Politicamente correto

Photo © Serhat Yılmaz

Entre o politicamente correto e o correto, fique com o correto.
Santidade sempre será contracultura.
Contra, não anti.
O Evangelho do Reino é a proposta política afirmativa de Deus para sua criação.
Seus valores?

A vida, a beleza, a verdade, a justiça, o amor.

Como nasce a ética? ~ Leonardo Boff

A sociedade capitalista valoriza mais a competição do que a cooperação e magnifica o indivíduo que se constrói sozinho, e não a sociedade e a comunidade.

A base de toda construção ética, cujo campo é a prática, está nesta pressuposição: a ética surge quando o outro emerge diante de nós.

O outro pode ser a própria pessoa que se volta sobre si mesma, analisa a consciência, capta os apelos que nela se manifestam (ódio, compaixão, solidariedade, vontade de dominação ou de cooperação, sentido de responsabilidade), se dá conta de seus atos e das consequências que deles se derivam. O outro pode ser aquele que está à sua frente, homem ou mulher, criança, trabalhador, empresário, portador de HIV, negro etc. O outro podem ser os outros como uma comunidade, uma classe social, a sociedade como um todo, ou, numa perspectiva mais global, a natureza, o planeta Terra como Gaia e, em último termo, Deus. Continue lendo

Aumenta o número de abortos de risco no mundo, diz OMS

Enquanto o número total de abortos está estagnado no mundo, a proporção dos abortos que colocam a saúde da mulher em risco está crescendo.

Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Instituto Guttmacher, nos Estados Unidos, revela que o declínio do aborto em todo o mundo está estagnado. De acordo com o estudo, chamado Aborto Induzido: Incidências e Tendências pelo Mundo de 1995 a 2008, o número total de aborto entre mulheres de 15 a 44 anos, caiu de 35 para 1.000 mulheres para 29 / 1.000 entre 1995 e 2003, e para 28/1.000 em 2008. Já a proporção de abortos considerados de risco tem aumentado. O estudo foi publicado no periódico The Lancet.

[Veja, 20 jan 12] Segundo os dados da OMS, estima-se que 43,8 milhões de abortos foram feitos em 2008, comparados a 41,6 milhões em 2003 e a 45,6 milhões em 1995. Cerca de 80% de todos os abortos foram realizados em países em desenvolvimento em 1995, com um aumento para 86% em 2008. Nesse mesmo período, a proporção de mulheres em idade reprodutiva aumentou de 80% para 84% nessas regiões. Continue lendo

Aborto deixa sequelas psicológicas

Depressão, transtorno bipolar e culpa são alguns dos transtornos emocionais vividos por mulheres que interrompem uma gravidez. Se não têm apoio psicológico, elas podem buscar consolo no álcool e outras drogas, dizem especialistas.

“Eu tinha 17 anos. Nessa idade, você não tem muito o que pensar quando engravida. Meu namorado não tinha muitas condições financeiras, meu pai era médico, mas não contei nada. Abortei e foi muito traumatizante. Fiz a curetagem em uma casa de Belo Horizonte, sem anestesia. Lembro que era um procedimento caro na época. Tive hemorragia, mas tomei os remédios indicados. Fiquei anêmica. Tive depressão, mas não podia me dar ao luxo de manifestar a doença, pois meus pais não sabiam de nada. Durante muitos anos, ficava pensando naquilo, na dor que senti. A gravidez mexe com a gente. Depois tive dois filhos. Se na época tivesse recebido uma orientação ou um apoio não teria sofrido tanto. Mas conheço várias pessoas que já fizeram dois, três abortos, e não se importaram” M. A.*, de 42 anos

[Luciane Evans, Estado de Minas, 16 abr 13] Muito mais do que as sequelas deixadas no corpo, como a perda do útero, milhares de mulheres se submetem a um aborto clandestino no Brasil e enfrentam, muitas vezes, um outro problema de saúde: o de ordem emocional. Angústia, alto grau de depressão e transtornos mentais são, segundo especialistas, as marcas cravadas na alma que podem aparecer de imediato ou anos depois, na maioria dos casos. O gatilho para o desenvolvimento desses males é disparado, principalmente, pelo preconceito da sociedade, pela culpa de ter cometido um crime segundo as leis brasileiras e pelas questões religiosas. Por tudo isso, muitas delas se fecham no silêncio, postura considerada pelos especialistas perigosa para a saúde mental. Continue lendo

Homicídios no Brasil superam os de países que vivem em guerra

Entre 2004 e 2007, o conflito armado do Iraque resultou em 76.266 mortos. No Sudão , outro país em convulsão, os mortos foram 12.719, um pouco a mais do que os 12.417 registrados no Afeganistão . No mesmo período, os mortos da Colômbia foram 11.833. Contudo, no Brasil, entre 2004 e 2007, ocorreram 147.343 mortes por armas de fogo. Esses são os dados reunidos pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), que foram divulgados em Brasília (DF).

[Eric Nepomuceno, Página/12, 4 abr 13] O número de homicídios é ainda mais impactante quando comparado com o total de vítimas fatais registradas em doze países que viveram conflitos armados. Da República do Congo ao Paquistão, passando pela Somália, por territórios palestinos e por Israel foram 169.574 mortos. Somente em 2010, foram assassinadas 36.792 pessoas no Brasil, uma média de cem por dia ou de quatro por hora. Uma a cada quinze minutos. Continue lendo

O Animal Moral ~ Jonathan Sacks

É o momento mais religioso do ano. Pode-se ver em qualquer cidade nos Estados Unidos ou na Inglaterra o céu iluminado por símbolos religiosos, decorações de Natal, e provavelmente também uma menorah gigante. A religião no Ocidente parece estar viva e bem.

Mas é isso mesmo? Ou estes símbolos foram esvaziados de conteúdo, e tornaram-se nada mais do que um pano de fundo brilhante para a mais nova fé do Ocidente, o consumismo, sendo suas catedrais seculares os shoppings?

À primeira vista, a religião parece estar em declínio. Na Grã-Bretanha, acaba de ser publicado os resultados do censo nacional de 2011. Mostram que um quarto da população afirma não ter religião, quase o dobro de uma década atrás. E, embora os Estados Unidos continue sendo o país mais religioso do Ocidente, 20 por cento declaram-se sem filiação religiosa – o dobro do número de uma geração atrás. Continue lendo

Política carcerária: reintegrar a pessoa ou entregá-la para o crime organizado?

Gláucio Dettmar/Agência CNJ

Para muita gente, deixar pessoas sofrerem no sistema prisional é lindo, uma forma de vingança institucional por conta do sofrimento que causaram em alguém. Vingança, não Justiça. Isso pode ser útil para enganar a si mesmo, achando que transferir a dor aplaca a sua própria. Mas não irá resolver o problema causado e dificilmente conseguirá fazer com que o crime não seja cometido novamente. Não se reintegra, apenas exclui-se ainda mais quem, na maioria das vezes, foi sistematicamente excluído da sociedade. Que compromisso tem a pessoa quando retorna ao convívio social?

[Leonardo Sakamoto, UOL, 14 mar 13] O Manifesto Pela Humanização do Cárcere, primeira iniciativa do Projeto Cárcere Cidadão, foi lançado nesta semana em São Paulo ajudar a debater a questão. O objetivo do projeto é colocar a universidade como protagonista na luta por um sistema de execução penal mais justo e mais humano. Continue lendo

Crack, risco real e mitos

Novas pesquisas revelam: dependência não é causada pelo suposto “vício na primeira traga” — mas pelas condições sociais dramáticas em que vive grande maioria dos usuários.

[André Antunes, Brasil de Fato, 28 mar 13]  A pesquisa do Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas da Universidade Federal de São Paulo (Cebrid/Unifesp) oferece alguns indícios dos efeitos na população da amplificação do problema do crack. De acordo com o levantamento, 77,1% dos entrevistados consideraram que utilizar cocaína ou crack uma ou duas vezes na vida oferecia um risco grave, enquanto para a maconha esse índice foi de 48,1%. Já a ingestão de uma ou duas doses de álcool por semana oferecia risco grave para 20,8% dos entrevistados. Os dados a respeito do crack vão ao encontro de noções que se tornaram senso comum entre os brasileiros: a de que a droga “vicia na primeira tragada”, que ela causa rápida degradação física e moral, é causadora da desestruturação familiar, mata muito rapidamente, etc. Continue lendo

O Bicho Homem ~ poema de Francisco Carvalho, musicado por Raimundo Fagner

O BICHO HOMEM (Francisco Carvalho)

Que bicho é o homem, de onde ele veio para onde vai?
De onde ele veio para onde vai?
Onde é que entra, de onde é que sai?
Que raio lhe acende a chama da fúria
O que é que sobra da cesta básica de sua penúria
Que bicho é o homem, do que se enfeita que mão o ampara
No chão de enigmas em que se deita
Que bicho é o homem
Que mama no seio da reminiscência
E que embala a morte em seu devaneio
Que bicho é esse que carrega o fardo de uma dor medonha
Que sucumbe o fardo mas ainda sonha?
Que bicho vagueia na treva hedionda
Que pantera esguia será mais veloz do que a própria sombra? Continue lendo

A caravana da cocaína no Sahel ~ by Anne Frintz

No meio do caminho entre a América Latina e a Europa, o oeste da África se tornou um centro comercial do tráfico de cocaína. Em todo itinerário que percorre, o dinheiro do comércio de drogas permite comprar numerosos intermediários, especialmente políticos, e contribuiu para a desintegração dos Estados.

[Anne Frintz*, Le Monde Diplomatique, 1 mar 13] Em novembro de 2009, um Boeing 727 vindo da Venezuela pousava em Tarkint, localidade perto de Gao, no nordeste do Mali. Ele transportava entre 5 e 9 toneladas de cocaína, que nunca foram encontradas. Depois de descarregada, a aeronave falhou na decolagem e pegou fogo. O inquérito revelou que entre os envolvidos estavam uma família libanesa e um empresário mauritano que fizeram fortuna com o comércio de diamantes angolanos. Continue lendo

Mídia digital motiva “crentes” autônomos, diz pesquisador

A mídia digital empodera pessoas na escolha religiosa, no desenvolvimento de “crentes” autônomos, disse o professor Stewart Hoover, da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos. Autoridades eclesiais perderam o controle sobre os símbolos religiosos e têm dificuldades de encontrar modelos para divulgá-los, ao contrário da mídia.

[Edelberto Behs, ALC, 27 mar 2013] Tratados como campos separados até os anos 60 do século passado, mídia e religião passaram a convergir, apontou Hoover em palestra para alunos de Jornalismo, proferida ontem na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Hoje, pesquisadores voltam seus olhares para o fenômeno da religião digital.

As tecnologias digitais, explicou o diretor do Centro para a Mídia, Religião e Cultura, são o espaço específico onde a religião está sendo modificada, trazendo autonomia pessoal, provocando o declínio da autoridade religiosa, transformando a lógica estética da própria mídia e gerando culturas digitais. Continue lendo