ao suicídio, depois que dois de seus estudantes se mataram na semana passada, além de um terceiro em fevereiro.

Desde o início do ano acadêmico, em setembro do ano passado, a instituição já contabilizou seis possíveis suicídios de alunos.

Os casos mais recentes apresentaram semelhanças: os três corpos foram encontrados sob uma das diversas pontes de até 30 metros de altura espalhadas pelo campus da Cornell.

“Apesar de sabermos que nossos desfiladeiros são belas marcas de nosso campus, eles podem ser lugares assustadores em tempos como esses”, disse Susan Murphy, vice-presidente da universidade, em um vídeo no site da instituição.

Murphy classificou a semana passada como “especialmente dolorosa” e admitiu saber que a Cornell precisa “fazer ainda mais do que vem fazendo” para impedir essas mortes.

Para tentar prevenir novos suicídios, a Cornell vai posicionar seguranças nas pontes. Além disso, conselheiros acadêmicos e psicológicos começaram a bater nas portas dos dormitórios dos alunos para saber se está tudo bem e professores passaram a interromper suas aulas para dizer aos alunos que a universidade se importa com eles, não apenas academicamente, mas também pessoalmente.

cornell bridgeDois alunos pularam desta ponte no campus da Cornell

“É preciso colocar o sucesso acadêmico em perspectiva. Nada é mais importante do que a vida”, enfatizou Murphy.

Adesivos com o número de telefone do serviço de prevenção ao suicídio da faculdade também foram espalhados pelo campus. Vídeos no site da faculdade estimulam os alunos a procurar ajuda e a cuidarem uns dos outros.

Fama negativa

Cornell já carrega há muito tempo a fama negativa de ser uma escola marcada por suicídios. Entre 2000 e 2005, houve 10 casos de suicídio confirmados na universidade.

A pressão exercida sobre os alunos, que precisam vencer um rigoroso sistema de avaliação, é vista por muitos como uma das causas dos suicídios. Mas o estresse não é exclusividade de Cornell, pois o rigor acadêmico faz parte da maioria das universidades americanas. Sua exclusividade seriam as pontes.

“Quando alguém morre por suicídio em um penhasco, é um ato muito visível”, disse Timothy Marchell, psicólgo da universidade, ao diário americano New York Times, para justificar a fama da Cornell.

Marchell enfatiza que é difícil apontar uma causa que ligue todas as mortes, porque “a psicologia do suicídio pode ser muito individual”, disse ele.

Porém, ele admite que o fato de outros seis alunos já terem se matado pode derrubar uma barreira na mente de outros alunos que enfrentam uma fase estressante.

“Nós temos de pensar sobre a influência potencial (dessas mortes) na psicologia coletiva”, explicou.

Fonte: BBC Brasil, 18 mar 2010

Exclusão digital pode prejudicar economia brasileira, dizem especialistas

Miscellaneous electrical wires on a house in F...

Com apenas um terço de sua população com acesso à internet e um índice de penetração de banda larga menor que o de países como Argentina, Chile e México, o Brasil corre o risco de ver seu crescimento econômico comprometido devido a este atraso, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil.

De acordo com dados do IBGE, mais de 65% dos brasileiros com mais de dez anos de idade não acessam a rede mundial, sendo que a grande maioria destes (60%) não o faz por não saber como ou por não ter acesso a computadores.

O número de desconectados no Brasil é muito maior, por exemplo, que o da Coreia do Sul – onde quase 78% da população tem acesso à rede -, que de grande parte dos países da Europa Ocidental e até mesmo que o do Uruguai, onde cerca de 40% das pessoas acessa a internet.

A situação do acesso a conexões de banda larga, fundamentais para que se possa aproveitar todas as possibilidades multimídia da internet, ainda é mais grave.

A União Internacional de Telecomunicações, agência da ONU para questões de comunicação e tecnologia, estima que apenas 5,26% dos brasileiros tenham acesso a conexões rápidas.

O número é bem inferior à penetração da banda larga na Argentina, que é de 7,99%, Chile, onde a penetração é de 8,49%, e México, onde este índice é de 7%.

Com o objetivo de corrigir este déficit, o governo chegou a anunciar um Plano Nacional de Banda Larga, que pretende elevar a penetração das conexões rápidas no país para 45% até 2014. A implementação do programa, no entanto, deve ficar para o próximo governo.

Desenvolvimento e preço

PENETRAÇÃO DE BANDA LARGA

Suécia – 37,3%*

Dinamarca – 36,8%*

Chile – 8,49%

Argentina – 7,99%

Uruguai – 7,3%

México – 7 %

Brasil – 5,26%

*Países com maior penetração de banda larga (Fonte: UIT)

Mas não é só no ranking de penetração de banda larga que o Brasil está atrás de países com estrutura e economia similares.

Um estudo divulgado pela União Internacional de Telecomunicações no final de fevereiro coloca o Brasil atrás de Argentina, Uruguai, Chile e até Trinidad e Tobago em um ranking de desenvolvimento de Tecnologias de Informação e Comunicação, área conhecida pela sigla TIC.

Entre os motivos que levam o Brasil a registrar tal atraso estão problemas institucionais, de infraestrutura e as dimensões territoriais do país, que dificultam a instalação de uma grande rede de banda larga, por exemplo.

Especialistas ouvidos pela BBC Brasil, no entanto, apontam os altos custos de conexão como um dos principais entraves para que a maioria dos brasileiros tenha acesso à internet.

“O Brasil tem os custos de conexão mais caros do planeta. Hoje, nosso maior problema de infraestrutura é o ‘custo Brasil de telecomunicação’ e, este é um dos grandes problemas para aumentar o uso da internet”, diz o sociólogo Sérgio Amadeu, professor da Universidade Federal do ABC e ex-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, órgão ligado à Casa Civil da Presidência da República.

De fato, a União Internacional de Telecomunicações aponta que Brasil está no grupo de países onde mais se paga para ter acesso a serviços como internet, telefone fixo e celular.

José Carlos Cavalcanti, professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pernambuco e ex-secretário executivo de Tecnologia, Inovação e Ensino Superior do Estado, atribui os custos à elevada carga tributária e diz que pequenas variações no preço de acesso à internet poderiam já ter impacto na demanda.

“Para cada 1% de redução no preço de um computador ou na tarifa de internet, a demanda aumenta 0,5%. Já se houver um aumento de 1% na renda das pessoas, a demanda aumenta 0,5%”, diz Cavalcanti, citando um estudo de 2006 conduzido por ele para a Microsoft.

Crescimento perdido

É difícil mensurar o quanto o Brasil vem perdendo em termos de crescimento econômico e de empregos com este atraso.

Dados da consultoria McKinsey&Company, no entanto, apontam que um aumento de 10% nas conexões de banda larga pode levar a um crescimento entre 0,1% e 1,4% no PIB de um país. Uma outra pesquisa, do Banco Mundial, indica que este crescimento pode ser de 1,38% em países subdesenvolvidos.

Segundo a pesquisa da McKinsey, este crescimento econômico se dá por cinco fatores: primeiro devido ao impacto direto do investimento na rede de banda larga, depois pelo efeito da melhoria na indústria, seguido por aumento nos investimentos estrangeiros diretos e na produtividade e por uma melhora no acesso da população a informações.

O mesmo estudo diz que se a penetração da banda larga na América Latina atingisse o mesmo nível da Europa Ocidental, 1,7 milhão de empregos poderiam ser criados na região.

Autor de estimativas mais cautelosas, Raul Katz, professor da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, afirma que se o Brasil superasse seu déficit de banda larga – que ele estima ser de 5 milhões de conexões – nosso PIB poderia ter um crescimento de 0,08 pontos percentuais.

‘PIB, PIB Virtual e FIB’

Mas não é só crescimento do PIB que o Brasil perde com o fato de a maior parte de sua população ainda estar desconectada.

Para Gilson Schwartz, coordenador do centro de pesquisas Cidade do Conhecimento, da Universidade de São Paulo, esta perda causada pela desconectividade se dá em três categorias distintas.

A primeira é a perda em termos de emprego e renda. Outra categoria, mais difícil de mensurar, é o que ele chama de ‘PIB virtual’, ou seja, toda a produção, negócios e os serviços que poderiam ser feitos completamente dentro da rede e que não são feitos devido aos altos níveis de desconexão.

Quando você não tem banda larga, desenvolvimento digital, você está tirando trabalho e lazer. Nesse sentido você pode dizer que o déficit provocado pelo atraso digital é ainda maior do que o de qualquer setor tradicional

Gilson Schwartz, economista

Schwartz aponta ainda que as dificuldades de acesso à internet no Brasil trazem perdas em um “campo social, que mistura entretenimento, sexualidade, cidadania e identidade”.

“Quando você não tem banda larga, desenvolvimento digital, você está tirando trabalho e lazer. Nesse sentido você pode dizer que o déficit provocado pelo atraso digital é ainda maior do que o de qualquer setor tradicional”, diz.

“Sem dúvida alguma, sociabilidade, sexualidade, amizade e alegria estão cada vez mais disponíveis nas novas mídias, e quem não está acessando isso está perdendo aquele outro PIB, o FIB, felicidade interna bruta. Assim (com a exclusão digital), a gente perde no PIB, no PIB virtual e no FIB”.

Fonte:

Caio Quero, da BBC Brasil em São Paulo, 16 mar 2010

Dawkins preaches to the deluded against the divine

richard dawkinsLIKE revivalists from an alternative universe, 2500 hardcore believers in the absence of religion packed into the Global Atheists Convention in Melbourne last weekend to give a hero’s welcome to the high priest of belief in unbelief, Richard Dawkins.

The bestselling author of The God Delusion was similarly fawned over by the Australian media, which uncritically lapped up everything he said.

This was even after (or perhaps because) he referred to the Pope as a Nazi, which managed to combine defamation of the pontiff with implicit Holocaust denial.

By comparison, Family First senator Steve Fielding may feel he got off lightly when Dawkins described him merely as more stupid than an earthworm.

For someone who has made a career out of telling everyone how much more tolerant the world would be if only religion were obliterated from the human psyche, Dawkins manages to appear remarkably intolerant towards anyone who disagrees with him.

The fact is, however, the shine has come off Dawkins. For sure, he remains a superstar for the legions who loathe religion. But, nevertheless, a strong feeling has developed in less credulous quarters that he has gone too far.

While he was writing about the “selfish gene” and the “blind watchmaker”, he received a respectful reception even from those who might have disagreed with him but were nevertheless impressed by the imaginative brio and dazzling fluency of his argument. But then he left biology behind and became the self-appointed universal crusader against God. Flying the flag of Darwinism, he went to war against religion on the grounds that any belief that did not follow the rules of scientific inquiry was prima facie evidence of imbecility or insanity.

He became the apostle of scientism, the ideology that says everything in the universe has a materialist explanation and must answer to the rules of empirical scientific evidence; to believe anything else is irrational.

A second’s thought tells one this is absurd. Love, law and philosophy are not scientific yet they are not irrational. So it is scientism that seems to be irrational.

As for Dawkins’s claim that religion is responsible for the ills of the world, this is demonstrably a wild distortion. Some of the worst horrors in human history – the French revolutionary terror, Nazism, communism – have been atheist creeds. And although terrible things indeed have been done in the name of religion, the fact remains that Christianity and the Hebrew Bible form the foundation stone of Western civilisation and its great cause of human equality and freedom.

Through such hubristic overreach, Dawkins has opened himself up to attack from quarters that, unlike the theologians he routinely knocks around the park, he cannot so easily disdain.

Books taking his arguments apart on his own purported ground of scientific reason have been published by a growing number of eminent scientists and philosophers, including mathematicians David Berlinski and John Lennox, biochemist Alister McGrath, geneticist Francis Collins, and philosopher and recanting atheist Anthony Flew.

These have itemised his many howlers, sloppy assertions, internal contradictions, unscientific reasoning and illogicality. His responses to these stellar intellects are fascinating. He claims they cannot possibly have meant what they wrote, or they are senile, or their scientific credentials are somehow obviated by the fact they are practising Christians.

Indeed, he seems almost to believe that, since everyone who believes in God is stupid or evil and Christians are stupid and evil because they believe in God, those who oppose him must be Christian and can be treated with contempt.

I had first-hand experience of this when, addressing an audience of US atheists, he accused me of “lying for Jesus” by misquoting him. This came as something of a surprise since I am a Jew. Moreover, far from me misquoting him, which was not the case, he had in fact ascribed to me words that had been written by someone else.

This anecdote raises in turn the most intriguing question of all about Dawkins. Just why is he so angry and why does he hate religion so much? After all, as many religious scientists can attest, science and religion are – contrary to his claim – not incompatible at all.

A clue lies in his insistence that a principal reason for believing that there could be no intelligence behind the origin of life is that the alternative – God – is unthinkable. This terror of such an alternative was summed up by a similarly minded geneticist as the fear that pursuing such thinking to its logical ends might allow “the divine foot in the door”.

Such concern is telling because it suggests a lack of confidence by the Dawkins camp in its own position and a corresponding fear of rigorous thinking.

To stamp out the terrifying possibility of even a divine toe peeping over the threshold, all opposition has to be shut down. And so the great paradox is that the arch-hater of religious intolerance himself behaves with the zeal of a religious fundamentalist and, despite excoriating religion for stifling debate, does this in spades.

An illuminating example was provided by an atheists summer camp for children last year in Britain that Dawkins backed. The children who took part were to be taught to be critical thinkers, yet all discussion of religion was ruthlessly excluded.

Far from opening young minds, this was shutting them in the ostensible cause of reason.

Such indoctrination is a hallmark of the fundamentalist who knows he is not just right but righteous. So all who oppose him are by definition not just wrong but evil. Which is why alternative views must be howled down or suppressed.

This is, of course, the characteristic of all totalitarian regimes, including religious inquisitions. Which is why Dawkins can lay claim to being not the most enlightened thinker on the planet, as his acolytes regard him, but instead the Savonarola of scientism and an intolerant closer of minds.

Melanie Phillips’s new book, The World Turned Upside Down: The Global Battle over God, Truth and Power, will be published by Encounter, New York, on April 20.

Source: Melanie Phillips
From: The Australian – March 16, 2010

Catholic Church, and religion in general, losing Latinos in USA

Latino population growth over the past two decades has boosted numbers in the Catholic Church, but a new, in-depth analysis shows Latinos’ allegiance to Catholicism is waning as some move toward other Christian denominations or claim no religion at all.

A report out today by researchers at Trinity College in Hartford, Conn., finds Latino religious identification increasingly diverse and more “Americanized.”

The analysis, based on data from the 2008 American Religious Identification Survey, compares responses to phone surveys in 1990 and 2008 conducted in English and Spanish. The 2008 sample included 3,169 people who identified themselves as Latinos.

“What you see is growing diversity — away from Catholicism and splitting between those who join evangelical or Protestant groups or no religion,” says report co-author Barry Kosmin, a sociologist and director of the Institute for the Study of Secularism in Society and Culture at Trinity College. Among findings:

•From 1990 to 2008, the Catholic Church in the USA added an estimated 11 million adults, including 9 million Latinos. In 1990, Latinos made up 20% of the total Catholic population, but by 2008, it rose to 32%.

•Those who claimed “no religion” rose from fewer than 1 million (6% of U.S. Latinos) in 1990 to nearly 4 million (12% of Latinos) in 2008.

“As Latinos or any other ethnic group assimilates to American culture, they pick up the values of the broader American culture and are somewhat less likely to identify with the religious identification, or any other identification, that marked their parents or grandparents,” says Mary Gautier, a senior researcher at the Center for Applied Research in the Apostolate at Georgetown University.

The new data send a clear message, says Allan Figueroa Deck, a Catholic priest and executive director of the Secretariat of Cultural Diversity in the Church, a program of the U.S. Conference of Catholic Bishops.

“The biggest challenge the Catholic Church faces is the movement of Latino people not to other religions but rather to a secular way of life in which religion is no longer very important,” he says. “We really need to ask ourselves why that is and what response the church can develop for this challenge.”

By Sharon Jayson, USA TODAY, March 16, 2010

Guiana Francesa: onde o Brasil faz fronteira com a Europa

O Haiti se tornou independente da França em 1804; a Guiana, da Inglaterra, em 1966; o Suriname, da Holanda, em 1975. E a Guiana Francesa? É a fronteira da União Europeia com o Brasil.

Embora algumas ilhas do Caribe continuem sendo consideradas territórios europeus, como as francesas Martinica e Guadalupe; as holandesas Aruba, Bonaire e Curaçao; e as inglesas Caimã e Bermuda, após a independência de Belize, em 1981, a Guiana Francesa tornou-se o único país continental na América Latina totalmente ligado a um Estado europeu. Pouco é falado sobre a região definida como “colônia esquecida por muito tempo, subpovoada, desvalorizada e improdutiva” no ensaio A Guiana Francesa: um “caso continental”, escrito por Frank Schwarzbeck.

Insurreições e movimentos independentistas

Michael Zeuske, historiador da Universidade de Colônia, conta que “Caiena, na Guiana Francesa, sempre foi uma colônia extremamente marginal, habitada por povos indígenas em que as plantações escravagistas funcionavam muito mal”. Oficialmente francesa desde 1604, a cidade que é hoje capital da Guiana Francesa foi um ponto de apoio decisivo no lucrativo comércio da área do Caribe.

Após turbulentos anos de insurreições anticolonialistas e anti-escravistas, o Haiti conquistou sua independência em 1804. “Para não perder também as demais colônias, a França as declarou ‘não colônias’, nomeando-as territórios nacionais de ultramar. Dentre as medidas adotadas, os salários foram dobrados”, conta Zeuske.

Antes disso, em 1763, a metrópole havia tentado colonizar a região, povoando-a com cidadãos franceses. A tentativa foi um desastre, pois o clima da Guiana Francesa custou vida de milhares de pessoas, o que levou a região a ficar conhecida como “inferno verde”. Em 1851, foi estabelecida ali a colônia penal de Kourou, para onde seriam levados, por muitos anos, os prisioneiros sentenciados à “guilhotina seca”.

Pouco depois da Segunda Guerra Mundial, a Guiana Francesa passou a ser oficialmente um departamento da França. Com a mudança, seus habitantes adquiriram todos os direitos e obrigações dos demais cidadãos franceses.

União Europeia na selva

“Poucos europeus estão cientes de que a União Europeia tem uma fronteira com o Brasil”, observa Bert Hoffmann, do Instituto de Estudos Globais de Hamburgo. Para ele, tanto as colônias holandesas quanto as francesas na América Latina têm hoje bem-estar e estabilidade garantidos. “Visto que a Guiana Francesa e as ilhas de Martinique e Guadalupe são departamentos franceses, seus habitantes gozam do Estado social em pleno Caribe”, explica Hoffmann.

Foguetes Ariane

A construção de uma base espacial francesa no final da década de 1960 e sua utilização pela Agência Espacial Europeia para o lançamento dos foguetes Ariane também trouxe benefícios à região. “Alta tecnologia no meio da selva”, comenta Hoffmann.

Ainda que os nativos da Guiana Francesa sejam, formalmente, cidadãos franceses, existe um questionamento sobre a identidade desse povo, o qual se vê dividido entre duas realidades. Enquanto as demais ilhas da região têm uma identidade própria por pertencerem ao Caribe, a Guiana Francesa, localizada entre Suriname e Guiana, não se sente necessariamente francesa, ainda que seus habitantes carreguem um passaporte da União Europeia e, em suas escolas, se estude com os mesmos livros que na “Cidade Luz”.

Autora: Mirra Banchón (eh)

Revisão: Roselaine Wandscheer

Fonte: DW, 15 mar 2010

Os apóstolos da morte ~ por Jorge A. Barros

Após uma semana numa clínica de desintoxicação de notícias de crime, voltei numa sexta-feira de horrores. A perda do cartunista Glauco – assassinado em São Paulo – é realmente lamentável.  Ele e o filho, Raoni, foram mortos a tiros disparados pelo estudante Carlos Eduardo Sundfeld Nunes. É um crime tenebroso, mas totalmente contextualizado pela época de grandes contradições que vivemos. Um artista decide se recolher e funda na própria casa, na periferia de São Paulo, uma célula do Santo Daime (veja o site da entidade), que é uma seita baseada na busca do autoconhecimento por meio de uma bebida alucinógena, a ayahuasca,  que é considerada pelo Conselho Nacional Antidrogas uma droga legal  para fins religiosos. O cartunista e seu filho faziam parte da seita, uma comunidade religiosa com o objetivo de paz social e harmonia interior. E, distantes dos perigos e da correria da capital paulista, acabam sendo mortos por um integrante da própria seita.

A primeira  versão de assalto sem dúvida pode ter sido uma tentativa de tirar o foco do Santo Daime. Assim como ocorre no corporativismo, todo religioso tem uma tendência natural de proteger as instituições e os valores nos quais se baseiam sua fé. Mas o poder público – polícia, Justiça e Ministério Público – não pode ser conduzido por princípios religiosos. Portanto devem fazer uma investigação rigorosa. Sem medo de até mesmo comprovar que o uso da ayahusca, ainda que legalizada para fins religiosos, teve alguma influência no crime.

Se o assassino faz mesmo parte da comunidade religiosa o episódio traz à tona  outro aspecto que pode ser encontrado em outros grupos religiosos: um certo desprezo pela própria fé. E mais: a forte evidência de que cada vez menos a fé religiosa influi no comportamento ético do indivíduo, como diz o jornalista Carlos Fernandes, editor-chefe da revista “Cristianismo Hoje”. A falsa sensação de que não existe mais um deus no controle de tudo leva religiosos a praticarem atos que entram em conflito com princípios éticos e morais não apenas da religião, mas da própria sociedade. Não é à toa que cada vez mais religiosos praticam crimes, inclusive intepretando os livros sagrados a seu bel prazer, e fingindo ignorar o império das leis, regido por uma bíblia que vale para crentes, ateus e agnósticos – o Código Penal.

Nesse ponto, a prisão de três pastores evangélicos acusados de traficar sete fuzis – da Bolívia para São Gonçalo, no Rio – é episódio ainda mais vergonhoso para os que comungam da suposta fé dos criminosos. Eles seriam da Igreja Mundial do Poder de Deus, uma facção da Igreja Universal do Reino de Deus. Seu fundador, Valdemiro Santiago – que se autointitula apóstolo – é ex-bispo da Universal e reza na mesma cartilha mercantilista do bispo Macedo, inspirada por sua vez na Teologia da Prosperidade, que valoriza os bens materiais como sinal de sucesso na fé cristã. Na Teologia da Prosperidade não há lugar para cristãos que sejam economicamente pobres ou tenham alguma doença. A lógica perversa é de que se Jesus levou seus pecados na cruz, você não pode ter uma vida dura, com doenças e falta de dinheiro. A meu ver, é uma teologia apropriada ao modelo do neoliberalismo, da ditadura do mercado, em que você adquire bens e valores na prateleira do supermercado, pagando até com cheques pré-datados. A loja virtual da Igreja Mundial do Poder de Deus dá uma mostra disso.

O que preocupa nesse novo clone da Universal, que parece ser a Igreja Mundial do Poder de Deus, é que três de seus líderes deram um passo além, rumo à ilegalidade, transportando fuzis desmontados para levá-los a uma quadrilha de traficantes. São armas de guerra, que serão usadas para mandar pessoas pro inferno, o lugar que os religiosos tanto temem. Até que se prove o contrário – dando-lhes uma última chance de defesa – esses ditos pastores são nada menos que apóstolos da morte travestidos de homens de Deus.

Fonte: O Globo, 12 mar 2010

¿El boom del ateísmo?

religious lady

¿Está de moda ser ateo? A juzgar por algunos acontecimientos en varias partes del mundo, la respuesta podría ser afirmativa.

En el Reino Unido esta semana abrió un campamento de verano un tanto particular: a Dios no le está permitido entrar.

Es que no lo organizan los scouts ni grupos religiosos.

Camp Quest es el primero pensado para jóvenes de padres ateos. La idea es fomentarles el pensamiento crítico a niños de entre 7 y 17 años y que disfruten un campamento “libre de dogmas religiosos”.

Está “dedicado a mejorar la condición humana a través de la investigación racional, el pensamiento crítico y creativo, el método científico… y la separación de la religión y el Estado”, aseguran los organizadores.

Los niños también jugarán, claro.

¿Nueva militancia?

La idea de este tipo de campamentos, que ya se realizan desde hace 13 años en Estados Unidos, coincide con una necesidad expresada por Richard Dawkins, biólogo evolutivo británico y uno de los principales defensores del ateísmo.

El primer campamento ateo en el Reino Unido abrió sus puertas esta semana.

Dawkins, conocido por su beligerancia antirreligiosa, ha escrito el libro “La Falsa Ilusión de Dios”, un manifiesto sobre la no existencia de un creador divino, y “El Gen Egoísta”, entre otras obras.

Dawkins aboga por una nueva militancia que defienda el derecho de las personas a expresar libremente el hecho de no creer en Dios. Y que esto se traduzca en una mayor presencia de los no creyentes en la sociedad.

Ha emprendido campañas a favor del ateísmo y el libre pensamiento como la Out Campaign (Campaña para darse a conocer), donde se insta a los no creyentes a que “salgan del clóset” y se “liberen” porque, se asegura, “los ateos son más numerosos que lo que la mayoría de la gente piensa”.

Pero no se trata solamente de darse a conocer. La idea es tener voz y voto en las discusiones sobre aspectos fundamentales en la sociedad. Así como cuando se hacen consultas para resolver dilemas se llama a grupos religiosos para que participen en el debate, cada vez más personas en todo el mundo están señalando que hace falta el punto de vista de quienes no tienen a un dios como punto de referencia de su código moral.

Esto además de asuntos más pragmáticos. Tradicionalmente las religiones han tenido un monopolio cuando se trata de acompañar a la gente en momentos cruciales de su vida. Los ateos están buscando una alternativa que le pueda ofrecer a quienes piensan como ellos una alternativa que no choque con su forma de pensar. Se trata, por ejemplo, de hacerle fácil a una familia en duelo marcar el momento con algún tipo de ceremonia que no les genere un problema moral.

Ateísmo sobre ruedas

“Probablemente Dios no existe así que deja de preocuparte y disfruta tu vida”, eso se podía leer en los autobuses.

El Reino Unido ya había mostrado estar a la vanguardia de estos movimientos cuando el año pasado los tradicionales autobuses de Londres empezaron a circular con un llamativo afiche.

“Probablemente Dios no existe así que deja de preocuparte y disfruta tu vida”, podía leerse.

La campaña atea fue organizada por The British Humanist Foundation (Fundación Humanista Británica) y apoyada por Dawkins.

La idea fue imitada en algunas ciudades españolas, con Barcelona a la cabeza.

El promotor en la capital catalana fue Albért Riba, presidente de la Unión de Ateos y Librepensadores de España, que agrupa a siete asociaciones en todo el país.

“Parecía que éramos dos o tres”

El “bus ateo” recorrió las calles de Barcelona a principios de 2009.

Riba le dijo a BBC Mundo que el objetivo de la campaña fue “darle visibilidad a los ateos, que parecía que éramos dos o tres en España y debatir cuál era nuestro papel social, posicionarnos”.

Aseguró que la Unión busca “transmitir que la moral de un ateo vale lo mismo que la de un católico. Eso la ciudadanía lo está empezando a entender pero la estructura eclesial, no”.

Riba explicó que los objetivos son “defender la libertad de conciencia, luchar por un Estado laico y difundir el pensamiento ateo”. También se “pretende pararle los pies a las religiones que tienen un alto grado de agresión y buscan imponer su forma de pensar”.

Consultado sobre si existe una nueva militancia del ateísmo, Riba dijo: “No queremos ni podemos salvar a nadie, ni vamos a enviar misioneros para decir que la salvación es el ateísmo. No vamos a hacer militancia en ese sentido, sino para crear puentes de diálogo”.

¿Qué pasa en América Latina?

La región cuenta, por ejemplo, con las dos mayores feligresías católicas del mundo: Brasil y México. Y otras religiones también mantienen una sólida presencia.

En Colombia, un Manual de Ateología, escrito por 16 personalidades que niegan o dudan de la existencia de dios se convirtió en un éxito de ventas, toda una sorpresa en un país donde el 90% de la población se declara cristiana.

Sin embargo, en una zona tradicionalmente fértil para la creencia divina, el movimiento ateo avanza, lentamente, y ya cuenta con algunas organizaciones e iniciativas.

En Colombia los ateos han empezado a salir del clóset.

El “Manual de Ateología”, escrito por 16 personalidades que niegan o dudan de la existencia de Dios se convirtió en un éxito de ventas, toda una sorpresa en un país donde el 90% de la población se declara cristiana.

En tanto, en Argentina, el año pasado se organizó el primer congreso de ateos.

Fernando Lozada, presidente del Congreso Nacional de Ateísmo, delegado de la Asociación Civil de Ateos en Argentina y promotor del evento, le dijo a BBC Mundo que “ahora la gente se anima más a decir que es ateo. Pasa lo que pasó con los grupos gays, la gente se anima a luchar por sus derechos, pero estamos en los inicios”.

Lozada explicó que se busca, entre otras cosas, “lograr que el ateísmo no sea mal visto en la sociedad, que logre el respeto como cualquier otra ideología o religión”.

Ahora la gente se anima más a decir que es ateo. Pasa lo que pasó con los grupos gays, la gente se anima a luchar por sus derechos, pero estamos en los inicios

Fernando Lozada, presidente del Congreso Nacional de Ateísmo de Argentina

Y le contó a BBC Mundo que en marzo de este año fue parte de una apostasía (negar la fe recibida en el bautismo y renunciar a la Iglesia Católica) en la que participaron 1.500 personas. “Como puede pasar con cualquier partido político o equipo de fútbol, uno debe poder desafiliarse”.

Lozada, que había sido bautizado y renunció en este evento, aseguró que “lo vio importante como un movimiento político, como una manera de presionar. Que las leyes estén influenciadas por una moral católica no es totalmente democrático, hace que haya que militar políticamente, no en el sentido partidario proselitista, sino social”.

Campamentos, autobuses y manuales… los ateos empiezan a mostrar su fervor (¿religioso? No, gracias), pero ¿estamos ante un nuevo movimiento?

BBC Mundo, 30 jul 2009

Ateos de todo el mundo se reúnen en Australia

dead trees

Ateos de todo el mundo se reúnen en la ciudad australiana de Melbourne en lo que se considera es el encuentro más grande de gente que celebra el no tener ninguna creencia religiosa.

Los ateos tienen previsto divulgar el contenido de un comunicado en donde expresarán de forma resumida lo que, según ellos, son los efectos negativos de la religión sobre la sociedad.

Todas las entradas para el evento se vendieron a principios de 2010.

Sin embargo, una reunión religiosa celebrada en el mismo lugar en diciembre pasado, atrajo tres veces más delegados que el encuentro de este viernes.

“Los efectos negativos de la religión”

Según el corresponsal de asuntos religiosos de la BBC, Christopher Landau, destacados ateos de todo el mundo, entre ellos Richard Dawkins -el autor de varios éxitos editoriales como “El gen egoísta”- se encuentran en Australia para festejar que no creen en ninguna religión.

Los asistentes discutirán sobre el Islam y el terrorismo en una sesión titulada “el costo de la vana ilusión” y escucharán sobre una propuesta para realizar una película que expondrá la cantidad de dinero que los contribuyentes gastan en el subsidio de religiones.

Seguidamente, se leerá un comunicado dirigido a los políticos del mundo, en el que se abordará lo que ellos denominan son “los efectos negativos de la religión en la sociedad”.

Los organizadores del encuentro parecen satisfechos con su poder de convocatoria, señaló Landau.

“Sin fervor”

Se habían escogido otros locales más pequeños dentro del Centro de Convenciones de Melbourne para realizar el evento, pero en enero se acabaron las 2.500 entradas que inicialmente salieron a la venta.

Los organizadores sostienen que el encuentro reunirá a científicos, filósofos, escritores y comediantes.

Existe la resolución de evitar lo que en una sesión se denomina el “fundamentalismo ateo”.

Se instará a los participantes a que eviten “el fervor de los misioneros” en su anhelo por promover su mensaje no religioso al mundo.

Sin embargo, de acuerdo con Landau, los ateos podrían enfrentar una lucha cuesta arriba. Esto debido a que en el mismo lugar en diciembre, se realizó el Parlamento Mundial de Religiones y congregó el triple de los delegados asistentes al evento ateo de este viernes.

Fonte: BBC Mundo, 12 mar 2010

A violência doméstica contra a mulher na Europa

Por Sabina Zaccaro – 8 março 2010

A quantidade de mulheres que suportam violência física e psicológica nos lares europeus atinge números alarmantes. A violência doméstica aumenta em todos os âmbitos da sociedade, apesar da implementação de leis e políticas mais rígidas, segundo o Conselho da Europa, órgão de 47 países dedicados a promover os direitos humanos, a democracia e o cumprimento da lei. Entre 12% e 15% das mulheres maiores de 16 anos são vítimas de violência em alguma de suas relações, segundo o último informe do Conselho, de 2006.

As mulheres sofrem agressões verbais, emocionais, físicas e sexuais que deixam sequelas como dores crônicas, doenças sexualmente transmissíveis, desordens do apetite e do sono, abuso de álcool e perda do emprego. Mas a lista é muito mais extensa. A polícia da Grã-Bretanha recebe, em média, um telefonema por minuto pedindo ajuda para casos de violência doméstica, segundo dados oficiais dessa força do condado inglês de Sussex, e que figuram no último informe da organização Mulheres Contra a Violência na Europa (Wave), que tem uma rede de abrigos. Duas mulheres são assassinadas por semana na Inglaterra e em Gales por seus parceiros ou ex-parceiros.

“Melhorou a consciência dos governantes e da população em matéria de violência doméstica e em especial contra a mulher. Também houve avanços significativos nos serviços de respostas legais e voluntários”, disse à IPS Nicola Harwin, diretora da Federação de Ajuda às Mulheres, a mais antiga rede da Grã-Bretanha especializada nesse tema. “Porém, ainda há muito por fazer para dar proteção e apoio efetivos a todas as vítimas de violência doméstica: mulheres, meninas e meninos”, acrescentou.

A Federação apoia a nova estratégia do governo britânico de realizar um acompanhamento de fatos de violência contra mulheres e meninas, que inclui proteger as vítimas e prender os responsáveis. Também se concentra na prevenção do problema. “Pediremos a todos os partidos que, nas próximas eleições gerais, garantam que haja recursos para implementar a estratégia”, disse Harwin. Os serviços para atender casos de violência sexual e doméstica da Federação de Ajuda às Mulheres apoiaram mais de 108.690 mulheres e 39.130 meninas e meninos no ano passado, e receberam mais de 150 mil telefonemas para o número nacional colocado à disposição para esses casos.

Na Itália, a violência contra a mulher também aumenta. Estima-se que cerca de 6,7 milhões delas sofreram violência física e sexual ao longo de sua vida, neste país de 60,3 milhões de habitantes, segundo o último informe do Instituto Nacional de Estatísticas (Istat). Mais de dois milhões de mulheres sofreram assédio. Além disso, 690 mil foram vítimas de reiterados episódios de violência por parte de seus companheiros, frequentemente na presença dos filhos. A organização Differenza Donna, com sede em Roma, tem cinco abrigos, um deles dedicado especialmente às imigrantes. “Oferecemos assistência de emergência para aquelas que correm risco de vida em suas casas e depois as ajudamos a recuperar totalmente a autoestima para voltar a enfrentar o mundo”, disse Emanuela Moroli, presidente da entidade.

Numerosas organizações femininas concordam que foram criados mais centros de luta contra a violência após a Plataforma de Ação de Pequim de 1995, acordo feito pelos 189 chefes de Estado e de governo que participaram da Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, realizada na capital chinesa. Os centros nasceram como iniciativas privadas de médicos e ativistas, e depois passaram a ser instituições dedicadas a responder ao chamado de Pequim.

A Differenza Donna ajuda cerca de 1,5 mil mulheres por ano em Roma. Entre 87% e 90% delas foram atacadas por seus parceiros. “Em muitos casos, passam anos sofrendo agressões físicas e psicológicas e sob a ameaça ‘se me denunciar, perderá seus filhos’”, disse Moroli. As mulheres costumam estar sozinhas, acrescentou. Suas famílias não ajudam porque consideram que o casamento deve ser preservado sob qualquer circunstância. O centro acaba de lançar um programa de capacitação para policiais e pessoal médico sobre atendimento de casos de violência doméstica.

Na França, uma mulher é assassinada a cada três dias em casos de violência doméstica, segundo o Ministério do Interior. Aproximadamente, 156 mulheres foram assassinadas por seus parceiros ou ex-parceiros, segundo estudo da polícia francesa em 2008, enquanto 27 homens morreram em circunstâncias similares. Nove meninos e meninas foram mortos por seus pais, o que representa 16% do total de homicídios do país.

Por IPS/Envolverde.

Relatório mostra que 70% dos pobres do planeta são mulheres

Por Karol Assunção – 12 mar 2010

A Anistia Internacional do Uruguai aproveita o mês dedicado às lutas das mulheres de todo o mundo para apresentar, nesta quinta-feira (11) na Biblioteca Nacional, em Montevideu, o relatório “A armadilha do gênero – Mulheres, violência e pobreza”. Na oportunidade, foram discutidas as atividades realizadas nos seis anos da campanha “Não mais violência contra as mulheres” e divulgada a nova ação: “Exige Dignidade”.

Segundo informações do relatório “A armadilha do gênero”, dados da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que mais de 70% das pessoas que vivem em situação de pobreza são mulheres. “Por que mais de dois terços das pessoas pobres do mundo são mulheres, se estas constituem somente a metade da população mundial?”, questiona.

A resposta é encontrada no próprio relatório: discriminação. Segundo a Anistia, este é um dos principais fatores que explicam a pobreza feminina. “Em alguns países, a discriminação contra as mulheres impregna na legislação e, em outros, esta discriminação persiste apesar da adoção de leis de igualdade”, afirma.

Isso pode ser constatado com uma simples comparação entre os benefícios que os homens e as mulheres recebem. De acordo com o estudo da Anistia, o acesso a recursos e meios de produção como terra, crédito e herança, por exemplo, não é igual para os dois sexos.

Da mesma forma, em média, as mulheres recebem salários mais baixos e, muitas vezes, o trabalho nem sequer é remunerado. “As mulheres, com frequencia, trabalham em atividades informais, sem segurança de emprego nem proteção social. Ao mesmo tempo, seguem responsabilizando-as do cuidado da família e do lar”, lembra.

Vale ressaltar que as mulheres não sofrem apenas com pobreza e discriminação. Segundo o documento da Anistia, elas ainda são as mais afetadas pela violência, pela degradação do meio ambiente, pelas enfermidades e até mesmo pelos conflitos armados.

De acordo com a organização, apesar de algumas conquistas e avanços nas garantias de direitos das mulheres – por exemplo, o reconhecimento de que os direitos delas são direitos humanos -, ainda há muito que ser feito. Para Anistia, o reconhecimento dos direitos das mulheres apenas melhorou a vida de algumas. Por conta disso, considera que os Estados e as instituições internacionais devem ter mais vontade política para garantir tais direitos e para assegurar a igualdade.

Além disso, a organização acredita que as demandas das mulheres precisam ser ouvidas e respeitadas. “A voz das mulheres deve ser escutada. Suas contribuições devem ser reconhecidas e alentadas. A participação ativa das pessoas que se veem afetadas é um elemento essencial de qualquer estratégia de luta contra a pobreza”, afirma.

O relatório “A armadilha do gênero” completo está disponível em: http://www.amnesty.org/ar/library/asset/ACT77/009/2009/ar/b2f94dc6-69e2-4c83-9310-c892bdd03c8c/act770092009spa.pdf

Publicado por Adital.

Cifras de suicidios en España (1909-2008)

El otro día publicó JdJ en su blog Historias de España una interesante anotación sobre la evolución de las cifras de suicidio en España en el siglo XX. Como algunos datos me sonaron raros, miré la fuente original (básicamente, los Anuarios estadísticos del INE desde 1912) para cerciorarme. Al hacerlo, y teclear una buena colección de años, me percaté de que había dos cifras distintas. Una más bien vinculada a la estadística de defunciones según causa de muerte. La otra, publicada habitualmente junto a las cifras de movimiento natural de la población, o, más recientemente, en el marco de estadísticas sobre justicia, y que podríamos llamar (así la llama el INE en algunos anuarios) “estadística del suicidio”. Esta última recogía tanto suicidios consumados como suicidios en grado de tentativa. Los datos comparables, claro, serían los de suicidios consumados.

Como pueden imaginarse, las series que pueden construirse a partir de ambas fuentes no coinciden siempre, y pueden variar bastante. Como ya me había puesto a teclear bastantes datos y los más recientes están disponibles con más facilidad, al final completé lo que yo tiendo a ver como dos series desde el año 1909 a 2008 (2006 para el caso de la “estadística del suicidio”, pues desde entonces usa las cifras de la otra serie).

Los resultados, en términos absolutos, los tienen en el gráfico siguiente.

Como ven, las dos (aparentes) series sólo coincidieron, más o menos, entre mediados de los cincuenta y mediados de los setenta, probablemente porque decidieron usar los datos de una para la otra, no porque coincidieran aun partiendo de métodos de recogida de datos distintos. Como ven hay diferencias muy notables en algunos periodos, lo que dificulta el análisis diacrónico de las cifras.

En cualquier caso, para ese tipo de análisis, hay que tener en cuenta que a lo largo del siglo XX el tamaño de la población española ha cambiado mucho. Es, por tanto, más conveniente calcular, siquiera, una tasa bruta de suicidios, por ejemplo, por 100.000 habitantes (1). Esa tasa la tienen en el gráfico siguiente.

Según la serie que usemos, las conclusiones serán distintas, la verdad, aunque ambas coinciden en tres desarrollos. Primero, la tasa parece estable en la década de los diez y los veinte, y quizá cae en 1932/33. O quizá es ruido estadístico. Si no lo es, entonces sí es llamativo, sobre todo en la serie fucsia, el pico del año 1939 (y siguientes, en esa misma serie, pero no en la azul).

Segundo, la tasa cae en los años cincuenta, sesenta y primeros setenta, más o menos.

Tercero, la tasa sube desde, más o menos, 1980 hasta cerca de la mitad de los noventa. Desde entonces, se habría mantenido o, incluso, habría caído.

Da la impresión de que la estadística de suicidio era al principio más completa que la de suicidios en las defunciones por causa de muerte, pero que no lo ha sido en los últimos treinta años. Si diéramos por mejor la serie fucsia hasta los ochenta y por mejor la serie azul desde entonces, la tasa de suicidios de los últimos años habría recuperado, superándolos un poco, los valores de principios del siglo XX.

El argumento sobre las causas de la evolución se lo dejo a ustedes, o a JdJ, si se apunta.

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(1) Sería mejor calcular una tasa teniendo en cuenta la distribución de edades de los suicidas y de la población, pero eso es casi imposible con datos fácilmente disponibles.

Fonte: http://wonkapistas.blogspot.com/

12 mar 2010