Arquivo da categoria: Religião

País menos religioso do mundo, Estônia mantém o desinteresse pela religião dos tempos soviéticos

[BBC Brasil, 31 ago 11] Vinte anos após o colapso da União Soviética, a Estônia, uma das antigas repúblicas do regime comunista, mantém praticamente intacto um traço marcante dos anos em que era dirigida por Moscou – o desinteresse pela religião.

Uma pesquisa do Instituto Gallup, de 2009, indica que os estonianos são o povo menos religioso do mundo, pelo menos estatisticamente. Apenas 16% da população considera que a religião desempenha um papel importante em suas vidas (contra 99% dos habitantes de Bangladesh, os mais religiosos).

O repórter Tom Esslemont, da BBC, foi ao país báltico conhecer a espiritualidade dos seus habitantes:

A princípio, as ruas da cidade litorânea da capital estoniana Tallinn podem até dar ao visitante uma sensação distinta: cúpulas fazem parte da paisagem, sinos tocam aos domingos e hinos religiosos são ouvidos nas catedrais. Continue lendo

Análise: A estrutura financeira das religiões

A religião é uma instituição financeira tanto quanto espiritual. Sem doações dos fiéis, as religiões como organizações sociais não sobreviveriam.

[Rachel McCleary, Pesquisadora de religião e economia da Universidade de Harvard, BBC Brasil, 30 ago, 2011] Não é surpreendente que as maiores religiões do mundo – Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, Budismo e Hinduísmo – promovam a acumulação de riquezas através de seus sistemas de crenças, o que contribui para a prosperidade econômica.

Incentivos espirituais como a danação e a salvação são motivadores eficientes. Por isso, religiões que dão ênfase à crença no inferno são mais propensas a contribuírem para a prosperidade econômica do que as que enfatizam a crença no paraíso.

As religiões que têm foco na crença no paraíso dão mais importância a atividades redistributivas (caridade) para diminuir o tempo das pessoas no inferno e chegar mais perto do paraíso.

Já o incentivo que se baseia na crença no inferno parece mais eficiente para o comportamento econômico, porque motiva os fiéis a trabalhar mais duro para evitar a danação. Continue lendo

Gurus indianos movimentam indústria milionária

[Rupa Jha, BBC Brasil, 30 ago 11] “Posso abraçá-lo?”, perguntou Shruti, uma menina pequena de Nova Déli. Ela estava praticamente engasgando no desespero para conseguir uma audiência com seu guru.

Mas a grande multidão de muitos milhares tornou impossível para ela alcançá-lo. A menina parecia desesperada para conseguir chegar perto do homem por quem viajou de tão longe para ver.

Shruti é uma das muitas devotas de Sri Sri Ravi Shankar, um dos mais populares líderes espirituais da Índia moderna. Popular não somente no país, mas com presença também em outros 150 em vários continentes, com milhões de seguidores.

Ele é famoso pelo que chama de “Programa da Arte de Viver”, destinado a “aliviar as angústias urbanas” por meio do uso da meditação.

Líderes espirituais não são novidade na Índia onde há mais deles per capita do que em qualquer outra nação do planeta. Continue lendo

Setor de livros religiosos é o que mais cresceu em 2010

[Olga de Mello, Valor Econômico, 23 ago 2011] Antes restritos aos espaços mais discretos das grandes livrarias, os livros religiosos conquistaram o paraíso das vitrines. Grandes editoras brasileiras se renderam não somente ao tema, mas também a autores que são padres. A religião é o segmento que mais cresceu entre 2009 e 2010, a ponto de figurarem em listas à parte dos demais gêneros. A partir do surpreendente desempenho de “Ágape” (Globo Livros, R$ 19), do padre Marcelo Rossi, que desde agosto de 2010 vendeu mais de 4 milhões de exemplares, os títulos assinados por padres migraram para a lista de vendas gerais.

Em 2010, foram vendidos no país 437,9 milhões de livros, sendo 202,6 milhões didáticos e 74 milhões religiosos. No entanto, quando se compara a variação entre 2009 e 2010 em total de exemplares vendidos, os religiosos ganham (aumento de 17,3% contra 15,42% dos didáticos). A pesquisa “O Comportamento do Setor Editorial Brasileiro”, divulgada pelo Sindicato Nacional de Editores de Livros e pela Câmara Brasileira do Livro, é respondida diretamente pelas editoras, que definem o gênero do que produzem.

Segundo alguns editores, a autoajuda seria a melhor classificação para esses livros, que apontam os ensinamentos de Cristo como resposta para as angústias humanas. A presidente do Sindicato Nacional de Editores de Livros (Snel), Sônia Jardim, afirma que as segmentações são ditadas pela comercialização. “Até hoje nada se compara ao sucesso de ‘Ágape’, que fica na fronteira entre o religioso e obras gerais, onde os livros inspiracionais se encaixam. Em um país de população majoritariamente católica, em um momento em que se busca alguma explicação para as coisas da vida, a religião preenche essa demanda”, diz Jardim. Continue lendo

Going Godless: Does Secularism Make People More Ethical?

Non-believers are often more educated, more tolerant and know more about God than the pious. A new wave of research is trying to figure out what goes on in the minds of an ever-growing group of people known as the “Nones”.

[By Hilmar Schmundt, Spiegel Online, aug 11, 2011] Barry Kosmin is a different kind of market researcher. His data focuses on consumers targeted by companies like Lifechurch.tv or World Overcomers Christian Church TM. The sociologist analyzes church-affiliated commercial entities, from souvenir shops to television channels and worship services.

But the most significant target of Kosmin’s research is the consumer group most likely to shy away from such commercial products: secularists. “The non-religious, or Nones, hold the fastest-growing world view in the market,” says Kosmin. “In the past 20 years, their numbers in the United States have doubled to 15 percent.” Continue lendo

A religião vai acabar? ~ por Hélio Schwartsman

[Folha SP, 18 ago 11] Qual o futuro da religião? A melhor forma de tentar responder à pergunta é olhar para o que vem acontecendo nos últimos anos e projetar a tendência para a(s) próxima(s) década(s). Não é garantia de acerto, mas é o melhor que podemos fazer. Embora não sejam muito comuns, surpresas ocorrem até em demografia.

Meu amigo Antônio Gois, que trabalha na sucursal da Folha no Rio de Janeiro e sabe como ninguém fuçar nos dados do IBGE, achou alguns números interessantes na POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) de 2009 e juntos escrevemos uma reportagem que foi publicada na edição de segunda-feira.

O que chama a atenção é que está crescendo rapidamente a proporção de evangélicos sem vínculo institucional. Eles constituíam apenas 4% dos protestantes na POF de 2003 e passaram a 14%. É um salto de mais de 4 milhões de almas. Continue lendo

Queda em números de católicos atinge todas as classes

[Antonio Gois, Folha SP, 24 ago 11] De 2003 a 2009, a queda na proporção de brasileiros que se dizem católicos, de 74% para 68%, ocorreu em todas as classes sociais. Ao mesmo tempo, aumentou o percentual dos sem religião em todos os grupos de renda. Esses são dados de um estudo divulgado ontem pelo economista Marcelo Neri, da FGV, feito a partir da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Pelas contas de Neri, houve também uma diminuição no ritmo de crescimento dos evangélicos pentecostais de igrejas como Assembleia de Deus, Universal do Reino de Deus ou Congregação Cristã do Brasil. No período analisado, a proporção de pentecostais variou de 12,5% para 12,8% no total da população.

A tendência da década passada só será mais bem conhecida quando o IBGE divulgar os dados do Censo de 2010 sobre religião. Para Neri, porém, a POF indica que os pentecostais, que na década de 90 praticamente dobraram de proporção, podem estar perdendo fôlego.

Segundo o economista, uma possível explicação para esse crescimento menor é o fato de o período entre 2003 e 2009 ter sido marcado por forte crescimento na renda, sobretudo dos mais pobres.

“Em pesquisas anteriores, nós verificamos que os pentecostais cresciam principalmente em setores onde havia maior desemprego e menor renda. Como este período de 2003 a 2009 foi de crescimento a favor dos pobres, isto pode ter influenciado este crescimento menor”, afirma.

Ao fazer a divisão por classes, o estudo da FGV mostra que os pentecostais estão mais concentrados nas classes C, D e E, com proporções que variam de 13% a 15%.

Nas classes A e B, de renda domiciliar maior que R$ 6.745, a proporção deste grupo religioso cai para 6%. O inverso ocorre com os espíritas kardecistas. Nas classes D e E, com renda domiciliar inferior a R$ 1.200, eles são menos de 1%. No topo da distribuição de renda (classes A e B), representam 6% do total.

Número de católicos cai no Brasil; crescem evangélicos e ateus

A Igreja Católica voltou a perder adeptos no Brasil, enquanto cresceu a quantidade de evangélicos e de pessoas que se declaram sem religião, aponta estudo publicado nesta terça-feira pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas.

[BBC Brasil, 23 ago 11] Segundo o Novo Mapa das Religiões, coordenado pelo pesquisador Marcelo Néri, os católicos passaram de 73,8% da população em 2003 para 68,4% em 2009 –queda de 5,4 pontos percentuais.

Ao mesmo tempo, os evangélicos passaram a representar 20,2% da população, contra 17,9% em 2003. O grupo dos “sem religião” (ateus e agnósticos), que era de 5,1% em 2003, subiu para 6,7% em 2009.

O levantamento foi feito a partir de dados de mais de 200 mil entrevistas da POF (Pesquisa de Orçamento Familiar), do IBGE. Continue lendo

FGV: País tem queda de 7,26% no número de católicos em 6 anos

Queda também é expressiva entre jovens de 15 a 19 anos, público alvo da Jornada Mundial da Juventude, que será realizada no Rio em 2013

[Estadão, 23 ago 11] Pouco depois do anúncio oficial do papa da realização da Jornada Mundial da Juventude de 2013 no Rio de Janeiro, uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra uma expressiva queda no número de católicos no País.

O mapa das religiões no Brasil mostra uma queda de 7,26% no número de pessoas que se declararam católicas em 6 anos (passando de 73,79%, em 2003, para 68,43%, em 2009). A pesquisa também apresenta um significativo aumento no número de brasileiros que se declararam “sem religião”: 1,59 ponto percentual, chegando a 6,72% em 2009. Continue lendo

Demonic activity in the UK on the increase

[BBC Radio 4, aug 5, 2011] Exorcists report rising demand for their services. According to the president of the American Association of Exorcists, “I get thousands of emails from people concerned that they may have been demonically possessed”. A church of England vicar, a former official Diocesan Exorcist, agrees that demonic activity in the UK is on the up: “The word that comes to me is almost despair”.

Why do exorcists and their clients think that demonic possession is on the increase? Exorcists point to an alleged increase in interest in the occult, together with risky behaviour such as practising yoga, reading horoscopes, and an increase in new age forms of spiritualism. One Anglican bishop has said that clues to the presence of an evil spirit include “repeated choice of black, for example in clothing or colour of car”.

It’s a concern that goes across Christian denominations, from evangelical churches to the Roman Catholics. The chief exorcist of Rome has said: “you have to hunt high and low for a properly trained exorcist.” To meet the demand, various schools of exorcism have started. In Rome, a Catholic University runs a yearly course on exorcism. “For us it has been incredible,” says Father Caesar Truqui, who runs the course. “We have had phone calls from all over the world from people wanting to attend”.

The American Association of Exorcists runs a correspondence course, and one evangelical pastor based in Britain runs his own distance learning course using the internet. Most exorcists agree however, that there is no substitute for hands on mentoring with an experienced practitioner.

In this programme Jolyon Jenkins investigates this curious world, where witchcraft, levitations, ancestral curses, and demonic possession are matter-of-fact, everyday phenomena. He attends an exorcism in a hotel in Margate, and talks to practicing exorcists and those who are trying to train the next generation of practitioners.

Producer: Jolyon Jenkins.

Click to listen on BBC.

Em 6 anos, 5 milhões de evangélicos deixaram de ter vínculo com igreja

[Folha SP, 15 ago 11] Em seis anos, de 2003 a 2009, cinco milhões de evangélicos deixaram de ter vínculo com igreja. De 4%, esses evangélicos aumentaram para 14%  em relação ao total dos crentes das diversas denominações — um salto e tanto. O levantamento, ainda preliminar, é da POF (Pesquisa de Orçamento Familiar), do IBGE. Ele foi feito com base em 56 mil entrevistas.

A antropóloga Regina Novaes disse que esses “evangélicos genéricos” assemelham-se aos católicos não praticantes. “Eles usufruem de rituais de serviços religiosos, mas se sentem livres para ir e vir (de uma igreja para outra)”, disse ela à Folha de S.Paulo.

O jogador Kaká (foto) e a sua mulher Carol (foto) são exemplos desse tipo de evangélicos. Nesse caso, eles não frequentam nenhuma igreja desde que saíram da Renascer ao final de 2010. Carol, que chegou a ser ungida como pastora, tem dito que não precisa de igreja porque Jesus está dentro dela. “Por enquanto, não tenho sentido falta de rituais”, disse em recente entrevista. Continue lendo