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Mulher israelense ignora ultraortodoxos e se nega a sentar atrás em ônibus

História da engenheira levou discussão sobre segregação de mulheres ao gabinete israelense

Uma mulher israelense negou-se a ceder às imposições de ultraortodoxos que queriam obrigá-la a ficar na parte traseira de um ônibus e tornou-se símbolo da luta contra a segregação das mulheres em áreas religiosas do país.

[Guila Flint, BBC Brasil, 19 dez 11] Na última sexta-feira, a engenheira Tanya Rosenblit, 28 anos, tomou um ônibus em sua cidade, Ashdod (sul de Israel), com destino a Jerusalém.

Como sabia que o ônibus passava por bairros religiosos, ela diz ter tomado a precaução de vestir-se de “maneira modesta”, para não irritar os demais passageiros.

Tanya diz que, logo depois de sentar-se atrás do motorista, vários homens ultraortodoxos começaram a xingá-la, mandando-a se deslocar para a parte traseira.

“Disse a eles que não estava fazendo nenhuma provocação, e que, se tratando de um ônibus público, todos os cidadãos têm o direito de viajar nele”, afirmou Rosenblit. Continue lendo

Alain de Botton propõe “ateísmo 2.0” em SP

O filósofo Alain de Botton durante palestra no evento Fronteiras do Pensamento, em São Paulo – Eduardo Anizelli/Folhapress

[Folha SP, 23 nov 11] Em uma apresentação pontuada por provocações, o filósofo Alain de Botton, 41, autor de best sellers como “A Arquitetura da Felicidade” e “Como Proust Pode Mudar sua Vida”, arrancou risos e mexeu com os ânimos da plateia que quase lotou a Sala São Paulo para ouvi-lo, dentro do ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento.

A palestra marcou o lançamento no Brasil de sua mais recente obra, “Religião para Ateus”. Botton iniciou sua fala apontando uma divisão básica entre os que creem e os que não creem em Deus.

O filósofo foi logo antecipando que não crê, e propôs a fundação do que chamou de um “ateísmo 2.0”. “Hoje é assim: ou você acredita em um conjunto de doutrinas e ingressa em uma comunidade religiosa, ou, com a ajuda da CNN e do Wal Mart, tenta dar conta de uma vida própria espiritualmente vazia”. Continue lendo

Disneylândia de Jesus ~ Luiz Felipe Pondé

O mundo acabou. Não viaje. Assista a filmes em casa ou vá para cidades sem graça do interior. O mundo foi tomado por um tipo de praga que não tem solução: os gafanhotos do sucesso da indústria do turismo.

[FolhaSP, 31 out 11] O horror começa nos aeroportos, que, graças ao terrorismo fundamentalista islâmico, ficaram ainda piores com seus sistemas de segurança infernais. Esse mesmo terrorismo fundamentalista que faz as “cheerleaders” dos movimentos sociais sentirem “frisson” de prazer na espinha.

Uma grande figura do mercado de análise de comportamento me disse recentemente que, em poucos anos, só os pobres (de espírito?) viajarão.

Tenho mais certeza disso do que da aritmética de 2 + 2 = 4. Aeroportos serão o último lugar onde você vai querer ser visto. Gostar de viajar hoje pode ser um forte indício de que você não tem muita imaginação ou opção na vida.

Veja, por exemplo, o que aconteceu com os lugares sagrados de Jerusalém. Aquilo virou uma Disneylândia de Jesus. Imagino que, dentro de alguns anos, teremos atores fracassados do Terceiro Mundo vestidos de Judas-Patetas, Maria-Branca de Neve, Tio Pôncio-Patinhas, Pedro-Duck e, é claro, Mickey-Jesus-Mouse. Continue lendo

Deus está de volta ~ Maria Clara Bingemer

[Adital, 25 out 11] Não chega a ser uma novidade o fato de estarmos assistindo, já há algum tempo, a certo “reencantamento do mundo”, isto é, a uma inversão do processo de secularização deslanchado com a modernidade e sua crise. Essa tendência começou a visibilizar-se com a nova consciência religiosa trazida pela Nova Era, o esoterismo, o culto das pirâmides de cristal, o I-Ching, o tarô, o retorno dos anjos e duendes. A razão banida permanecia oculta pelo deslumbramento com um além povoado de deuses maiores e menores, porém fluidos e sem consistência. E o resgate da transcendência sem absolutos expressou-se até mesmo, mais recentemente, em livros de grande tiragem que falavam sobre meninos bruxos e anéis mágicos.

A ideia da incompatibilidade de princípio da secularização com a religião entra decididamente em declínio. E os sintomas do que poderíamos chamar de uma volta de Deus aparecem como sinais visíveis de novos tempos. “Aquilo que muitos acreditavam que destruiria a religião – a tecnologia, a ciência, a democracia, a razão e os mercados –, tudo isso está se combinando para fazê-la ficar mais forte”, escreveram John Micklethwait e Adrian Wooldridge, ambos jornalistas da revista britânica The Economist, no livro “God is back”. Para muitos e bem concretamente para os jovens, como diz o título do livro, Deus está de volta. Continue lendo

Modelo que quer virar freira fala sobre vocação crescente entre jovens britânicas

A cada ano na Grã-Bretanha, um número pequeno mas cada vez maior de jovens mulheres está deixando para trás suas carreiras, namorados e posses para se dedicar totalmente à religião.

[BBC Brasil, 25 out 11] Catherine disse à BBC que se considera uma típica menina britânica, que gosta de ser mimada. Com muitas das suas amigas, a jovem de 25 anos passou os últimos anos viajando, fazendo festas e estudando para ganhar um diploma em Letras pela universidade King’s College de Londres.

Ela também trabalhou como modelo, mas esse tipo de experiência, segundo ela, não trouxe a satisfação que buscava. Catherine decidiu dedicar sua vida a Deus e virar freira, um desejo que ela tinha desde os quatro anos de idade. Continue lendo

Por que os jovens cristãos abandonam as Igrejas

Três de cada cinco jovens cristãos, mais ou menos, se afastam da fé e abandonam suas igrejas de origem. Isso, geralmente, acontece por volta dos 15 anos. É um fenômeno comum, que tem diversos graus, com todas as confissões religiosas cristãs do ocidente, na Europa e nos Estados Unidos. E a grande pergunta é: por que isso acontece, e por que com esta frequência?

[IHU, 14 out 11] A reportagem é de Marco Tosatti e está publicada no sítio Vatican Insider, 10-10-2011. A tradução é do Cepat.

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Um novo estudo, cujo resultado foi tornado público há alguns dias pelo Barna Group, indica seis razões diferentes para este êxodo juvenil. Os pesquisadores do Barna Group apresentaram seus questionários a uma variedade de pessoas: jovens, adultos, adolescentes, jovens pastores evangélicos e seus colegas mais idosos. A pesquisa teve uma extensão de período de tempo muito longa: cinco anos.

O primeiro problema: as igrejas dão a sensação de serem “excessivamente protetoras”. Quase um quarto dos jovens, na faixa de idade dos 18 aos 29 anos, responderam que “os cristãos demonizam tudo o que não tem a ver com a Igreja”, na maior parte dos casos. 22% declararam que as Igrejas ignoram os problemas do mundo real, 18% afirmaram que sua Igreja parecia muito preocupada com o impacto negativo dos filmes, da música e dos videogames. Continue lendo

Religião e diversidade étnica

[Valor & IHU, 14 out 11] Influências da crise atual sobre os modos de pensar e agir de quem vive na Europa devem permear os trabalhos de uma conferência internacional que se realizará na Universidade de Tilburg, na Holanda, no fim de novembro. No encontro, em que se discutirão “Os Valores da Europa”, objeto de acompanhamento sistemático do European Values Study (EVS), personalidades acadêmicas de vários países tratarão de dois temas, entre outros, que se associam de forma muito particular e atual como campo de análise antropológica: a religião e a diversidade étnica (também serão apresentados “papers” sobre família e casamento, trabalho e lazer, política e sociedade). Cristãos e muçulmanos – estes, uma população encorpada por correntes migratórias incessantes – são os personagens de um ambiente sociocultural ao qual a crise agora acrescenta novos ângulos de observação.

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Mudanças nos padrões de vida das populações europeias, por exemplo, têm exercido influência direta no declínio do número de cristãos no continente. A diminuição da população rural no século passado é um dos fatores que contribuíram para a ruptura da transmissão dos valores religiosos, já que no campo o sentimento de pertencer a um grupo relativamente homogêneo, com os mesmos valores, é mais forte.

“Nas cidades, as pessoas não conhecem o vizinho, os filhos vão estudar longe de casa e se distanciam dos moldes tradicionais. Esse tipo de comportamento fragiliza a transmissão da fé”, analisa o sociólogo de religiões Frédéric Lenoir, autor dos livros “Sócrates, Jesus, Buda” e “O Oráculo de Luna”, publicados no Brasil, e diretor da revista “Le Monde des Religions”, do jornal “Le Monde”. “O discernimento pessoal e um olhar mais crítico nos levam a questionar fundamentos da fé e as explicações religiosas do mundo.” Continue lendo

Movimento israelense pede que religião seja apagada de registros civis

Centenas de judeus israelenses assinaram uma petição solicitando que as autoridades do país os registrem como “sem religião” e apaguem a qualificação deles como judeus nos registros civis.

[Guila Flint, BBC Brasil, 10 out 11] Os documentos, assinados na noite de domingo perante advogados em Tel Aviv, serão encaminhados ao Ministério do Interior.

Os signatários exigem a separação clara entre o Estado e a religião em Israel e consideram a religião irrelevante para os registros civis.

Um dos que assinaram, o jornalista Uri Avnery, de 88 anos, disse à BBC Brasil que a assinatura em massa do documento “é um passo importante para que finalmente a religião seja separada do Estado”.

“Israel está se transformando em um Estado teocrático no qual os ultraortodoxos controlam todos os aspectos da vida do cidadão”, afirmou Avnery.

“Sou um total ateu e não vejo razão alguma para que eu esteja registrado como pertencente à religião judaica e subordinado ao rabinato”, disse. Continue lendo

Yom Kippur e os fanatismos religiosos ~ por Michel Schlesinger

[Estadão, 5 out 11] No final da tarde desta sexta-feira começa o dia mais sagrado do povo judeu, o Yom Kippur, ou Dia do Perdão. Em jejum absoluto de 25 horas e muita oração, a comunidade judaica reúne-se em sinagogas de todo o mundo para um feriado dedicado à introspecção. Essa é uma oportunidade para refletir sobre o papel da religião na busca do aprimoramento do universo – em hebraico, ticun olam – e o combate aos fanatismos religiosos.

Esse feriado ocorre sempre dez dias após o Ano-Novo Judaico, o Rosh Hashaná. O calendário hebraico tem origem na criação bíblica do primeiro homem e da primeira mulher. Contamos 5.772 anos desde o sexto dia da criação do mundo. A liturgia desse período, conhecido com as Grandes Festas, indica que somos julgados por Deus no Rosh Hashaná e a sentença é confirmada no dia do Yom Kippur.

“É esse o jejum que escolhi? (…) A isto você chama de jejum? (…) Assim deveria ser o jejum: rompa as cadeias da iniquidade, desate os grilhões da opressão, envie o oprimido para a liberdade e quebre toda forma de dominação. Compartilhe seu pão com o faminto, abrigue em sua casa os pobres errantes, cubra o nu quando o vir e não ignore o seu próximo” – essas são as palavras que lemos, ano após ano, na manhã do Yom Kippur. De maneira dramática, o profeta Isaías (58:5-7) nos convida a refletir sobre o objetivo de nosso jejum. Impele-nos, principalmente, a uma coerência entre nossa atitude ritual e nosso comportamento social.

De nada adianta jejuar, na opinião do profeta, se não traduzirmos essa demonstração religiosa em atos de tzedaká, justiça social. O jejum faz sentido apenas quando acompanhado de um comportamento social ético e moral. Nosso compromisso precisa expressar-se em relação ao próximo para somente então ter legitimidade perante Deus. Continue lendo

Em nome do ‘só’ ~ Nilton Bonder

Avenida das Américas direção da Cidade do Rock e dezenas, senão centenas de jovens e cartazes: “Um Mundo Melhor??? Só Jesus!” Levei alguns segundos para entender (às vezes a gente se pega desatento para as confrontações e as querelas e leva um tempo para perceber nuances…) que se tratavam dos “jovens do bem” contra-atacando os “jovens da superfície e da perdição” que começavam a movimentar-se para o Templo do Rock. “No Brasil não!”, pensei eu ingenuamente e com um incômodo estranho.

Por que me incomodava tanto aquela manifestação de diversidade? Não seria ela o que tanto sonhamos quado pedimos por mais engajamento e mais consciência em nossa terra, particularmente entre os jovens? O que havia de tão bélico na mostra de outro olhar que se fazia expresso por alguns destes jovens dançando e entoando seus próprios hinos hits?

Pensei que fosse talvez pela confrontação entre iguais que não se reconheciam, já que muitos pareciam fãs prontos a recolher autógrafos numa histeria de linguagem aparentemente oposta, mas que era igual. Sonhos e mitos a um neófito da vida podem ser de esquerda ou direita, do bem ou do mal, laico ou religioso, e serão sempre a mesma manifestação. Se para alguém vivido é difícil não ser presa das aparentes diferenças que são iguais, quanto mais para os jovens. Continue lendo

Deus ainda não morreu ~ por William Lane Craig

Em pleno século 21, filósofos encontram novos argumentos para defender a existência do Todo-poderoso.

Nos últimos tempos, o mercado literário tem sido inundado por títulos defendendo o ateísmo. Boa parte deles viraram best-sellers – caso de Deus, um delírio, de Richard Dawkins, o mais ruidoso lançamento recente nesta linha. Pode-se supor, à primeira vista, que seja impossível aos pensadores modernos defender intelectualmente a existência de Deus. Todavia, um exame rápido nos livros do próprio Dawkins, bem como de autores como Sam Harris e Christopher Hitchens, entre outros, revela que o chamado novo ateísmo não possui base intelectual e deixa de lado a revolução ocorrida na filosofia anglo-americana. Tais obras refletem mais a pseudociência de uma geração anterior do que retratam o cenário intelectual contemporâneo.

O ápice cultural dessa geração aconteceu em 8 de abril de 1966. Naquela ocasião, o principal artigo da revista Time, um dos maiores semanários da imprensa americana, foi apresentado numa capa completamente preta, com três palavras destacadas em vermelho: “Deus está morto?”. A história contava a suposta “morte” de Deus, movimento corrente na teologia naquela época. Porém, usando as palavras de Mark Twain, a notícia do “falecimento” do Senhor foi prematura. Ao mesmo tempo em que teólogos escreviam o obituário divino, uma nova geração de filósofos redescobria a vitalidade de Deus.

Para entender melhor a questão, é preciso fazer uma pequena digressão. Nas décadas de 1940 e 50, muitos filósofos acreditavam que falar sobre Deus era inútil – aliás, verdadeira tolice –, já que não há como provar a existência dele pelos cinco sentidos humanos. Essa tendência à verificação acabou se desfazendo, em parte porque os filósofos descobriram simplesmente que não havia como verificar a verificação! Esse foi o evento filosófico mais importante do século 20. O fim do império da verificação libertou os filósofos para voltarem a tratar de problemas tradicionais que haviam sido deixados de lado. Continue lendo

Mortalidade do alcoolismo no Brasil é quase tão grande quanto a do crack

Estudo da Unifesp revela que 17% dos dependentes atendidos morreram após cinco anos; na Inglaterra, o índice é de 0,5%; violência e doenças relacionadas ao vício em álcool foram as principais causas de morte; religião é apontada como fator de proteção.

[Lígia Formenti, Estadão, 19 set 11] O índice de mortalidade entre dependentes de álcool no Brasil está próximo do registrado entre usuários de crack. Pesquisa inédita feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que, em cinco anos, 17% dos pacientes atendidos em uma unidade de tratamento da zona sul de São Paulo morreram.

“É um número altíssimo. Na Inglaterra, o índice não ultrapassa 0,5% ao ano”, diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador do estudo.

O trabalho, que será publicado na próxima edição da Revista Brasileira de Psiquiatria, segue uma linha de pesquisa de Laranjeira sobre morte entre dependentes de drogas. O estudo feito entre usuários de crack demonstrou que 30% morreram num período de 12 anos. “Naquela mostra, a maior parte dos pacientes morreu nos primeiros cinco anos. Podemos dizer que os índices estão bastante próximos.” Continue lendo