São Paulo viu pulverização evangélica na última década, mostra Censo 2010

Quantidade de fiéis que frequentam templos menores cresceu 62% e evangélicos sem laços com igreja quadruplicou.

[Amanda Rossi, Estado, 7 jul 2012] A cidade de São Paulo viveu uma pulverização evangélica sem precedentes na última década. Segundo novos dados do Censo, o número de evangélicos sem laços com uma igreja determinada aumentou mais de quatro vezes entre 2000 e 2010, enquanto a quantidade de fiéis que frequentam templos menores cresceu 62% nesse período. Juntos, esses dois grupos foram responsáveis por 96% do crescimento do rebanho evangélico da capital em uma década, de 825 mil fiéis.

Os evangélicos não determinados englobam tipos diferentes. Entram na conta os que se dizem apenas evangélicos, sem especificar a igreja ou a corrente, os que frequentam cultos diferentes e os que fazem parte de pequenas igrejas não pentecostais. Em São Paulo, o crescimento dos evangélicos não determinados foi tão grande que eles hoje representam a terceira maior corrente religiosa da cidade – perdem para os católicos e os sem religião, mas ultrapassaram a Assembleia de Deus, denominação evangélica que tem o terceiro maior rebanho do País. Continue lendo

Alemanha debate acolhida de cristãos sírios

Defensores da ideia dizem que tradição cristã da Alemanha obriga o país a receber os cristãos sírios. Críticos afirmam que não se deve diferenciar por confissão religiosa na hora de oferecer ajuda a refugiados.

[Martin Koch, DW, 14 nov 12] O deputado Volker Kauder, líder da bancada dos partidos União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU) no Bundestag, afirmou ao jornal Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung que acolher cristãos sírios na Alemanha é um ato de humanidade. Em declaração ao mesmo jornal, o ministro alemão do Interior, Hans-Peter Friedrich, da CSU, também afirmou ser favorável à acolhida aos cristãos sírios, pois, segundo ele, eles são a minoria mais perseguida na Síria. Continue lendo

Comissão Nacional da Verdade investigará atuação das igrejas

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) instalará um grupo de trabalho só para investigar a atuação das igrejas católica e evangélica no período da ditadura. Serão apurados não apenas o papel de religiosos na resistência à repressão e proteção a vítimas como também o daqueles que colaboraram com os militares.

O grupo se reúne pela primeira vez nessa quinta. E um dos primeiros a prestar depoimento deve ser Anivaldo Padilha. Evangélico, ele foi delatado por pastores da igreja que frequentava. Foi preso, torturado e partiu para o exílio. Sua mulher estava grávida de Alexandre Padilha, hoje ministro da Saúde -que só conheceu o pai quando tinha oito anos.

As apurações do capítulo religioso serão coordenadas por Paulo Sérgio Pinheiro, um dos integrantes da CNV. Pesquisadores autônomos e teólogos foram convidados a participar dos trabalhos.

Da coluna de Mônica Bergamo, jornalista, publicada na Folha de S. Paulo, 6 nov 12

Finado, mas não confinado!

 

“Ora, se o único lar que pelo qual espero é a sepultura,

se estendo minha cama nas trevas, se digo à corrupção mortal:

você é meu pai, e se aos vermes digo: vocês são meus irmãos…

Onde está então minha esperança?

Quem poderá ver alguma esperança para mim?

Descerá ela às portas do abismo? Desceremos juntos ao pó?” ~  Jó 17.13-16 Continue lendo

Tribunal derruba ordem para retirada de índios de fazenda em Iguatemi

Nova decisão foi anunciada pelo ministro da Justiça, em Brasília. Liminar que determinava desapropriação levou tribo a ‘pedir’ morte coletiva.

[Nathalia Passarinho, G1, 30 out 2012] O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (SP e MS) cassou nesta terça-feira (30) liminar (decisão provisória) de um juiz federal de Naviraí (MS) que determinava a desocupação pelos índios guarani-kaiowá de área na Fazenda Cambará, em Iguatemi, a 466 km de Campo Grande.

A informação foi anunciada pelo ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, em reunião com membros da etnia na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência. Cardozo informou ainda que determinou o envio de reforço da Polícia Federal e da Força Nacional para evitar que a tensão entre indígenas e produtores rurais provoque violência. Continue lendo

A fome: desafio ético e político ~ Leonardo Boff

Por causa da retração econômica provocada pela atual crise financeira, o número de famintos, segundo a FAO, saltou de 860 milhões para um bilhão e duzentos milhões. Tal fato perverso impõe um desafio ético e político. Como atender as necessidades vitais destes milhões e milhões?

[Adital, 29 out 12] Historicamente este desafio sempre foi grande, pois a necessidade de satisfazer demandas por alimento nunca pôde ser plenamente atendida, seja por razões de clima, de fertilidade dos solos ou de desorganização social. À exceção da primeira fase do paleolítico quando havia pouca população e superabundância de meios de vida, sempre houve fome na história. A distribuição dos alimentos foi quase sempre desigual. Continue lendo

MPF ajuíza recurso para que índios continuem em área ocupada

O Ministério Público Federal (MPF) em Dourados ajuizou recurso no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) em face da ordem de reintegração de posse da fazenda Cambará, em Iguatemi, sul de Mato Grosso do Sul, emitida pela Justiça Federal de Naviraí. O MPF pede a reforma da decisão que determinou a saída dos índios ou, ao menos, a permanência da comunidade indígena na área ocupada até que sejam concluídos os estudos antropológicos aptos a determinarem a tradicionalidade da ocupação.

[Aquidauana News, 25 out 2012] Os indígenas ocupam 2 hectares da fazenda, que possui 762 hectares, desde 29 de novembro de 2011. A área ocupada faz parte da reserva de mata nativa, que não pode ser explorada economicamente. Eles foram para esta área depois de um ataque ocorrido em 23 de agosto de 2011 (clique aqui para ver a notícia), quando pistoleiros armados investiram contra o grupo, ferindo crianças e idosos e destruindo o acampamento, montado à beira de uma estrada vicinal. Para chegar ao local, os indígenas arriscam-se na travessia de um rio. São 50 metros entre as margens, dois metros de profundidade e forte correnteza, vencidos por mulheres, idosos e crianças através de um fio de arame.  Continue lendo

Bastidores da tragédia Kaiowá-Guarani: Multinacionais, partidos, Justiça…

Guerreiro guarani-kaiowá do acampamento de Pyelito Kue (Foto: Spensy Pimentel)

Antropólogo e jornalista, Spensy Pimentel deixou, em 2007, o trabalho como repórter especial em Brasília, na Agência Brasil, para se dedicar à pesquisa de doutorado na USP, sobre a vida política dos Guarani-Kaiowá, atualmente em fase de conclusão.

[Bob Fernandes, Terra Magazine, 25 out 2012] Spensy já tinha defendido o mestrado, também na USP, sobre a epidemia de suicídios verificada entre esses indígenas desde os anos 80. Realizou pesquisa no Mato Grosso do Sul exatamente no periodo em que os conflitos entre índios e fazendeiros se acirraram, desde 2009.

Em 2011, Spensy Pimentel lançou, junto com parceiros, o vídeo “Mbaraká – A Palavra que age”, sobre o envolvimento dos xamãs Guarani-Kaiowá com a luta pela terra em MS.

Nesta conversa, o antropólogo Spensy Pimentel elenca alguns dos atores presentes nos bastidores dessa tragédia:- (…) O movimento de recuperação das terras, que organiza as grandes assembleias (Aty Guasu), é uma reação a esse confinamento que o Estado brasileiro impôs aos Kaiowá e Guarani. Diz ainda Spensy Pimentel:

– Esse confinamento foi realizado para viabilizar a instalação do agronegócio ali: cana, soja, gado, milho produzidos para exportação, em parceria (insumos, apoio tecnológico e, muitas vezes, financiamento) de multinacionais como Bunge, Cargill, ADM, Monsanto…

Confira abaixo a íntegra da entrevista: Continue lendo

Carta sobre ‘morte coletiva’ de índios gera comoção e incerteza

A carta dos indígenas Guarani-Kaiowá, anunciando o que foi interpretado por muitos como uma ameaça de suicídio em massa, vem gerando comoção, mas também incerteza sobre o real significado do documento assinado por líderes da tribo.

[Júlia Dias Carneiro, BBC Brasil, 24 out 2012] A carta, que teve ampla repercussão nas redes sociais e em portais de notícia do Brasil e do exterior, foi interpretada como um anúncio de suicídio coletivo por parte dos Pyelito Kue, comunidade de 170 indígenas que expôs seu desespero após receber uma ordem de despejo da terra onde vive acampada. Na carta, os indígenas afirmavam que dali não sairiam vivos. Continue lendo

Estudo denuncia produção de soja e cana em terras dos Guarani-kaiowá

O Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (CMA) da ONG Repórter Brasil lançou nesta quarta-feira, 24, o relatório “Em terras alheias – a produção de soja e cana em áreas Guarani no Mato Grosso do Sul”. Com base em dados de órgãos públicos e entrevistas in loco nas aldeias, o trabalho buscou mapear a incidência de produtores destas commodities em seis áreas no Estado: as Terras Indígenas (TIs) Jatayvary, Guyraroká, Takuara e Panambi-Lagoa Rica (já declaradas pela Funai), e as áreas Laranjeira Nhanderu e Guaiviry (em estudo pela Funai).

A divulgação do relatório acontece no momento em que os conflitos de terra entre indígenas e produtores rurais têm se acirrado no Mato Grosso do Sul. No período entre a realização das pesquisas, em julho deste ano, e sua divulgação, várias retomadas de terra pelos Guarani-kaiowá levaram a novos confrontos e reações extremadas por parte de fazendeiros, com ataques à bala a acampamentos e ameaças explícitas, como nos casos das áreas de Arroio Korá e Potrero Guasu, ambas em Paranhos. Continue lendo

“Decretem nossa extinção e nos enterrem aqui”

A declaração de morte coletiva feita por um grupo de Guaranis-Kaiowás demonstra a incompetência do Estado brasileiro para cumprir a Constituição de 1988 e mostra que somos todos cúmplices de genocídio – uma parte de nós por ação, outra por omissão.

– Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais.

[Eliane Brum, Época, 22 out 12] O trecho pertence à carta de um grupo de 170 indígenas que vivem à beira de um rio no município de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, cercados por pistoleiros. As palavras foram ditadas em 8 de outubro ao conselho Aty Guasu (assembleia dos Guaranis-Kaiowás), após receberem a notícia de que a Justiça Federal decretou sua expulsão da terra. São 50 homens, 50 mulheres e 70 crianças. Decidiram ficar. E morrer como ato de resistência – morrer com tudo o que são, na terra que lhes pertence. Continue lendo