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Até 2014, Brasil quer retirar do trabalho infantil 1,2 milhão de crianças

[Roberta Lopes, Agência Brasil, 13 jun 11] O Brasil quer retirar do trabalho infantil 1,2 milhão de crianças até 2014, por meio da ampliação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), informou a secretária nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Denise Colin, em entrevista à Agência Brasil. Essa ampliação está dentro do Programa Brasil sem Miséria, lançado este mês pela presidenta Dilma Rousseff.

Denise Colin disse que hoje o programa atende mais de 800 mil crianças em todo o país. Elas foram encontradas em situação de trabalho no campo, de trabalho doméstico, exploração sexual, entre outros. Segundo a secretária, quando é feita a identificação de trabalho infantil, as crianças são inseridas no Programa Bolsa Família e é anotada na inscrição do programa a situação de trabalho infantil.

“As famílias recebem o benefício do Programa Bolsa Família. Essa criança tem a oportunidade de ser atendida em serviços que possam retirá-la da situação de exploração no trabalho”, disse. Continue lendo

Os evangélicos e a ditadura militar

[Rodrigo Cardoso, Isto É, 11 jun 11] Documentos inéditos do projeto Brasil: Nunca Mais – até agora guardados no Exterior – chegam ao País e podem jogar luz sobre o comportamento dos evangélicos nos anos de chumbo.

No primeiro dia foram oito horas de torturas patrocinadas por sete militares. Pau de arara, choque elétrico, cadeira do dragão e insultos, na tentativa de lhe quebrar a resistência física e moral. “Eu tinha muito medo do que ia sentir na pele, mas principalmente de não suportar e falar. Queriam que eu desse o nome de todos os meus amigos, endereços… Eu dizia: ‘Não posso fazer isso.’ Como eu poderia trazê-los para passar pelo que eu estava passando?” Foram mais de 20 dias de torturas a partir de 28 de fevereiro de 1970, nos porões do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), em São Paulo. O estudante de ciências sociais da Universidade de São Paulo (USP) Anivaldo Pereira Padilha, da Igreja Metodista do bairro da Luz, tinha 29 anos quando foi preso pelo temido órgão do Exército. Lá chegou a pensar em suicídio, com medo de trair os companheiros de igreja que comungavam de sua sede por justiça social. Mas o mineiro acredita piamente que conseguiu manter o silêncio, apesar das atrocidades que sofreu no corpo franzino, por causa da fé. A mesma crença que o manteve calado e o conduziu, depois de dez meses preso, para um exílio de 13 anos em países como Uruguai, Suíça e Estados Unidos levou vários evangélicos a colaborar com a máquina repressora da ditadura. Delatando irmãos de igreja, promovendo eventos em favor dos militares e até torturando. Os primeiros eram ecumênicos e promoviam ações sociais e os segundos eram herméticos e lutavam contra a ameaça comunista. Padilha foi um entre muitos que tombaram pelas mãos de religiosos protestantes. Continue lendo

MC’s Guaranis ~ garotos indígenas adotam o hip hop como cultura

É nóis. Clemerson (E), Charles, Bruno e Kelvin formam o Brô MC’s

O que levou os garotos de uma reserva indígena em Mato Grosso do Sul a adotar o hip hop como cultura e a criar o primeiro grupo de rap indígena no Brasil.

[Julio Maria, O Estado de SP, 21 mai 11] Os olhos do índio Bruno Verón dizem que algo na aldeia não vai bem. Junto a três outros jovens da mesma tribo, ele tranca o sorriso, amarra o Nike e mira o alvo: o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli. André está sentado na primeira fileira ao lado do prefeito de Dourados, Murilo Zauith, e de vereadores que inauguram com festa e discursos a Vila Olímpica Indígena da região, um espaço esportivo com campo de futebol e quadras de basquete. Bruno terá sua chance logo depois das meninas dançarinas da etnia terena. Assim que o locutor anuncia a entrada de seu grupo de rap, o Brô MC”s, o índio procura pelo governador na plateia e joga a lança: “Esta vai pra vocês que não conhecem nossa realidade, que não sabem dos nossos dilemas. Aldeia unida, mostra a cara!”

A real que Bruno canta forte, em uma mistura de guarani e português, está bem perto daquele complexo esportivo de R$ 1,6 milhão cheirando a tinta. Sua casa de quatro cômodos é dividida entre ele, a mãe, o pai e cinco irmãos. O avô morreu espancado supostamente por capangas de fazendeiros que queriam os indígenas longe dali. O irmão mais velho escapou por pouco, mas leva um projétil alojado na perna. Na casa dos Verón, arroz e feijão são lei. Carne, pouca. Salada, “coisa de paulista”. Mandioca brota no quintal. Banho, só de caneca. A geladeira está quebrada. A TV funciona. O Playstation, também. E sempre, a qualquer hora, os celulares dos garotos tocam Eminem, Snoop Doggy, Racionais, MV Bill e Fase Terminal. Continue lendo

O suicídio entre os povos indígenas e as difíceis respostas

[IHU, 24 mai 11] “A questão dos suicídios entre os povos indígenas e, em especial, entre os Kaiowá Guarani é uma questão muito delicada, que precisa ser entendida em sua gravidade, respeitando o silêncio e mistério que envolvem essas mortes. Mas como uma jovem Kaiowá levou a questão ao forum da ONU para sensibilizar os Estados Nacionais sobre as principais causas dessa atitude extrema, dentre os quais se destaca a não demarcação e garantia das terras e destruição dos recursos naturais e do meio ambiente, resolvi trazer alguns elementos que ajudem a reflexão sobre essa realidade. Isso considerando que nesta semana acontecerá aqui em Dourados uma audiência pública e um seminário sobre a demarcação das terras indígenas. A temperatura certamente irá subir com um acentuado e agressivo tom anti indígena”, escreve Egon Heck, ao enviar o artigo que publicamos a seguir.

Eis o artigo.

Fui visitar o amigo Kaiowá, Amilton Lopes, na Terra Indígena Nhanderu Marangatu, na fronteira com o Paraguai. Foi logo comentando que um vizinho seu, Arnaldo Savalo, de 30 anos, havia se suicidado, há três dias. Porém colocou uma pitada de desconfiança. “Ele estava assim ajoelhado encima da cama com a corda no pescoço e o peito machucado. Existem dúvidas se em alguns casos os aparentes suicídios não são a rigor homicídios. Porém isso acaba ficando para o rol dos mistérios que nunca serão esclarecidos. O fato é que os suicídios são, conforme a concepção Kaiowá Guarani, uma “doença-epidemia” que está fazendo cada vez mais vítimas. Falam sempre com certo constrangimento quando perguntados sobre o assunto. Preferem silenciar a respeito. Por esta razão os relatórios e estatísticas são sempre parciais e subestimadas. Conforme alguns estudiosos  a média anual de suicídios entre esse povo, no Mato Grosso do Sul, fica em torno de cinqüenta casos. Os números registrados ficam sempre aquém do que de fato acontece. Nos últimos vinte anos, foram 517 suicídios, conforme órgãos oficiais. Continue lendo

Ciganos ainda são “povos invisíveis”, avaliam estudiosos

Violinista cigano; República Tcheca

[Daniella Jinkings e Marcos Chagas, Agência Brasil, 24 mai 11] Apesar de viverem no país desde o século 16, os ciganos ainda são uma parcela da população pouco conhecida pelos brasileiros e até mesmo pelo Poder Público. Faltam informações oficiais precisas sobre o número de ciganos que vivem no território nacional. As estimativas variam de 800 mil – a mais adotada por órgãos do governo e entidades não governamentais – até 1,2 milhão de pessoas.

A Agência Brasil publica hoje (24) uma série de matérias para mostrar um pouco dos costumes e da história desse “povo invisível”, como definem estudiosos do tema, representantes do governo e os próprios ciganos. De acordo com o diretor executivo da Pastoral dos Nômades, padre Wallace Zanon, os ciganos ainda não têm seus direitos respeitados. “Eles ainda estão um passo atrás, pois nunca foram reconhecidos.” Continue lendo

Brasil assiste a ‘revolução’ das babás, diz ‘New York Times’

[BBC Brasil, 20 mai 11] Uma reportagem publicada nesta sexta-feira pelo diário americano The New York Times relata o que chama de “revolução” das babás no Brasil, com o aumento dos salários e da mobilidade social na profissão.

Intitulada “Babás ascendentes chegam à classe média brasileira”, a reportagem diz que essa revolução “está destruindo o estereótipo colonial da ajuda doméstica barata, mas dedicada, na América Latina”.

“Conforme aumentam suas expectativas por uma melhor qualidade de vida, as babás estão cada vez mais procurando trabalhar para os muito ricos e se tornando menos acessíveis para muitas famílias de classe média”, diz o texto.

Para o jornal, a situação vem criando tensões sociais num país em que mais mulheres vêm entrando no mercado de trabalho sem ter o acesso aos desenvolvidos sistemas de creches que existem em algumas nações industrializadas. Continue lendo

Brasil é 3º país com mais escassez de talentos no mundo, diz pesquisa

[BBC Brasil, 19 mai 11] O Brasil é o terceiro país no mundo com maior escassez de talentos, indicou uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira.

Em um levantamento realizado pela consultoria de recursos humanos Manpower, 57% dos empregadores disseram estar tendo dificuldades de preencher suas vagas, principalmente por conta da falta de qualificação da mão-de-obra.

Na futura sede de eventos globais como a sede da Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, a falta de talento afeta principalmente os empregos técnicos, na área de engenharia e em funções como motoristas, operários e operadores de produção.

É a proporção mais elevada registrada no hemisfério ocidental. Só o Japão, onde o envelhecimento da população tem o já notório efeito de reduzir a mão-de-obra disponível, e a Índia, um pólo de grande atividade econômica emergente, têm percentuais maiores que o Brasil: 80% e 67%, respectivamente.

“A classe média do país está crescendo rapidamente, elevando a demanda doméstica por mercadorias e serviços, e no entanto empregadores estão tendo dificuldades de acompanhar as projeções de crescimento dos Bric”, avalia o relatório. Continue lendo

Quatro em cada dez crianças vítimas de abuso sexual foram agredidas pelo próprio pai, diz pesquisa

[Vinicius Konchinski, Agência Brasil, 18 mai 11] Uma pesquisa realizada no Hospital das Clínicas (HC) da Universidade de São Paulo (USP) revela que o combate e a prevenção de abusos sexuais a crianças precisam ser feitos, principalmente, dentro de casa. Segundo o estudo, quatro de cada dez crianças vítimas de abuso sexual foram agredidas pelo próprio pai e  três, pelo padrasto.

Os resultados foram obtidos após a análise de 205 casos de abusos a crianças ocorridos de 2005 a 2009. As vítimas dessas agressões receberam acompanhamento psicológico no HC e tiveram seu perfil analisado pelo Programa de Psiquiatria e Psicologia Forense (Nufor) do hospital.

Segundo Antonio de Pádua Serafim, psicólogo e coordenador da pesquisa sobre as agressões, em 88% dos casos de abuso infantil, o agressor faz parte do círculo de convivência da criança.

O pai (38% dos casos) é o agressor mais comum, seguido do padrasto (29%). O tio (15%) é o terceiro agressor mais comum, antes de algum primo (6%). Os vizinhos são 9% dos agressores e os desconhecidos são a minoria, representando 3% dos casos.

“É gritante o fato de o pai ser o maior agressor. Ele é justamente quem deveria proteger”, afirmou Serafim, sobre os dados da pesquisa, que ainda serão publicados na Revista de Psiquiatria Clínica da Faculdade de Medicina da USP. “As crianças são vítimas dentro de casa.”

A pesquisa coordenada pelo psicólogo mostra também que 63,4% das vítimas de abuso são meninas. Na maioria dos casos, a criança abusada, independentemente do sexo, tem menos de 10 anos de idade.

Para Serafim, até pela pouca idade das vítimas, o monitoramento das mães é fundamental para prevenção dos abusos. Muitas crianças agredidas não denunciam os agressores.

Elas, porém, dão sinais de abusos em seu comportamento, segundo Serafim. Por isso, as mães devem estar atentas às mudanças de humor das crianças. “Uma mudança brusca é a maior sinalização de abuso”, disse.

Queda do analfabetismo adulto é residual

[Antonio Gois, Folha SP, 16 mai 11] Foram poucos os que aprenderam a ler entre 2000 e 2010, segundo o censo; redução foi de 0,5 ponto percentual .Crianças e jovens foram principais responsáveis pela diminuição do analfabetismo ocorrida na década passada.

Edna Veiga, 76, já perdeu a conta do número de cursos de alfabetização em que se matriculou antes de, finalmente, aprender a ler.

“Fiz muitos, mas nada entrava na minha cabeça. Acho que desta vez funcionou porque o professor teve mais paciência”, diz ela.

O fato de Edna ter aprendido a ler depois de adulta a torna, no entanto, uma exceção nas estatísticas.

Um olhar mais cuidadoso sobre a década passada através do censo do IBGE mostra que, apesar de quase R$ 3 bilhões investidos pelo governo federal na alfabetização de adultos, uma vez completados 20 anos de idade, foram poucos os analfabetos que aprenderam a ler e escrever entre 2000 e 2010.

A erradicação do analfabetismo na década passada era meta do Plano Nacional de Educação -aprovado pelo Congresso- e promessa de campanha de Lula. Continue lendo

Doenças psiquiátricas roubam mais anos de vida do brasileiro

[Angela Pinho, Folha SP, 10 mai 11] Com mudanças no estilo de vida dos brasileiros, os transtornos psiquiátricos passaram a ocupar lugar de destaque entre os problemas de saúde pública do país.

De acordo com dados citados em uma série de estudos sobre o Brasil, publicada ontem no periódico médico “Lancet”, as doenças mentais são as responsáveis pela maior parte de anos de vida perdidos no país devido a doenças crônicas.

Essa metodologia calcula tanto a mortalidade causada pelas doenças como a incapacidade provocada por elas para trabalhar e realizar tarefas do dia a dia.

Segundo esse cálculo, problemas psiquiátricos foram responsáveis por 19% dos anos perdidos. Entre eles, em ordem, os maiores vilões foram depressão, psicoses e dependência de álcool.

Em segundo lugar, vieram as doenças cardiovasculares, responsáveis por 13% dos anos perdidos.

Outros dados do estudo mostram que de 18% a 30% dos brasileiros já apresentaram sintomas de depressão. Continue lendo

Maioria dos miseráveis brasileiros é jovem, negra e nordestina

[Carolina Pimentel; Agência Brasil, 3 mai 11] A maioria dos brasileiros que vivem em situação de extrema pobreza é negra ou parda, jovem e vive na Região Nordeste. É o que mostra um levantamento feito pelo governo federal, com base em dados preliminares do Censo Demográfico de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Com base nesses dados, o governo estipulou que famílias com renda igual ou inferior a R$ 70 por pessoa são consideradas extremamente pobres. O parâmetro será usado na elaboração do plano Brasil sem Miséria, a ser lançado em breve pelo governo federal.

Nessa situação de miséria encontram-se 16,2 milhões brasileiros, o equivalente a 8,5 % da população do país. Desse total, 70,8% são pardos ou pretos e 50,9% têm, no máximo, 19 anos de idade.

O mapa revela que 46,7% dos extremamente pobres vivem no campo, que responde por apenas 15,6% da população brasileira. De cada quatro moradores da zona rural, um encontra-se na miséria. As cidades, onde moram 84,4% da população total, concentram 53,3% dos miseráveis.

Na Região Nordeste estão quase 60% dos extremamente pobres (9,61 milhões de pessoas). Em seguida, vem o Sudeste, com 2,7 milhões. O Norte tem 2,65 milhões de miseráveis, enquanto o Sul  registra 715 mil. O Centro-Oeste contabiliza 557 mil pessoas em situação de extrema pobreza.

Quanto ao sexo, a miséria atinge mulheres e homens da mesma forma: 50,5% contra 49,5% respectivamente. No entanto, na área urbana, a presença de mulheres que vivem em condições extremas de pobreza é maior, enquanto os homens são maioria no campo. Continue lendo

Brasil tem 16,2 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza

[Carolina Pimentel; Agência Brasil, 3 mai 11] Cerca de 16,2 milhões de brasileiros são extremamente pobres, o equivalente a 8,5% da população. A estimativa é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir da linha de extrema pobreza definida pelo governo federal.

Anunciada hoje (3), a linha estipula como extremamente pobre as famílias cuja renda per capita seja de até R$ 70. Esse parâmetro será usado para a elaboração das políticas sociais, como o Plano Brasil sem Miséria, que deve ser lançado em breve pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).

De acordo com a ministra do MDS, Tereza Campello, o valor definido é semelhante ao estipulado pelas Nações Unidas.

Para levantar o número de brasileiros em extrema pobreza, o IBGE levou em consideração, além do rendimento, outras condições como a existência de banheiros nas casas, acesso à rede de esgoto e água e também energia elétrica. O IBGE também avaliou se os integrantes da família são analfabetos ou idosos.

Dos 16,2 milhões em extrema pobreza, 4,8 milhões não tem nenhuma renda e 11,4 milhões tem rendimento per capita de R$ 1 a R$ 70.

Edição: Lílian Beraldo