Arquivo da categoria: Outros Textos

More technology, less interaction ~ Philip Schmohl

The Great Lie

Used to be when you wanted to get your point across you actually got in someone’s face – no more. The disassociative nature of technology is separating and fragmenting our society rather than bringing it together. It is called ‘social networking’, but is it really?! Sure, there is connection in some way, but from the lonely dark rooms of our homes or worse yet, crowded rooms where we are cubicled off from each other. The great lie being propagated as the panacia to a one world, global society was that technology was going to cure our ills by bringing ideas and people together. Have you experienced a sense of joining with the world lately, or do you feel more closed off than ever before?

Take the advent of television: what began to happen? Families sat in a passive state as entertainment came at us one way only, no interacting with it. Thus we see whole families sitting idle, deadened expressions, faces awash in flickering cathode rays. The family card nights, board games, charades and alike falling by the wayside. T.v. trays took the place of dinner tables, as our society fell under the spell of this new broadcast medium.  …and that was only the beginning. Continue lendo

El consumo de droga en Europa: un informe de 2010

Cultivo de cannabis en Holanda.

La crisis financiera, los programas de ahorro puestos en marcha por los gobiernos comunitarios, el envejecimiento de la población son cuestiones que afectan también, se recuerda en Lisboa, a la lucha antidrogas europea.

Cada año, el Observatorio Europeo de las Drogas y las Toxicomanías (OEDT)- con sede en Lisboa- presenta un estudio que incluye los datos recopilados por el organismo a lo largo de los últimos 12 meses. En él, se describen las nuevas tendencias en el consumo de drogas dentro de los 27 países miembros de la Unión Europea, en el origen de las mismas y en las políticas aplicadas para combatirlas.

En este 2010, los funcionarios han lanzado desde Portugal una señal de alerta dirigida a las restantes capitales del continente: el ahorro estricto impuesto por la mayoría de los gobiernos para frenar el déficit público tras el terremoto de la crisis financiera internacional será una cuenta de resultado negativo si acaba con los programas para el tratamiento de drogodependientes, una de las “columnas”, dice la institución, de la política antidrogas europea. Continue lendo

Entre o espiritual e o material ~ Marcelo Gleiser

Existimos nessa fronteira, não muito bem delineada, entre o material e o espiritual. Somos criaturas feitas de matéria, mas temos algo mais. Somos átomos animados capazes de autorreflexão, de perguntar quem somos.

Devo dizer, de saída, que espiritual não implica algo sobrenatural e intangível. Uso a palavra para representar algo natural, mesmo intangível, pelo menos por enquanto.

Pois, se olharmos para o cérebro como o único local da mente, sabemos que é lá, na dança eletro-hormonal dos incontáveis neurônios, que é gerado o senso do “eu”.

Infelizmente, vivemos meio perdidos na polarização artificial entre a matéria e o espírito e, com frequência, acabamos optando por um dos dois extremos, criando grandes crises sociais que podem terminar em atrocidades.

Vivemos numa época onde o materialismo acentuado -do querer antes de tudo, do eu antes do outro, do agora antes do legado-, está por causar consequências sérias. Continue lendo

Ancestralidade ~ Luis Felipe Pondé

UM HOMEM deve reconhecer seus ancestrais. Existem várias formas de ancestralidade. Nossos autores prediletos são nossos patriarcas.

O primeiro texto que me marcou foi a Bíblia. Abraão e sua solidão diante de um Deus que armou sua tenda no deserto me deram um senso estético que nunca perdi. Seus profetas, num combate contínuo contra a estupidez do povo, fizeram de mim um cético com relação às virtudes populares.

Na medicina, Freud foi um encontro definitivo: o homem é um barco à deriva num mar de pulsões autodestrutivas. Vive como pode num mundo onde sua felicidade não parece fazer parte dos planos do Criador.

O Deus do ateu Freud é arrasador. Um judeu ateu é sempre um drama maior do que qualquer ateu, porque se assemelha à agonia de um vulcão.

Já na filosofia, o viés trágico se impôs com a descoberta de Nietzsche e sua filosofia do martelo, cujo desprezo mortal pela covardia e pelo ressentimento se tornou em mim uma segunda natureza. Sua política, uma espécie de anarquismo aristocrático, é sempre perigosa para os amantes dos rebanhos.

O ceticismo dos gregos, de Montaigne e de David Hume abalou para sempre minha capacidade de fé na razão, não em Deus, como pensa a vã filosofia.
Nunca acreditei muito no ser humano: considero o otimismo, principalmente hoje em dia, um desvio de caráter. Santo Agostinho e Pascal, cristãos pessimistas, me ensinaram que o cristianismo é uma história do homem combatendo ingloriamente (e cotidianamente) sua natureza afogada no mais sofisticado orgulho e na mais profunda inveja (de Deus). Quando me perguntam qualquer coisa sobre o ser humano, antes de tudo, penso como um medieval: os sete pecados capitais estão quase sempre certos. Somos pó que fecha os olhos diante do vento.

Dostoiévski é sempre essencial. Para mim, uma de suas descobertas capitais é que, ao contrário do que diz nossa miserável ciência da autoestima, apenas quando encaramos o mal (a “sombra” de uma espécie abandonada ao próprio azar) em nós é que recuperamos a vontade de viver. Só esmagando o orgulho com a humildade de quem se sabe insignificante é que vale a pena apostar no dia a dia.

Entre Nietzsche e Dostoiévski, aprendi que o niilismo, “esse incômodo convidado para o jantar”, veio pra ficar e é apenas diante dele que vale a pena exercer a filosofia.

E o judeu Rosenzweig? Definitivo para quem pressente que a metafísica nada mais é do que pensamento mágico a serviço do medo da morte. E que não é a esperança mágica que deve nos guiar, mas a percepção de si mesmo como milagre em meio ao pó que em nós estremece. Rosenzweig pensa como o homem bíblico.

Quando “decidi” que a academia era pequena sem a mídia, os “jornalistas filósofos” passaram a marcar meu horizonte profissional. Otto Maria Carpeaux descreveu a imagem máxima da relação entre espírito e corpo: quando o primeiro se levanta, o segundo se põe de joelhos.

Nelson Rodrigues, que estava certo em tudo que falava, escrevendo uma obra entre Santo Agostinho, Dostoiévski e Freud, iluminou um fato consumado: se o mineiro for solidário apenas no câncer, então tudo é permitido.
Paulo Francis, uma eterna falta entre nós, percebeu que o medo e a mentira pautariam a vida intelectual futura e que o “bem político” seria a nova face da estupidez do pensamento público.

E finalmente a praga da “fé política”. Contra essa, Edmund Burke e Tocqueville são bálsamos essenciais. Tocqueville, principal referência para entendermos a democracia, nos alertou para a natural vocação que esta tem para uma nova forma de tirania, a tirania da maioria. Antes de tudo, a democracia fez os “idiotas” (expressão rodriguiana) descobrirem que são maioria.
Burke nos lembrou, contra os que “amam a moda”, que a sociedade é uma comunidade moral de almas, que reúne os mortos, os vivos e os que ainda não nasceram. Para Burke, é apenas neste arco de ancestralidade que o homem se faz homem, contra a banalidade do presente que nos assola.

Enfim, quem conhece sua ancestralidade, mesmo quando caminhando no vale das sombras, nunca está só.

Folha SP, 18 out 2010

Uivando para a lua ~ Luis Felipe Pondé

NÃO SOU contra a religião. Ser religioso não implica ser menos inteligente, informado ou ético. Tem muita gente “inteligente” que comete erros ridículos como esse. Nem todo religioso uiva para a Lua. Tampouco os religiosos detêm o monopólio do apetite por matar seus semelhantes. Religiosos ou não, gostamos de matar e odiar. O século 20 destruiu qualquer ilusão quanto à doçura ou autocrítica dos ateus ou dos que creem na “história” ou na ciência.

Mas de fato há riscos específicos na crença religiosa, ainda mais em tempos de indústria cultural. Caro leitor, caso queira buscar uma religião, evite aquelas que têm menos de mil anos. Em matéria de religião, quanto mais velha, melhor. Outra coisa: se passou pela Califórnia, a chance de a religião ficar boba aumenta muito.

Mas existem umas “novas” religiões por aí, que Deus me perdoe. Pegue o exemplo do tal neopaganismo da deusa-mãe. Pessoas de boa-fé simpáticas aos paganismos antigos devem tomar cuidado com a literatura barata que é comum nessa área. Procurem trabalhos de historiadores da Antiguidade e da Idade Média reconhecidos, e não livros de auto-ajuda espiritual escritos por picaretas quânticos. Infelizmente, muitos dos neopagãos soam como adolescentes mal-informados e de idade um pouco passadinha.

O termo “paganismo” aqui normalmente quer dizer religião celta, mas às vezes pode ser uma salada mista com a Isis egípcia e o Odin escandinavo. Percebe-se que a atitude é basicamente a mesma de quem escolhe uma calça jeans, um CD ou uma praia “cabeça”. Na falta de informação arqueológica significativa sobre essas religiões “celtas” (fato que os neopagãos desconhecem), filmes ruins e literatura barata entram no lugar, compondo o imaginário “histórico” acerca do passado celta, que é sempre visto como harmonioso e sábio como se houvesse algum passado harmonioso e sábio em nossa história.

Um dos exemplos da visão adolescente nesse caso é achar que o cristianismo destruiu uma religião (das bruxas celtas) que vivia em paz com o mundo. Não existe religião na história que não tenha tido seu quinhão de sordidez, mas “crianças” não entendem isso. Segundo algumas fontes romanas (não cristãs), há suspeita de que alguns dos cultos “celtas” praticavam sacrifícios humanos, o que para os romanos era um pouco fora dos limites. Os romanos eram conhecidos por sua tolerância religiosa (Roma não foi um desfile de Neros), se eles destruíram alguns desses cultos, é porque coisa boa não era.

O imaginário adolescente é claro: o cristianismo, este perverso, patriarcal, destruiu uma sociedade onde homens e mulheres viviam em comunhão sem opressão. Para eles, queimaram-se milhares de mulheres e homens inteligentíssimos na Idade Média. A verdade é que provavelmente a maior parte dessas infelizes vítimas era gente boba mesmo. Pergunta: como seria o mundo se o paganismo tivesse vencido?
Responderiam os “adoradores da deusa”: viveríamos num mundo sem classes, sem machismo, sem ódio, sem guerras, mas, ainda assim, rico, com antibióticos, internet, sexo aos montes, aviões e baladas.

As bobagens também aparecem no uso absurdo de referências advindas de sistemas religiosos que ainda existem. Por exemplo, alguns neopagãos afirmam que a cabala (mística judaica medieval) foi uma criação egípcia pré-era cristã! A tal “árvore da cabala”, onde aparecem os atributos de Deus, é uma das coisas que mais sofrem com o besteirol neopagão. A culpa do mau uso da cabala é, em parte, infelizmente, de alguns “cabalistas” judeus atuais que a vendem como receita barata de conseguir dinheiro, amor e sexo. Jung também vira bobagem nas mãos dos neopagãos: tudo é “arquétipo” a serviço de qualquer ideia besta que você tenha.

O neopaganismo é em grande parte invenção de caras ingleses esquisitos e suas namoradas mal-amadas do século 20 mesmo. Junte-se a isso um pouco de física quântica (aquela que, segundo alguns “entendidos”, faz acontecer tudo o que você quiser contanto que se diga a palavra mágica “energia!”), a mania incontrolável de falar sobre si mesma, uma pitada de feminismo místico, e você será uma neobruxa.

Tenho um critério para levar religiosos a sério: se usar a palavra “energia” e disser que posso fazer tudo o que eu quiser porque tudo o que preciso saber está em meu inconsciente, pulo fora. O próximo passo dele será uivar para a Lua.

Folha SP, 01 jun 09

Informar no es comunicar ~ Por Alfonso Gumucio-Dagron

news papers in a pile detail front of papers

Los medios de comunicación masiva no existen, son una mentira. Ya lo escribió Antonio Pasquali en 1963 y más recientemente lo han repetido hasta el cansancio Dominique Wolton (1) y Eduardo Vizer, entre otros. Pero por algún motivo, en la jerga común seguimos hablando de “medios de comunicación” en lugar de usar las palabras que se ajustan más a su naturaleza real: medios de difusión o medios de información (aunque algunos dirán que desinforman, en lugar de informar).

Casi cincuenta años atrás Pasquali manifestaba su “repugnancia” frente al uso equivocado de los términos: “La expresión medio de comunicación de masas (mass-communication) contiene una flagrante contradicción en los términos y debería proscribirse. O estamos en presencia de medios empleados para la comunicación, y entonces el polo receptor nunca es una ‘masa’, o estamos en presencia de los mismos medios empleados para la información, y en este caso resulta hasta redundante especificar que son ‘de masas’”(2).

La frecuente confusión entre información y comunicación contamina todos los ámbitos, y entre ellos la academia, donde los periodistas pasaron de la noche a la mañana a llamarse “comunicadores sociales”. Sin embargo, el contenido de las carreras de comunicación no ha variado sustancialmente de lo que fueron hace cinco décadas. Sólo el nombre cambió, para incluir la publicidad, las relaciones públicas o la llamada “comunicación organizacional”, pero los contenidos siguen anclados en el servicio a los medios (prensa, radio, cine, televisión), ignorando por lo general los procesos de comunicación.

En la medida en que no se establece la distinción entre periodistas y comunicadores, tampoco se ve la diferencia entre mensajes (información) y procesos (comunicación). La confusión es generalizada no solamente entre el común de los ciudadanos, sino también entre los especialistas del tema, a quienes habría que recordarles el origen etimológico de la palabra comunicación (communio), asociada a “compartir”, “poner en común” y “participar”. La comunicación no tiene un solo polo generador de sentidos, sino múltiples. Muy diferente es el periodismo porque in-forma verticalmente, es decir dictamina y da forma (¿a aquello que es “informe”?).

Cuando hace años hice un recorrido de las maestrías y posgrados con énfasis en la comunicación como proceso, quedé sorprendido de encontrar que había menos de 25 universidades en todo el mundo donde se formaban comunicadores con una visión estratégica del desarrollo y el cambio social. Todas las demás maestrías estaban dirigidas hacia los medios o las empresas, y algunas a retroalimentar el campo académico de las ciencias de la comunicación. En otras palabras, las universidades producen masivamente periodistas, cerca de 50 mil cada año, pero solamente un puñado de especialistas de la comunicación.

Hay quienes no ven aún con claridad los rasgos que distinguen a un periodista de un comunicador. Sin embargo es tan simple como transitar por una calle en un solo sentido y por otra en dos sentidos.

Como periodista en ejercicio desde hace cuatro décadas actúo sobre la realidad inmediata y expreso mi pensamiento sin necesidad de consultar con nadie; hasta mi artículo más “neutro” es una toma de posición personal. El oficio del periodismo nos hace productores de mensajes escritos o audiovisuales y nos mantiene atados a los instrumentos.

Como comunicador asumo un papel diferente, el de un facilitador de procesos de comunicación participativa y horizontal, en los que aporto con mis conocimientos y técnicas en favor de decisiones y acciones colectivas, y los pongo en diálogo con otros conocimientos y experiencias. El comunicador piensa en procesos estratégicos, no en mensajes inmediatos.

Eduardo Vizer nos dice que históricamente hay una visión “informacional” de la comunicación, de carácter eminentemente funcional y pragmático, a la que se le opone una visión de carácter crítico y “humanista”: “Para los teóricos de la información de mediados del siglo XX, preocupados por lograr la correspondencia precisa entre información y realidad objetiva, la información representaba entonces una estructura “económica, eficaz y eficiente” de organización de datos, la representación de un objeto, un hecho o una realidad prácticamente física y exterior, representada fielmente en signos codificados y transmisibles. En cambio, la noción de comunicación es mucho más amplia, rica e indefinida, asociada con la construcción de la socialidad, los vínculos, la expresión cultural y subjetiva”(3).

Las palabras sirven a veces para confundir… No cuesta mucho usarlas con propiedad. No soy amigo de las definiciones de hierro, inamovibles y elaboradas con bisturí, pero sí de una comprensión semántica que nos aproxime a la verdadera naturaleza de las palabras que usamos.

1) Wolton, Dominique: (2009) Informer n’est pas communiquer, París, CNRS.

2) Pasquali, Antonio: (1963) Comunicación y Cultura de Masas, Caracas, Monte Avila Editores.

3) “Dimensiones de la comunicación y de la información: la doble faz de la realidad social”, en Signo & Pensamiento 55, pp. 234-246; volumen XXVIII, julio-diciembre 2009.

* Alfonso Gumucio-Dagron: Comunicador, especialista en comunicación y desarrollo.

Fuente: Página/12, 12 oct 2010

Faus: «La Iglesia ha hecho más ateos que Marx, Freud y Nietzsche juntos»

El teólogo José Ignacio González-Faus visita Badajoz para hablar de justicia social. El jesuita es profesor emérito de la Facultad de Teología de Cataluña, responsable del área teológica del centro de estudios ‘Cristianismo y Justicia‘ y autor de numerosos libros sobre Iglesia y cristología. Asegura que “la Iglesia ha hecho más ateos que Marx, Freud y Nietzsche juntos” y que no le parece evangélico que “el Papa sea Jefe de Estado” y defiende a la institución ante los escándalños de pederastia que, a su juicio, no deben conducir a “arremeter contra el cristianismo en bloque”. Lo entrevista Ángela Murillo en Hoy.

-Se culpa a la Iglesia de la falta de feligreses en los templos, ¿qué se puede reprochar al Vaticano?

-Así a lo bestia, dije una vez que la curia romana había hecho más ateos que Marx, Freud y Nietzsche juntos. Lo innegable es que muchos hombres se alejan de ella y que, incluso si más tarde se sienten vacíos y quieren buscar, dan por descontado que habrán de buscar fuera de la Iglesia.. Ante esto no parece que la Institución intente acercarse. Los puntos débiles de la Iglesia actual son muchos, y he dicho a veces que es la cruz de mi fe, aunque intento llevarla con garbo. La veo incapaz de comprender lo positivo del mundo moderno y sus dirigentes añoran poder solucionar los problemas a base de poder. No me parece evangélico que el papa sea jefe de estado, ni el modo de nombrar a dedo de los obispos ni los “príncipes de la Iglesia”. Cuando no había democracia, eran elegidos democráticamente a partir de las comunidades locales. También es innegable que la mujer no ocupa en la Iglesia el lugar que merece.

-¿Por dónde habría que empezar para remediar estos males?

-No es cuestión de recetas. La Iglesia tiene que replantearse muchas cosas. Debía empezar reconociendo que está en crisis. De lo cual todos tenemos un poco de culpa. A partir de ahí habría que ver cómo y por dónde se puede caminar. Comenzando por no excluir como herejes a quienes piensan distinto. Algo sencillo por lo que se podría empezar es el lenguaje. No se pueden mantener las palabras anticuadas de la liturgia. No se entienden o suscitan imágenes contrarias a lo que en su origen se quería expresar.

-Usted no se muerde la lengua y no duda en sacar los colores a la Iglesia. ¿Cómo encajan sus críticas?

-Ratzinger tiene un artículo ya clásico en el que dijo que si hoy no se critica a la Iglesia tanto como se la criticaba en la edad media, no es porque se la ame más, sino porque falta ese amor que es capaz de arriesgar la propia suerte o la propia carrera por la amada. Y yo tengo un libro sobre la libertad de palabra en la Iglesia que es sólo una antología de textos de santos, obispos y cardenales, mucho más duros algunos que las cosas que se dicen hoy. También es normal que eso no guste a las autoridades y que de vez en cuando te venga algún palo o toque de atención “de arriba”. Y lo que siento es que no me vienen a mí sino que las paga mi provincial, lo cual no está bien. Pero bueno, no hay parto sin dolor. Y como dijo santa Teresa: la verdad padece, mas no perece.

-¿Qué puede impedir que Guadalupe pase a integrarse en una diócesis extremeña?

-No toca a uno que viene de fuera para un día opinar sobre las cosas de aquí. En teoría jurídica no sería algo difícil de cambiar si hay razones pastorales. Aunque comprendo esta reivindicación de los extremeños, no la considero de primera fila.

-¿Puede ser que la Diócesis de Toledo no quiera desprenderse de Guadalupe por los ingresos que reporta el Monasterio?

-No sería el primer caso. En otros sitios ya ha habido enfrentamientos de este tipo. Marx ya dijo que todas las cuestiones tienen un determinante económico que puede no ser el único, pero suele ser el más oculto.

-La visita del Papa Benedicto XVI al Reino Unido ha sido un hito histórico. Ningún otro Pontífice romano visitaba las islas desde el cisma de la iglesia anglicana.

-Creo que el balance de la visita del Papa no es malo. La experiencia ha sido positiva. La beatificación de John Henry Newman me parece significativa. Unió mucho a la Iglesia, a pesar de haber sido un hombre crítico que molestó tanto a la derecha católica como a muchos anglicanos. Cuando se convirtió no sentía simpatía alguna por la iglesia católica pero el estudio de la historia le hizo ver que la continuidad con los orígenes estaba en Roma.

-¿Cómo explica el surgimiento de movimientos ciudadanos como Redes Cristianas, críticos con la jerarquía eclesiástica?

-Supongo que obedecen a dos razones. Una es la necesidad de vivir la fe en comunidad porque no pueden vivirla aisladamente, y menos cuando el ambiente social no acompaña. Son también formas de ejercer la responsabilidad de los laicos ante la crisis actual de la Iglesia, cuando la institución va por caminos que muchos ven como contrarios al Evangelio. Porque todos somos iglesia y todos somos responsables de ella.

-En España se profesan cada más creencias religiosas, hemos dejado de ser un país eminentemente católico.

-España se ha descristianizado de una manera traumática. Quizá por eso domina una agresividad que, aunque sea comprensible, tampoco es justificable. No se pueden tomar los escándalos de la Iglesia para arremeter contra el cristianismo en bloque. Berdiaeff decía que una cosa es la dignidad del cristianismo y otra la indignidad de los cristianos.

-¿Cómo se logra una convivencia pacífica entre distintos credos?

-La convivencia, el afecto y la colaboración entre religiones es un imperativo. Y en la palabra religiones incluyo ahora también al ateísmo. Los poderes públicos deben ser neutrales y buscar la convivencia. En algunos sitios como Cataluña hay muchas iniciativas bien positivas. Hay que buscar el encuentro en lo que nos une como humanos. Debemos buscar en el otro la mejor versión de su personalidad que es lo que Dios nos pide a todos.

-¿Estamos aprovechando la crisis para recuperar valores perdidos?

-Decididamente no. Hemos dejado pasar una gran oportunidad para replantear los elementos injustos e irracionales de nuestro sistema económico. Esta crisis solo ha servido para ayudar a los que la provocaron, pero no a las verdaderas víctimas. Todos hemos sido cómplices del sistema, drogados como estamos por el consumo. Esto ha sido un paso más hacia el desmantelamiento del estado del bienestar. La culpa la ha tenido en parte la izquierda, que ha participado de ese “socialismo asistencial” del reparto de subvenciones, en lugar de ocuparse de hacer justicia social.

-La Pastoral Obrera de la Diócesis Coria-Cáceres apoyó públicamente la convocatoria de huelga. ¿Es correcto que una autoridad eclesiástica se manifieste en temas políticos?

-En cuestiones sociales y políticas, la Iglesia siempre tiene que manifestarse a favor de los pobres, de los más desfavorecidos. Dentro del pluralismo siempre hay que defender la eliminación de las diferencias entre pobres y ricos. En mi opinión la huelga era justa desde el punto de vista cristiano. Lo que puede discutirse es si va a ser eficaz y si era oportuna.

-¿Ha tenido en cuenta el Gobierno a los pobres en sus últimas decisiones?

-Zapatero ha actuado obligado por poderes fácticos. La política es la primera esclava de la economía. El presidente brasileño Lula da Silva dijo una vez ante la decepción de quienes esperaban más de él: “Tengo el gobierno, pero no tengo el poder”. Por eso se entiende que un presidente de izquierdas tenga que acabar haciendo lo que ordena Wall Street o Angela Merkel. La pregunta que queda es si puede haber auténtica democracia política sin democracia económica…

De: Religión Digital, 5 oct 2010