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Espiritualidade pós-moderna ~ Frei Betto

[Adital, 25 abr 11] O que caracteriza os tempos pós-modernos em que vivemos, segundo Lyotard, é a falta de resposta para a questão do sentido da existência. Por enquanto, estamos na zona nebulosa da terceira margem do rio.

A modernidade agoniza, solapada por esse buraco aberto no centro do coração pela cultura da abundância. Nunca a felicidade foi tão insistentemente ofertada. Está ao alcance da mão, ali na prateleira, na loja da esquina, publicitada em todo tipo de mercadoria.

No entanto, a alma se dilacera, seja pela frustração de não dispor de meios para alcançá-la; seja por angariar os produtos do fascinante mundo do consumismo e descobrir que, ainda assim, o espírito não se sacia…

A publicidade repete incessantemente que todos temos a obrigação de ser feliz, de vencer, de nos destacarmos do comum dos mortais. Sobre esses recai o sentimento de culpa por seu fracasso. Resta-lhes, porém, uma esperança, apregoam os que deslocam a mensagem evangélica da Terra para o Céu: o caráter miraculoso da fé. Jesus é a solução de todos os problemas. Inútil procurá-la nos sindicatos, nos partidos, na mobilização da sociedade.

Vivemos num universo fragmentado por múltiplas vozes, frente a um horizonte desprovido de absolutos, com a nossa própria imagem mil vezes distorcida no jogo de espelhos. Engolida pelo vácuo pós-moderno, a religião tende a reduzir-se à esfera do privado; olvida sua função social; ampara-se no mágico; desencanta-se na autoajuda imediata.

Nesse mundo secularizado, a religião perde espaço público, devido à racionalidade tecnocientífica, ao pluralismo de cosmovisões, à racionalidade econômica. Sobretudo, deixa de ser a única provedora de sentido. Seu lugar é ocupado pelo oráculo poderoso da mídia; os dogmas inquestionáveis do mercado; o amplo leque de propostas esotéricas. Continue lendo

Os Adoradores de dinheiro e o deus Mercado ~ Chris Hedges

[Carta Maior, 25 abr 11] Discurso feito pelo jornalista Chris Hedges em Union Square, em 15 de abril passado, na cidade de Nova York, durante um protesto feito em frente a uma das agências do Bank of America.

Estamos aqui hoje em frente a um de nossos templos das finanças. Um templo no qual a cobiça e o lucro são os bens supremos, onde o valor de cada pessoa é determinado por sua capacidade de misturar riqueza e poder à custa de outras, onde as leis são manipuladas, se reescrevem e se violam, onde o ciclo infinito do consumo define o progresso humano, onde a fraude e os crimes são os instrumentos dos negócios.

As duas forças mais destrutivas da natureza humana – a cobiça e a inveja –impulsionam os homens de finanças, os banqueiros, os mandarins corporativos e os dirigentes de nossos dois principais partidos políticos, todos eles beneficiários deste sistema. Colocam-se no centro de sua criação. Desdenham ou ignoram os gritos dos que se encontram abaixo deles. Retiram nossos direitos e nossa dignidade e frustram nossa capacidade de resistência. Fazem-nos prisioneiros em nosso próprio país. Vêem os seres humanos e o mundo natural como simples mercadorias a serem exploradas até ao esgotamento e ao colapso. O sofrimento humano, as guerras, as mudanças climáticas, a pobreza, tudo serve ao custeio dos negócios. Nada é sagrado. O Senhor dos Lucros é o Senhor da Morte. Continue lendo

Libro de 500 años de antigüedad aparece en Utah

[La Patilla, 25 abr 11] El vendedor de libros Ken Sanders ha visto muchos artículos sin valor en sus décadas valuando “raros” hallazgos en áticos, sótanos, anaqueles y armarios. Sanders, quien ocasionalmente valúa artículos para el programa de televisión sobre antigüedades de PBS “Antiques Roadshow”, muchas veces emplea el “fino arte de decepcionar a las personas gentilmente”.

Pero el sábado pasado, mientras hacía trabajo voluntario en un evento para recaudar fondos para el pequeño museo del pueblo en Sandy, Utah, al sur de Salt Lake, Sanders se llevó la sorpresa de su vida.

“Una tarde, un hombre llegó y comenzó a sacar un libro de un gran saco de plástico mientras me decía que tenía un libro realmente, realmente viejo y que pensaba que podría valer algo de dinero. Al principio pensé: ‘he escuchado eso antes’ “, relató Sanders.

Luego, el hombre sacó una ejemplar parcial, hecho jirones, de la Crónica de Nuremberg, de 500 años de antigüedad.

El libro en idioma alemán, impreso por Anton Koberger y publicado en 1493, es una historia del mundo que comienza en tiempos bíblicos. Es considerado uno de los primeros libros y uno de los más espléndidamente ilustrados del siglo XV.

“Estaba absolutamente atónito. Estaba pasmado, por haberlo encontrado aquí, en Utah”, dijo Sanders. “Podríamos ver muchos libros mormones raros y otros tesoros, pero no esperas encontrar un libro de cinco siglos de antigüedad”. Continue lendo

Teologia e espiritualidade na voragem da modernidade ~ Rui L Rodrigues

A preocupação que norteou a escrita dos ensaios reunidos em Realização do homem, realização de Deus foi, sobretudo, a busca por uma nova perspectiva na qual teologia e espiritualidade pudessem ser enfocadas adequadamente, sem o peso de tantos pressupostos que, ao longo do tempo, acabaram por colocar esses termos em campos quase opostos.

Teologia é necessariamente reflexão humana e tarefa inacabada. Trata-se de um trabalho que a razão humana desenvolve sobre os dados da Revelação consignados nas Escrituras e na experiência. Não faz sentido pensar a teologia senão dessa forma; a alternativa, sumamente perigosa, é tê-la como produto acabado, numa confusão de papéis que faz a teologia assumir o lugar da própria Revelação. A Teologia procura compreender as dinâmicas pelas quais esses diferentes testemunhos sobre a Verdade (entendida sempre como realidade pessoal e relacional) foram produzidos e consignados; procura refletir sobre esses testemunhos, agrupando suas percepções em torno de eixos interpretativos.

É, assim, esforço humano; e, portanto, esforço histórica e culturalmente condicionado. A Teologia é sempre relativa! Por força disso, só faz sentido num contexto de diálogo, onde as perspectivas de determinada teologia possam ser discutidas à luz de outras construções teológicas. Já não podemos mais acreditar em teologias “absolutas”, que absolutizam sua própria compreensão, seu viés específico de análise. Consequentemente, teologia é tarefa inacabada. Não pode haver um sistema teológico definitivo, pela simples razão de que os contextos históricos – que produzem as teologias, na medida em que esse esforço racional sempre é histórico e historicamente condicionado – mudam; transformam-se. Uma Teologia definitiva, absoluta portanto, só faria sentido na trans-história, não na história! Continue lendo

El 25% de los niños abre su perfil en las redes sociales

[El País, 18 abr 11] En España, el 28% de los menores entre nueve y doce años tiene cuenta en alguno de estos servicios en Internet, según un estudio de la Comisión Europea

Un 25 % de los menores tiene abierto el acceso a su perfil en las redes sociales a cualquier persona que desee consultarlo, según indica hoy una encuesta elaborada por la Comisión Europea. Además, uno de cada cinco de estos menores con el perfil accesible ha introducido datos como su dirección o su número de teléfono, que, de este modo, son visibles para todo el mundo. Las empresas propietarias de estas redes “deberían hacer inmediatamente que los perfiles de menores fueran accesibles solo para su lista de contactos aprobados”, ha señalado en un comunicado la comisaria europea de Agenda Digital, Neelie Kroes.

Kroes considera que las cuentas de menores de edad no deberían poder encontrarse mediante buscadores en línea y urgió a todas las compañías que aún no lo hayan hecho a firmar el código de buenas prácticas para las redes sociales impulsado por la Comisión. “Un creciente número de niños están en las redes sociales pero muchos de ellos no toman las medidas necesarias para protegerse en línea. Estos niños se están exponiendo a que les hagan daño y son vulnerables a acosadores”

Según el estudio, un 38% de los menores europeos entre nueve y doce años está presente en alguna red social, una cifra que aumenta hasta el 77 % para los menores entre trece y dieciséis años. En España, un 28 % de los niños entre nueve y doce años tiene una cuenta en una red social, diez puntos menos que la media europea, aunque para el caso de los adolescentes entre trece y dieciséis el total sube por encima de la media hasta el 81 %. Francia, con un 25 %, y Holanda, con un 70 %, son, respectivamente, los países con un menor y mayor porcentaje de niños entre los nueve y los doce años presentes en las redes sociales.

Afastado, representante da OEA critica ONGs e missão de paz no Haiti

Seitenfus questiona o papel das tropas da ONU no Haiti e o dos principais países doadores.

[Fabrícia Peixoto, BBC Brasil, 29 dez 2010] Representante da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Haiti há dois anos, o brasileiro Ricardo Seitenfus deverá ser oficialmente destituído do cargo em breve – decisão que ele mesmo interpreta como resposta a sua “postura crítica” em relação ao papel da comunidade internacional na recuperação do país caribenho.

O estopim teria sido uma entrevista ao jornal suíço Le Temps, na qual o brasileiro questiona não apenas o papel das tropas da ONU no Haiti, como também dos principais países doadores.

“A Minustah (Missão de Paz da ONU) não pode ser tratada como se fosse uma verdade divina, como se não pudesse ser objeto de reservas”, disse Seitenfus em entrevista à BBC Brasil.

Devastado por um terremoto em janeiro, que deixou mais de 200 mil mortos, o Haiti enfrenta agora uma crise eleitoral: ainda não se sabe como e quando se dará o segundo turno da eleição presidencial, inicialmente marcado para meados de janeiro.

Para o brasileiro, a comunidade internacional está “decidindo” pelo governo do Haiti no processo de reconstrução e as acusações de corrupção no governo local fazem parte de um “discurso ideológico”.

Criou-se uma comissão internacional para a recuperação do Haiti que até hoje está procurando suas verdadeiras funções.

“Se a gente imagina que pode fazer isso (reconstruir o país) por meio da Minustah e por meio das ONGs, nós estaremos enganando os haitianos e enganando a opinião pública mundial”, diz. Continue lendo

Decretos de Natal ~ Frei Betto

 

Por Frei Betto

Fica decretado que, neste Natal, em vez de dar presentes, nos faremos presentes junto aos famintos, carentes e excluídos. Papai Noel será malhado como Judas e, lacradas as chaminés, abriremos corações e portas à chegada salvífica do Menino Jesus.

Por trazer a muitos mais constrangimentos que alegrias, fica decretado que o Natal não mais nos travestirá no que não somos: neste verão escaldante, arrancaremos da árvore de Natal todos os algodões de falsas neves; trocaremos nozes e castanhas por frutas tropicais; renas e trenós por carroças repletas de alimentos não perecíveis; e se algum Papai Noel sobrar por aí, que apareça de bermuda e chinelas.

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“Uma Defesa de Deus” ~ Hélio Schwartsman

[Folha SP, 22 dez 2010]

Na coluna de hoje farei comentários elogiosos a um livro a favor de Deus. É o meu presente de Natal para o eventual leitor cristão. Falo do excelente “The Case for God – What Religion Really Means” (uma defesa de Deus –o que a religião realmente significa), de Karen Armstrong, a ex-freira convertida em estudiosa das religiões.

Com a erudição que lhe é peculiar, Armstrong traça um panorama das mais variadas manifestações de religiosidade desde o Paleolítico até nossos dias e identifica o ateísmo como um fenômeno relativamente recente, que só se tornou possível porque, com o advento da ciência e outras coisinhas mais, o significado de termos como “crença” e “fé” mudou radicalmente.

O ponto central da argumentação da autora é que a esmagadora maioria das culturas pré-modernas sempre operou com duas modalidades de pensamento, às quais os gregos chamavam de “mythos” e “lógos”. Ambas eram consideradas essenciais e complementares. O “lógos”, que podemos traduzir como “razão”, era o modo pragmático. Servia para cuidar dos afazeres cotidianos, construir ferramentas, controlar o ambiente, em suma, para garantir o pão nosso de cada dia. Mas, ele não dava conta de tudo. O “lógos” era incapaz, por exemplo, de nos consolar diante da perda de um ente querido ou mesmo de indicar um sentido último para a vida. Nessas horas de transcendência entravam os “mythoi” (mitos), com suas histórias fantásticas sobre heróis e deuses, dores e esperanças. Eles funcionavam, diz Armstrong, como uma forma primitiva de psicologia. Com sua linguagem cifrada e nem sempre coerente, tocavam aspectos da psique humana que não estavam acessíveis ao “lógos”. Continue lendo

Sobre Política e Jardinagem ~ Rubem Alves

Autumn on the park

De todas as vocações, a política é a mais nobre. Vocação, do latim vocare, quer dizer chamado. Vocação é um chamado interior de amor: chamado de amor por um ‘fazer’. No lugar desse ‘fazer’ o vocacionado quer ‘fazer amor’ com o mundo. Psicologia de amante: faria, mesmo que não ganhasse nada.

‘Política’ vem de polis, cidade. A cidade era, para os gregos, um espaço seguro, ordenado e manso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. O político seria aquele que cuidaria desse espaço. A vocação política, assim, estaria a serviço da felicidade dos moradores da cidade.

Talvez por terem sido nômades no deserto, os hebreus não sonhavam com cidades: sonhavam com jardins. Quem mora no deserto sonha com oases. Deus não criou uma cidade. Ele criou um jardim. Se perguntássemos a um profeta hebreu ‘o que é política?’, ele nos responderia, ‘a arte da jardinagem aplicada às coisas públicas’.

O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si mesmo. De que vale um pequeno jardim se à sua volta está o deserto? É preciso que o deserto inteiro se transforme em jardim. Continue lendo

O anúncio do Reino de Deus e a ética: Ratzinger e Jon Sobrino, duas visões

[Por Moisés Sbardelotto, IHU Online, 21 nov 2010]

Para enfrentar problemas globais como a pobreza, a violência, o racismo e o sexismo, é necessário encontrar uma “abordagem básica para a moral”, ou seja, valores que “os seres humanos partilham em comum”. Mas, para isso, é preciso “rever o significado da lei natural para o mundo de hoje”.

Para a teóloga norte-americana Lisa Sowle Cahill, professora do Boston College, o desafio da ética é justamente “tentar formular diretrizes mais ou menos confiáveis e às vezes até absolutas, que definam instituições, práticas sociais e decisões individuais moralmente boas”. Mas reconhece: “Essa não é uma tarefa fácil. Na verdade, é uma tarefa que nunca acaba”. Por isso, hoje, “é essencial envolver a participação de vozes que foram frequentemente excluídas do processo decisório no passado, por exemplo, as mulheres, as minorias raciais e étnicas da sociedade e os leigos na Igreja”.

Especificamente com relação às mulheres, Lisa, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, critica o patriarcado ainda existente na Igreja, disfarçado sob “uma ideologia de ‘complementaridade entre gêneros'”, que, segundo ela, “serve como uma justificação para confinar as mulheres a papéis domésticos”. Mas, afirma, há sinais importantes de esperança para as mulheres na Igreja e na teologia moral, que não se encontram nos escritos dos papas e de outros mestres oficiais: é o papel que as próprias mulheres estão desempenhando na teologia e na Igreja. “O Brasil é o lar de muitas importantes teólogas feministas”, afirma. Continue lendo

The Perplexing Nature of Generation Y ~ Dr Charles Woodruffe

The article was written by Dr Charles Woodruffe of business psychology consultancy Human Assets Ltd. It appeared in the July 2009 edition of the Training Journal.

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Generation Y — Charles Woodruffe asks why Y?

In the run-up to the recession, there was a plethora of articles and conferences claiming to unlock the perplexing nature of Generation Y.

They are the pipeline of new talent available for employers but their values, needs – indeed, demands – were seen as different to those of their forebears. Employers were trying hard to understand them in order to attract and retain them. They were presented with a stereotype of very demanding, ‘want it all now’ young people who were difficult to recruit but easy to lose. Generation Whine was rather cruelly applied as an alternative epithet.

The Generation Y stereotype has a logical basis in the way in which members of that generation were parented. In talking about Generation Y, we are talking about people brought up by active parents. Although, somewhat irritatingly, every writer seems to date the generation differently, Generation Y is broadly the group of people born in the early 1980s and runs through to those still in secondary school. Their parents are broadly from the group known as the Baby Boomers – those born between the end of World War Two and the mid 1960s. Continue lendo