Depressão, transtorno bipolar e culpa são alguns dos transtornos emocionais vividos por mulheres que interrompem uma gravidez. Se não têm apoio psicológico, elas podem buscar consolo no álcool e outras drogas, dizem especialistas.
“Eu tinha 17 anos. Nessa idade, você não tem muito o que pensar quando engravida. Meu namorado não tinha muitas condições financeiras, meu pai era médico, mas não contei nada. Abortei e foi muito traumatizante. Fiz a curetagem em uma casa de Belo Horizonte, sem anestesia. Lembro que era um procedimento caro na época. Tive hemorragia, mas tomei os remédios indicados. Fiquei anêmica. Tive depressão, mas não podia me dar ao luxo de manifestar a doença, pois meus pais não sabiam de nada. Durante muitos anos, ficava pensando naquilo, na dor que senti. A gravidez mexe com a gente. Depois tive dois filhos. Se na época tivesse recebido uma orientação ou um apoio não teria sofrido tanto. Mas conheço várias pessoas que já fizeram dois, três abortos, e não se importaram” M. A.*, de 42 anos
[Luciane Evans, Estado de Minas, 16 abr 13] Muito mais do que as sequelas deixadas no corpo, como a perda do útero, milhares de mulheres se submetem a um aborto clandestino no Brasil e enfrentam, muitas vezes, um outro problema de saúde: o de ordem emocional. Angústia, alto grau de depressão e transtornos mentais são, segundo especialistas, as marcas cravadas na alma que podem aparecer de imediato ou anos depois, na maioria dos casos. O gatilho para o desenvolvimento desses males é disparado, principalmente, pelo preconceito da sociedade, pela culpa de ter cometido um crime segundo as leis brasileiras e pelas questões religiosas. Por tudo isso, muitas delas se fecham no silêncio, postura considerada pelos especialistas perigosa para a saúde mental. Continue lendo →