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Onda de suicídios de adolescentes alarma autoridades em Mumbai

Zubair Ahmed, da BBC News, em Mumbai

O clima no pequeno apartamento de Mumbai onde Neha Sawant vivia é sombrio desde que a adolescente de 11 anos foi encontrada enforcada em uma corda presa pela janela.

Isso já faz várias semanas, mas seus pais ainda não superaram o choque. Eles parecem confusos e cansados.

A avó de Neha, ainda perplexa, diz em uma voz embargada: “Nossos cérebros não estão funcionando. Ainda não podemos acreditar nisso”.

Aos 11 anos, Neha é uma das adolescentes mais jovens a cometer suicídio em Mumbai. Mas as estatísticas sugerem que mais e mais adolescentes estão se matando na cidade, que é o centro financeiro da Índia.

Ocorrência diária

Inexplicavelmente, os suicídios de adolescentes se tornaram quase uma ocorrência diária no Estado de Maharashtra – um dos mais desenvolvidos do país – e em sua capital, Mumbai.

O total de suicídios de adolescentes desde o começo do ano até o dia 26 de janeiro já era de 32, numa média de mais de um por dia.

Apesar de não haver nenhum dado do mesmo período em 2009 para comparação, há um consenso entre as autoridades preocupadas de Mumbai de que os suicídios de adolescentes estejam saindo de controle.

Também há um entendimento geral entre psicólogos e professores de que a principal razão para o alto número de mortes de adolescentes é a crescente pressão sobre as crianças para que se saiam bem nos exames escolares.

Mais de 100 mil pessoas cometem suicídio todos os anos na Índia, e três pessoas por dia tiram suas próprias vidas em Mumbai.

O suicídio é uma das três principais causas de morte entre as pessoas de 15 a 35 anos e tem um impacto psicológico, social e financeiro devastador sobre as famílias e os amigos.

Campanha

Pressão acadêmica sobre os estudantes é vista como possível causa

A diretora-geral assistente da Organização Mundial da Saúde (OMS), Catherine Le Gals-Camus, observa que mais gente morre por conta de suicídio em todo o mundo do que por todos os homicídios e guerras combinadas.

“Há uma necessidade urgente de uma ação global coordenada e intensificada para prevenir essas mortes desnecessárias. Para cada morte por suicídio há um grande número de familiares e amigos cujas vidas são devastadas emocionalmente, socialmente e economicamente”, diz ela.

Em Mumbai, as autoridades estão tão alarmadas com o tamanho do problema que começaram uma campanha, com o slogan “A Vida é Bela”, visando ajudar os estudantes a lidar com a pressão acadêmica.

Psicólogos visitam escolas públicas em Mumbai uma vez por semana para treinar professores que lidam com problemas dos estudantes.

Reuniões

A escola Sharadashram Vidyamandir conta com vários ex-alunos ilustres no país, como os ex-jogadores de críquete da seleção indiana Sachin Tendulkar e Vinod Kambli.

A escola vem promovendo reuniões de pais e mestres nas quais os pais podem receber dicas de como combater as pressões que as crianças enfrentam.

Apesar disso, as sessões não preveniram a morte de Shushant Patil, de 12 anos. Ele foi encontrado enforcado num banheiro da escola no dia 5 de janeiro.

Mangala Kulkarni é diretora da ala feminina da escola. Ela diz que as famílias precisam adotar uma postura mais ativa quando se trata de evitar que os estudantes se sintam estressados.

“As crianças não percebem que elas têm mais caminhos do que apenas o sucesso acadêmico. Elas precisam ser levadas a perceber isso por suas famílias desde a infância”, diz.

Um serviço telefônico de ajuda em Mumbai, chamado Aasra, vem operando há vários anos para tentar combater o problema.

O diretor do serviço, Johnson Thomas, diz que os problemas que as crianças enfrentam hoje têm várias facetas.

“Elas enfrentam pressão dos colegas, têm problemas de comunicação com seus pais, relacionamentos desfeitos, pressão acadêmica e medo do fracasso”, afirma.

O Ministério do Interior estima que para cada suicídio de adolescente em Mumbai há 13 tentativas.

Cinema

Para a psicóloga Rhea Timbekar, pais precisam de aconselhamento

Uma teoria por trás do recente aumento dos suicídios é a influência do lançamento recente de um filme de grande sucesso do cinema indiano, 3 Idiots (Três Idiotas), que tem uma cena na qual um estudante de engenharia é mostrado cometendo suicídio após um resultado medíocre nas provas.

O impacto do filme tem sido debatido e analisado em programas de televisão em horário nobre, com muitos especialistas acusando-o diretamente pelo problema.

Mas a psicóloga Rhea Timbekar, de Mumbai, argumenta que seria errado culpar o filme, o qual ela diz que se esforça para explicar que os pais não deveriam pôr muita pressão sobre seus filhos.

Timbekar diz que ela recentemente encontrou uma criança que não havia comido por quatro dias.

Os pais da criança disseram que estavam bravos com o filho porque ele tinha obtido apenas uma nota de 89% nos exames e era o terceiro aluno da classe, não mais o primeiro como nos anos anteriores.

“Pais assim precisam receber aconselhamento”, defende ela.

Timbekar diz que outra explicação para o alto índice de suicídios de adolescentes é o fato de muitas crianças lerem sobre histórias de suicídios nos jornais e decidirem tentar a mesma coisa elas mesmas.

Explicação simplista

Dilip Panicker, um conhecido psicólogo de Mumbai, diz porém que somente a pressão dos exames é uma explicação muito simplista para o problema.

“Em um certo nível, as pressões da escola e as expectativas dos pais são uma razão válida, mas elas sempre existiram”, ele diz.

“Na verdade, os pais costumavam bater nos filhos na nossa época. O que mudou é que hoje as crianças estão mais atentas, têm mais exposição. Elas são mais independentes. Então, elas se culpam pelo fracasso e tomam atitudes extremas”, afirma.

Alguns psicólogos argumentam ainda que a definição de adolescente precisa ser revista em 2010.

“O que fazíamos aos 14 ou 15 anos, as crianças de 11 estão fazendo hoje”, diz Rhea Timbekar.

Ela destrói a teoria de que as crianças são mais espontâneas ao cometer suicídio, ao contrário dos adultos que começariam com uma ideia, desenvolveriam um plano e terminariam com uma ação.

“Uma criança não acorda simplesmente numa manhã e decide que vai se matar naquele dia”, ela argumenta. “Alguma coisa se perdeu nas suas vidas muito antes, e os suicídios são uma manifestação disso.”

O declínio do sistema familiar tradicional da Índia também está sendo responsabilizado pelo problema.

Em uma cidade como Mumbai, onde é comum que ambos os pais trabalhem, as crianças tendem a se tornar reclusas e a passar muito tempo diante da televisão.

Para Dilip Panicker, há uma solução simples para o problema. “Se os pais amarem os filhos incondicionalmente, com todos os seus sucessos e fracassos, o problema poderia ser reduzido consideravelmente”, diz.

Crise reaquece interesse por obra de Karl Marx

Fonte DW

Há mais de 140 anos, Marx escreveu a obra máxima sobre a crise. As vendas de “O Capital” dispararam no ano passado, e agora ele ganha uma versão em audiolivro.

A crise econômica global reacendeu o interesse pela principal obra de Karl Marx, O Capital, escrito mais de 140 anos atrás. As vendas na Alemanha subiram no ano passado e agora uma editora está lançando uma versão em áudio.

Enquanto a desaceleração econômica global afeta a maior economia da Europa, os alemães parecem estar em busca de conforto nas palavras de Karl Marx.

No fim do ano passado, quando a crise estava a pleno vapor, as editoras venderam cerca de 4,5 mil cópias de O Capital. Em 2005, essa cifra era de apenas 750.

“No momento, Marx é provavelmente o clássico de teoria social mais lido mundialmente”, diz à Deutsche Welle Heinz Bude, sociólogo do Instituto de Pesquisa Social de Hamburgo.

Tornando Marx mais acessível

O renascimento de Marx chegou também ao setor de audiolivros. O primeiro volume abreviado de O Capital, contendo seis CDs com mais de seis horas de teorias marxistas, foi recém-lançado no mercado alemão.

O livro mais famoso de Marx é também considerado um dos trabalhos mais difíceis e densos sobre conceitos econômicos do século 19.

A editora Margit Osterwald, de 65 anos, afirma que o audiolivro, impulsionado pela derrocada econômica global do ano passado, é uma tentativa de tornar mais acessível a densa obra de Marx.

“Todo mundo estava falando sobre Karl Marx, não apenas em jornais de economia, mas também entre os meus amigos”, diz Osterwald à Deutsche Welle.

Ela admite que nunca leu O Capital, apesar de pertencer à geração do movimento estudantil de 1968 na Alemanha, onde o livro de Marx era considerado leitura obrigatória.

Tocando as pessoas

Alguns dizem que as palavras de Marx tocam particularmente pessoas frustradas com os excessos do mundo financeiro.

O economista político alemão descreveu o capitalismo como um sistema de exploração impulsionado pela ganância e a necessidade de ganho material, caracterizado por períodos de altos e baixos. Marx escreveu que o sistema permite que os “ricos fiquem mais ricos e os pobres, mais pobres”.

Ele estava convencido de que este ciclo levaria o capitalismo a se autodestruir. Marx argumentava que o Estado deve manter as rédeas da economia e introduzir regras para abolir as classes sociais e promover a igualdade e o fim da pobreza.

Atração especial entre os mais jovens

Jörn Schütrumpf, da editora Karl-Dietz, sediada em Berlim e responsável pela edição da obra mais famosa de Marx, acredita que os leitores mais jovens são os que mais contribuíram para o aumento das vendas.

“Estamos lidando com uma geração totalmente diferente”, diz. “Nos últimos 20 anos, pôde-se ver algo como uma guerra fria contra os jovens, ditada por uma sociedade que envia sinais dizendo ‘não precisamos de vocês, vocês precisam tomar conta de vocês mesmos’.”

Schütrumpf acredita que esses jovens desiludidos se voltaram para a leitura, na tentativa de encontrar respostas para os problemas criados pelos mais velhos.

O interesse renovado na obra de Marx também levou à criação de grupos de leitura de Marx em várias cidades da Alemanha, constituindo um fórum no qual o filósofo pode ser lido e discutido.

Reinterpretando Marx

Mas o sociólogo Heinz Bude, que realizou um seminário sobre o renascimento do interesse por Marx na Universidade de Kassel, advertiu que as obras de Marx precisavam ser interpretadas sob uma nova luz.

Bude acha que Marx não pode mais ser lido como um teórico do socialismo e da igualdade. Essas ideias, segundo ele, “deixaram um longo rastro criminoso na história da humanidade”.

Em vez disso, Marx deve ser lido como um teórico da liberdade, afirma Bude. “Como alguém que hoje pode mostrar às pessoas que elas nunca devem aceitar a ordem atual do mundo e sim continuar procurando melhores alternativas”.

Autora: Christel Wester (md)
Revisão: Carlos Albuquerque

Divorce rate lowest for 29 years, in UK

eiderly couple hugg and laugh on the sofa at home

Fonte: BBC

The number of divorces in England and Wales has fallen for a fifth successive year to the lowest rate for 29 years.

In 2008, the divorce rate in England and Wales decreased by 2.5% to 11.5 divorcing people per 1,000 married people, compared with 11.8 in 2007.

Divorces in Scotland fell by 10% from 2007 to 2008, while divorces in Northern Ireland decreased by 4.8%.

The report, by the Office for National Statistics, did not offer any reasons why divorce rates had fallen.

The 2008 divorce rate in England and Wales was the lowest since 1979, when there were 11.2 divorces per 1,000 married people.

‘Partial picture’

However, for the fourth consecutive year, both men and women in their late 20s had the highest divorce rates in England and Wales.

Family lawyer Martin Loxley said the reduction in divorces could be the result of better marriage counselling and a rise in separation agreements – which outline a separating couple’s responsibilities to each other and their children, rather than going to court for a divorce.

He said: “It was widely expected that divorce levels would rise in 2008 as a result of the strains and stresses added by the recession, so it is great to see couples sticking together through the harder times.

Our experience is that fewer couples are divorcing because fewer are marrying
Ayesha Vardag, divorce lawyer

“Although the majority of people who contact a lawyer with marital problems go on to divorce their partner at some stage, we have seen an increase in the number marriages saved through counselling and therapy.”

Mr Loxley said he was not surprised it was people in their late 20s who had the highest divorce rates, as this was often the time when people had children, which could strain fragile marriages to breaking point.

Ayesha Vardag, a divorce lawyer involved in a landmark court win last year over a pre-nuptial agreement, said: “Our experience is that fewer couples are divorcing because fewer are marrying.

‘Unfair settlements’

“This comes partly from the increased social acceptability of living together and having children outside marriage, and partly from anxiety about the unpredictable financial consequences of marriage, which have in recent times often been seen as unfair.”

Claire Tyler, chief executive of Relate, said the figures did not show the full picture of family disintegration as they did not include details of how many cohabiting parents separated.

She added: “Currently the government spends around £7m a year on relationship support, yet family breakdown costs the country an estimated £24bn per year.

“Politicians have recently been hotly discussing what makes people get married. These figures show that it isn’t just about getting couples up the aisle – what’s really important is that relationships last.”

We know that 50% of separated people said they felt there were things they could have done to prevent their break-up, and they wished they’d done more
Claire Tyler, Relate

Ms Tyler said couples going through problems should be able to access relationship counselling.

“Relationship support works,” she said, “with 80% of respondents to a Relate survey, who wanted to keep their relationship together, saying they felt counselling helped to strengthen their relationship.

“Independent research also showed we know that 50% of separated people said they felt there were things they could have done to prevent their break-up, and they wished they’d done more.”

In England and Wales the number of divorces decreased from 128,232 in 2007 to 121,779 in 2008.

In Scotland the number of divorces fell from 12,810 to 11,474. In Northern Ireland, divorces decreased from 2,913 to 2,773.

The proportion of divorcing men and women who had previously been divorced has almost doubled since 1981.

In 2008, of all decrees awarded to one partner, rather than jointly to both, more than half – 67% – were awarded to the wife.

Half of couples divorcing in 2008 had at least one child aged under 16.

Quase 75% dos britânicos apoiam suicídio assistido, diz pesquisa

Fonte: BBC Brasil

Uma pesquisa realizada pela BBC revelou que 73% dos britânicos apoia o suicídio assistido de pacientes em estado terminal.

Já para os casos de pessoas que sofrem de doenças dolorosas e incuráveis, mas não fatais, o nível de apoio cai para 48%.

A sondagem entrevistou mais de mil pessoas há um mês, especialmente para uma edição do programa semanal Panorama, que será exibido nesta segunda-feira.

O programa vai se concentrar no caso da britânica Bridget Gilderdale, que na semana passada foi inocentada da acusação de tentativa de homicídio de sua filha, Lynn, que sofria de encefalomielite miálgica, uma doença crônica.

Mais clareza

Gilderdale admitiu ter ajudado a filha de 31 anos a se suicidar ministrando doses de morfina e comprimidos antidepressivos e soníferos esmagados.

A doença de Lynn não era fatal, mas a deixou presa a uma cama desde os 15 anos de idade, quando perdeu os movimentos da cintura para baixo e a capacidade de engolir alimentos.

Durante 16 anos, ela foi internada mais de 50 vezes por causa de várias outras doenças graves, e já tinha tentado cometer suicídio.

“Sei que fiz a coisa certa pela minha filha. Ela está livre e em paz, onde ela precisava estar. Não importam as consequências. Eu faria tudo outra vez”, afirmou Gilderdale em entrevista ao Panorama.

No ano passado, a Diretoria de Processos Públicos publicou instruções sobre que tipo de casos de suicídio assistido deveriam ser levados à corte.

Mas ativistas dizem que a lei ainda precisa de mais clareza.

Nós, escravocratas

Por Cristovam Buarque

Há exatos cem anos, saía da vida para a história um dos maiores brasileiros de todos os tempos: o pernambucano Joaquim Nabuco. Político que ousou pensar, intelectual que não se omitiu em agir, pensador e ativista com causa, principal artífice da abolição do regime escravocrata no Brasil. Apesar da vitória conquistada, Joaquim Nabuco reconhecia: “Acabar com a escravidão não basta. É preciso acabar com a obra da escravidão”, como lembrou na semana passada Marcos Vinicios Vilaça, em solenidade na Academia Brasileira de Letras.

Mas a obra da escravidão continua viva, sob a forma da exclusão social: pobres, especialmente negros, sem terra, sem emprego, sem casa, sem água, sem esgoto, muitos ainda sem comida; sobretudo sem acesso à educação de qualidade.

Ainda que não aceitemos vender, aprisionar e condenar seres humanos ao trabalho forçado pela escravidão – mesmo quando o trabalho escravo permanece em diversas partes do território brasileiro –, por falta de qualificação, condenamos milhões ao desemprego ou trabalho humilhante. Em 1888, libertamos 800 mil escravos, jogando-os na miséria. Em 2010, negamos alfabetização a 14 milhões de adultos, negamos Ensino Médio a 2/3 dos jovens. De 1888 até nossos dias, dezenas de milhões morreram adultos sem saber ler.

Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra da escravidão se mantém e continuamos escravocratas.

Somos escravocratas ao deixarmos que a escola seja tão diferenciada, conforme a renda da família de uma criança, quanto eram diferenciadas as vidas na Casa Grande ou na Senzala. Somos escravocratas porque, até hoje, não fizemos a distribuição do conhecimento: instrumento decisivo para a liberdade nos dias atuais. Somos escravocratas porque todos nós, que estudamos, escrevemos, lemos e obtemos empregos graças aos diplomas, beneficiamo-nos da exclusão dos que não estudaram. Como antes, os brasileiros livres se beneficiavam do trabalho dos escravos.

Somos escravocratas ao jogarmos, sobre os analfabetos, a culpa por não saberem ler, em vez de assumirmos nossa própria culpa pelas decisões tomadas ao longo de décadas. Privilegiamos investimentos econômicos no lugar de escolas e professores. Somos escravocratas, porque construímos universidades para nossos filhos, mas negamos a mesma chance aos jovens que foram deserdados do Ensino Médio completo com qualidade. Somos escravocratas de um novo tipo: a negação da educação é parte da obra deixada pelos séculos de escravidão.

A exclusão da educação substituiu o sequestro na África, o transporte até o Brasil, a prisão e o trabalho forçado. Somos escravocratas que não pagamos para ter escravos: nossa escravidão ficou mais barata e o dinheiro para comprar os escravos pode ser usado em benefício dos novos escravocratas. Como na escravidão, o trabalho braçal fica reservado para os novos escravos: os sem educação.

Negamo-nos a eliminar a obra da escravidão.

Somos escravocratas porque ainda achamos naturais as novas formas de escravidão; e nossos intelectuais e economistas comemoram minúscula distribuição de renda, como antes os senhores se vangloriavam da melhoria na alimentação de seus escravos, nos anos de alta no preço do açúcar. Continuamos escravocratas, comemorando gestos parciais. Antes, com a proibição do tráfico, a lei do ventre livre, a alforria dos sexagenários. Agora, com o bolsa família, o voto do analfabeto ou a aposentadoria rural. Medidas generosas, para inglês ver e sem a ousadia da abolição plena.

Somos escravocratas porque, como no século XIX, não percebemos a estupidez de não abolirmos a escravidão. Ficamos na mesquinhez dos nossos interesses imediatos negando fazer a revolução educacional que poderia completar a quase-abolição de 1888. Não ousamos romper as amarras que envergonham e impedem nosso salto para uma sociedade civilizada, como, por 350 anos, a escravidão nos envergonhava e amarrava nosso avanço.

Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra criada pela escravidão continua, porque continuamos escravocratas. E ao continuarmos escravocratas, não libertamos os escravos condenados à falta de educação.

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Cristovam Buarque é Professor da Universidade de Brasília e Senador pelo PDT/DF

Fonte: artigo publicado no jornal O Globo, sábado, 30 de janeiro.

Mais de 400 pessoas foram encontradas em situação de trabalho escravo em Pernambuco, em 2009

Estado foi o que teve maior número de trabalhadores nestas condições na região Nordeste. Nacionalmente, ocupou o segundo lugar, somente atrás do Rio de Janeiro, onde foram resgatadas 521

Em dez operações realizadas ao longo de 2009, o Ministério Público do Trabalho encontrou 419 pessoas trabalhando em condições análogas a de escravo em Pernambuco. Todas elas, trabalhadores rurais que, na maioria dos casos, não recebiam salários nem tinham carteira assinada. Tudo isso com o agravante de longas jornadas, sem intervalos, em lugares sem banheiro, abrigo e alimentação. Os dados foram apresentados nesta quarta (27), durante entrevista coletiva, na sede da entidade.

Na avaliação da procuradora do Trabalho e vice-coordenadora nacional da Coordenadoria de Erradicação ao Trabalho Escravo do MPT, Débora Tito, o indicativo preocupa. “Ainda vivenciamos relações de trabalho bastante precárias no estado, em que não só se negam os direitos trabalhistas como a dignidade humana”, disse. As indenizações por dano moral coletivo e individual totalizam um montante de R$ 787 mil.

Além das indenizações, o MPT em Pernambuco assinou seis termos de ajustamento de conduta e ajuizou duas ações.

BRASIL – Em todo o país, foram resgatados mais de 3,5 mil trabalhadores em 566 estabelecimentos. Como resultado, os proprietários dos empreendimentos irregulares terão que pagar indenizações por dano moral coletivo e individual no valor de mais R$ 13 milhões.

SEMINÁRIO – Nesta quinta-feira (28), às 14h, o Ministério Público do Trabalho promove, em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego e a Federação dos Trabalhadores Rurais de Pernambuco, o seminário “Trabalho decente no meio rural: desafios e perspectivas”, no auditório do MTE. A atividade marca o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo (28/01), que lembra a morte de fiscais do trabalho em operação em Minas Gerais, em 2004.

Informe da PRT 6ª Região/ Pernambuco, publicado pelo EcoDebate, 29/01/2010

El terremoto en Haití y los “señales de la venida del Señor”

Por Juan Stam, teólogo y biblista

Hace unos años, el día después del espantoso terremoto de México, escuché por casualidad la conversación entre dos señoras obviamente evangélicas. “Pues hermana, ¿cómo te pareció el terremoto en México ayer?” La respuesta me dejó atónito: “¡Qué maravilla! Me alegré mucho. ¡Cristo viene ya!”

Un día, cuando Jesús y sus discípulos estaban admirando el templo de Jerusalén, el Señor les anunció que no quedaría piedra sobre piedra de esa majestuosa arquitectura, porque Israel había rechazado a su Mesías. En eso le preguntaron, “¿Cuándo serán estas cosas? ¿Y qué señal habrá cuando todas estas cosas hayan de cumplirse?” Y Jesús respondió “Mirad que nadie os engañe” (Mr 13:2-5; Lc 21:6-8). Es claro que según Marcos y Lucas, todo el tema de la conversación era el futuro del templo, y que lo que le pedían a Jesús, según esos dos evangelios, era la señal de la futura destrucción de Jerusalén. El evangelio de Mateo reformula la misma pregunta: “¿Cuándo serán estas cosas [destrucción de Jerusalén], y qué señal habrá de tu venida y del fin del siglo?” (Mat 24:2-5). Esa diferencia es importante, pero en Mateo también el tema central es la destrucción de Jerusalén como anticipo de la venida de Cristo. Mi compatriota tica, cuando comentó el terremoto de México, sin duda estaba pensando en este pasaje de San Mateo, aunque olvidando su contexto histórico de un suceso que ocurrió unos cuarenta años después, hace casi diecinueve siglos.

Creo que se malinterpreta muy seriamente este sermón de Jesús. Para comenzar, se habla de “las señales del fin del mundo”, cuando el texto habla de “la señal” (singular) de la destrucción de Jerusalén y, relacionada con ella, según Mateo, “de tu venida y del fin del siglo” (no “del mundo”). La pregunta es triple: la señal de la destrucción del templo, de la venida de Cristo y del fin del siglo. Como respuesta Jesús menciona muchos fenómenos, entre ellos guerras, hambrunas, terremotos, persecuciones y la predicación del evangelio (24:5-14).

Tres cosas me llaman la atención: (1) Jesús no dice que ninguno de estos fenómenos es señal de su venida, (2) Jesús dice precisamente lo contrario, que estas tragedias no son el fin del siglo (24:6,14, cf. 14.:8); (3) Jesús advierte que habrá falsos profetas y falsos “cristos” que vendrán a agitar al pueblo con especulaciones sobre su venida y dirán que está cerca (24:4-5; 11; 23-27 y paralelos en Marcos y Lucas; cf. 2 Tes 2:2-3). (4) En su respuesta, Jesús emplea la palabra “señal” por primera vez cuando advierte contra las falsas señales en 24:24 y después cuando anuncia “la señal del Hijo del hombre en el cielo” (24:30). En otras palabras: “Vendrán guerras y terremotos y otros fenómenos, pero ninguno de esos es la señal que me piden, y tengan cuidado con falsos maestros que harán señales falsas. La única señal del fin del siglo la seré yo mismo, cuando venga con las nubes”.

En ese tiempo, como hoy, era muy popular especular sobre “señales” sensacionales del fin del mundo: que el sol se levantaría a medianoche, que las mujeres engendrarían monstruos, que aparecerá una caballería armada en el cielo y mucho más. Jesús era muy enemigo de esas calenturas. “La generación mala y adúltera demanda señal; pero señal no le será dada, sino la señal del profeta Jonás”, la de Nínive y la señal de la reina de Sabá” (Mt 12:38-42; Mr 8:12 dice sólo “no se dará señal a esta generación”, punto). Ésas no eran las señales que buscaba esa generación adúltera. Jonás, Nínive y la reina de Sabá no tenían nada que ver con el fin del mundo; eran llamadas al arrepentimiento y el cambio de vida conforme al ejemplo de ellos. Es la única manera de entender la referencia a Nínive y Sabá. A diferencia de Marcos y Lucas, el relato de Mateo incluye una referencia a la resurrección de Jesús, pero eso tampoco tiene que ver con el fin del mundo.

La frase “las señales de los tiempos” aparece también en Mateo 16:1-3 y tampoco tiene nada que ver con la venida de Cristo. El pasaje paralelo en Lc 12:54-56 no tiene dicha frase, sino reza: “Cuando veis la nube que sale del poniente, luego decís, ‘Agua viene’; y así sucede. Y cuando sopla el viento del sur, decís, ‘Hará calor’; y lo hace. ¡Hipócritas! Sabeís distinguir el aspecto del cielo y de la tierra; ¿y cómo no distinguís este tiempo?” Jesús compara “las señales de los tiempos” con los métodos que empleaban los campesinos todos los días para anticipar los cambios en las condiciones climáticas. En otras palabras, Jesús les dice: “¡No sean tan perversos e irresponsables. Si quieren entender el tiempo en que viven, no esperen señales del cielo sino analizan bien las condiciones históricas para entender lo que está pasando y anticipar lo que está por pasar “.

¡Con esa actitud tan vehemente, Jesús jamás iba a responder a sus discípulos con una lista de “señales”. ¡Qué torpe la pregunta de los discípulos! (Cf. Hch 1:6. ¡Como nos parecemos a ellos!). Jesús les describe inevitables sucesos históricos, que siempre han ocurrido, pero les exhorta a no confundirlos con señales ni escuchar a la voz hipócrita y adúltera de los falsos maestros con sus falsas señales. Dios quiere hablarnos por las guerras y terremotos que ocurren, pero no para revelarnos “los tiempos o las sazones” que sólo a él corresponden (Hch 1:7; Mat 24:36).

Algunos apelan a ciertos pasajes en las epístolas que describen los vicios y abominaciones de “los postreros tiempos” (1 Tim 4:1-3; 2 Tim 3:1-5; 4:3; 2 Pedro 3.3) y concluyen que esos mismos pecados hoy son señales de la venida de Cristo. Sin embargo, los autores bíblicos nunca los llaman “señales” ni los tratan como tales. Esta enseñanza equivocada viene por no tomar en cuenta la perspectiva bíblica sobre el “ya” de la salvación y el “todavía” no como aspecto aún futuro. Para ellos, los “postreros tiempos” no estaban a dos mil años de tiempo sino que comenzaron con la resurrección de Cristo (ver 1 Jn 2:18, un texto realmente sorprendente: “muchos anticristos antes de 95 d.C., “el último tiempo” comenzó hace dos mil años!). Pablo enseña lo mismo en 1 Cor 10:11 (cf. 2 Tes 2:7) y Pedro en 1 P 1:20. Según el autor de Hebreos, Dios envió a Cristo “en estos postreros días” (Heb 1:2).

Es muy poco probable que Pablo hubiera estado pensando en condiciones morales y sociales del mundo dos mil años después de su época. Primera Timoteo es una “carta pastoral”, para sus lectores, y no un tratado de especulación profética. Todos los malos que describe corresponden perfectamente a su propia época, en tiempos de la decadencia del imperio romano. Es claro que Pablo aplica estas enseñanzas a su propia época (p.ej. 2 Tm 3:6-10); algunos de los pecados denunciados, que existían en tiempos de Pablo, ya no tienen ningún sentido (como prohibir matrimonio, 1Tim 4:3, o meterse en casas para engañar a mujercillas, 2 Tim 3:6). Eso indica que Pablo estaba hablando de su propia época.

Es claro que ni Mateo 24 ni estos pasajes de las epístolas tienen la menor intención de revelarnos “señales de la venida del Señor”. El Espíritu Santo inspiró muchas verdades futuras a los autores bíblicos, pero nunca, que yo sepa, “señales” de esta índole. “No os toca a vosotros”, dijo el Señor, “saber los tiempos o las sazones, que el Padre puso en su sola potestad” (Hech 1:7). En vez de especular sobre supuestas “señales”, dediquémonos a entender el tiempo que vivimos y servir al Señor y su reino en la coyuntura histórica que nos corresponde.

Juan Stam, Costa Rica, 25 de enero de 2010
Do Portal CREE

Liberalismo econômico ainda é tabu no Brasil, diz ‘Economist’

3d puppet - businessman with a question mark

Da BBC Brasil

Um artigo publicado na edição desta quinta-feira da revista britânica The Economist afirma que o liberalismo econômico ainda é tabu no Brasil.

“Liberalistas econômicos são tão escassos no Brasil como flocos de neve”, diz o texto, intitulado The almost-lost cause of freedom (“A causa quase perdida da liberdade”, em tradução livre).

O artigo afirma que a “mudez” dos liberalistas no país ocorre, em parte, porque o voto é compulsório, o que faz com que os eleitores pobres “ajudem a empurrar os partidos na direção de um Estado maior”.

De acordo com a Economist, “a escassez dos liberalistas é ainda mais estranha dada a história do país”.

Nesse sentido, a revista oferece ainda outra explicação para essa falta – o fato de que muitos dos políticos brasileiros participaram da oposição durante o regime militar (1964-1985).

O texto cita, por exemplo, que o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva era um líder sindicalista, e o pré-candidato nas próximas eleições José Serra, um ex-líder estudantil exilado.

Apesar disso, o artigo afirma que muitos dos políticos que faziam parte dessa oposição esquerdista “provaram ser pragmáticos no governo”.

A revista afirma, por exemplo, que nenhum dos candidatos nas próximas eleições fala em cortar impostos, apesar do aumento da porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) destinada ao governo, que chegou a um patamar próximo dos países europeus.

Avanços

De acordo com a Economist, os liberalistas brasileiros enfrentam ainda outro problema para se manifestarem: “a falta de um partido onde suas ideias sejam bem-vindas”.

Mas, se a tônica do texto trata da falta de liberalistas no país, a revista oferece um contraponto e afirma que as instituições responsáveis pela política econômica estão mais liberais, no sentido de que estão mais livres da interferência do governo do que jamais estiveram.

A revista afirma ainda que a abertura econômica trazida pelo governo de Fernando Collor de Melo impulsionou os liberalistas a “fazer mais barulho” e cita os grupos voltados a essa doutrina, como o Fórum da Liberdade e o Movimento por um Brasil Competitivo.

Apesar dos avanços, a Economist afirma que “por enquanto, no entanto, as pessoas que queiram praticar o liberalismo econômico são aconselhadas a fazê-lo em particular”.

Polícia prende 5 aposentados acusados de pedofilia na Paraíba

Benches at Seodaemun Prison History Hall, Seou...

Do Globo

JOÃO PESSOA – Uma ação conjunta realizada pela Polícia Civil da Paraíba, com o apoio de policiais militares, terminou na prisão de cinco aposentados na pequena cidade de Triunfo, localizada no Sertão paraibano, nesta quarta-feira. O grupo, segundo a polícia, é acusado de explorar sexualmente crianças e adolescentes e pode ter feito pelo menos nove vítimas, em ações individuais. As prisões foram feitas atendendo a seis mandados expedidos pela comarca do município de São João do Rio do Peixe, na mesma região.

Os cinco acusados são de Triunfo e foram identificados pela polícia como sendo o agricultor Antônio Pereira Campos, de 69 anos; Vicente Gomes Rolim, de 61 anos; o agricultor Francisco Monteiro Bezerra, 85 anos; Odilon Alves de Santana, 87 anos; e Genésio Monteiro, de 88 anos. Conforme os policiais, todos eles são aposentados e ofereceriam dinheiro e alimentos às menores em troca dos relacionamentos.

As vítimas têm idade entre 10 e 17 anos e teriam sido abusadas sexualmente, segundo a polícia, no interior das residências dos suspeitos e em um dos casos, dentro de um estabelecimento comercial. Depois de serem detidos, os cinco acusados foram levados para a delegacia de São João do Rio do Peixe, onde foram ouvidos pelo delegado Gilson de Jesus Teles, responsável pela investigação dos casos.

De acordo com ele, os casos chegaram ao conhecimento da polícia há alguns meses após denúncias anônimas feitas por moradores do município.

– Assim que soubemos, buscamos o apoio do Conselho Tutelar para localizar as menores. Elas vieram até a delegacia e foram ouvidas, relatando com riqueza de detalhes os crimes. Então submetemos todas a exame e em algumas constatamos identificamos a conjunção carnal – observou o delegado.

As menores relataram à polícia, segundo o delegado, que os idosos chegariam a fazer sexo oral e até mesmo assistir filmes pornográficos durante as ações. Mesmo angustiadas com a situação, elas aceitavam os convites feitos pelos suspeitos.

– As meninas eram da cidade mesmo e de famílias humildes e apenas uma delas não tinha familiares. Algumas diziam aos pais que iam para a escola, mas acabavam indo para a casa dos acusados – contou o delegado, acrescentando que vai dar prosseguimento às investigações.

Os cinco acusados, que foram presos em suas próprias residências e no centro da cidade, deverão continuar presos por 30 dias, já que os mandados expedidos pela Justiça são de prisão temporária. O grupo deverá ser indiciado por estupro contra vulneráveis, crime cuja pena pode chegar até a 15 anos de prisão. O sexto homem que também está sendo investigado por abusar de menores não foi localizado pela polícia e está sendo procurado. A ação foi denominada ‘Peter Pan’, em referência ao personagem de desenho animado que insiste em não crescer.

Japão quer reduzir alta taxa de suicídios em meio à crise econômica

Por Maribel Izcue (EFE) Tóquio, 27 jan

O número de suicídios no Japão aumentou novamente em 2009 para mais de 32 mil casos, o que levou o Governo a empreender uma campanha para impedir aqueles que queiram se suicidar em meio à crise econômica.

Em doze anos, a segunda economia do mundo registrou uma assustadora taxa média de mais de 30 mil suicídios por ano, o que representa 2,5 mil por mês ou mais de 80 por dia.

Em 2009, o número seguiu a tendência de alta de anos anteriores: 32.753 japoneses acabaram com suas vidas, entre eles 23.406 homens e 9.347 mulheres, informou hoje a Agência Nacional de Polícia.

Para a maioria dos japoneses, o suicídio não ajuda nenhum estigma social e inclusive pode estar semeado de certo romantismo trágico. Em uma ética fortemente influenciada pelo budismo, muitos veem a morte como uma passagem para outra vida.

Em qualquer caso, o aumento dos suicídios acompanhou o enfraquecimento da economia japonesa.

A primeira vez em que o número de suicídios em apenas um mês superou os 3 mil foi em outubro de 2008, logo após a falência do gigante investidor americano Lehman Brothers, que abalou os alicerces financeiros do Japão.

A partir daí os suicídios seguiram uma tendência de alta até setembro passado, quando caíram ligeiramente, coincidindo com a primeira mudança de Governo no Japão nos últimos 54 anos, após a arrasadora vitória eleitoral do Partido Democrático (PD).

Com números que situam o Japão, de 127 milhões de habitantes, entre os países com as maiores taxas de suicídios do mundo, o Governo decidiu tomar medidas para dissuadir suicidas, indicou hoje à Agência Efe um porta-voz do Escritório do Gabinete.

A administração nacional planeja, entre outras coisas, colocar cartazes em defesa da vida em lugares “estratégicos” como caixas eletrônicos – destinados a quem atravessa dificuldades econômicas e pretende sacar suas últimas economias – ou nos escritórios de desemprego, onde também haverá psicólogos.

Estas e outras medidas serão realizadas em campanhas na imprensa sob lemas que encorajem os cidadãos a se preocuparem pelos demais.

Em Tóquio e outras regiões adjacentes, uma das formas mais comuns de suicídio é se jogar nos trilhos do metrô: segundo dados divulgados nesta semana, em 2008 mais de 35,3 mil trens tiveram que atrasar o funcionamento por tentativas de suicídio.

Isso ocorre mesmo após a colocação de barreiras entre as vias do metrô e as plataformas em várias estações. Além disso, foram instalados botões de emergência nas plataformas de estação para que, se alguém percebe um suicida se jogar na via, os pressione imediatamente para deter a passagem dos trens.

Paralelamente surgiram outras iniciativas contra o suicídio: alguns templos budistas oferecem linhas telefônicas para que as pessoas possam desabafar. Também surgiram grupos como “Reunião de redes para a vida”, que reúne instituições e empresas privadas.

Essa associação atua em Yamanashi, uma província próxima a Tóquio e local da chamada “floresta dos suicídios”, conhecida porque alguns adentram ali para não mais voltar. Só em 2008, 358 pessoas se suicidaram nesse bosque.

Por isso, há meses o grupo organiza eventos para formar voluntários capazes de dissuadir os suicidas, com conferências sobre relações pessoais e o tratamento que devem oferecer a pessoas com graves problemas psicológicos.

Esses voluntários distribuem folhetos em alojamentos, quiosques e estações nos quais detalham como identificar e tratar um suicida potencial, com alguns conselhos básicos: ouvir com tranquilidade, manter-se sereno e buscar ajuda de fora para ser dissuadido de suas intenções.

Produção científica do Brasil ultrapassa a da Rússia

Stack of newspapers

Da BBC Brasil

A produção científica brasileira ultrapassou a da Rússia, antiga potência na área, caminha para superar também a da Índia e se consolidar como a 2ª maior entre os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), segundo levantamento feito pela Thomson Reuters.

O levantamento acompanhou a produção científica nos quatro países com base na análise das 10.500 principais revistas científicas do mundo.

Segundo a pesquisa, a produção brasileira avançou de 3.665 para 30.021 artigos científicos publicados entre 1990 e 2008. No mesmo período, a produção russa manteve-se estável – o número de 1990, de 27.603 artigos, é praticamente o mesmo que o de 2008 – 27.605 artigos.

A produção científica da Índia, que em 1990 contabilizava 13.984 artigos publicados, chegou a 38.366 artigos em 2008.

Se o índice de aumento da produção científica dos países se mantiver, o Brasil deverá ultrapassar a Índia nos próximos anos.

O levantamento indica ainda que a produção científica chinesa, que em 1990 ainda estava atrás da russa e da indiana, com 8.581 artigos, chegou a 2008 com 112.318 artigos, numa expansão que, se mantida, verá a China ultrapassar os Estados Unidos e se tornar líder mundial em produção científica até 2020.

Dados revisados

Segundo Jonathan Adams, diretor de avaliação de pesquisas da Thomson Reuters, os dados dos levantamentos foram revisados após 2007, para evitar que a base de revistas científicas analisadas refletisse um viés pró-países desenvolvidos.

“A revisão dos dados levou a uma considerável elevação do número de artigos científicos de China, Brasil e Índia. Porém essas elevações refletiram tendências já evidentes nos dados, em vez de mudar a trajetória geral”, explicou Adams à BBC Brasil.

Segundo ele, os dados dos últimos anos já indicavam que a produção brasileira superaria a russa, o que ficou expresso nos números de 2008, mas ele observa que, se a base de análise já tivesse sido revista antes, isso já teria acontecido há vários anos.

De acordo com os últimos dados compilados, de 2008, a produção científica brasileira naquele ano representou 2,6% do total de 1.136.676 artigos publicados em todas as 10.500 revistas analisadas. Em 1990, o Brasil tinha apenas 0,6% da produção mundial.

A produção científica americana – 332.916 artigos em 2008 – ainda representa 29% de todos os artigos publicados no mundo, enquanto a chinesa é de 9,9%. Em 1990, porém, os Estados Unidos tinham 38% de toda a produção científica mundial, enquanto a China respondia por apenas 1,4% do total.

No mesmo período, a produção russa, que já foi considerada uma das mais avançadas do mundo, passou de 4,7% do total em 1990 para apenas 2,4% em 2008.

A produção indiana, por sua vez, teve sua participação no total mundial elevada de 2,3% para 3,4% no período, numa elevação proporcionalmente menor que as da China e do Brasil.

Gastos

Em sua análise da produção científica do Brasil, a Thomson Reuters observa que os gastos com pesquisa e desenvolvimento no Brasil chegaram em 2007 a quase 1% do PIB, proporção inferior aos cerca de 2% gastos nos Estados Unidos e na média dos países de desenvolvidos, mas ainda bem acima de outros países latino-americanos.

Segundo o levantamento, o Brasil tem 0,92 pesquisador para cada mil trabalhadores – bem abaixo da média de 6 a 8 pesquisadores por mil trabalhadores dos países do G7, o grupo das nações mais industrializadas do planeta.

Apesar disso, o documento afirma que a proporção brasileira é semelhante à de outros países em desenvolvimento, como a própria China, e que a base de pesquisadores vem crescendo.

Segundo a Thomson Reuters, o Brasil formou cerca de 10 mil novos pesquisadores doutores no último ano analisado, num crescimento de dez vezes em 20 anos.

O levantamento indica ainda que a produção científica do país é mais forte em áreas como pesquisas agrícolas e ciências naturais.