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Pastoreia minhas ovelhas…

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Hoje fui até a pequena Campo Limpo Paulista, a 40 Km de São Paulo, reencontrar duas queridas irmãs sírias, refugiadas há um ano e três meses no Brasil, a fim de acompanhar uma gravação pro programa Domingo Espetacular, da Record, sobre a violência do Estado Islâmico. Normalmente não atendo os pedidos pra estas entrevistas, pois sempre acabamos expondo-os a reviver seus momentos mais traumáticos, suas mais profundas memórias, lugares sagrados onde só é possível caminhar descalço. Mas hoje abri um exceção e, na verdade, nas horas que passei ali, ouvindo novamente suas histórias, lembrei da tarde onde as encontrei pela primeira vez… e fui lembrando de muitas outras histórias, de tantos e tantos recomeços e restaurações que, pela graça do Pai, pude participar. Hoje reencontrei mesmo foi com meu chamado, minhas convicções, a razão pela qual faço o que faço há 30 anos.

Sou pastor. Cuido de gente, ovelhas que na verdade não são minhas, são do Supremo Pastor. Acredito em gente que a maioria não acredita, mas o Eterno acredita e pra mim isto basta. Caminho por sombras e becos existenciais em busca dos quebrados e deslocados, convidando-lhes pra vir pra luz, encorajando-as à vir pra mesa novamente, abraçando, ouvindo, rindo, chorando, compartilhando o Evangelho, as boas novas do perdão, da comunhão, da liberdade de seguir ao Nazareno.

Assim como aprendi com meus mestres, gente especial que o Pai colocou na minha estrada, procuro sempre ministrar esperança, amor, coragem… até que a graça faça o seu efeito e a vida viva do Eterno desabroche novamente. Foi assim na minha vida. Meu chamado então é o de andar pelo deserto com as pessoas, não vender mapas que os levem à parques de diversões gospel. Posso usar várias roupas…. Tenho a de músico, professor, conselheiro, pesquisador, carregador de mala, diretor de missão, pregador, motorista, missionário… mas debaixo de todas estas cascas, reconheço que o que tenho mesmo, e recebi DEle, foi um simples coração de pastor.

Sou pobre, assumidamente pobre. Não tenho nada a oferecer a ninguém a não ser Ele, sua Palavra, seu exemplo, sua vida, sua graça. Busco intensamente a integridade pessoal e vocacional. Não aquela plástica, artificial, superficial dos sorrisos educados. A integridade que carrego é a de ser assumidamente quebrado. De possuir rachaduras e defeitos de fabricação com os quais preciso lidar todos os dias. Minha esperança é que por entre estas rachaduras, o óleo do Eterno, derramado sobre mim, possa escorrer pra aqueles que estão ao meu lado.

Por que resolvi escrever tudo isso? Porque no encontro de hoje pude refletir novamente em meu chamado… e pode ser que outros aí deste lado estejam se perguntando se vale a pena, se Ele se importa… Talvez estas linhas sejam encontradas por pessoas perto de jogar a toalha. Gente cansada de apanhar de si mesmo, do inimigo, da vida, de outros, da igreja (instituição)…. Talvez tenha alguém num canto escuro, pequeno, numa pequena comunidade na esquina do mundo se perguntando se é hora de parar.

Pra você, especialmente pra você que se sente assim quero dizer que vale a pena! Apesar de tudo, lembre-se que o chamado pastoral é a coisa mais gloriosa que existe debaixo do céu. E Ele confiou este privilégio a você. Derramou óleo sobre sua cabeça. Lhe chamou, lhe enviou…Não duvide, não tema, não trema, não desanime, não desista… Atire-se de cabeça nos braços do Eterno, em confiança e fé. Ele lhe sustentará! Não olhe para o lado, comparando-se com outros… Olhe pra cima, olhe pra dentro. Somente Ele pode avaliar o seu valor e a importância daquilo que você está fazendo. Ele não usa o padrão de sucesso humano como critério.

Hoje lembrei novamente que, assim como nosso Senhor Jesus Cristo, não fomos chamados para o palco, para a performance, e sim para a fidelidade, para os braços do Pai. Não fazemos o que fazemos porque nos assegura alguma vantagem ou nos trará algum lucro. Ao contrário, ministério é lugar de renúncia, é um constante caminhar para o altar de sacrifício. Pastoreamos pessoas porque, pra nós, é a coisa certa a fazer. É a única coisa que não conseguimos não fazer. O Eterno decidiu amar o mundo, as pessoas, cada pessoa, através de gente como nós. Que assim seja, mais uma vez. Vamos em frente!

(Em tempo, é preciso dizer que sem o apoio incondicional e a cumplicidade ministerial da minha esposa, Val Prado e filhos, e sem as orações, encorajamento e investimento de muitos irmãos-amigos, este ministério não seria possível. Fica aqui registrada minha enorme gratidão a todos que caminham ao meu lado).

Refugiados sírios vivem como sem-teto em SP

 

 

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Ore comigo por estas famílias. A maneira mais fácil de lidar com esta realidade é dizer que são responsabilidade do governo; quem sabe caiba uma denúncia. Esta, porém, não é a única resposta. Existe um outro caminho, árduo, sacrificial, cristão, subversivamente evangélico que poucos estão dispostos a seguir. Estou orando por parceiros que estejam dispostos a agir e seguir comigo. Se você for um deles, ore novamente e entre em contato. 

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Eles fugiram de 28 cidades na Síria, todas destruídas pela guerra que afeta o país há mais de quatro anos. Há dois meses, vivem juntos nos andares mais altos de um antigo prédio comercial, recém-ocupado por famílias sem-teto.

[Ricardo Senra; BBC Brasil em São Paulo; 16 set 2015] Longe de milícias, rebeldes armados e exércitos, esses 51 árabes – incluindo sírios, palestinos, egípcios e uma marroquina – tentam recomeçar suas vidas em um bairro de nome sugestivo no centro de São Paulo.

Estão na Liberdade – depois de cruzarem a fronteira síria, passarem pela Embaixada brasileira no Líbano, fazerem escala nos Emirados Árabes, aterrissarem em Guarulhos e tentarem, em vão, vagas em abrigos públicos e hotéis baratos na região do Brás.

Líder no ranking de países que mais recebem refugiados de guerra na América do Sul, o Brasil promete ampliar a emissão de vistos para refugiados de países em guerra. Mas estes estrangeiros reclamam de dificuldades – especialmente em São Paulo, onde o valor dos aluguéis dobrou nos últimos sete anos (a inflação no período foi de 54%).

À BBC Brasil, eles narram a tristeza da perda de pessoas queridas para a guerra, as dificuldades para recomeçar a vida do outro lado do mundo e revelam esperança – tanto no futuro no Brasil, quanto em reerguerem um dia suas velhas casas.

Duplo exílio

Nos salões de piso gasto de madeira, onde já funcionaram firmas de advocacia e contabilidade, os estrangeiros dormem em colchões distribuídos pelo chão, próximos a malas que cruzaram oceanos com roupas, café, cigarros e o Corão, livro sagrado do islã.

A precariedade do prédio ocupado por mulheres de véu e homens com marcas do front de guerra é compensada com organização pelos novos moradores. Costume árabe, ninguém anda de sapatos dentro do salão. Os colchões têm roupa de cama esticada, a louça está lavada e camisas são enfileiradas em um cabide velho de loja.

Somos recebidos com “Salaam Aleikum” (saudação árabe) e chá preto servido em copos de requeijão.

A pequena Falasten, de 10 anos, arrisca o português: “Bom dia”, “Sejam bem-vindos”. Mas o idioma predominante ali é o árabe – interrompido por frases vagas em inglês, aprendidas na escola, quando não havia guerra.

A maior parte destes refugiados tem origem palestina e vivia no perigoso campo de Yarmouk, nos arredores de Damasco, capital síria.

Segundo a ONU, 18 mil pessoas resistem hoje no local “sob constante ameaça de violência armada, sem condições de acesso a água, comida e serviços básicos de saúde”.

Para alguns dos mais velhos, o pouso em São Paulo representa um segundo exílio. Antes de se mudarem com as famílias para a Síria, eles viveram encurralados sob o fogo cruzado entre israelenses e palestinos.

‘Sinto falta da minha respiração’

Amina não vai à escola há três anos por conta da guerra. No período, ela viu amigos e dois primos morrerem e precisou dormir com a família em tendas improvisadas após bombardeios destruírem sua casa. “Todos os lugares na Síria estão em guerra”, sussurra a jovem, coberta por uma túnica de flores brancas que só deixa ver seu rosto, suas mãos e seus pés. Ainda assim, com sorriso triste, diz querer voltar. Junto ao pai (que trabalhava como comerciante na terra natal), à mãe e a seis irmãos, ela está no Brasil há duas semanas – e, como as irmãs, nunca saiu sozinha do salão onde dorme sem qualquer privacidade.

“Sinto falta da vida”, diz Amina, agora com voz forte, em uma escalada que só é interrompida pelo choro. “De meus amigos na Síria. Meus parentes na Síria. Todo mundo na Síria. A vida na Síria. Minha respiração na Síria. Meu coração na Síria.” Sua mãe, Hiba, primeiro sorri. Depois chora também.

Entrar no Brasil

Só o Brasil me deu visto. Só”, conta o cozinheiro Mohammed, em frente a dois maços de Marlboro Light com dizeres em árabe. “Não o Líbano, não a Turquia, não a Europa, não a Arábia Saudita. Só o Brasil.” Como a maioria dos colegas – entre eles economistas, comerciantes, chefs de cozinha e até um mergulhador -, ele não consegue emprego com carteira assinada e admite que preferiria a Europa ao Brasil. “É melhor, tem mais dinheiro. Mas é mais perigoso.”

No Brasil, diferente de países europeus como Alemanha, o governo federal não oferece ajuda financeira a refugiados de guerra. A lei de refúgio brasileira, de 1997, considera a “violação generalizada de direitos humanos” para o reconhecimento de refugiados, seguindo a Declaração de Cartagena sobre a Proteção Internacional de Refugiados, de 1984.

No caso específico da Síria, o Conare (Comitê Nacional para Refugiados, ligado ao Ministério da Justiça) facilita oficialmente a entrada no país de fugitivos da guerra. O procedimento se repete diariamente: a Embaixada brasileira em Beirute, no Líbano, emite vistos de turista válidos por 90 dias para pessoas de diferentes nacionalidades que vivem na Síria.

Assim que chegam ao Brasil, eles são orientados a procurar a Polícia Federal para darem entrada em seu pedido de refúgio (que demora até dois anos para ficar pronto). O pedido, entretanto, gera imediatamente um protocolo, que já permite aos refugiados tirar documentos como CPF e carteira de trabalho antes mesmo do visto definitivo.
Até o início da guerra, em 2011, só 16 sírios viviam refugiados no Brasil, segundo a Acnur (agência das Nações Unidas para refugiados). Hoje são mais de 2 mil.

Viver no Brasil

Os entrevistados dizem conseguir ganhar, no máximo, R$ 1 mil por mês, em jornadas de trabalho que começam às 7h e terminam depois das 22h. Com famílias de até 8 pessoas, eles dizem que precisam de tempo até garantir os recursos necessários para pagar aluguel na cidade, onde é difícil, mesmo na periferia, encontrar um único quarto por menos de R$ 500.

A profissão mais comum é a de cozinheiro – o perfume de esfirras e doces assados sobe pela escadaria escura do prédio -, além do ofício de camelô.

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Do salão onde dorme Abdel, além do cheiro de comida emanam acordes acelerados de alaúde, instrumento de corda popular no Oriente Médio. “Neste momento, não penso em voltar para Síria”, diz o músico profissional, que no Brasil trabalha fabricando doces como barazeq (de gergelim e mel), basboosa (bolo de trigo) e halwa (biscoito de gergelim e açúcar derretido). Ele vivia com parentes em um prédio de seis andares que foi bombardeado três vezes, até se reduzir a escombros.

“Ninguém sabe para onde caminha a guerra na Síria”, diz.

‘Navio negreiro’

Já a caminhada até o prédio ocupado ocorreu pelas mãos de Hasan Zarif, brasileiro de origem palestina, membro do Terra Livre, movimento que defende o direito a moradias populares no país.

“Encontramos essas pessoas dividindo o segundo andar de sobrados mínimos com mais de 50 refugiados”, conta. “Então os convidamos a vir para a ocupação. Depois que veio a primeira família, encheu em dois, três dias, e agora temos mais 50 pessoas na lista de espera.” A fila, explica Zarif, seria fruto da falta de vagas disponíveis em abrigos públicos – onde a demanda de moradores de rua já supera a disponibilidade de leitos.

“Quem está do outro lado sempre acha que está fazendo um favor, um ato de bondade”, diz a professora Rita de Cássia do Val, consultora do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. “Mas não estamos falando de caridade, estamos falando de cidadania.”

Para ela, há uma “fantasia” entre muitos empregadores de que imigrantes aceitam qualquer tipo de trabalho, sob quaisquer condições. “Muito pelo contrário. Muitos têm nível de politização e formação maior que o do brasileiro médio. E esses sujeitos não podem admitir serem tratados de maneira indigna.”

Ela lembra que os refugiados “são mais gente consumindo, pagando impostos e trazendo novas experiências culturais e profissionais ao mercado”. O mesmo vale para os que ainda não encontraram emprego formal. “A carga tributária no Brasil é altíssima. Um vendedor de guarda-chuvas na porta do metrô também paga imposto quando compra uma coxinha.”

Sobre uma suposta “competição” com nativos por empregos, Val diz que a crise dos refugiados abre espaço para que o mundo “repense conceitos antigos” de limites territoriais. “Não dá para construir muros, tudo o que acontece no vizinho ou num pais distante vai me impactar”, diz. “Os setores produtivos dependem dos imigrantes. Se todos forem embora, os países param.”

As dificuldades para a validação de diplomas profissionais e o preconceito entre empregadores é a mesma, no Brasil e no exterior, diz a professora. “É preciso que se saiba que os refugiados não são escravos nem representam novos navios negreiros. São apenas trabalhadores que querem trabalhar, dignamente, como eu e você.”

Imagens: Chuck Tayman e Gabriel A. Fotos e Edição: Gabriel A.

Países europeus não são os mais impactados por fluxo de refugiados

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[Susana de Deus, UOL, 27 jul 2015] O aumento do número de pessoas que arriscam suas vidas, fugindo de conflitos sangrentos que assolam diversos países da África subsaariana ou buscando condições dignas de sobrevivência para si e suas famílias, colocou a Europa estado de alerta.

Táticas militares foram traçadas para coibir a imigração, fronteiras foram fechadas e inúmeras reuniões feitas para se discutir a desestabilização que a chegada dessas pessoas pode causar à economia europeia. Em meio a todas essas discussões, uma informação passa despercebida: não são os países europeus os mais impactados pela imigração e o influxo de refugiados no mundo.

A maioria daqueles que se veem levados a deixar seus países de origem acaba permanecendo nos arredores, muitos com a esperança de retornar tão logo o conflito retroceda. A atuação de Médicos Sem Fronteiras na maioria desses contextos de violência nos faz menos otimistas do que essas pessoas que levam consigo quase nada além de esperança.

A continuidade dos conflitos e das situações de insegurança fazem crer que o número de refugiados não deve retroceder. E o debate acerca da garantia de seus direitos, sua dignidade e acesso à ajuda humanitária precisa ser priorizado.

Entre os dez países que abrigam o maior número de refugiados no mundo, não há um país europeu sequer. A relação divulgada pela agência da ONU para Refugiados é liderada pela Turquia, seguida de Paquistão e Líbano. Na lista constam ainda Irã, Etiópia, Jordânia, Quênia, Uganda e Chade.

Na Nigéria, a violência perpetrada pelo Boko Haram provocou a fuga de mais de 18 mil pessoas que foram buscar proteção na região do Lago Chade, desde o início do ano. Do outro lado da fronteira, essas pessoas encontram uma situação de pobreza extrema e um nível de insegurança ainda significativo, que já motiva o deslocamento interno da própria população do Chade.

Esse não é único destino dos nigerianos nos arredores. Desde janeiro de 2015, os vizinhos Níger e Camarões também recebem milhares de refugiados – já se somam quase 140 mil. A crise nigeriana está acentuando uma situação já precária, afetando populações que já eram extremamente vulneráveis.

Sair do país em que nasceu, deixando para trás casa, amigos e familiares para se tornar um refugiado, definitivamente, é das mais difíceis decisões. É uma opção amparada em desespero. Nos três barcos usados por MSF no resgate de refugiados em meio à perigosa travessia pelo Mar Mediterrâneo, histórias como a da nigeriana Sandra se repetem. Grávida de oito meses, ela era a única mulher no meio dos 92 homens resgatados de um barco inflável à deriva em 13 de maio.

Sandra havia imigrado da Nigéria para a Líbia e não considera mais voltar para seu país de origem. Para não viver em meio à violência de incessantes confrontos, ela e o marido decidiram que a melhor saída seria arriscar a vida da mãe e do bebê na travessia que, só este ano, já matou 1.800 pessoas rumo à Europa. O marido ficou na Líbia trabalhando. Sandra seguiu com o cunhado, que havia deixado a Nigéria para acompanhá-la. Foram duas das 5.555 pessoas resgatadas pelos barcos de MSF até agora.

As pessoas que arriscam suas vidas nessas viagens, frequentemente, são as mesmas que assistimos em seus países de origem, como Nigéria, Líbia, Síria e Sudão. E, em contato com essas pessoas, nossas equipes constataram o óbvio: não se pode dissociar a narrativa da travessia das histórias épicas das quais elas fazem parte.

Estamos num momento da história muito triste e peculiar. Desde a segunda guerra o mundo não via um deslocamento tão grande de pessoas. E talvez nunca se tenha visto tantas portas fechadas a quem, desesperadamente, clama por proteção. A humanidade não pode falhar com essas pessoas.

É fundamental que cobremos da Europa, e de outros continentes que estão recebendo os refugiados, a dignidade humana a que elas têm direito. As ações precisam ser concretas e pautadas na compaixão pelas pessoas, em substituição ao discurso hostil da rejeição institucional.

Susana é diretora-geral da Médicos Sem Fronteiras Brasil

Refugiados e Deslocados já são 60 milhões

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Veja as informações oficiais sobre a crise mundial de refugiados. Entenda que os sírios são parte do problema… muitos outros países são afetados e não recebem a devida atenção, seja dos governos, seja da igreja. É tempo de reverter isso!

O Relatório Anual do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) divulgado em 18 jun 2015 mostra que o deslocamento global provocado por guerras, conflitos e perseguições atingiu um nível recorde e está acelerando rapidamente.

A nova edição do relatório Tendências Globais (ou Global Trends) revela um claro crescimento no número de pessoas forçadas a deixar suas casas. Ao final de 2014, este número atingiu o nível recorde de 59,5 milhões de pessoas, comparado com os 51,2 milhões registrados no final de 2013 e os 37,5 milhões verificados há uma década. O crescimento desde 2013 (8,3 milhões de pessoas) é o maior já registrado em um único ano.

Esta tendência de crescimento tem sido principalmente verificada desde 2011, quando se iniciou a guerra na Síria – e que se transformou no maior evento individual causador de deslocamento no mundo. Em 2014, uma média de 42,5 mil pessoas por dia se tornaram refugiadas, solicitantes de refúgio ou deslocadas internos – um crescimento quadruplicado em apenas quatro anos. Em todo o mundo, 01 em cada 122 indivíduos é atualmente refugiado, deslocado interno ou solicitante de refúgio. Se fossem a população de um país, representariam a 24º nação mais populosa do planeta.

“Estamos testemunhando uma mudança de paradigma, entrando em uma nova era na qual a escala do deslocamento global e a resposta necessária a este fenômeno é claramente superior a tudo que já aconteceu até agora”, disse o Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres. “É aterrorizante verificar que, de um lado, há mais e mais impunidade para os conflitos que se iniciam, e, por outro, há uma absoluta inabilidade da comunidade internacional em trabalhar junto para encerrar as guerras e construir uma paz perseverante”, afirmou o Alto Comissário.

O relatório do ACNUR mostra que as populações refugiadas e de deslocados internos cresceram em todas as regiões do mundo. Nos últimos cinco anos, pelo menos 15 conflitos se iniciaram ou foram retomados: oito na África (Costa do Marfim, República Centro Africana, Líbia, Mali, nordeste da Nigéria, República Democrática do Congo, Sudão do Sul e Burundi, neste ano); três no Oriente Médio (Síria, Iraque e Iêmen); um na Europa (Ucrânia); e três na Ásia (Quirguistão e em diferentes áreas de Mianmar e Paquistão).

Poucas dessas crises foram solucionadas e muitas ainda geram novos deslocamentos. Em 2014, apenas 126,8 mil refugiados conseguiram retornar para seus países de origem – o menor número em 31 anos.

Enquanto isso, conflitos longevos no Afeganistão, Somália e outros lugares fazem com que milhões de pessoas originárias destas regiões permaneçam em movimento, à margem da sociedade ou vivendo a incerteza de continuarem como refugiadas ou deslocadas internas por muitos anos. Entre as mais recentes e visíveis consequências dos conflitos globais está o dramático crescimento de refugiados que, em busca de proteção, realizam jornadas marítimas perigosas no Mediterrâneo, no Golfo de Áden, no Mar Vermelho e no Sudeste da Ásia.

Crianças são a metade – O relatório Tendências Globais mostra que 13,9 milhões de pessoas se somaram ao número de novos deslocados, apenas em 2014 – quatro vezes mais que em 2010. Em todo o mundo, foram contabilizados 19,5 milhões de refugiados (acima dos 16,7 milhões de 2013), 38,2 milhões de deslocados dentro de seus próprios países (contra 33,3 milhões em 2013) e 1,8 milhão de solicitantes de refúgio (em comparação com 1,2 milhão em 2013). Um dado alarmante: metade dos refugiados no mundo é formada por jovens e crianças de até 18 anos de idade.

“Com enorme falta de financiamento e grandes falhas no regime global de proteção das vítimas de guerras, as pessoas com necessidade de compaixão, ajuda e refúgio estão sendo abandonadas”, afirmou Guterres. “Para uma época de deslocamento massivo sem precedentes, necessitamos de uma resposta humanitária também sem precedentes, e um compromisso global renovado de tolerância e proteção para as pessoas que fogem de conflitos e perseguições”, disse o Alto Comissário.

15 conflitos surgiram ou se reiniciaram nos últimos 5 anos, deslocando dezenas de milhões de pessoas. Atualmente, a Síria tem a maior população de deslocados internos (7,6 milhões) e também é o principal país de origem de refugiados (3,88 milhões, ao final de 2014) no mundo. O Afeganistão e a Somália vêm em seguida, sendo os países de origem de 2,59 milhões e 1,1 milhão de refugiados – respectivamente.

Refugiados 2015

Mesmo com este claro crescimento nos números, a presença dos refugiados segue distante das nações mais ricas e próxima dos países mais pobres. De acordo com o relatório, 86% dos refugiados estão em regiões ou países considerados economicamente menos desenvolvidos. Um quarto de todos os refugiados está em países que integram a lista da ONU de nações menos desenvolvidas.

Europa (crescimento de 51%)

O conflito na Ucrânia, o recorde de travessias no Mediterrâneo (219 mil pessoas) e o grande número de refugiados sírios na Turquia (que em 2014 se tornou o país que acolhe a maior população de refugiados no mundo, com 1,59 milhão de sírios) chamaram a atenção do público para o tema do refúgio, tanto positiva quanto negativamente. Na União Europeia, a maioria das solicitações de refúgio foi feita na Alemanha e na Suécia. Em geral, o deslocamento forçado na Europa totalizou 6,7 milhões de pessoas no final do ano, comparado com os 4,4 milhões registrados ao final de 2013. Quase 25% desta população são de refugiados sírios na Turquia.

Oriente Médio e Norte da África (crescimento de 19%)

O sofrimento massivo causado pela guerra na Síria, com 7,6 milhões de deslocados internos e 3,88 milhões de refugiados nos países vizinhos, tornou o Oriente Médio a principal região de origem e recebimento de populações deslocadas por conflitos e perseguições. Além dos deslocamentos causados pela Síria estão pelo menos 2,6 milhões de novos deslocados no Iraque – onde 3,6 milhões de pessoas eram consideradas deslocadas internas ao final de 2014. Outro número relevante são os 309 mil novos deslocamentos registrados na Líbia.

África Subsaariana (crescimento de 17%, excluindo a Nigéria)

Geralmente esquecidos, os numerosos conflitos na África – incluindo República Centro Africana, Sudão do Sul, Somália, Nigéria e República Democrática do Congo – produziram juntos um deslocamento enorme forçado em 2014, numa escala ligeiramente menor que no Oriente Médio. No total, a África Subsaariana totalizou 3,7 milhões de refugiados e 11,4 milhões de deslocados internos – 4,5 milhões dos quais ocorridos em 2014. O crescimento médio de 17% exclui a Nigéria, onde ocorreram mudanças metodológicas no cálculo do deslocamento interno em 2014. A Etiópia substituiu o Quênia como principal país de destino de refugiados na região, e é agora o quinto maior no mundo.

Ásia (crescimento de 31%)

Geralmente um das principais regiões do mundo em termos de deslocamento forçado, a Ásia registrou um crescimento de 31% nestas populações em 2014 – chegando a 09 milhões de pessoas. Afeganistão, que anteriormente era o principal país de origem de refugiados no mundo, cedeu esta posição para a Síria. Deslocamentos contínuos foram registrados em Mianmar em 2014, inclusive a minoria Rohingya do Estado de Rakhine Ocidental e nas regiões de Kachin e Shan. Irã e Paquistão permanecem sendo dois dos quatro maiores países de recepção de refugiados.

Américas (crescimento de 12%)

A região das Américas observou um crescimento no deslocamento forçado, embora tenha havido uma redução de 36,6 mil na população de refugiados colombianos durante o ano (estimada em 360,3 mil pessoas), principalmente por causa de revisões estatísticas na Venezuela. Entretanto, a Colômbia continua abrigando uma das maiores populações de deslocados internos no mundo, com cerca de 06 milhões de pessoas nesta situação reportadas até o final de 2014 e com 137 mil colombianos sendo deslocados durante o ano passado. Devido à violência de gangues urbanas e outras formas de perseguição na América Central, os Estados Unidos receberam, em 2014, 36,8 mil pedidos de refúgio a mais do que o registrado em 2013 – um crescimento de 44%.

A versão completa do relatório Tendências Globais (Global Trends) com estas informações detalhadas, inclusive dados específicos por países – incluindo estatísticas de menores desacompanhados e retornados a seus países de origem – e estimativas da população apátrida, está disponível em www.unhcr.org/2014trends.

Por: ACNUR

Cidades do interior gaúcho recebem onda de migração senegalesa

africa na mãoAtraídos pela oferta de trabalho em Caxias do Sul, polo econômico da serra gaúcha, senegaleses formaram uma onda de migração que desafia autoridades do Sul e gera preocupações humanitárias. Moradores da região conhecida pela produção de uva e pela forte influência italiana convivem com centenas de imigrantes africanos que tentam a vida no Brasil. O frio da região é um agravante. No inverno, os senegaleses chegaram sem roupas próprias e lotaram um albergue para moradores de rua. A mesma situação ocorreu com os senegaleses em Passo Fundo, no norte gaúcho.

[Felipe Bachtold, Folha SP, 14 dez 2013] Os imigrantes são quase todos homens, jovens, muçulmanos e sem autorização para permanecer no Brasil.

Em Caxias, um centro de apoio ligado à Igreja Católica se tornou ponto de peregrinação. No início do mês, cerca de 15 senegaleses disputavam a atenção da freira Maria Gonçalves, 38, principal ponte da comunidade africana com o restante da cidade.

A maioria deles só fala o dialeto wolof e procura ajuda para obter emprego e documentos. “A cidade foi pega de surpresa”, diz a freira. Ao menos 620 senegaleses estão cadastrados no local. Em Passo Fundo, há cerca de 400.

Sem visto, os imigrantes pedem à Polícia Federal concessão de refúgio. Enquanto o pedido tramita, podem obter carteira de trabalho brasileira e um emprego formal.

Com o movimento de imigrantes, o centro da igreja passou a receber empregadores de indústrias, frigoríficos e da construção civil em busca da mão de obra. Organizados e unidos, os senegaleses alugam e dividem casas e ajudam a bancar gastos de conterrâneos ainda sem trabalho.

A relativa boa adaptação ao interior do RS estimula parentes e amigos na África a tomar o mesmo rumo. Como a comunidade é numerosa, os novos imigrantes optam pelo Estado pela proteção garantida pelos “veteranos”.

Líder dos senegaleses em Caxias, Billy Ndiaye, 26, diz que o desemprego é a causa do êxodo. “Quase todo mundo saiu por causa de trabalho. Nossas famílias são grandes e não se sustentam”, diz.

Há dois meses no RS, Mbaye Thiam, 36, afirma que o Brasil ganhou “boa imagem” como país de rápido desenvolvimento e de eliminação da pobreza. “É o país da Copa e da Olimpíada”, disse.

O custo de vida, porém, assusta os imigrantes, que ganham cerca de R$ 1.000 mensais por aqui. Além dos gastos cotidianos, eles têm de recuperar as despesas com a viagem ao Brasil. A entrada no país é pelo Acre, em rota aberta por imigrantes do Haiti.

CONVIVÊNCIA

O fluxo de senegaleses para o Rio Grande do Sul começou há cerca de cinco anos.

João Tedesco, da Universidade de Passo Fundo, diz que um grupo de imigrantes que estava em SP foi para a cidade pela rapidez no atendimento da delegacia local da PF.

Também foi atraído pela possibilidade de trabalho em frigoríficos que exportam carne para o Oriente Médio e que precisam fazer rituais islâmicos no processo de corte.

Pelas ruas, os imigrantes despertam curiosidade. Senegaleses ouvidos pela Folha disseram não ter sentido discriminação e afirmam que a população é solidária.

Mas o gerente do Ministério do Trabalho em Caxias, Vanius Corte, aponta certa “tensão” na convivência. “Há quem se pergunte: ‘Como entram aqui sem documento’? ou ‘E se for um bandido?’.”

Em Caxias e Passo Fundo, a PF recebeu 340 pedidos de refúgio neste ano –status comumente concedido a quem foge de guerra ou ditadura, o que não ocorre no Senegal.

Em relatório, a Câmara da cidade expressa preocupação com o risco de os pedidos serem negados, gerando “problemas sociais graves”.

Alemanha debate acolhida de cristãos sírios

Defensores da ideia dizem que tradição cristã da Alemanha obriga o país a receber os cristãos sírios. Críticos afirmam que não se deve diferenciar por confissão religiosa na hora de oferecer ajuda a refugiados.

[Martin Koch, DW, 14 nov 12] O deputado Volker Kauder, líder da bancada dos partidos União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU) no Bundestag, afirmou ao jornal Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung que acolher cristãos sírios na Alemanha é um ato de humanidade. Em declaração ao mesmo jornal, o ministro alemão do Interior, Hans-Peter Friedrich, da CSU, também afirmou ser favorável à acolhida aos cristãos sírios, pois, segundo ele, eles são a minoria mais perseguida na Síria. Continue lendo

Cresce o êxodo dos refugiados sírios

Syrian children refugees arrive into Qaa village, in northern Lebanon. Photo: Reuters

A ONU informa que aumentou drasticamente (cerca de 40%) o número de refugiados sírios em 4 países vizinhos, chegando aos 55 mil, metade dos quais são menores de 18 anos.

O número total, contudo, deve crescer ainda mais, pois estima-se que pelo menos 20 mil refugiados não tenham se registrado.

Existem ainda cerca de 200 mil sírios deslocados dentro de seu próprio país.

Seguem alguns dados:

Turquia

Em 8 abril 2012 havia 24.564 refugiados sírios registrados. Somente no dia 5 abr mais de 2.800 cruzaram a fronteira na região de Idlib.

A maioria dos refugiados estão acampados nas província de Hatay e Gaziantep, no sul do país, mas o governo moveu 9 mil deles para uma ‘cidade container’ na província de Kilis.

A ONU trabalha com um plano de apoio para atender cerca de 50 mil refugiados nos próximos seis meses, e 100 mil num plano de contingência. Continue lendo

Secretário acriano confirma que refugiados do Haiti são vítimas de violência

[Marcos Chagas, Agência Brasil, 3 jan 11] Os haitianos que entram de forma ilegal diariamente no Brasil pelas fronteiras do Acre com a Bolívia e o Peru, além de apresentarem problemas de saúde decorrentes da longa viagem, chegam psicologicamente transtornados. O secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, disse que durante o percurso até Brasileia (AC), onde ficam provisoriamente até que seja regularizada a permanência no país, os imigrantes são vítimas de violência, inclusive sexual, por bolivianos e peruanos, responsáveis pelo transporte ilegal.

Esse é um dos maiores problemas enfrentados pelo governo do Acre, incapaz de lidar com as dificuldades por que passam os 1.250 imigrantes (último registro oficial) que estão em Brasileia (AC). “Psicologicamente eles chegam o bagaço e nós não temos como fazer nada”, acrescentou o secretário acriano. Continue lendo

Maior campo de refugiados do mundo faz 20 anos em crise humanitária

Construído em 1991 para abrigar 90 mil pessoas, Dadaab tem hoje 380 mil. G1 visitou campo no Quênia, atualmente em emergência por superlotação.

[G1, 12 ago 11] Há 20 anos, a rotina se repete: eles chegam sem nada além da roupa do corpo, exaustos das caminhadas de semanas, às vezes meses, famintos em busca de abrigo. Os portões de Dadaab, o maior campo de refugiados do mundo, no Quênia, nunca se fecham – e o complexo, projetado para abrigar 90 mil moradores, está lotado. Nos últimos meses, superlotado: a pior seca no Chifre da África em 60 anos está levando diariamente ao menos 800 pessoas a bater nas portas de Dadaab. O G1 esteve no campo entre os dias 1º e 3 de agosto e mostra numa série de reportagens a estrutura, o dia a dia e as dificuldades de quem vive de forma permanente numa casa temporária. Continue lendo

Refugiados somalis lotam capital após saída dos rebeldes

[Reuters, 8 ago 11] Milhares de refugiados somalis, fugindo da fome e de anos de violência, chegaram a Mogadício nesta segunda-feira em busca de comida depois da retirada dos rebeldes islâmicos da capital.

Os insurgentes do Al Shabab, supostamente afiliada da Al Qaeda, começaram a tirar seus combatentes de Mogadício no fim de semana, aumentando as esperanças de que grupos humanitários serão capazes de intensificar as entregas após anos de bloqueios impostos pelo grupo.

Moradores locais disseram que longas filas de refugiados se dirigiam para a cidade a fim de escapar da pior seca em décadas da região. Os suprimentos existentes já estavam diminuindo. Continue lendo

Estatuto dos Refugiados faz 60 anos com recorde de pessoas em fuga

Somália: cidadãos fogem da fome e buscam refúgio em países vizinhos

Criado para proteger sobreviventes da Segunda Guerra, Estatuto dos Refugiados visa dar proteção ampla a quem precisa deixar seu país de origem. Em 60 anos, refugiados passaram de 2,1 milhões a 43,7 milhões.

[DW 28 jul 11] Desde que o Estatuto dos Refugiados foi criado, há 60 anos, a preocupação em torno do tema aumentou ao longo das décadas. No ano passado, o número de pessoas em fuga alcançou o seu valor mais alto: 43,7 milhões de desalojados, dentre eles 15,6 milhões fora do próprio país.

A Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados foi adotada em 28 de julho de 1951, entrando em vigor em abril de 1954. Diferentemente de antigas leis internacionais, o código foi elaborado com o intuito de abranger um grande número de pessoas, sem discriminação por raça, religião, sexo e país de origem. Na época, este documento só considerava pessoas que se haviam tornado refugiadas até 1951. Continue lendo

Seca e fome atingem Somália

População busca abrigo no Quênia e na Etiópia

[Planetasustentável, 18 jul 11] Dezenas de milhares de pessoas estão fugindo da seca e da fome na Somália, em busca de alimentos e água em campos de refugiados no Quênia e na Etiópia, relata a ABC News. A crise surgiu por uma combinação letal de uma seca de dois anos, um enorme aumento mundial dos preços de alimentos e uma brutal guerra civil na Somália, onde grupos de ajuda têm dificuldade de operar. Os somalis estão andando até 60 quilômetros para chegar ao complexo de Dadaab, no leste do Quênia, o maior campo de refugiados do mundo. A trilha pode levar semanas, numa área desolada, a não ser pelas carcaças encontradas pelo caminho. Continue lendo