Arquivo da categoria: Política

Morre Václav Havel, ex-presidente da República Tcheca

Herói do movimento que derrubou o regime comunista em 1989, Havel, que também era dramaturgo, acompanhou de perto tanto a transição democrática de seu país, quanto a divisão pacífica da então Tchecoslováquia.

[DW, 18 dez 11] O ex-presidente tcheco Václav Havel morreu na manhã deste domingo (18/12) em sua casa de campo no norte da República Tcheca, de acordo com informações de sua assistente Sabina Dancecova. Aos 75 anos, Havel lutava contra vários problemas de saúde, parcialmente causados pelo tempo em que passou detido em prisões do regime comunista e também por ter sido um fumante inveterado.

O dramaturgo dissidente teceu ligações entre o teatro e a política, tendo se tornado um herói do movimento que derrubou, em fins de 1989, o regime comunista da então Tchecoslováquia, 41 anos após seu início. Havel tornou-se o primeiro presidente do país na era pós-comunista. Continue lendo

Por medo, cristãos ficam ao lado de ditador da Síria

[Bastian Berbner, Der Spiegel/Uol, 1 dez 11] A rebelião contra ele tinha começado há apenas poucos dias quando o ditador sírio Bashar Assad convocou os líderes cristãos de seu país ao palácio presidencial, no noroeste de Damasco. O patriarca ortodoxo sírio Ignatius foi. Ele tem 78 anos e está gravemente doente, mas ainda é uma figura poderosa. Bispos e arcebispos representando católicos, armênios, arameus e assírios também estavam presentes. Ao todo, havia uma dúzia de líderes religiosos representando cerca de 2,5 milhões de cristãos sírios.

A mensagem que receberam de seu chefe de Estado foi curta e simples: apoiem-me ou suas igrejas queimarão.

Ao que parece, Assad, um membro dos alauitas, uma seita do islamismo xiita, não queria presumir que os cristãos da síria continuariam afastados da política. Sentindo que não apenas sua autoridade, mas talvez sua própria sobrevivência estava em jogo, ele recorreu aos mesmos meios que seu pai, Hafez Assad, usava para manter o poder: pressão e violência.

A Liga Árabe suspendeu a Síria, isolando o país internacionalmente. Damasco perdeu o prazo da última sexta-feira para que Assad colocasse um fim ao derramamento de sangue e permitisse a entrada de uma comissão de observadores no país. A Liga permitiu uma breve prorrogação, mas no domingo impôs sanções econômicas duras contra o país. Na quarta-feira, a Turquia impôs suas próprias sanções econômicas contra a Síria. Continue lendo

Ano de 2011 bate recorde em números de minas terrestres no mundo

Até 2010, havia 4.191 artefatos registrados no mundo; tratado de proibição conta com a participação direta e apoio de 158 países

[Renata Giraldi. Agência Brasil, 23 nov 11] O ano de 2011 bateu o recorde em comparação aos anos anteriores no que se refere ao número de minas antipessoais (terrestres). Até 2010, havia 4.191 minas registradas no mundo. Os dados ainda estão sendo compilados. Mas a conclusão está no relatório da instituição independente Monitor de Minas Terrestres – formada por cinco organizações não governamentais – que monitora e informa sobre a execução de tratados humanitários e de desarmamento.

O organismo alerta que governos e grupos armados ainda fazem uso das minas antipessoais como armas de guerra. O Monitor de Minas Terrestres foi criado em 1998 e conta com o apoio de entidades civis de vários segmentos de defesa dos direitos humanos. No relatório, o organismo elogia os esforços da comunidade internacional em livrar o mundo das minas. Continue lendo

”Occupy”: as Igrejas dos EUA estão só olhando

[Massimo Faggioli*, IHU, 22 nov 11] Intelectuais, padres e religiosos norte-americanos estão muito mais presentes e atentos ao que acontece nos vários locais de ocupação do que os bispos. O paradoxo é que uma Igreja Católica cada vez mais atenta a não se fazer “assimilar” pela cultura norte-americana se adaptou a uma cultura econômica liberal, que tem mais a ver com o calvinismo dos fundadores do que com a tradição da doutrina social da Igreja Católica.

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Até o arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, líder da Comunhão Anglicana, deu atenção ao movimento de protesto contra os centros de poder financeiro que acontecem em Londres. Muito mais poderosa é a voz da religião do outro lado do Atlântico, em uma “nação com a alma de uma igreja”, como os Estados Unidos: o protesto evacuado do Zuccotti Park, em Nova York, só podia encontrar refúgio em uma igreja, Trinity Church.

No início do século XX, o social gospel das igrejas que lidavam com a questão social amplificada pela imigração estabeleceu as bases morais (e, em alguns casos, também legislativas) para aquilo que se tornou o New Deal de Roosevelt.

Nos EUA de hoje, a posição das igrejas norte-americanas é indicativa do papel do protesto chamado de “Occupy Wall Street”. Todo fenômeno social e político nos EUA tem um aspecto religioso. Continue lendo

O mercado da fome beneficia países doadores

Críticos dizem que ajuda humanitária agrava a dependência em muitos países africanos

Luta contra a fome – uma bandeira que praticamente todos levantam. Mas há acusações de que muitos dos que dizem querer ajudar na verdade se beneficiam da miséria alheia.

[DW, 7 nov 11] O Haiti é o exemplo típico de uma política que traz lucro para os países desenvolvidos e prejudica os pequenos agricultores locais – justamente as vítimas da fome. Essa é a avaliação do diplomata Jean Feyder, de Luxemburgo, presidente da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).

Em seu livro Mordshunger (em tradução livre “Fome voraz”), Feyder retrata o drama da ilha caribenha: até 30 anos atrás, os agricultores haitianos produziam arroz suficiente para a população do país. O Haiti foi então obrigado a reduzir suas taxas de importação de 50% para 3%. Alimentos subvencionados importados dos Estados Unidos arruinaram a agricultura local. Os produtores perderam seu meio de subsistência e cada vez mais pessoas começaram a passar fome. Continue lendo

Brasil aparece na 47ª posição em ranking de liberdade de imprensa

[FolhaSP, 4 nov 11] O Brasil é o 47º em uma lista de 112 países montada pelo Instituto Gallup a partir da resposta à seguinte pergunta: “Você acha que a imprensa do seu país é livre?”

Com as críticas do governo anterior à imprensa ainda frescas, e casos como a censura ao jornal “O Estado de S. Paulo”, para 72% dos brasileiros há liberdade de imprensa suficiente no país –para 21%, não (os demais não responderam).

Na média, o levantamento conduzido entre fevereiro e dezembro de 2010 aponta que 67% dos entrevistados acreditam que a imprensa de seu país tenha liberdade suficiente.

Indagada se a percepção de falta de liberdade vem da censura oficial ou da falta de independência da própria mídia, uma porta-voz do Gallup disse que isso varia: “O que podemos ter certeza é que quem respondeu `não’ acha que a mídia em seu país não tem muita liberdade”, disse Lauren Kanry.

No alto do ranking está a Holanda, onde 95% dos cidadãos dizem que a imprensa é livre. Na ponta de baixo está o Chade, cuja imprensa só é livre para 27%. No 10º pior posto vem o Equador, onde Rafael Correa está em guerra contra a mídia.

Espécie de pop star em Harvard, Michael J. Sandel fala de ‘Justiça’

Os Estados Unidos devem pagar uma reparação pelos anos de escravidão? O serviço militar obrigatório deve ser restabelecido? A ação afirmativa penaliza os brancos pobres?

[Lúcia Guimarães, Estadão, 22 out 11] Essas questões, que não são matéria-prima de vídeos virais ou de redução a 140 caracteres, atraem multidões – seja na Harvard University, seja por meio de palestras que a BBC britânica oferece em podcasts. Se a filosofia tem um pop star – e “pop” aqui está longe de ser derrogatório -, o nome dele é Michael J. Sandel. Para quem duvida do alcance deste professor de filosofia política de Harvard, sugiro simplesmente googlar a palavra “justiça” em inglês. Na primeira página de resultados, chegamos à home page de Sandel, que há 30 anos ministra o curso com tal nome, um dos mais procurados da história de Harvard.

Justiça – O Que É Fazer a Coisa Certa é o título de seu livro que está saindo no Brasil, um trabalho que reflete sua experiência como um dos mais populares professores do mundo – entretanto, como ele alerta, não é uma história de ideias e sim uma viagem pela reflexão moral.

Quando a música do enriquecimento inexplicável para, como aconteceu no crash de 2008, a corrida para sentar nas cadeiras disponíveis pode ser marcada por exames de consciência de sinceridade variável. No país que acaba de produzir o fenômeno Occuppy Wall Street, o livro de Michael J. Sandel satisfaz o crescente apetite pela moralidade na vida pública. Continue lendo

Paz sem perdão ~ Nilton Bonder

Encravado na liturgia do Dia do Perdão, o Iom Kipur dos judeus, está o Livro de Jonas. Um Livro pouco compreendido cuja notoriedade se dá mais pelo incidente de ser o herói engolido por um grande peixe, do que por seu conteúdo. O enredo do Livro nada mais é do que a banal convocação de um profeta para que sirva de mensageiro de uma advertência do Criador à cidade de Ninive exortando que esta se arrependesse. O profeta reluta em aceitar a intimação divina mas acaba por fim cumprindo-a. A cidade de Ninive se arrepende, o profeta fica deprimido e o Criador lhe dá uma lição de moral mostrando que toda a relação verdadeira implica em responsabilidade e esta, por sua vez, em flexibilidade.

Na realidade, o Livro esta mais preocupado em mostrar uma dimensão da persona de todos nós que é representada por Jonas. O profeta fica deprimido com a missão com a qual é incumbido porque sabe que este D’us de Israel é um D’us compassivo. Um D’us que é capaz de conceder perdão até mesmo a Ninive, cidade da Assíria, arquiinimiga de Israel, é insuportável para um nacionalista ardente como Jonas. Mais que isto, como é comum a textos bíblicos onde o personagem é uma representação de um traço humano, o nome do herói é revelador. Ele é Jonas filho de Amitai. A raiz da palavra “Amitai” é a palavra “verdade”. Jonas-o-filho-da-Verdade não consegue suportar o D’us do arrependimento, o D’us de um olhar distinto para o que já foi rotulado de “o outro”. Continue lendo

Sri Lanka busca carrascos para executar 800 detentos na fila

[Reuters, 5 out 11] No Sri Lanka há uma fila de 800 detentos esperando para receber a pena de morte, e, por isso, o governo disse nesta quarta-feira que quer contratar novos carrascos, após os únicos dois homens que ocupavam a função terem deixado o cargo.

A pena de morte, que não era usada no país predominantemente budista desde 1976, foi reinstaurada em 2004 pelo governo para punir estupro, tráfico de drogas e assassinato.

“Há duas vagas para a posição de carrasco após uma pessoa receber uma promoção e a outra ter se aposentado”, disse o secretário do Ministério de Reabilitação e Reformas de Prisão, A. Desanayake.

Segundo ele, quando preenchidas as vagas, ao menos 800 pessoas condenadas por assassinato e crimes relacionados a drogas podem ser executadas.

Ativistas, advogados e políticos vêm pressionando o governo para suspender de uma vez por todas a pena de morte no país.

Bahrein condena médicos à prisão por prestarem socorro a manifestantes

[O Globo, 29 set 11] MANAMA, Bahrein – Um tribunal especial de segurança do Bahrein condenou a 15 anos de prisão 13 médicos e enfermeiros que prestaram socorro a manifestantes, sob acusação de crimes contra o governo. Os sete profissionais tiveram sentenças mais curtas. Em um caso em separado, a corte sentenciou um manifestante à morte por matar um policial durante a onda de protestos contra o governo do reino do Golfo no início do ano.

Os médicos trataram de pessoas feridas durante um protesto pedindo mais direitos. As acusações contra eles incluem posse de arma sem licença, apreensão de equipamentos médicos, incitação do ódio sectário, e recusa a tratar membros das forças de segurança.

Ativistas de direitos humanos foram surpreendidos pelas sentenças. Eles acreditavam que o regime liberaria os profissionais como um sinal de que o governo estava suavizando sua abordagem.

Todos os médicos trabalhavam no Complexo Médico Salmaniya, em Manama.

A agência de notícias oficial, BNA, disse que o manifestante condenado à morte, Ali al-Taweel Yusof, havia matado um policial na área xiita de Sitra, ao sul de Manama.

O tribunal, criado durante o governo de emergência, já havia condenado dois outros manifestantes à morte por matar um policial.

Na quarta-feira, a corte sentenciou a prisão perpétua oito ativistas por seu suposto papel nos protestos. Outros 13 manifestantes foram condenados a 15 anos de prisão.

Vinte anos depois, ex-repúblicas soviéticas se blindam contra o comunismo

No dia 1º de agosto de 1991, o famoso monumento a Karl Marx, que se eleva sobre o centro da cidade de Moscou, apareceu com os seguintes dizeres pintados em tinta vermelha: “Proletários do mundo, perdoem-me!”

[Artem Krechetnikov, BBC Russia, 19 ago 11] Era uma irônica alusão ao chamado aos trabalhadores contido no Manifesto do Partido Comunista, publicado em 1848 na Alemanha por Marx e Friedrich Engels.

A ideia de comunismo concebida originalmente pelos intelectuais europeus encontrou abrigo espiritual na Rússia – que se tornou “a pátria do proletariado mundial”.

Os comunistas que viviam na “casa da revolução mundial” se orgulhavam de seu papel na história e no cenário geopolítico.

Vinte anos após o colapso do maior país comunista do mundo, o Partido Comunista permanece um dos mais influentes do país. Continue lendo

Número global de pessoas deslocadas é o maior em 15 anos, diz ONU

[BBC Brasil, 20 jun 11] A agência de refugiados da ONU afirmou que 43,7 milhões de pessoas haviam sido forçadas a deixar suas casas no mundo até o final de 2010 – o maior número em 15 anos, e um total superior a toda a população da Argentina.

Essas pessoas foram obrigadas a fugir de conflitos armados, violência, perseguição, violações de direitos humanos e desastres naturais.

Os dados constam do relatório anual do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados(Acnur), divulgado nesta segunda-feira, quando é marcado o Dia Mundial de Refugiado.

Dessas 43,7 milhões de pessoas, 27,5 milhões foram deslocadas internamente (não cruzaram a fronteira de seus países), 15,4 milhões têm o status de refugiadas e mais de 800 mil são solicitantes de asilo (pessoas que pediram proteção internacional, mas ainda não são consideradas refugiadas). Continue lendo