Arquivo da categoria: Religião

Arqueólogos descobrem antigo carimbo em Jerusalém

[Folha SP/Reuters, 26 dez 11] Arqueólogos israelenses disseram neste domingo ter descoberto um carimbo de argila de 2.000 anos, perto do Muro Ocidental, também conhecido como Muro das Lamentações, de Jerusalém, confirmando relatos escritos de rituais que eram realizados no templo sagrado judaico.

Mas o objeto do tamanho de um botão tem as palavras inscritas em aramaico “puro para Deus”, indicando que era usado para certificar alimentos e animais usados para cerimônias de sacrifício.

O Muro Ocidental faz parte de um complexo conhecido pelos judeus como o Monte do Templo e pelos muçulmanos como o Nobre Santuário, onde a mesquita islâmica al-Awsa e o Domo da Rocha estão localizados.

“Parece que o objeto era usado para marcar produtos ou objetos que eram trazidos para o Templo, e era imperativo que fossem puros segundo rituais”, disse a Autoridade de Antiguidades de Israel, em comunicado para divulgar a descoberta.

A entidade disse acreditar ser a primeira vez que tal selo foi escavado, oferecendo uma prova arqueológica direta de rituais que eram realizados no templo e que eram descritas em textos antigos.

“A Igreja costuma se distanciar de Jesus para que ele não incomode”. Entrevista com Jon Sobrino

Santo e senha da Teologia da Libertação, o jesuíta salvadorenho de origem basca Jon Sobrino continua sendo uma referência mundial aos que, na Igreja, buscam um Deus encarnado que opta pelos seus preferidos, os pobres. De passagem por Bilbao, ele diz que, “em conjunto, a Igreja costuma se distanciar de Jesus para não incomodar”. E também assegura que o “enoja e envergonha” a situação do mundo atual, porque “o primeiro mundo continua colocando o sentido da história na acumulação e no desfrute que a acumulação permite”. [Asteko Elkarrizketa, Jornal Gara, 19 dez 10/IHU 21 dez 2010] Eis a entrevista.

Contam-me – de brincadeira – que o senhor está cansado do mundo e também lhe ouvi dizer mais de uma vez que o senhor quer poder viver sem sentir vergonha do ser humano. Qual é a razão?

Às vezes, eu sinto vergonha. Por exemplo, interessamo-nos de verdade pelo Haiti? Obviamente, ele levantou interesse no começo e teve algumas respostas sérias. Mas passa um tempo e já não importa… Outro exemplo que contei outras vezes: em um jogo de futebol de equipes de elite jogando a Champions [League], calculei que, no campo, entre 22 jogadores, havia duas vezes o orçamento do Chade… Isso me enoja e me envergonha. Algo muito profundo tem que mudar neste mundo… Continue lendo

Mulher israelense ignora ultraortodoxos e se nega a sentar atrás em ônibus

História da engenheira levou discussão sobre segregação de mulheres ao gabinete israelense

Uma mulher israelense negou-se a ceder às imposições de ultraortodoxos que queriam obrigá-la a ficar na parte traseira de um ônibus e tornou-se símbolo da luta contra a segregação das mulheres em áreas religiosas do país.

[Guila Flint, BBC Brasil, 19 dez 11] Na última sexta-feira, a engenheira Tanya Rosenblit, 28 anos, tomou um ônibus em sua cidade, Ashdod (sul de Israel), com destino a Jerusalém.

Como sabia que o ônibus passava por bairros religiosos, ela diz ter tomado a precaução de vestir-se de “maneira modesta”, para não irritar os demais passageiros.

Tanya diz que, logo depois de sentar-se atrás do motorista, vários homens ultraortodoxos começaram a xingá-la, mandando-a se deslocar para a parte traseira.

“Disse a eles que não estava fazendo nenhuma provocação, e que, se tratando de um ônibus público, todos os cidadãos têm o direito de viajar nele”, afirmou Rosenblit. Continue lendo

Ravasi, o cibercardeal: ”Assim levamos a fé à rede”

Ravasi, ministro da Cultura do Vaticano, usa redes sociais, abriu um blog, fala com o administrador do Google e explica por que a Igreja deve ir para rede.

[Marco Ansaldo, La Repubblica, 14 dez 11/IHU 16 dez 11, tradução Moisés Sbardelotto] “O homem é o único animal capaz de corar. Mas também é o único que precisa disso (Mark Twain)”. “Cair não é perigoso, nem é desonroso. Mas não se levantar é as duas coisas (Konrad Adenauer)”. O comentário de um dos seus 4.419 seguidores: “Se todos seguissem @CardRavasi ninguém pediria que a Igreja pagasse o ICI [imposto municipal sobre os imóveis]”. Uma piada, obviamente, mas que dá conta da popularidade de um cardeal agora ativo também no Twitter.

Um cardeal que estreou na rede com um blog pessoal, que colabora com jornais “seculares” online, que vai à TV, que escreve todos os dias a coluna Mattinale do jornal dos bispos Avvenire, que participa em conferências que vão desde a mídia à música contemporânea, que organiza encontros inéditos noVaticano para blogueiros jovens. Ele defende que a Igreja está para trás, e que chegou a hora da Internet. Ele também viaja o mundo com a sua iniciativa do”Átrio dos Gentios”, que se abriu aos seculares e até mesmo aos ateus. Continue lendo

Pedofilia: a ”distração” do New York Times

Alguns dias atrás, publicamos a notícia, dada pelo New York Post, de um escândalo de abusos sexuais de menores que abalou a comunidade judaica ortodoxa de Nova York. Hoje, publicamos o que o sítio norte-americano TheMediaReport.com escreve sobre o assunto, observando o comportamento da mídia norte-americana.

[Marco Tosatti, Vatican Insider, 15 dez 11; IHU 16 dez 11, tradução Moisés Sbardelotto] “O procurador distrital Charles J. Hynes, de Kings County, Nova York, anunciou recentemente que, nos últimos três anos, 85 predadores de crianças acusados foram presos na comunidade ortodoxa judaica do Brooklyn. Os casos envolvem pelo menos 117 supostas vítimas.

“Um homem, Andrew Goodman, foi acusado por 144 abusos sexuais revoltantes de dois meninos ortodoxos – um de 11 a 15 anos de idade, e o outro de 13 a 16.

“Andrew Goodman é conhecido em nossa comunidade como um antigo molestador que ataca meninos e arruína as suas vidas’, disse um estudioso local ao New York Post. Uma câmera escondida mostra Goodman levando os meninos para a sua casa tarde da noite. O New York Post acompanhou toda essa narrativa com uma série de artigos reveladores”.

Até aqui, as habituais histórias de horror. Mas é o que se segue que nos parece interessante: Continue lendo

Escândalo de pederastia entre os judeus ortodoxos nos Estados Unidos

As vítimas dos achaques, crianças e jovens que sofreram atos de violência sexual, são 117. As pessoas investigadas presas durante estes últimos três anos são 85, todas pertencentes à grande comunidade judaica ortodoxa do bairro nova-iorquino do Brooklin, que tratou – inutilmente – de resolver o problema a partir de dentro antes de denunciar tudo o que estava ocorrendo à polícia. O escritório do fiscal do distrito, Charles Hynes, continua investigando e não estão excluídos novos desdobramentos.

[Andrea Tornielli, Vatican Insider, IHU, 16 dez 11, tradução por Cepat] A operação, uma das mais importantes contra a pederastia, foi chamada de Kol Tzedek, isto é, “voz da justiça”: não foi fácil convencer as vítimas para que saíssem a público quebrando o silêncio cúmplice que acobertava esta triste sucessão de acontecimentos. Quem foi vítima de violência, de fato, segundo o prestigioso grupo de estudiosos da Torá, Agudath Israel of America, tem que falar com o rabino antes que com qualquer outra pessoa. A autoridade religiosa avalia se é oportuno ou não fazer uma denúncia à polícia. Continue lendo

Milhares sofreram abuso em instituições católicas na Holanda, diz relatório

[BBC Brasil, 16 dez 11] Dezenas de milhares de crianças sofreram abuso sexual em instituições católicas holandesas desde 1945, segundo um relatório preparado por uma comissão independente no país.

O documento diz ainda que líderes da Igreja Católica sabiam dos abusos, mas não tomaram medidas para acabar com os frequentes episódios que aconteciam em escolas, seminários e orfanatos.

Após realizar uma pesquisa com mais de 34 mil pessoas, o relatório estima que uma em cada cinco crianças em instituições católicas sofreram algum tipo de abuso.

Denúncias

A investigação foi realizada após uma série de denúncias no leste da Holanda. Em agosto de 2010, a comissão independente começou a analisar 1,8 mil relatos e acabou identificando 800 supostos responsáveis pelos abusos, 100 dos quais ainda estão vivos.

A comissão buscou ainda descobrir detalhes do que aconteceu e sugerir que tipo de indenização deveria ser oferecida às vítimas.

No mês passado, a Igreja Católica na Holanda criou um sistema de indenizações entre 5 mil e 100 mil euros (R$ 12 mil – R$ 240 mil), dependendo da gravidade do abuso sofrido.

Segundo analistas, a população holandesa, 29% católica, aguardava ansiosamente os resultados da pesquisa realizada pela comissão.

Por medo, cristãos ficam ao lado de ditador da Síria

[Bastian Berbner, Der Spiegel/Uol, 1 dez 11] A rebelião contra ele tinha começado há apenas poucos dias quando o ditador sírio Bashar Assad convocou os líderes cristãos de seu país ao palácio presidencial, no noroeste de Damasco. O patriarca ortodoxo sírio Ignatius foi. Ele tem 78 anos e está gravemente doente, mas ainda é uma figura poderosa. Bispos e arcebispos representando católicos, armênios, arameus e assírios também estavam presentes. Ao todo, havia uma dúzia de líderes religiosos representando cerca de 2,5 milhões de cristãos sírios.

A mensagem que receberam de seu chefe de Estado foi curta e simples: apoiem-me ou suas igrejas queimarão.

Ao que parece, Assad, um membro dos alauitas, uma seita do islamismo xiita, não queria presumir que os cristãos da síria continuariam afastados da política. Sentindo que não apenas sua autoridade, mas talvez sua própria sobrevivência estava em jogo, ele recorreu aos mesmos meios que seu pai, Hafez Assad, usava para manter o poder: pressão e violência.

A Liga Árabe suspendeu a Síria, isolando o país internacionalmente. Damasco perdeu o prazo da última sexta-feira para que Assad colocasse um fim ao derramamento de sangue e permitisse a entrada de uma comissão de observadores no país. A Liga permitiu uma breve prorrogação, mas no domingo impôs sanções econômicas duras contra o país. Na quarta-feira, a Turquia impôs suas próprias sanções econômicas contra a Síria. Continue lendo

Padres brasileiros invadem o velho mundo

Os freis brasileiros Luciano Henrique (primeiro à dir.) e João de Deus (primeiro à esq.) estão na Holanda tentando manter viva a fé cristã

Jovens sacerdotes são convocados para atuar em paróquias na Europa, onde há escassez de mão de obra religiosa e o catolicismo está mergulhado em profunda crise.

[Rodrigo Cardoso, Isto É, 25 nov 11] Uma igreja sem padre, uma fé sem igreja. Entre os europeus esse cenário é mais do que possível. A descristianização da Europa, que outrora foi responsável por levar o Evangelho à América Latina, atingiu um grau tão elevado que há uma corrente de teólogos que acredita que o catolicismo esteja dando adeus ao Velho Continente. Na Holanda, por exemplo, a diocese de Den Bosch, no sul do país, estuda deixar na ativa apenas um quinto das atuais 250 paróquias. O destino da maioria delas poderá ser a transformação em museus e livrarias, o funcionamento esporádico com missa apenas uma vez por semana ou a demolição. “Não há padres, fiéis ou dinheiro suficientes para mantê-las”, diz o frei Jan Bolten, um holandês que, por mais de 40 anos, foi missionário no Brasil e que há três foi escalado para retornar para a sua terra natal. “Os bispos daqui estão buscando padres no Exterior.” Um dos países que têm exportado seus sacerdotes para o Velho Mundo é o Brasil, que outrora mandava seus jovens vocacionados para a África e Ásia. Continue lendo

Igreja católica dos Estados Unidos sofre evasão crônica de fiéis

Dois milhões “estão em fuga” de Roma. É o efeito causado pelos abusos: uma hemorragia de fiéis nos Estados Unidos. 3% dos católicos norte-americanos abandonaram a Igreja por causa dos escândalos dos sacerdotes pederastas, segundo um estudo da Universidade de Notre Dame realizado por Daniel M. Hungerman.

[Giacomo Galeazzi, Vatican Insider/IHU, 25 nov 11]. E quem tira maior proveito da crise do catolicismo norte-americano é a confissão batista. Guido Mocellin, na revista dos padres dehonianos Il Regno, já havia chamado a atenção sobre o propósito de uma “crise de credibilidade” da Igreja nos Estados Unidos. A culpa é sobretudo da linha de conduta de omissão aplicada pelos bispos antes que a “tolerância zero” fosse imposta por Bento XVI. Continue lendo

Alain de Botton propõe “ateísmo 2.0” em SP

O filósofo Alain de Botton durante palestra no evento Fronteiras do Pensamento, em São Paulo – Eduardo Anizelli/Folhapress

[Folha SP, 23 nov 11] Em uma apresentação pontuada por provocações, o filósofo Alain de Botton, 41, autor de best sellers como “A Arquitetura da Felicidade” e “Como Proust Pode Mudar sua Vida”, arrancou risos e mexeu com os ânimos da plateia que quase lotou a Sala São Paulo para ouvi-lo, dentro do ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento.

A palestra marcou o lançamento no Brasil de sua mais recente obra, “Religião para Ateus”. Botton iniciou sua fala apontando uma divisão básica entre os que creem e os que não creem em Deus.

O filósofo foi logo antecipando que não crê, e propôs a fundação do que chamou de um “ateísmo 2.0”. “Hoje é assim: ou você acredita em um conjunto de doutrinas e ingressa em uma comunidade religiosa, ou, com a ajuda da CNN e do Wal Mart, tenta dar conta de uma vida própria espiritualmente vazia”. Continue lendo

”Occupy”: as Igrejas dos EUA estão só olhando

[Massimo Faggioli*, IHU, 22 nov 11] Intelectuais, padres e religiosos norte-americanos estão muito mais presentes e atentos ao que acontece nos vários locais de ocupação do que os bispos. O paradoxo é que uma Igreja Católica cada vez mais atenta a não se fazer “assimilar” pela cultura norte-americana se adaptou a uma cultura econômica liberal, que tem mais a ver com o calvinismo dos fundadores do que com a tradição da doutrina social da Igreja Católica.

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Até o arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, líder da Comunhão Anglicana, deu atenção ao movimento de protesto contra os centros de poder financeiro que acontecem em Londres. Muito mais poderosa é a voz da religião do outro lado do Atlântico, em uma “nação com a alma de uma igreja”, como os Estados Unidos: o protesto evacuado do Zuccotti Park, em Nova York, só podia encontrar refúgio em uma igreja, Trinity Church.

No início do século XX, o social gospel das igrejas que lidavam com a questão social amplificada pela imigração estabeleceu as bases morais (e, em alguns casos, também legislativas) para aquilo que se tornou o New Deal de Roosevelt.

Nos EUA de hoje, a posição das igrejas norte-americanas é indicativa do papel do protesto chamado de “Occupy Wall Street”. Todo fenômeno social e político nos EUA tem um aspecto religioso. Continue lendo