Veja as informações oficiais sobre a crise mundial de refugiados. Entenda que os sÃrios são parte do problema… muitos outros paÃses são afetados e não recebem a devida atenção, seja dos governos, seja da igreja. É tempo de reverter isso!
O Relatório Anual do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) divulgado em 18 jun 2015 mostra que o deslocamento global provocado por guerras, conflitos e perseguições atingiu um nÃvel recorde e está acelerando rapidamente.
A nova edição do relatório Tendências Globais (ou Global Trends) revela um claro crescimento no número de pessoas forçadas a deixar suas casas. Ao final de 2014, este número atingiu o nÃvel recorde de 59,5 milhões de pessoas, comparado com os 51,2 milhões registrados no final de 2013 e os 37,5 milhões verificados há uma década. O crescimento desde 2013 (8,3 milhões de pessoas) é o maior já registrado em um único ano.
Esta tendência de crescimento tem sido principalmente verificada desde 2011, quando se iniciou a guerra na SÃria – e que se transformou no maior evento individual causador de deslocamento no mundo. Em 2014, uma média de 42,5 mil pessoas por dia se tornaram refugiadas, solicitantes de refúgio ou deslocadas internos – um crescimento quadruplicado em apenas quatro anos. Em todo o mundo, 01 em cada 122 indivÃduos é atualmente refugiado, deslocado interno ou solicitante de refúgio. Se fossem a população de um paÃs, representariam a 24º nação mais populosa do planeta.
“Estamos testemunhando uma mudança de paradigma, entrando em uma nova era na qual a escala do deslocamento global e a resposta necessária a este fenômeno é claramente superior a tudo que já aconteceu até agoraâ€, disse o Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres. “É aterrorizante verificar que, de um lado, há mais e mais impunidade para os conflitos que se iniciam, e, por outro, há uma absoluta inabilidade da comunidade internacional em trabalhar junto para encerrar as guerras e construir uma paz perseveranteâ€, afirmou o Alto Comissário.
O relatório do ACNUR mostra que as populações refugiadas e de deslocados internos cresceram em todas as regiões do mundo. Nos últimos cinco anos, pelo menos 15 conflitos se iniciaram ou foram retomados: oito na Ãfrica (Costa do Marfim, República Centro Africana, LÃbia, Mali, nordeste da Nigéria, República Democrática do Congo, Sudão do Sul e Burundi, neste ano); três no Oriente Médio (SÃria, Iraque e Iêmen); um na Europa (Ucrânia); e três na Ãsia (Quirguistão e em diferentes áreas de Mianmar e Paquistão).
Poucas dessas crises foram solucionadas e muitas ainda geram novos deslocamentos. Em 2014, apenas 126,8 mil refugiados conseguiram retornar para seus paÃses de origem – o menor número em 31 anos.
Enquanto isso, conflitos longevos no Afeganistão, Somália e outros lugares fazem com que milhões de pessoas originárias destas regiões permaneçam em movimento, à margem da sociedade ou vivendo a incerteza de continuarem como refugiadas ou deslocadas internas por muitos anos. Entre as mais recentes e visÃveis consequências dos conflitos globais está o dramático crescimento de refugiados que, em busca de proteção, realizam jornadas marÃtimas perigosas no Mediterrâneo, no Golfo de Ãden, no Mar Vermelho e no Sudeste da Ãsia.
Crianças são a metade – O relatório Tendências Globais mostra que 13,9 milhões de pessoas se somaram ao número de novos deslocados, apenas em 2014 – quatro vezes mais que em 2010. Em todo o mundo, foram contabilizados 19,5 milhões de refugiados (acima dos 16,7 milhões de 2013), 38,2 milhões de deslocados dentro de seus próprios paÃses (contra 33,3 milhões em 2013) e 1,8 milhão de solicitantes de refúgio (em comparação com 1,2 milhão em 2013). Um dado alarmante: metade dos refugiados no mundo é formada por jovens e crianças de até 18 anos de idade.
“Com enorme falta de financiamento e grandes falhas no regime global de proteção das vÃtimas de guerras, as pessoas com necessidade de compaixão, ajuda e refúgio estão sendo abandonadasâ€, afirmou Guterres. “Para uma época de deslocamento massivo sem precedentes, necessitamos de uma resposta humanitária também sem precedentes, e um compromisso global renovado de tolerância e proteção para as pessoas que fogem de conflitos e perseguiçõesâ€, disse o Alto Comissário.
15 conflitos surgiram ou se reiniciaram nos últimos 5 anos, deslocando dezenas de milhões de pessoas. Atualmente, a SÃria tem a maior população de deslocados internos (7,6 milhões) e também é o principal paÃs de origem de refugiados (3,88 milhões, ao final de 2014) no mundo. O Afeganistão e a Somália vêm em seguida, sendo os paÃses de origem de 2,59 milhões e 1,1 milhão de refugiados – respectivamente.
Mesmo com este claro crescimento nos números, a presença dos refugiados segue distante das nações mais ricas e próxima dos paÃses mais pobres. De acordo com o relatório, 86% dos refugiados estão em regiões ou paÃses considerados economicamente menos desenvolvidos. Um quarto de todos os refugiados está em paÃses que integram a lista da ONU de nações menos desenvolvidas.
Europa (crescimento de 51%)
O conflito na Ucrânia, o recorde de travessias no Mediterrâneo (219 mil pessoas) e o grande número de refugiados sÃrios na Turquia (que em 2014 se tornou o paÃs que acolhe a maior população de refugiados no mundo, com 1,59 milhão de sÃrios) chamaram a atenção do público para o tema do refúgio, tanto positiva quanto negativamente. Na União Europeia, a maioria das solicitações de refúgio foi feita na Alemanha e na Suécia. Em geral, o deslocamento forçado na Europa totalizou 6,7 milhões de pessoas no final do ano, comparado com os 4,4 milhões registrados ao final de 2013. Quase 25% desta população são de refugiados sÃrios na Turquia.
Oriente Médio e Norte da Ãfrica (crescimento de 19%)
O sofrimento massivo causado pela guerra na SÃria, com 7,6 milhões de deslocados internos e 3,88 milhões de refugiados nos paÃses vizinhos, tornou o Oriente Médio a principal região de origem e recebimento de populações deslocadas por conflitos e perseguições. Além dos deslocamentos causados pela SÃria estão pelo menos 2,6 milhões de novos deslocados no Iraque – onde 3,6 milhões de pessoas eram consideradas deslocadas internas ao final de 2014. Outro número relevante são os 309 mil novos deslocamentos registrados na LÃbia.
Ãfrica Subsaariana (crescimento de 17%, excluindo a Nigéria)
Geralmente esquecidos, os numerosos conflitos na Ãfrica – incluindo República Centro Africana, Sudão do Sul, Somália, Nigéria e República Democrática do Congo – produziram juntos um deslocamento enorme forçado em 2014, numa escala ligeiramente menor que no Oriente Médio. No total, a Ãfrica Subsaariana totalizou 3,7 milhões de refugiados e 11,4 milhões de deslocados internos – 4,5 milhões dos quais ocorridos em 2014. O crescimento médio de 17% exclui a Nigéria, onde ocorreram mudanças metodológicas no cálculo do deslocamento interno em 2014. A Etiópia substituiu o Quênia como principal paÃs de destino de refugiados na região, e é agora o quinto maior no mundo.
Ãsia (crescimento de 31%)
Geralmente um das principais regiões do mundo em termos de deslocamento forçado, a Ãsia registrou um crescimento de 31% nestas populações em 2014 – chegando a 09 milhões de pessoas. Afeganistão, que anteriormente era o principal paÃs de origem de refugiados no mundo, cedeu esta posição para a SÃria. Deslocamentos contÃnuos foram registrados em Mianmar em 2014, inclusive a minoria Rohingya do Estado de Rakhine Ocidental e nas regiões de Kachin e Shan. Irã e Paquistão permanecem sendo dois dos quatro maiores paÃses de recepção de refugiados.
Américas (crescimento de 12%)
A região das Américas observou um crescimento no deslocamento forçado, embora tenha havido uma redução de 36,6 mil na população de refugiados colombianos durante o ano (estimada em 360,3 mil pessoas), principalmente por causa de revisões estatÃsticas na Venezuela. Entretanto, a Colômbia continua abrigando uma das maiores populações de deslocados internos no mundo, com cerca de 06 milhões de pessoas nesta situação reportadas até o final de 2014 e com 137 mil colombianos sendo deslocados durante o ano passado. Devido à violência de gangues urbanas e outras formas de perseguição na América Central, os Estados Unidos receberam, em 2014, 36,8 mil pedidos de refúgio a mais do que o registrado em 2013 – um crescimento de 44%.
A versão completa do relatório Tendências Globais (Global Trends) com estas informações detalhadas, inclusive dados especÃficos por paÃses – incluindo estatÃsticas de menores desacompanhados e retornados a seus paÃses de origem – e estimativas da população apátrida, está disponÃvel em www.unhcr.org/2014trends.
Por: ACNUR